O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, já fui a muitas festas animadas pelos irmãos Bertussi, por Adelar Bertussi e por toda a equipe.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o ser humano sempre se considerou o mestre e o senhor da natureza. Sei, Sr. Presidente, que homenagens foram prestadas na parte da manhã, mas se estendeu até a tarde a comemoração pelo Dia Internacional do Meio Ambiente. Eu queria, ainda neste momento, fazer um breve pronunciamento sobre esse tema.

            O mundo natural não era muito mais do que um vasto palco, criado para abrigar o drama humano. Hoje, temos a percepção de quão é extensa nossa dependência do meio natural e procuramos incorporar esse conhecimento em nossas ações. Falta muito para se compreender a fragilidade de nosso planeta, as complexas inter-relações entre ecossistemas e o delicado equilíbrio que se estabeleceu, ao longo de milhares de anos, entre as espécies animais e vegetais que hoje habitam a Terra.

            Sabemos, agora, que a natureza não é apenas um belo palco ou um generoso suprimento. Sabemos, Sr. Presidente, que não reinamos sobre a natureza como se não fizéssemos farte dela. Nós, homo sapiens, somos uma entre outras inúmeras espécies, todas, da mesma forma, dependentes de um meio que, no limite, nos iguala, ainda que algumas espécies, como a nossa, destaquem-se pela incrível capacidade de adaptação às mudanças ambientais. Mas toda adaptação tem limites, e, quando uma espécie encontrar esse seu limite, talvez já seja tarde demais.

            Hoje, a questão ambiental, portanto, diz respeito à nossa própria sobrevivência como espécie. Mas ela envolve também, e de forma importante, questões de justiça que ainda lutamos para equacionar adequadamente.

            Há, antes de mais nada - e ligada diretamente ao problema da sobrevivência de nossa espécie e ao futuro de nosso planeta -, a questão de que nós, da presente geração, devemos às gerações futuras. Nossos antepassados, que abusaram, muitas vezes, da generosidade da natureza, já nos legaram um planeta, em muitos aspectos, doente e cansado. Não sabiam, porém, o que sabemos, Sr. Presidente. Nossa responsabilidade com as futuras gerações é tanto maior quanto mais amplo é nosso conhecimento dos efeitos de nossos atos sobre o meio ambiente. Perdemos o álibi da ingenuidade e da inocência, infelizmente, e nosso conhecimento nos impõe uma responsabilidade, diante das próximas gerações, que as gerações passadas não tinham conosco na mesma medida.

            Há, depois, a dimensão, eu diria, geopolítica desse mesmo problema de justiça que estou associando ao problema ambiental. Hoje, há uma clara divisão, na comunidade internacional, entre países ricos e pobres: os ricos do Hemisfério Norte e os pobres do Hemisfério Sul.

            Séculos de exploração intensiva e de grande liberalidade com os recursos naturais foram, sem dúvida alguma, pré-requisitos essenciais do atual estágio de prosperidade das economias mais desenvolvidas do planeta. Essa via, no entanto, Sr. Presidente, não está mais aberta. Não podemos cometer os erros que já foram cometidos por outros. Portanto, minhas senhoras e meus senhores, é preciso que os mais ricos ajudem efetivamente os mais pobres a conquistar a prosperidade que desejam e que merecem sem pôr em risco toda a humanidade.

            Não temos escolha, Sr. Presidente, no que se refere ao meio ambiente, senão colaborar e trabalhar conjuntamente, afinal, apesar da distância que separa ricos e pobres, estamos todos envolvidos pelo mesmo meio ambiente, somos todos habitantes do mesmo planeta. Precisamos nos unir para encontrarmos meios de garantir o desenvolvimento econômico, base para o desenvolvimento humano e social que os países mais pobres desejam e de que necessitam, em harmonia com a preservação das condições naturais, que é pré-requisito da nossa própria sobrevivência como espécie.

            A oportunidade que uma comemoração como esta nos oferece, de levantar esses temas para a reflexão, em nível mundial, é preciosa.

            Mas, Sr. Presidente...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Peço permissão ao Senador e Líder Valdir Raupp para interrompê-lo.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) - Pois não, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Gostaria de anunciar que, acompanhando o Presidente do Senado, Senador Garibaldi Alves, e sua comitiva, encontra-se neste plenário o indiano Rajendra Pachauri, Prêmio Nobel da Paz do ano passado. Ele está integrando comitiva que participa das comemorações da III Semana do Meio Ambiente, iniciativa que será marcada por exposições e debates sobre questões ambientais.

            O Dr. Rajendra Pachauri ocupará a Mesa neste instante, com os cumprimentos do Senado Federal, ao lado do nosso Presidente, Senador Garibaldi Alves, que assumirá os trabalhos.