O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado a V. Exª.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou ocupando a tribuna hoje para fazer um agradecimento especial ao Vice-Presidente da República, Dr. José Alencar, e também ao Presidente da República.

            Na última segunda-feira, duas leis muito interessantes e muito importantes para o Espírito Santo foram sancionadas pelo Sr. Vice-Presidente no exercício da Presidência: uma lei de minha autoria, e outra lei advinda de mensagem presidencial, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            A primeira, de minha autoria, homenageia uma parcela grande da população brasileira, em especial do meu Estado, pois institui o Dia Nacional da Imigração Italiana, que deverá ser comemorado, todo ano, no dia 21 de fevereiro.

            O dia 21 de fevereiro, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, foi o dia em que a primeira expedição de imigrantes italianos - oriunda de um acordo entre o Imperador do Brasil, D. Pedro II, e o Rei da Itália, Humberto I - chegou ao Estado do Espírito Santo e desembarcou no Porto de Aracruz; dia 21 de fevereiro de 1874.

            É claro que, antes disso, inúmeros italianos vieram ao Brasil. Por exemplo, a Princesa Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II, que era italiana, filha do rei de Nápoles, e Américo Vespúcio, que era italiano e, segundo os historiadores, esteve no Brasil antes de Pedro Álvares Cabral. Mas a primeira imigração organizada, oriunda de um acordo entre o Império do Brasil e o Reinado da Itália, foi essa que aportou no Espírito Santo em 1874. E esse dia passa a ser comemorado, pela lei sancionada pelo Vice-Presidente da República, como o Dia Nacional da Imigração Italiana.

            Considero essa uma homenagem merecida, pela contribuição cultural e, principalmente, pela força de trabalho que os italianos trouxeram para o Brasil exatamente para substituir os escravos. Proclamada a abolição da escravatura, os grandes fazendeiros não tinham mão-de-obra. Então, o imperador fez esse convênio para trazer, naquela época, em torno de 52 mil imigrantes italianos, que vieram substituir os escravos na lavoura do café, inclusive o meu avô, que começou exatamente como empregado de uma fazenda, trabalhando na colheita de café em substituição aos escravos que haviam sido libertos.

            Estiveram presentes nessa solenidade o Embaixador da Itália, Michele Valensise, e todos os cônsules italianos no Brasil - os nove consulados que a Itália tem no Brasil estiveram presentes a essa solenidade. Uma coincidência muito grande: a sanção da lei ocorreu no Dia Nacional da Itália - o “7 de setembro” da Itália -, que foi comemorado na última segunda-feira. Na ocasião, o Presidente Lula estava presente na Itália e comunicou ao Presidente daquele país, Dr. Giorgio Napolitano, o fato de o Brasil ser o segundo país que tem um dia dedicado à imigração italiana, depois da Austrália.

            A segunda lei sancionada trata da correção de um erro gravíssimo cometido no Governo Fernando Henrique - talvez sem o conhecimento do Presidente. Eu disse aqui que um Ministro do Meio Ambiente do Presidente Fernando Henrique passou, de porre, em cima do Espírito Santo e decretou uma reserva, sem a audiência de ninguém, sem saber nada de ninguém. No apagar das luzes, o Fernando Henrique assinou aquilo. No mês que ele saiu, o povo descobriu que haviam sido destruídos dois municípios, estavam acabados, e todas as propriedades, desapropriadas; em torno de 45 mil, em um município, e de 27 mil, no outro - Municípios de Águia Branca e Pancas -, expulsos de sua terra. Aí um amigo do Ministro me ligou um dia desses dizendo que o ex-Ministro estava muito aborrecido, porque ele não passou de porre; ele viu uma fotografia. Pior ainda! Quer dizer, ele viu uma fotografia, não perguntou nada a ninguém e acabou com dois municípios.

            O Presidente Lula mandou uma mensagem e corrigiu o erro - o Relator foi o Senador Renato Casagrande. Então, em vez de Unidade de Conservação do Parque Nacional dos Pontões Capixabas, que engessou e estagnou o desenvolvimento dos dois municípios, passou a ser agora Monumento Natural dos Pontões Capixabas, onde é permitida a existência de propriedades particulares, desde que seja possível compatibilizar a utilização da terra e dos recursos naturais com o objetivo da preservação dos matacões que existem lá.

            Trata-se, Sr. Presidente, de uma das mais lindas paisagens do mundo. É uma região coalhada de matacões monstruosos de pedra que se elevam aos céus. Quando a gente passa de avião, aquilo parece uma paisagem lunar. Tem vindo gente da Europa, de vários países, como França, Inglaterra, exatamente para observar a belíssima paisagem desse parque que o Presidente Lula acabou de sancionar, numa mensagem que mandou, corrigindo uma devastação que havia sido praticada no Governo anterior. Talvez o ex-Presidente da República, no final do mandato, assinando alguns papéis, não tenha prestado atenção na destruição de dois Municípios.

            Estiveram presentes, Sr. Presidente, os Prefeitos e os Presidentes das Câmaras Municipais de Pancas e de Águia Branca, dois Municípios colonizados pelos conterrâneos do nosso Líder Valdir Raupp, muitos alemães, italianos e, principalmente, poloneses.

            Nesse Município de Águia Branca, Sr. Presidente, tive oportunidade de conhecer, alguns anos atrás, o único brasileiro que participou do desembarque na Normandia - as Forças brasileiras participaram. Um brasileiro, do batalhão polonês, participou do desembarque na Normandia no chamado Dia D. Cheguei à casa dele e vi uma bela fotografia: uma canhoneira e dois soldados. Olhei detalhadamente e falei: esse aí é o General Montgomery - ele havia sido o comandante britânico do desembarque da Normandia. Ele falou: “É o General Montgomery”. Perguntei: e esse outro? Ele disse: “Sou eu. No dia em que terminou o desembarque, conquistamos a primeira cabeça de praia, ele foi fazer uma visita às tropas, e eu ganhei essa medalha e fui fotografado”. Ele entrou no quarto e veio com o uniforme do exército inglês com o qual ele havia desembarcado no Dia D. Está lá vivo até hoje, um polonês, o único brasileiro que participou do desembarque da Normandia.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Obrigado, Presidente José de Alencar, e obrigado, Presidente Lula.