O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (PTB - MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Alvaro Dias; Exmº Sr. Senador Arthur Virgílio, autor do requerimento da presente sessão; Exmº Sr. Senador Cristovam Buarque, primeiro signatário do requerimento da presente sessão; Exmª Srª Marlídice Péres, viúva do Senador Jefferson Peres; Exmº Sr. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Carlos Ayres Britto; Exmº Sr. Serafim Fernandes Corrêa, Prefeito de Manaus; Exmº Sr. Desembargador Hosannah Florêncio de Menezes, Presidente do Tribunal de Justiça do Amazona; queridos filhos do Senador Jefferson Péres, Roger Péres, Ronald Péres e Rômulo Peres; a presença das ilustres figuras aqui, nesta sessão, ex-Senadores, ex-Deputados, não só do Amazonas, mas de diversos Estados do País, representa uma demonstração sincera do vácuo que deixou Jefferson Péres nos 30 dias após seu falecimento.

Ouvi com atenção o Senador Arthur Virgílio, que disse que não é importante dar nomes, e eu sou de um tempo em que achava que dar nome era importante.

Nasci na Paraíba, no ano de 1924 e, aos seis anos de idade, assisti à comoção do povo paraibano com a perda de João Pessoa. Foi a primeira vez que eu vi o nome de um homem valer por tudo. A capital do Estado era Paraíba, virou João Pessoa. Sem nenhum pedido político de ninguém, a Bandeira da Paraíba passou a ser o vermelho do sangue de João Pessoa e preto do luto da Paraíba.

Então, eu não tinha maneira mais sincera de prestar a minha homenagem a Jefferson Péres. Ele foi o campeão da ética e deixou isso marcado. A lição que ele deu no Senado em toda sua vida foi a posição de ética. E foi por isso que propus que a Comissão de Ética do Senado passasse a se chamar Comissão de Ética Senador Jefferson Péres.

D. Marlídice, sou um decano dos Senadores, o mais velho. E assisti, a cada semestre, perdermos um colega. Eu tive para ser um dos chamados para ir embora, mas Deus não quis que eu fosse, e estou aqui prestando homenagem a esse homem. Na hora em que disseram que ele faleceu, eu passei mal, sem ser do partido de Jefferson Péres. Muitas vezes, tive opinião contrária à de Jefferson Peres, mas nunca deixei de admirar sua coragem, sua firmeza, sua maneira de encarar a vida pública, porque, D. Marlídice, é aqui a coroação da nossa vida pública.

Tenho, no meu escritório, no meu gabinete aqui, oito mandatos políticos dados pelo povo. Esse é o meu capital. E aqui eu sempre primei por lutar para deixar bem clara a homenagem àqueles que fizeram história como seu marido. Eu, aqui desta tribuna, lutei para colocar Rui Barbosa ali. Rui Barbosa ficava no lugar daquela câmera, um lugar onde todos iam apenas para conversar. Eu lutei e consegui trazer para cá Rui Barbosa. Jefferson Péres foi um homem que mereceu a minha admiração. E eu espero que seus três filhos, carregando no ombro o peso do nome de Jefferson Péres, façam com que o povo continue a admirar esse meu colega.

Estou falando, D. Marlídice, um discurso não escrito. Não é lembrando fatos, mas lembrando um fato grandioso que foi a lição de ética deixada por Jefferson Péres. Deus quis que eu continuasse e ele se fosse. Mas pode ficar certa do seguinte: deixou Jefferson Péres, aqui no Plenário do Senado, um admirador que não era do seu Partido, mas que sempre soube admirá-lo pelos g estos, pelas atitudes, pela coragem e, sobretudo, pela ética, que ele deixou como lição para todos nós.

Perdoem-me, estou emocionado. Estou falando com o coração. É difícil dizer tudo o que estou sentindo.

Aqui vejo ex-Senadores, colegas de vários mandatos e Deputados também. Todos nós trazemos a V. Sª a nossa gratidão por ter tido Jefferson Péres, porque nenhum homem pode ter a fibra de Jefferson Péres se não tiver uma mulher a seu lado como a senhora, D. Marlídice.

Muito obrigado. (Palmas.)