Discurso durante a 73ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Senador e jornalista Paulo Alberto Monteiro de Barros, conhecido como Artur da Távola.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Senador e jornalista Paulo Alberto Monteiro de Barros, conhecido como Artur da Távola.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2008 - Página 13724
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ETICA, INTEGRIDADE, VIDA PUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, SENADO, REPETIÇÃO, PROGRAMA, AUTORIA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Primeiro, concordo inteiramente com o Senador líder do PSDB com que haja uma sessão especial em homenagem a Artur da Távola. Acho que ele realmente merece.

            Falo aqui em uma condição muito especial, Sr. Presidente. Eu tinha uma amizade muito íntima e muito fraterna com o Artur da Távola. Amigos de longa data, ainda do tempo do velho MDB, acompanhei Artur da Távola. Os pais dele, como os meus, vieram do Líbano e, como os meus, foram se radicar no Rio Grande do Sul. Meus pais, em Caxias, e os dele, em Garibaldi e Bento Gonçalves. Dali foram para o Rio e, lá, nasceu Artur da Távola. Carioca, sim, mas também com sentimento do Rio Grande do Sul e um sentimento místico da terra libanesa, de onde seus pais vieram.

            Creio que Artur da Távola era uma das pessoas diferentes que podíamos imaginar. Era uma pessoa de uma pureza, de uma bondade, de uma meiguice, de uma grandeza. Eu ficava impressionado com os discursos de Artur da Távola.

            O Líder disse que, quando ele escrevia, ele alterava, modificava para que o texto ficasse perfeito. Eu vou além disso. Quando ele falava da tribuna, eu dizia a ele:” Artur, você fala, e o que você fala da tribuna, de improviso, pode-se publicar porque é perfeito. Parece que você redigiu com perfeição aquilo que você fala absolutamente de improviso.“

            Eu me lembro de quantas pessoas eu encontrei pelo Rio Grande do Sul que diziam: “Senador, que coisa impressionante. Eu nunca consegui ouvir um texto de música clássica. Achava horrível. Eu não entendia. Depois que aquele Senador do Rio de Janeiro criou aquele programa na TV Senado, “Quem tem medo de música clássica?, eu hoje sou um apaixonado por música clássica. Os textos em que aparece o que ele explica eu faço questão de comprar porque, depois de ele explicar, eu escuto e parece que sou um profissional, eu entendo tudo, compreendo e vibro com a beleza”.

            Eu fico pensando como é que o Artur da Távola conseguiu viver e sobreviver tanto tempo no Rio de Janeiro. Naquela política tão complicada, tão complexa, ele que era de uma pureza, de uma profundidade, de uma grandeza! Ele que estava num patamar muito acima da imensa maioria da classe política brasileira! Ele era um homem de palavra, era um homem de dignidade, era um homem de ver, em qualquer pessoa, o lado bom.

            Sabemos que todos têm o seu lado bom. É que geralmente nós vemos nas pessoas o lado ruim, por menor que ele seja. Mas ele era o contrário. Ele valorizava tudo e todos.

            Lembro-me dos conselhos de Artur da Távola; lembro-me da conversa de Artur da Távola. Eu me lembro da análise que ele fazia dos mais variados personagens da política do Rio de Janeiro, seus amigos ou seus adversários. Ele os via, como sempre, como pessoas que fizeram muito pelo Rio de Janeiro.

            Artur foi um jovem brilhante e foi cassado; foi cassado pelo pensamento, pois dizia o que sentia. Naquela época, ele era da mocidade empolgada! Estávamos a caminho de um novo Brasil! Foi para o exterior, foi para o Chile; e voltou. Jornalista, homem de rádio, para poder sobreviver, quando retornou, mudou de nome, porque os militares tinham o seu nome marcado, carimbado. De certa forma, o sobrenome de Artur da Távola ele manteve. Suas crônicas, suas poesias, seus programas de rádio. Ele conseguiu vencer ainda mais chegando a esta Casa.

            Artur da Távola morreu do coração. Interessante, quando ele, à época do primeiro infarto que teve, analisava: “Olha, Pedro, quando a gente teve um problema que nem eu, a gente passa a viver como que flutuando; é um tempo a mais que a gente sabe que tem e não sabe por quanto tempo tem. Então, deve-se aproveitá-lo”. É o que eu faço. É o que ele fazia.

            O programa de televisão que ele tinha, eu faço um apelo à direção da TV Senado - não pode criar de novo, ele morreu -: que repita várias vezes os programas que ele fez. Repita. Porque os seus programas eram como aula. E muito mais pessoas, ainda mais agora que a TV Senado está chegando de forma aberta lá no meu Rio Grande do Sul, todos podem assistir, que se repita; é uma das formas pelas quais, para nós aqui no Senado, ele continuará a fazer um grande papel.

            A coerência de Artur da Távola; a dignidade de Artur da Távola; a fidelidade aos seus princípios, às suas idéias dentro do MDB; não aceitou e saiu para criar o PSDB não por vantagens ou por qualquer outra tese, apenas por ele se sentir melhor. Mesmo no seu PSDB, ele tinha o seu debate pelas suas idéias e pelos seus princípios.

            O Brasil perdeu Artur da Távola. O Brasil perdeu muito. E, na nossa galeria dos grandes homens, eu acrescento o querido nome de Artur da Távola.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2008 - Página 13724