O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Há número regimental, declaro aberta a sessão.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

            Hoje cumpro o doloroso dever de comunicar a esta Casa o falecimento, agora pela manhã, do Senador Jefferson Péres.

            José Jefferson Carpinteiro Péres, advogado, Senador pelo PDT do Amazonas, vinha exercendo o cargo de Senador, foi vereador de 1992 a 1996, vereador de 1988 a 1992, tendo sido ainda Secretário da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Amazonas, Secretário do Tribunal de Justiça do Amazonas, Corregedor do Departamento de Segurança Pública do Estado do Amazonas, Diretor Administrativo da Companhia Siderúrgica do Amazonas (Siderama). Teve, durante a sua vida, a oportunidade de ser advogado do antigo IAPC, professor da extinta Faculdade de Ciências Econômicas do Estado do Amazonas, foi ainda membro do Conselho de Educação do Estado do Amazonas, do Desenvolvimento do Amazonas e editorialista do jornal A Crítica, em Manaus.

            Na verdade, depois, o que temos aqui é a sua passagem pelo Senado, onde ele exerceu seu mandato com aquele brilhantismo que todos nós tivemos a oportunidade de constatar: foi membro da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo; Direitos Humanos e Legislação Participativa; Reforma do Judiciário; Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul; Conselho de Ética e Decoro Parlamentar; Constituição, Justiça e Cidadania; CPI das Privatizações; CPMI das Ambulâncias; CPMI do Banestado; titular da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos); titular da Comissão de Educação; e temos ainda muitos outros registros aqui da sua atuação parlamentar.

            Mas, na qualidade de Presidente desta Casa, eu tenho que falar do choque que sofri ao tomar conhecimento, hoje pela manhã, do seu falecimento, ele que, na quarta-feira, antes do feriado, ocupou a tribuna desta Casa para falar sobre uma das suas grandes paixões, talvez a maior da sua vida: o desenvolvimento da região amazônica.

            Parece-me, a mim e aos demais Senadores que estão presentes - Senadora Serys Slhessarenko, Senador Gim Argello, Senador Mão Santa, Senador Geraldo Mesquita -, que estamos vendo aqui a figura de um Senador baixinho, pequenininho, mas que se agigantava na defesa dos seus ideais, na defesa dos valores da democracia. Ninguém como ele superou a defesa da democracia em seus pronunciamentos. Ele esteve sempre voltado para a defesa do Senado, das prerrogativas da Casa. Ele era um dos primeiros Senadores que se levantava na defesa deste Senado. Poderíamos acusá-lo de intransigente na defesa desses ideais e desses valores, mas a intransigência dele remontava àquela ira sagrada.

            Jefferson Péres, um grande defensor da democracia, uma grande perda que nós teremos que enfrentar aqui. Vamos sofrer muito com a sua ausência.

            E neste instante, darei a palavra aos Senadores, a começar pelo Senador Geraldo Mesquita; em seguida, a todos os Senadores, inclusive a João Pedro, que esteve debatendo com ele na quarta-feira, falando sobre a região dos dois, a região amazônica. Eu me lembro de tudo isso; lembro-me de que ele parecia, a cada dia, com o maior vigor. Não se tinha em mente que ele iria ser abatido assim por um problema no coração, por um enfarte. Segundo a sua viúva, hoje pela manhã, ele ainda pôde se levantar, ainda pôde fazer a barba, ainda parecia disposto, mas aí começou a sentir aquela dor no peito que terminou por atingir o seu coração, e agora atinge os nossos corações.

            Estamos sofrendo e lamentando a sua perda, principalmente eu que, na minha modéstia, quando assumi aqui a Presidência, tinha nele um daqueles que sempre me apoiaram, sempre me estimularam, sempre só tiveram palavras de incentivo à luta pela recuperação da credibilidade do Poder Legislativo.

            Portanto, nesta hora em que fazemos este registro, só posso dizer, diante do que aconteceu a Jefferson Péres, que vamos continuar assim, vigilantes, lutando cada vez mais pelo seu Poder Legislativo, pelo seu Senado.

            Jefferson Péres, você - V. Exª, desculpe-me - foi um grande lutador, e só podemos dizer nesta hora que temos o dever de lutar na hora em que você não vai poder mais lutar como lutava.