Pronunciamento de Arthur Virgílio em 20/05/2008
Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registra o sentimento de profunda decepção com o Sr. Senador Tião Viana, por haver insinuado a participação do chefe de gabinete do orador na divulgação do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Registra o sentimento de profunda decepção com o Sr. Senador Tião Viana, por haver insinuado a participação do chefe de gabinete do orador na divulgação do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/05/2008 - Página 15334
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- REGISTRO, DESAPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, TIÃO VIANA, SENADOR, ALEGAÇÕES, PARTICIPAÇÃO, CHEFE DE GABINETE, ORADOR, DIVULGAÇÃO, DOCUMENTO SIGILOSO, EXISTENCIA, GASTOS PESSOAIS, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero registrar aqui um sentimento de profunda decepção com um dos colegas nossos, que até o momento eu julgava um de meus melhores amigos pessoais nesta Casa, o Senador Tião Viana, 1º Vice-Presidente do Senado da República.
S. Exª me procura ontem - como sempre, em tom amigo e fraterno -, dizendo que, de uma conversa entre o chefe de gabinete do Senador Alvaro Dias e o chefe de gabinete dele, teria o chefe de gabinete do Senador Alvaro Dias dito ao chefe de gabinete dele, Senador Tião, que esse documento vazado do Planalto para o Sr. André Fernandes teria ido também para o meu chefe de gabinete da Liderança. E que ele estava me avisando que isso era “fogo amigo”. Eu disse que iria para a tribuna naquele momento, e ele pediu que não mencionasse o nome dele - Tião.
Não é muito o meu feitio; o meu feitio é contar tudo. Não sou jornalista. Jornalista é que tem de proteger fonte. Eu não tenho que proteger fonte nenhuma. Eu gosto de dizer tudo com clareza, como estou fazendo agora.
Eu então resolvi não falar, porque interpelei o chefe de gabinete do Senador Alvaro Dias de maneira dura, S.Sª negou.
Mas hoje, nessa CPI, um Deputado do Acre ligado ao Senador Tião Viana - e aqui estão os Senadores que testemunharam esse fato - perguntou se ele também havia mandado ou se a fonte que vazou para ele teria sido a mesma fonte que teria vazado para o meu chefe de gabinete.
Disse-me o Senador Tião Viana ontem que o jornal Correio Braziliense teria sido um veículo já comunicado disso. Eu liguei para um amigo meu, jornalista, ético, o jornalista Gustavo Krieger, e disse: “Gustavo, essa aberração passou por aí, pelo Correio Braziliense?” Ele investigou e me disse que não.
Então, entendi que tinha sido leviandade de alguém e não queria jamais supor que pudesse a leviandade partir do Senador Tião Viana, figura que eu sempre quis muito bem, muito bem mesmo. Fosse outra pessoa, talvez eu nem me abalançasse a comparecer na tribuna.
Eu, percebendo isso tudo, devo dizer - Senador Tião, é muito bom que V. Exª esteja aqui!...
O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Do seu lado.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - … que a minha decepção foi grande, porque eu não sei se V. Exª ligou para outras pessoas, mas ligou para mim quando V. Exª era acusado de vazar - de ter vazado, não -, de ter sido o veículo para a quebra do sigilo do caseiro Francenildo Pereira no episódio Palocci. E eu o atendi da maneira que a nossa relação de amizade fraterna impunha. Fiquei profundamente chocado, extremamente chocado mesmo, por entender que poderia partir de qualquer outra pessoa aqui, menos de V. Exª, menos de quem quer que fosse do Acre - e o Deputado do Acre não é, a não ser, a meu ver, um reflexo do que V. Exª possa a ele ter dito.
Então, gostaria, sinceramente, de registrar a minha decepção. Acho que qualquer pessoa que me conhece sabe que o meu comportamento é este aqui: o que bateu na minha mão, volto de pronto para a tribuna. Não sou jornalista para guardar fonte, não tenho fonte nenhuma; ou não me conta, ou me conta sabendo que eu reconto da tribuna na hora. E, portanto, não estou aqui para fazer nenhuma explicação sobre um fato que, nesta Casa, qualquer pessoa que me conhece sabe que não passa pela cabeça de ninguém que possa ter vindo de mim, mas para registrar este sentimento de decepção em relação a um amigo.