Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a venda da Varig. Homenagem ao Professor Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz de 2006.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre a venda da Varig. Homenagem ao Professor Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz de 2006.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2008 - Página 20700
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, DEPOIMENTO, EX-DIRETOR, AGENCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC), COMISSÃO, INFRAESTRUTURA, SENADO, ESCLARECIMENTOS, VENDA, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), OPORTUNIDADE, COMENTARIO, ATUAÇÃO, ORADOR, DEFESA, MANUTENÇÃO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.
  • HOMENAGEM, PROFESSOR, PAIS ESTRANGEIRO, BANGLADESH, GANHADOR, PREMIO, AMBITO INTERNACIONAL, INCENTIVO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO CARENTE.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu até poderia fazer uso da palavra, Sr. Presidente, mas estou tão emocionado com a Ministra Marina aqui do meu lado que não posso interrompê-la.

Aproveito a presença de V. Exª na Presidência para salientar quem ontem, quando veio aqui a Srª Denise Abreu para prestar esclarecimentos à Comissão de Infra-Estrutura, nós discutimos muito a questão da nossa Varig. Fizemos questão de salientar que a história ainda deve uma explicação sobre a Varig. A grande verdade é que uma das maiores empresas de transporte aéreo do mundo ficou reduzida a pó com os Governos Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva não tomando as providências.

A gente viu que O Governo usou uma lei que nós votamos, uma lei sobre falência, uma lei que permitia uma nova chance - nós achávamos que a Varig seria a primeira empresa em que ela seria empregada -, para vender a Varig a três brasileiros testas-de-ferro de um grupo internacional. E nós aqui - V. Exª, eu, todos nós - choramos e rezamos para que o Governo encontrasse uma saída. Foi uma pena muito grande, Sr. Presidente, mas alguma explicação ainda nos é devida.

O jornal O Globo publicou uma explicação do nosso gaúcho muito querido dando a entender que o Senador Pedro Simon disse que a Chefe da Casa Civil só é culpada porque é candidata à Presidência da República. Eu disse realmente que, se ela não fosse candidata, não se falaria no nome dela. Mas, para mim, a responsabilidade é do Governo, é do Presidente da República. Não é problema de ser Chefe da Casa Civil ou não ser. Quem fez esse papel feio todo foi o Presidente Lula. Foi com ele que V. Exª, que eu, que nós todos falamos. Foi nele que nós depositávamos a confiança.

E, cá entre nós, com todo respeito, é compadre dele o homem que parece que resolveu o problema da maneira como resolveu.

Por isso, o Rio Grande do Sul está muito machucado, muito, muito machucado. Se fosse uma empresa de um outro Estado... Vemos, agora, que o Presidente da República está dizendo que vai usar a lei especial que substituiu a Lei de Falências para resolver o problema de duas empresas importantes de São Paulo, empresas de televisão muito importantes, mas ele não usou na hora da Varig. E olha que o Governo deve à Varig, já foi decidido em última instância no Supremo, R$8 bilhões ou R$9 bilhões, fruto exatamente da diferença do custo da passagem pelo Plano Collor, quando as passagens eram oferecidas pela metade do preço que realmente custavam. Se o Governo tivesse interferido na Varig, nomeando um interventor, transformando a Varig numa empresa, até colocando, por que não dizer, na mão do Governo para, depois, privatizá-la de uma maneira normal, teria sido positivo. Mas foi muito feio, Sr. Presidente, foi muito, muito feio o que aconteceu com a Varig.

Sr. Presidente, V. Exª me desculpe, mas a minha emoção em ver o Prêmio Nobel da Paz foi muito grande. Vim correndo, mas ele já tinha saído. Penso que foi um dia emocionante para nós. Que bonito! O Prêmio Nobel da Paz para um banqueiro. Mas que banqueiro! Que papel! Que demonstração ele fez lá em Bangladesh e que resposta ele teve! Quando ele, preocupado com a distribuição de riqueza, olhando para os pobres, para os que não tinham chance nem vez, a resposta foi impressionantemente positiva. A gente já sabe disso até nos crediários, Sr. Presidente. O pobre, o muito pobre deixa de comer, mas paga a sua prestação, paga o que deve, o que, muitas vezes, não acontece com as pessoas que têm mais dinheiro. Ele mostrou que é viável, ele mostrou uma opção que o mundo inteiro está imitando. Nós também estamos.

É verdade que aqui se criou uma instituição que gastou mais dinheiro em propaganda do que para empréstimo e foi um rotundo fracasso. Mas a idéia dele permanece de pé. E eu dou a ele um voto profundo de amor, de alegria, de respeito, pela sua simplicidade. Quem diria que é um homem de tanta importância, de tanto valor, de tanto peso, um Prêmio Nobel! Ele estava ali na tribuna, singelo, com uma roupa singela, simples, falando humildemente, talvez uma das pessoas que tem um dos exemplos mais espetaculares da história do mundo moderno.

Quando o mundo não sabe para onde vai, quando praticamente não há mais comunismo, quando o capitalismo ficou globalizado, e de global não se sabe para onde vai, quando a gente vê, nas eleições americanas, o reconhecimento de que tudo aquilo que o Bush usou para intervir no Iraque era mentira... Mentira! Não havia preparação de armas nucleares por parte do Iraque, e, deliberadamente, o sistema americano mentiu para fazer aquilo. Quando a gente vê o petróleo a US$130, as pessoas gastando hoje três vezes mais em armamento do que gastavam há dez anos e os grandes se reunirem para dizer que estão preocupados com a produção de álcool através de produtos híbridos, porque é um problema para a fome, o exemplo do Nobre Prêmio Nobel é realmente um grande, um espetacular exemplo!

Que ele fique aqui, que nós possamos respirar o ar que ele respira, que nós possamos sentir, na sua caminhada, na sua fala, a emoção de um homem de fé, de um homem de grandeza, de um homem que não é, mas que mostrou que é possível.

Não vejo, no mundo de hoje, Sr. Presidente, nenhum outro exemplo mais espetacular de que pode ser, de que o mundo social, justo e fraterno, de sermos irmãos e não lobos uns dos outros. Ele é a maior demonstração disso. E hoje esta Casa foi muito bem-aventurada com a sua presença.

Sr. Presidente, é uma alegria vê-lo, mais uma vez, na Presidência, pois a presença de V. Exª honra a Casa e honra o Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2008 - Página 20700