Discurso durante a 98ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do intelectual e ex-Senador Artur da Távola.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do intelectual e ex-Senador Artur da Távola.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/2008 - Página 19001
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), RADIALISTA, JORNALISTA, FUNDADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, VIDA PUBLICA, OBRA INTELECTUAL.

O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Srª Mirian Nogueira Lobo, viúva do Senador Artur da Távola; Sr. Eduardo Monteiro de Barros, filho do Senador, que aqui representa também a sua família, demais convidados, admiradores, ex-colegas de trabalho do Senador Artur da Távola, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, senhoras e senhores, nos próximos dias, o PSDB estará completando 20 anos desde a sua fundação e, lamentavelmente, muitos dos seus fundadores já fizeram uma espécie de revoada tucana, e estão hoje formando uma boa base do bem junto de Deus: Mário Covas, Franco Montoro, José Richa, Sérgio Motta, Mascarenhas de Moraes, e agora o nosso querido Artur da Távola.

O saudoso, o querido e brilhante Senador Artur da Távola foi uma das poucas personagens da historiografia brasileira que podem ser lembradas de múltiplas formas. Além de amigo, com um humor invejável, caminhou pela vida pública como referência de percepção e acuidade invejável.

Era também, para e na vida pública, uma referência em outros aspectos: autêntico, coerente entre o que pensava, falava e praticava, ético, humanista, poderia dizer um homem público do bem, um homem público de extraordinário valor, não só intelectual e moral, mas de valor político, daqueles que efetivamente engrandecem qualquer atividade onde possam estar inseridos.

Artur da Távola, parece-nos, deve ser lembrado como o homem das letras, intelectual, arquiteto de pensamentos e idéias, e é claro, radialista, jornalista e, para orgulho nosso, fundador do PSDB.

Nascido a 3 de janeiro de 1936, Paulo Alberto Monteiro de Barros notabilizou-se com o nome de Artur da Távola, como era conhecido carinhosamente, que o acompanharia até nos deixar agora no dia 9 de maio.

O ex-Senador Artur da Távola morreu na ativa, porque dirigia ainda a rádio Rocket Pinto, FM 94, referência do pioneirismo do rádio brasileiro. Morreu, portanto, no exercício da profissão que abraçou ainda em 57, quando começou um programa sobre música clássica, na rádio MEC, onde permanecia como o mais antigo servidor. Sua erudição nos deixava cada vez mais impressionados, cada vez mais apaixonados por ele, por todas as suas referências, especialmente nessa área da música clássica, mais apaixonados pela sua devoção, dedicação e paixão pelas artes, pelas letras, especialmente pela música clássica.

Quantas vezes eu não assistia ao Artur, deliciado, apresentar seus programas na TV Senado ou o ouvia pela Rádio Senado? Não só eu, seu admirador, mas também outros com quem às vezes compartilhava esses momentos, apreciavam de forma muito carinhosa e apaixonada as apresentações, especialmente o conhecimento com que o nosso querido Artur nos brindava.

Não poderíamos deixar de lembrar também da sua atuação na TV Senado, onde Artur teve um programa: Quem Tem Medo de Música Clássica?. Durante quinze anos assinou uma coluna sobre televisão no jornal O Globo. Trabalhou, ainda, no extinto Grupo Bloch Editores e escreveu muitas colunas semanais no jornal O Dia.

         Artur da Távola começou sua vida parlamentar em 60, como Deputado Federal. Foi cassado pela ditadura militar e viveu na Bolívia e no Chile entre 64 e 68. Ao voltar ao País, o jornalista Artur da Távola passou a usar esse pseudônimo. Távola foi um dos fundadores do PSDB e nos liderou, liderou toda a bancada Tucana na Assembléia Constituinte em 88. Também na Década de 80 ele presidiu a Subcomissão de Educação e Esporte, na Câmara Federal. Em 2001, o político ocupou o cargo de Secretário de Cultura do município do Rio de Janeiro.- nada mais justo, aliás.

Sem dúvida, o nome desse ilustre brasileiro, jornalista, parlamentar e intelectual será lembrado de forma perene como referência para as gerações de hoje e, sobretudo, para as próximas gerações.

Deixa-nos, como símbolo, a trajetória coroada pela dedicação e empenho em servir à Nação e, principalmente, à sociedade brasileira.

Eu me lembro carinhosamente de que, ao chegar ao Senado, no ano passado, uma das primeiras ligações que recebi foi a do Senador Artur da Távola, saudando-me, desejando-me boa sorte, augurando êxito em relação à caminhada nova que eu haveria de iniciar. Lembro-me, com saudade também, do último encontro nosso, no Rio, no restaurante O Convento, onde conversamos longamente sobre o Partido, sobre cultura, sobre a política e a sociedade brasileira. Aprendi muito. Lamento não ter tido oportunidade de conviver mais com ele, para que eu pudesse agregar mais valor ainda à minha jovem vida pública.

Deixo a vocês todos, familiares, minha solidariedade, meu abraço carinhoso e a saudade de todos nós que aprendemos, ao longo dessa trajetória, a admirar Artur da Távola.

Parabéns.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/2008 - Página 19001