Discurso durante a 73ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Senador e jornalista Paulo Alberto Monteiro de Barros, conhecido como Artur da Távola.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Senador e jornalista Paulo Alberto Monteiro de Barros, conhecido como Artur da Távola.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2008 - Página 13721
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ADVOGADO, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), FUNDADOR, LIDER, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, ETICA, INTEGRIDADE, VIDA PUBLICA, RELEVANCIA, DIFUSÃO, MUSICA BRASILEIRA, ESPECIFICAÇÃO, MUSICA ERUDITA, MANIFESTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.
  • SOLICITAÇÃO, ANEXAÇÃO, DISCURSO, ORADOR, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), HOMENAGEM POSTUMA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR.
  • INFORMAÇÃO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, REALIZAÇÃO, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, soube da morte de Artur da Távola, de Paulo Alberto Monteiro de Barros, com muita dor, mas sem surpresa.

            Esse amigo tão querido, esse companheiro tão firme, esse homem público tão coerente, esse intelectual tão sofisticado, com treze obras publicadas e não sei quantas porventura ainda inéditas, estava gravemente enfermo. Fizera delicada cirurgia de coração - cirurgia esta que o fez receber sofisticado aparelho e que malogrou porque o aparelho falhou. E ele não tinha mais condições físicas de repetir a tentativa. Viveu, então, com qualidade de vida declinante, mais dois anos; menos que três, com certeza.

            Portanto, sua morte não foi para mim uma surpresa, foi uma dor.

            Gostaria, Sr. Presidente, de expressar um pouco do que sinto pela figura pública e pela figura humana de Artur da Távola. Antes de mais nada, ele era uma síntese muito feliz do intelectual, verdadeiramente merecedor desse nome, com o homem público exitoso, que foi duas vezes Deputado Estadual, no Rio de Janeiro - ele era então o Deputado Estadual Paulo Alberto Monteiro de Barros -; duas vezes Deputado Federal; fundador e líder do PSDB, já Artur da Távola; Senador da República, Líder do Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso; Presidente Nacional do meu Partido, o PSDB. Mas a feliz síntese entre alguém que conseguiu ter votos, que se elegeu inúmeras vezes, e era um intelectual irreprochável, alguém que fazia a crítica de arte com enorme sentido construtivo, alguém que escrevia esmerada e talentosamente, alguém que se marcava por ser um cronista de escol, um romancista de peso, um profundo conhecedor de música erudita e de música popular brasileira também.

            Eu almoçava com meu filho do meio, o Juliano, Senador Jarbas Vasconcelos, quando soube da notícia do falecimento do Paulo Alberto. E tentei explicar ao meu filho quem era Paulo Alberto Monteiro de Barros, quem era Artur da Távola. E meu filho de 16 anos já sabia muito bem. Ele me disse não perder nenhum dos programas de música clássica que Arthur produzia para a TV Senado; ele que fazia também um programa do mesmo sentido e do mesmo valor para a Rádio Senado.

            Artur se esmerava no seu estúdio...

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Peço a V. Exª um tempinho para concluir.

            Artur se esmerava no seu estúdio improvisado, em casa, no seu próprio gabinete de trabalho como Senador, horas a fio, trocando uma frase por outra frase até que o texto estivesse perfeito aos olhos dele. E certamente muito perfeito aos olhos dos que eram seus leitores, como eu era seu leitor e tantos de nós éramos seus leitores.

            Artur era uma figura doce, mas essa doçura não o impediu de enfrentar o regime de força, o regime autoritário, o regime militar. Foi pelo regime exilado no Chile e na Bolívia. Artur, portanto, era doce, mas era firme. E a sua firmeza não o fazia uma figura menos simpática do que a mais simpática das figuras humanas com as quais pudéssemos lidar.

            Artur da Távola conseguia ser firme, doce, conciliador, coerente. Não era fácil resumir tudo isso numa só pessoa pública, e eu via nele muita bondade pessoal.

            Quero deixar um abraço à Miriam, sua companheira, e a todos os seus familiares o meu sentimento mais profundo de pesar.

            Artur vai fazer muita falta. Como homem público, a gente já o havia perdido, do ponto de vista das eleições. Ele continuava um militante do meu Partido, alguém que sempre aconselhava, que sempre tinha coisas boas para falar e coisas boas de se ouvir. Mas a figura humana, aquela da conversa interminável, aquela da conversa que sempre revelava o melhor gosto literário, o melhor gosto pelo cinema, o melhor gosto pelo teatro, a última informação sobre a música, esse Artur da Távola faz uma falta imensa.

            É dever de todos homenagearmos Artur da Távola, Sr. Presidente. Eu gostaria, portanto, de dizer que algumas pessoas tinham uma legitimidade muito especial. O Governador de São Paulo, José Serra, por exemplo, era realmente muito amigo dele, amigo muito próximo, muito querido. Fez, hoje, um artigo que, eu tenho certeza, foi feito pelas próprias mãos do Serra, não foi feito por ninguém outro, por nenhum assessor, por nenhum ghost writer talentoso, foi feito pelo próprio sentimento do Governador Serra. Conta passagens muito pessoais, passagens muito marcantes na vida de ambos, e eu sei do carinho que um tinha pelo outro, do respeito, do amor fraterno que ligava Serra a Artur da Távola.

            Eu peço que esse artigo, publicado hoje no jornal O Globo, faça parte do meu discurso, na íntegra.

            Ainda, Sr. Presidente, comunico à Casa que estou apresentando requerimento para realização de sessão solene especial, destinada a homenagear a memória do intelectual, Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador Artur da Távola, por entender que aqui fazemos, numa segunda-feira, uma improvisada homenagem. Ele merece mais, ele merece todas as homenagens sempre, e merece uma sessão que dê aos seus amigos oportunidade de acorrerem do Brasil para o Senado, para aqui dissecarem o orador brilhante, o intelectual de peso, o amigo leal, o companheiro fraterno, a figura humana doce, o homem de bem, o homem íntegro. Quando vemos todo esse emaranhado de corrupção, de perfídia, de falsidades, vejo como era puro o coração de Artur da Távola.

            Portanto, Senador Geraldo Mesquita, como Líder do PSDB, como Senador do PSDB, como militante tucano e como amigo muito fraterno e muito querido de Artur da Távola, juntamente com o Senador Alvaro Dias e com V. Exª, firmei requerimento de voto de pesar, assim como estou endereçando à Mesa requerimento de sessão solene especial. Acredito que até lá haverá muito mais serenidade para se falar de uma figura tão abrangente, de uma figura que é tão muitas. Artur da Távola era tão mais de um que conseguia, com muita honestidade, sendo Paulo Alberto, ser chamado de Artur da Távola. Geralmente quem troca de nome não é honesto, quem tem algo para temer. Artur da Távola era uma figura de pureza. Era Paulo Alberto, com muita pureza, e Artur da Távola, com muita integridade.

             Na hora da sessão solene especial teremos muito mais serenidade para falar dele, já com a dor mais apascentada e, com toda a certeza, com a capacidade de lembrar das coisas boas e até divertidas que protagonizavam a convivência inesquecível com esse grande amigo.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2008 - Página 13721