Discurso durante a 93ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a Yolanda Vidal Queiroz e reverência à memória de Edson Queiroz. Homenagem póstuma ao Senador Jefferson Péres.

Autor
Patrícia Saboya (PDT - Partido Democrático Trabalhista/CE)
Nome completo: Patrícia Lúcia Saboya Ferreira Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a Yolanda Vidal Queiroz e reverência à memória de Edson Queiroz. Homenagem póstuma ao Senador Jefferson Péres.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2008 - Página 18078
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, EMPRESARIO, ESTADO DO CEARA (CE), RECEBIMENTO, PREMIO, CAMARA DE COMERCIO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), RECONHECIMENTO, CAPACIDADE, EXPANSÃO, EMPRESA, FORNECIMENTO, GAS, FABRICA, FOGÃO, JORNAL, TELEVISÃO.
  • HOMENAGEM POSTUMA, JEFFERSON PERES, SENADOR, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, INTEGRIDADE, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEFESA, INTERESSE PUBLICO, ETICA, ATIVIDADE POLITICA, ADMINISTRAÇÃO, ESTADO, MANIFESTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.

A SRª PATRÍCIA SABOYA (PDT - CE Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho o privilégio de conhecer Yolanda Vidal Queiroz há muitos anos e quero registrar, nesta tribuna, o quanto me faz feliz o reconhecimento internacional de seu trabalho. A cada ano, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos reúne-se em Nova Iorque para homenagear dois empresários, um brasileiro e outro americano, que tenham obtido excepcional destaque em suas atividades. Este ano, a escolhida, por unanimidade, foi Yolanda Queiroz, presidente do Grupo Econômico Edson Queiroz.

Yolanda recebeu essa homenagem, o Prêmio Personalidade do Ano, no último dia 22, nos salões do tradicional Waldorf Astoria. Foi a primeira brasileira a ver seu mérito, inegável, reconhecido por uma entidade internacional desse porte. Fez-se Justiça.

            Yolanda Queiroz é uma guerreira, uma batalhadora, uma figura ímpar neste País. Nasceu na nossa querida Fortaleza, Ceará, filha de Maria Pontes Vidal e Luis Vidal. Estudou durante nove anos no Colégio das Dorothéas. Casou-se muito cedo, aos 16 anos, com Edson Queiroz, que se tornaria um dos maiores empresários não apenas do Nordeste, mas do País. A essa altura, não se poderia prever que também ela se tornaria responsável pela direção desse importantíssimo grupo econômico. O casal teve seis filhos: Airton, Myra, Edson, Renata, Lenise e Paula, que já lhe deram 15 netos.

Foi sempre companheira permanente do marido por 37 anos, participando assim de todas as etapas do crescimento e consolidação do Grupo Edson Queiroz, que hoje emprega 13 mil funcionários, constituindo um dos 100 maiores conglomerados empresariais do Brasil. Considero, a propósito, que a homenagem a Yolanda implica, igualmente, que o Grupo Edson Queiroz se torna o primeiro da Região Nordeste do Brasil, a ser reconhecido pela entidade, como instrumento para o desenvolvimento dos negócios entre os dois países. Segue-se assim uma tradição da escolha de grandes nomes pela Câmara de Comércio. Yolanda Queiroz figura agora ao lado de nomes como Delfim Netto, Roberto Marinho, José Ermírio de Moraes Filho, Jorge Gerdau Johannpeter e Roger Agnelli, para destacar apenas alguns entre tantos nomes ilustres. Entre os norte-americanos figuram entre os agraciados Nelson Rockefeller, Henri Ford II e David Rockefeller.

Yolanda Queiroz foi indicada sem discrepâncias por atender, com mérito próprio, aos elevados critérios fixados pelos julgadores. Mostrou, especialmente, excepcional capacidade empreendedora, ao dar seqüência, com êxito extraordinário, à expansão do conglomerado que o marido erigiu no Ceará, ampliando ainda sua dimensão nacional.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, olhando retrospectivamente, só se pode nutrir extrema admiração pelo trabalho realizado por essa grande mulher. Yolanda assumiu a presidência do grupo em condições particularmente traumáticas. Edson Queiroz, que fundara em 1951 o complexo empresarial que leva seu nome desapareceu tragicamente em um desastre aéreo ocorrido perto de Fortaleza, em junho de 1982. Todo o Ceará chorou seus mortos, mais de uma centena. A partir daí, o grupo vem sendo dirigido por Yolanda Queiroz. Apesar do terrível impacto causado pela morte do companheiro de quatro décadas, ela não se deixou abalar. Soube manter as conquistas obtidas e ampliar ainda mais as fronteiras das empresas. Mais do que isso, antecipou conceitos como o da responsabilidade social, levando as empresas a se identificarem diretamente com o bem estar do povo cearense.

Sob seu comando, o conglomerado registrou considerável crescimento nos mercados interno e externo. O Grupo Edson Queiroz hoje emprega 14 mil funcionários e é um dos cem maiores conglomerados empresariais do Brasil. São 19 empresas que atuam de Norte a Sul, em áreas que vão da distribuição de gás liquefeito de petróleo, água mineral e refrigerantes à metalurgia, comunicação, agropecuária, agroindústria e negócios imobiliários, assumindo a liderança em diversos setores. No que diz respeito à água mineral, detém mais da metade do mercado nacional, com Minalba e Indaiá, entre outras marcas. Além de dirigir a Nacional Gás Butano, o Sistema Verdes Mares de Comunicação, a Esmaltec e demais empresas de porte assemelhado, o grupo mantém a Universidade de Fortaleza, hoje com mais de 20 mil alunos, mantida por meio da Fundação que tem como patrono o saudoso Edson.

Ao se dedicar à educação, o que significa pensar no futuro, o grupo Edson Queiroz mostrou sua preocupação com as crianças e os jovens cearenses. A Universidade de Fortaleza, conhecida pela sigla Unifor, chega aos 28 anos de funcionamento com 28 cursos e mais de 30 mil profissionais diplomados. A instituição tem 16 mil alunos e mantém obras sociais por meio de seus núcleos de prestação de serviços à comunidade, como a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, com 600 alunos, o Núcleo de Atenção Médica Integrada (Nami) e o Núcleo de Prestação de Serviços em Psicologia Aplicada (Nuspa).

Adquire especial importância o que o grupo faz pelos mais jovens. A Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, inaugurada em 1982, já alfabetizou milhares de crianças. Anualmente, a escola proporciona educação gratuita a cerca de 550 crianças do Jardim I até a 1ª série do ensino fundamental, residentes nas comunidades vizinhas ao campus. As crianças recebem gratuitamente material escolar e fardamento. Seu currículo é enriquecido com atividades como informática, artes plásticas, ludoteca, psicomotricidade, dança, capoeira e educação física. A Escola Yolanda Queiroz é também campo de prática de estágio para alunos dos cursos dos Centros de Ciências Humanas e da Saúde.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero não apenas prestar minha homenagem a Yolanda Queiroz e reverenciar a memória de Edson Queiroz, mas dizer quanto é importante o seu legado. Yolanda mostrou como uma mulher dedicada, competente e guerreira pode conduzir um império econômico, conferindo-lhe ao mesmo tempo sua face humana. Antecipou-se a muitos neste país e imprimiu a esse conglomerado de empresas o conceito de responsabilidade social.

Quero dizer aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que me orgulho de ser cearense como Yolanda Queiroz. Desta tribuna, cumprimento Yolanda por tudo de bom que fez e que, estou certa, continuará a fazer por muito tempo.

Como segundo assunto, quero dizer que, infelizmente, as leis da natureza ainda não nos permitem manter ao nosso lado aqueles que mais desejaríamos. Mesmo com todo o inacreditável avanço da ciência e da tecnologia, não conseguimos transpor a barreira da morte e perenizar a vida na Terra.

Infelizmente, é assim! Infelizmente, para nós que ficamos e que perdemos o convívio do insubstituível Senador Jefferson Péres. Infelizmente para mim, pois perdi o amigo e o companheiro de partido.

Creio que uma frase pode resumir quem foi Jefferson Péres. “Ética, para mim, não é pose”, afirmou, em 2007, no auge de umas das mais graves crises por que passou o Senado Federal, quando maldosas insinuações visavam intimidá-lo.

Jefferson Péres era assim! Intimorato, quase atrevido! Coerente, quase intransigente! Firme em suas convicções, rigoroso na defesa de seus princípios, nosso Senador não pensava em si, pensava no Brasil. Não pensava no governo, pensava no povo.

Em 2006, no período que antecedeu as eleições gerais daquele ano, Jefferson Péres subiu a esta tribuna para afirmar que a desilusão com os destinos da política nacional o faria abandonar a vida pública ao final do seu mandato, em 2010.

Quis a mão de Deus que ele não pudesse levar a cabo sua intenção. Todavia, deixa para os que ficam o exemplo de como é possível fazer política sem sujar as mãos, sem comprometer a alma, sem compactuar com o delito.

Sr. Presidente, a defesa do interesse público, da honestidade na atividade política, da seriedade na administração do Estado são valores que pautaram a vida de nosso estimado Senador. As posições firmes que mantinha nas comissões e no plenário do Senado granjearam-lhe inúmeros desafetos, inimigos talvez. Mas, como diz o ditado, quem não deve não teme. E Jefferson Péres não devia, nunca deveu, por isso não temia, nunca temeu.

Defendia a ética e por ela pautava sua atuação parlamentar. Essa herança de integridade já bastaria para eternizar sua memória do Parlamento e do povo brasileiro, não fosse ela complementada por ativa participação em todos os debates e deliberações desta Casa. Sem destemor, Jefferson Péres defendia suas teses sempre com o olhar voltado para o bem do Brasil e de sua gente.

Srªs e Srs. Senadores, o Senado da República, mesmo abalado pelas repetidas crises por que passou nos anos recentes, foi engrandecido pela presença de Jefferson Péres e pelo exemplo de integridade política que nos deu.

Infelizmente, ele se vai num momento em que a Amazônia se torna o centro de polêmica que ultrapassa nossas fronteiras. Sua ausência será sentida na defesa de nossa Região Norte. Sua firmeza de caráter e convicção de opinião, todavia, servirão de baliza a pautar o comportamento dos brasileiros na defesa da Amazônia e do desenvolvimento do Brasil.

A Dona Marlídice e seus filhos nossos votos de profundo pesar e a certeza de que o exemplo de Jefferson Péres haverá de frutificar em nosso espaço político, para o bem do Brasil.

Sr. Presidente, concluo esta pequena homenagem com uma proposta. Muitos foram os ilustres Senadores que já mereceram homenagens do Senado, dedicando-lhes nobres espaços desta Casa. Creio ser justo que seja dado o nome do Senador Jefferson Péres à sala em que se reúne o Conselho de Ética do Senado Federal.

Será homenagem singela, mas digna da luta que esse pequeno grande homem empreendeu em sua passagem pelo Parlamento brasileiro.

Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2008 - Página 18078