Discurso durante a 101ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao centenário da imigração japonesa para o Brasil.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.:
  • Homenagem ao centenário da imigração japonesa para o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2008 - Página 19634
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, IMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, BRASIL, HISTORIA, AMIZADE, COOPERAÇÃO, INTERCAMBIO, COMERCIO, MÃO DE OBRA, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PARANA (PR), DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO CULTURAL.
  • REGISTRO, DADOS, SUPERIORIDADE, BRASILEIROS, EMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, BUSCA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO, SOLUÇÃO, INCLUSÃO, COMUNIDADE.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Garibaldi Alves Filho; Exmo. Sr. Ken Shimanouchi, Embaixador do Japão; Sr. Senador Aloizio Mercadante, autor do requerimento de propositura desta sessão; Deputado Takayama, meu amigo representante do Paraná, Presidente do Grupo Brasil-Japão do Congresso e Vice-Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados; Sr. Agostinho Shibata, Brigadeiro-de-Infantaria, representante do Comandante da Aeronáutica Juniti Saito; Sr. Maçao Tadano, Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura; Exmªs Srªs e Srs. Embaixadores e membros do Conselho Diplomático; senhoras e senhores dirigentes e membros das associações nipo-brasileiras; Srªs e Srs. Senadores; demais convidados que nos honram com suas presenças nesta sessão especial, o Brasil comemora, com imenso orgulho e alegria, o centenário da imigração japonesa.

Desde o marco histórico indelével, 18 de junho de 1908, já referido pelo Senador Aloizio Mercadante, data do desembarque das 165 famílias japonesas do navio Kasato Maru, no porto de Santos, é mister destacar a perfeita sintonia e integração à sociedade brasileira dos imigrantes nipônicos.

No contexto histórico da chegada dos primeiros 781 imigrantes japoneses, passageiros do Vapor Kasato Maru, a Era Meiji promovia uma ampla abertura do Japão para a Europa e a América. Naquele momento, foi, então, assinado um acordo de amizade e de comércio com o Brasil. A cooperação entre Brasil e Japão atendia a interesses de ambas as partes. De um lado, um país em pleno processo de modernização e superpopuloso; de outro, uma nação às voltas com a escassez de mão-de-obra, sobretudo nas lavouras de café.

Uma realidade é incontestável ao longo desse itinerário histórico: os imigrantes japoneses contribuíram efetivamente para o progresso de nosso País, compartilhando de um destino comum, sem abdicar de seus traços originários de civilização milenar e assumindo uma identidade própria.

A presença japonesa aqui atracou e fez história. Da partida da cidade de Kobe à chegada à cidade paulista de Santos, os habitantes da Terra do Sol Nascente fixaram-se no ensolarado Brasil, potencializando características próprias de cada um dos povos. A disciplina e a organização do japonês se mesclaram ao empreendedorismo e à alegria dos brasileiros.

Os imigrantes japoneses estão espalhados por todo o Brasil, mesclando sua força e tenacidade ao povo brasileiro. No Paraná, o meu Estado, especialmente as cidades de Maringá e Londrina, concentram expressivas colônias japonesas. Vale ressaltar que Uraí e Assaí originaram-se a partir de colônias japonesas.

Foi fundamental a contribuição japonesa para o processo de desenvolvimento econômico; um Estado organizado, um Estado de gente empreendedora, de dinamismo inconteste, que se desenvolveu e se modernizou também em função da presença japonesa, de contribuição inegável a esse processo de evolução do nosso Estado.

Sem choques, sem crise, de forma harmônica, a fusão das culturas enriqueceu a diversidade de costumes que o Brasil abriga. Como na delicada arte dos arranjos florais - ikebana -, dos sushis ao karaokê, assimilamos hábitos e manifestações típicas do povo japonês.

A fusão de valores mútuos se disseminou por todo o território nacional, e simboliza, sem dúvida, uma união inquebrantável entre Brasil e Japão. São inúmeras as vertentes comuns que nos unem. Contudo, essa identidade que qualifico como solar não está calcada apenas nos aspectos ostensivos que incluem a dimensão política e econômica, mas, sobretudo, na vertente humana.

Ressalto ainda que, a partir dos idos dos anos 80, houve profunda alteração no fluxo migratório que predominou no passado. Atualmente, a comunidade brasileira no Japão contabiliza milhares de pessoas.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, é o nosso terceiro maior contingente no exterior, superior a 313 mil pessoas, e o terceiro maior de estrangeiros no Japão. Não houve qualquer medida oficial de estímulo à migração. Esse fluxo foi espontâneo. Os brasileiros que para lá rumaram são, em sua grande maioria, descendentes dos primeiros imigrantes. A movimentação traduz a busca por melhores condições de vida na terra de seus antepassados.

Nesse contexto, propugnamos que, no ano da celebração do centenário da imigração japonesa, sob a chancela oficial de ambos os governos, denominado “Ano do Intercâmbio Brasil/Japão”, sejamos capazes de encontrar caminhos e soluções que conduzam à adequada inserção da expressiva comunidade brasileira naquele país.

No ensejo das comemorações do centenário da imigração japonesa, não poderíamos ter uma agenda centrada tão-somente no redirecionamento das relações bilaterais e na identificação de novos campos de atuação conjunta. É preciso priorizar a questão dos brasileiros no Japão em respeito à dignidade e honradez, que pautam o relacionamento mútuo.

A fraternidade nipônica transcende o jargão diplomático. Nossos laços de amizade e parentesco são sólidos e profundos. Saudamos o centenário da imigração japonesa no Brasil com entusiasmo e fervor cívico. Esperamos que o clima de festividades não se restrinja a fogos e retórica.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado a todos. (Palmas!)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2008 - Página 19634