O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente; Senador Arthur Virgílio, grande representante do Estado do Amazonas; Senador Jefferson Praia; Senador Áureo; hoje eu digo a V. Exªs que estava sem coragem, Senador Augusto Botelho, de usar da palavra, porque meu medo é a facilidade de se emocionar quando se lembra de um homem como Jefferson Péres, principalmente perante sua família, seus filhos, sua nora, sua esposa, com quem convivemos por todo esse tempo neste Senado, sempre presente, amorosa, trocando idéias, estimulando e dando força ao marido para que realmente conduzisse com dignidade o mandato de Senador.

Posso dizer com muita tranqüilidade, Sr. Presidente, que eu tinha no Senador Jefferson Péres um grande amigo pessoal, equilibrado, e um grande e confortável orientador no que diz respeito à ética, à dignidade e ao respeito à representação do voto do povo, que aqui ele dignificava, sempre com uma palavra amiga, sincera, corajosa, destemida.

Quantas vezes, em alguns casos que chegavam às nossas mãos pela Corregedoria, antes de ir para o Conselho de Ética - e tão bem ele se portava na representação da indicação do Partido para pertencer ao Conselho de Ética! -, trocávamos idéias sobre aquilo que realmente acontecia com as acusações e como se poderia buscar uma solução com os sentimentos de Jefferson Peres, justiça, dignidade e respeito, e conseguíamos realmente encontrar o melhor caminho.

O Senador Arthur Virgílio sabe que sou um apaixonado pelo Amazonas - sou mesmo - e por tudo o que acontece lá, por tantas e tantas vezes eu ter pisado aquele solo. Um dia, em uma cidade do Amazonas, havia um comício político. Atravessamos o rio, fomos lá. Havia um comício, muita gente e tal. Falava-se muito em Jefferson Péres - não lembro o nome da cidade. Fiz questão absoluta, Senador Jefferson Praia, de descer do caminhão, tirar o sapato, para poder pisar na terra amazonense, porque eu queria que ela se misturasse com meu suor e com meu sangue. Uma virtude que vocês têm de representar esse Estado é o amor indiscriminado de todos os brasileiros. Senti-me feliz por aquilo. Na volta, passei apertado, Senador Arthur Virgílio, porque pegamos um barco à noite e, quando estávamos atravessando o rio de volta para a Manaus, pegou um tronco e quase virou. Se tivesse virado, ninguém iria se salvar porque ali o rio é fundo. Então, vejam que Deus está com quem tem amor àquela terra, àquelas águas e também à terra amazonense. Dizem aqueles que se batizam na igreja que a água é fonte de vida para a alma, e o Amazonas tem os rios que sempre abençoaram o Senador Jefferson Peres. Mas o Jefferson Praia não poderia repetir o discurso que teve como suplente e como seguidor da política de Jefferson Péres na Amazônia.

O Senador Arthur Virgílio, adversário em algumas coisas, nunca deixou de elogiar a figura impoluta, correta, respeitosa de Jefferson Péres. Sou testemunha disso, Senador Arthur Virgílio. E, se o projeto do Fundo de Proteção à Amazônia Ocidental está em andamento, vamos lutar juntos para que isso aconteça. Tenho certeza de que haverá a compreensão e o desejo de todos os brasileiros em vê-lo aprovado.

Tenho um pouquinho da história da fundação da Zona Franca de Manaus.

Eu era diretor da Polícia Federal, Senador Arthur Virgílio, e lá visitei algumas fábricas. A mão-de-obra era desqualificada, porque os moradores da Amazônia tinham pouca convivência com a possibilidade industrial. E o primeiro passo das indústrias que lá foram sendo implantadas ao longo do tempo era ensinar os amazonenses a usar o banheiro, a usar garfo, faca, a se alimentarem. E hoje duvido que tenha um Estado, em algumas produções que lá se fazem, com a qualidade da mão-de-obra do amazonense, a quem, sem dúvida nenhuma, devemos as figuras que aqui representam esse Estado.

            A Suframa, que tentaram acabar, Senador Arthur Virgílio; tentaram acabar para surpresa de qualquer um de nós. Pensei que a Suframa, Senador Augusto Botelho, só autorizava ou não a criação de indústrias no pólo industrial. Quando estive lá há pouco tempo - sou amigo da diretora Drª Flávia, que de vez em quando faz um peixe assado pra gente lá - a diretora mostrou a ação social de investimento em algumas cidades do Amazonas para o seu desenvolvimento de produção nos locais com vocação para determinadas áreas agrícolas da cidade.

E Jefferson Péres sabia defender esses princípios de devoção em defesa da Amazônia. Jamais poderemos dizer que ele nos deixou. Ele jamais nos deixará, pois aqui estão os seus pronunciamentos, o seu carinho, as suas palavras e o nosso amor por ele e dele por nós.

Que Deus o abençoe e o coloque vigiando os nossos passos!

Muito obrigado. (Palmas.)