Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de pronunciamento em homenagem a Jarbas Passarinho.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONCESSÃO HONORIFICA. HOMENAGEM.:
  • Registro de pronunciamento em homenagem a Jarbas Passarinho.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2008 - Página 21408
Assunto
Outros > CONCESSÃO HONORIFICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, CERIMONIA, PLENARIO, SENADO, ENTREGA, TITULO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE DO LEGISLATIVO BRASILEIRO (UNILEGIS), JARBAS PASSARINHO, EX SENADOR, ESTADO DO PARA (PA), JUSTIFICAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE, COMPARECIMENTO.
  • ORADOR, ELOGIO, HISTORIA, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, JARBAS PASSARINHO, EX SENADOR, EX MINISTRO DE ESTADO, EX GOVERNADOR, MILITAR, POETA, INTELECTUAL, ESCRITOR, PROFESSOR, RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, PAIS.
  • ESCLARECIMENTOS, CRIAÇÃO, CONDECORAÇÃO, UNIVERSIDADE DO LEGISLATIVO BRASILEIRO (UNILEGIS), RECONHECIMENTO, SENADO, RELEVANCIA, TRABALHO, PROFESSOR, PESQUISADOR, PERSONAGEM ILUSTRE, INCENTIVO, EDUCAÇÃO, BRASIL.

O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer uma solicitação a V. Exª.

Fiz um discurso sobre Jarbas Passarinho, um dos maiores intelectuais deste nosso País, que recebeu, hoje, nesta Casa, o Diploma de Professor Honoris Causa da Universidade do Legislativo Brasileiro, a Unilegis, em cerimônia que se realizou no plenário do Senado pela manhã. O título foi entregue pelo Reitor da Unilegis e Presidente do Senado, Senador Garibaldi Alves Filho. Como não pude comparecer, peço a V. Exª que considere como lido o meu pronunciamento, porque tenho uma audiência, agora, com o Ministro da Defesa Civil e gostaria que V. Exª atendesse a essa solicitação.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR GEOVANI BORGES.

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            O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Jarbas Passarinho é considerado um dos maiores intelectuais vivos do Brasil.

Nasceu no Acre, na cidade de Xapuri, no dia 11 de janeiro de 1920. Descendente, pelo lado materno, de famílias do Município de Vizeu.

Foi trazido para Belém aos quatro anos de idade, grande parte de sua meninice passada na Cidade Velha, depois, já na adolescência, morou na Vila Amazônia. Fez o curso ginasial no Colégio Estadual Paes de Carvalho, onde foi colega de um bom grupo de estudantes que veio a brilhar na vida pública, como Orlando Bitar, José Bráulio dos Santos, Octávio Mendonça, Silvio Meira, Josué Montelo e outros.

No ano de 1937, terminado o ginásio, viajou para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar, saindo aspirante em 1943. Serviu em várias unidades do Exército, inclusive foi chefe do Estado Maior da 8ª Região Militar.

Em 1964, já reformado e dirigindo a Superintendência Regional da Petrobrás, foi eleito governador do Pará, pelo voto indireto. Deixou o governo do Pará para assumir a cadeira de Senador, quando foi eleito pelo voto direto.

No Exército sempre foi considerado entre aqueles oficiais que integravam a parte cultural, participando de movimentos intelectuais e destacando-se como líder.

No ano de 1959 candidatou-se ao Prêmio Samuel Mac-Dowel, patrocinado pela Academia Paraense de Letras, com o romance regionalista Terra Encharcada, livro este que mais tarde teve uma edição em Portugal.

Foi Ministro de Estado quatro vezes: Trabalho, Educação e Previdência Social, e Justiça. Líder da maioria no Senado e presidente desta Casa do Congresso Nacional.

Novamente reeleito Senador em 1986, foi presidente do Congresso Nacional.

Escritor, jornalista, poeta, romancista, entrou para a Academia Paraense de Letras, ocupando a Cadeira número II, de que é patrono a figura do professor Carlos Nascimento, ocupada anteriormente pelo professor Amazonas de Figueiredo e pelo médico filósofo Raymundo Avertano Rocha.

Jarbas Passarinho, na mocidade, no Ginásio Paes de Carvalho, fez versos, período em que divulgava as suas elucubrações poéticas em jornais de estudantes e em revistas da época. E, convenhamos, uma vez poeta, sempre poeta...

Na Escola Militar, era voz corrente, pertencia à ala dos intelectuais do Exército, escrevendo e falando, sempre que lhe era dada uma oportunidade. Político, galgou altos postos.

Como intelectual, na acepção da palavra, além de pertencer aos quadros do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e da Academia Paraense de Letras, ganhou notoriedade com o romance Terra Encharcada, uma fantástica colaboração à imprensa com artigos periódicos, e os esplêndidos discursos e entreveros neste Senado Federal.

            Também foi governador do Acre, além de senador por três mandatos.

Recebeu hoje o diploma Professor Honoris Causa da Universidade do Legislativo Brasileiro (Unilegis), em cerimônia que se realizou no Plenário do Senado. O título foi entregue pelo Reitor da Unilegis, o Presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho.

Jarbas Passarinho, ex-ministro da Educação, já recebeu 17 títulos de Doutor Honoris Causa, dos quais cinco foram de universidades católicas.

Militar da Artilharia e político, exerceu sucessivos mandatos de senador pelo Pará a partir de 1967 e foi titular de quatro ministérios.

Nascido em Xapuri (AC), em 11 de janeiro de 1920, Jarbas Passarinho foi governador nomeado do estado do Pará de 1964 a 1966. Em seguida, foi eleito senador pelo Pará, cargo que por três mandatos. Foi presidente do Senado de 1981 a 1983.

O primeiro e até então único título Professor Honoris Causa concedido pela Unilegis foi ao então Presidente do Senado, senador Ramez Tebet, em 2006, ano no qual morreu o Senador.

A Unilegis começou a funcionar e teve inaugurada a pedra fundamental de seu novo campus durante a gestão de Ramez Tebet na Presidência do Senado, em 2001.

O título foi criado pela Unilegis para homenagear professores, pesquisadores e outros cidadãos ilustres, de notável saber, que pertençam ou não aos quadros da instituição.

A condecoração é também uma manifestação do reconhecimento do Senado aos relevantes serviços prestados por essas personalidades aos trabalhos desenvolvidos em favor da Unilegis e/ou da educação brasileira como um todo.

            Afável, excelente prosa, Jarbas Passarinho não tem a conversa dura da caserna nem a arrogância dos grandes intelectuais, embora seja um deles. É sorridente, bem humorado, contador de casos e de “causos”.

            Provocado, não esconde que, depois dos oitenta, a solidão é a sua maior companheira e diz:

            “Só me sinto solitário porque estou viúvo. Essa é a minha solidão, duas alianças no meu dedo há 16 anos. Há momentos em que isso me dói como o diabo. Mas, solitário por ter deixado o poder, ao contrário.

            ‘Quando saí do Ministério da Educação, eu corri para casa - que nesse tempo tinha uma piscina - e fui tomar banho de piscina satisfeito, porque as pressões que tinha naquele momento desapareciam.

            ‘Agora olho para trás e realmente tenho pena dos que talvez não tenham ultrapassado a fronteira dos 80 anos. Morreram muito antes. Estamos vivos eu, o Delfim Netto, o João Paulo Reis Veloso.

            ‘Eu olho para trás e não vejo ninguém vivo e não estou querendo olhar muito para trás para eles aparecerem como espírito. Estão lá e eu aqui. Todos os presidentes militares morreram. E os ministros militares, todos. Então eles se foram.

            ‘Eu (parafraseando Churchill) estou pronto para prestar minhas contas ao Senhor e espero que ele não tenha pressa”.

Por fim, o militar, poeta, ex-governador, ex-senador, ex-ministro, intelectual, escritor e professor Honoris Causa aconselha:

“Nada mais injusto que aceitar versões de fatos históricos recentes ainda imbuídas de paixão. Respeito os que dizem preferir a loucura da paixão ao juízo da indiferença. A paixão não é o melhor ingrediente para a produção da verdade, do mesmo modo que a indiferença trai a covardia dos escapistas.”

Faço minhas as palavras do Professor Jarbas Passarinho e conclamo a todos a pensar a sutil diferença da paixão como ingrediente de juízo de valor histórico e a paixão como semente propulsora da ação histórica.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2008 - Página 21408