O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a posição do PSDB a respeito do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é por demais conhecida. Eu, pessoalmente, já vim a esta tribuna tratar do assunto. No ano passado, apresentei um requerimento fazendo um apelo para que ele cedesse na questão da TV venezuelana que foi fechada, mas, hoje, quero voltar a dizer que acho temeroso e intempestivo seu comportamento, com fortes traços ditatoriais.

            Assim, foi com certo alívio que li a notícia que levanta a hipótese de que, preocupado com a política interna, o presidente venezuelano tenha passado a condenar a atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que antes elogiava. Tal mudança de opinião teria surpreendido, sobretudo, porque Chávez chegou a defender que o grupo libertasse todos os reféns em seu poder, declarando ainda que a América Latina não comporta mais guerrilhas. Ainda em janeiro, Hugo Chávez dizia que as Farc não eram um grupo terrorista, mas, sim, uma “força beligerante” com considerável projeto bolivariano. Mudou de opinião, portanto.

            Especula-se que as novas declarações do Presidente venezuelano possam ser apenas uma “saída honrosa” para seus aliados narcoguerrilheiros, diante da provável derrota das Farc para o exército colombiano. A melhor explicação estaria, entretanto, na política interna da Venezuela, que passará por eleições para governadores e prefeitos em novembro deste ano. “E a situação do chavismo não é confortável”.

            A aprovação do governo Chávez, medida pelo Instituto Interlaces, está em torno de 40%, bem abaixo dos 63% alcançados em 2006, quando de sua reeleição. Segundo o mesmo instituto, 70% dos venezuelanos são contrários à atuação das Farc. O quadro explicaria ainda outros recuos do presidente venezuelano, tais como a intenção de rever a Lei de Inteligência.

            Caros colegas, ao fazer este breve pronunciamento, reforço minha posição de que Hugo Chávez, com seu comportamento, é sempre uma ameaça às relações internacionais na América. Seria muito bom para todos que essa notícia não se tivesse baseado apenas em percepções e que o presidente venezuelano estivesse, de fato, revendo seus atos e suas opiniões.

            E, mais ainda, seria bom que o Sr. Marco Aurélio Garcia também refizesse sua opinião e considerasse as Farc um grupo terrorista, não um grupo de oposição, como, lamentavelmente, esse membro do governo costuma dizer. As Farc são um grupo terrorista. E saúdo a mudança de posição do Presidente Chávez.

            Quero ainda, Sr. Presidente, aproveitando estes rápidos minutos - sou econômico em minha fala -, citar aqui uma questão do meu Estado de Minas Gerais que diz respeito à fábrica de helicópteros, um novo pólo aeronáutico que se vai firmando. No caso específico, trata-se da fábrica da Helibrás, subsidiária do Grupo Eurocopter no Brasil. A fábrica, inaugurada há 28 anos em Itajubá, no sul de Minas, é responsável pela montagem e venda da linha Eurocopter no Brasil.

            As notícias são recentes. Eu tinha, há alguns meses, levantado aqui a questão de que, se houvesse uma nova linha de montagem, uma nova fábrica, era fundamental que ela fosse instalada pela expansão em Itajubá. Exatamente essa é a boa notícia. Realmente, o Município de Itajubá sediará a nova fábrica da Eurocopter, segundo informação dada pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas, Rafael Guimarães Andrade, que, junto com o Governador Aécio Neves, com o Vice-Presidente da Eurocopter na América Latina e com o Presidente do Conselho Administrativo da Helibrás, o ex-Governador Jorge Viana, ainda ontem, acertou os últimos detalhes para a criação desse novo pólo de produção de helicópteros de grande porte.

            A nova fábrica demandará cerca de R$500 milhões. A formalização do projeto deve ser feita brevemente.

            Lembro ainda que a Helibras tem como acionistas a MGI Participações, pertencente ao Governo de Minas, e o Grupo Bueninvest, além, evidentemente, da Eurocopter. A Helibrás já é produtora, hoje, da maior parte dos helicópteros que estão no País. Da frota brasileira, dos 813 helicópteros em operação, 54% são modelos Helibrás/Eurocopter.

            Portanto, quero fazer esse registro e cumprimentar o Governador Aécio Neves e toda a população da cidade de Itajubá, no sul de Minas, que se vai firmando ainda mais como um pólo nessa área de aeronáutica, somando-se ao pólo da Embraer em excelência de tecnologia, mostrando que temos condição de fabricar, inclusive, equipamentos de grande porte, como é o caso desses helicópteros. São helicópteros que transportam de 25 a 30 pessoas. Queria trazer, Sr. Presidente, essas informações.

            Saúdo ainda a aprovação, ontem, do projeto que trata dos crimes eletrônicos pela Comissão de Assuntos Econômicos. Vejo aqui o Senador Romeu Tuma, que tem acompanhado esse assunto. Foi um passo muito importante o que foi dado ontem. A matéria, agora, fica pendente da decisão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para vir a este plenário. Ela foi fruto de consenso, com a participação do Senador Aloizio Mercadante, de representantes do Ministério da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional, dentro do espírito do Conselho da Europa para essa área. Portanto, fico muito satisfeito que, nesse substitutivo - pelo qual estou lutando há mais de três anos -, tenha se dado esse passo importante. Que possamos, brevemente, votar no plenário essa importante matéria, para proteger os bons usuários de computador e para coibir a ação de hackers e de ladrões que usam a Internet!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.