Pronunciamento de Gerson Camata em 19/06/2008
Discurso durante a 107ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Repúdio à ofensiva da sucursal brasileira da Via Campesina contra centros de pesquisa agronômica, rodovias, ferrovias, indústrias e hidrelétricas.
- Autor
- Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
- Nome completo: Gerson Camata
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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MOVIMENTO TRABALHISTA.:
- Repúdio à ofensiva da sucursal brasileira da Via Campesina contra centros de pesquisa agronômica, rodovias, ferrovias, indústrias e hidrelétricas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/06/2008 - Página 22122
- Assunto
- Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
- Indexação
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- REPUDIO, VIOLENCIA, ORGANIZAÇÃO, COMUNISMO, BRASIL, PARCERIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, INVASÃO, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO, CENTRO DE PESQUISA, CANA DE AÇUCAR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE), EDIFICIO SEDE, EMPRESA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), USINA HIDROELETRICA, ESTADO DA BAHIA (BA), FABRICA, OLEO VEGETAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PARALISAÇÃO, FERROVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
- CRITICA, IDEOLOGIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, COMBATE, DESENVOLVIMENTO, OPOSIÇÃO, MODELO, POLITICA AGRICOLA, BRASIL, REFLORESTAMENTO, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, CANA DE AÇUCAR.
O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as forças do atraso voltaram a atacar esta semana. Atos de vandalismo em 13 Estados marcaram mais uma ofensiva da sucursal brasileira da Via Campesina, um movimento internacional que se auto-intitula “a voz dos camponeses do mundo inteiro” - e do qual faz parte o MST, Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Na falta de latifúndios improdutivos para atacar, os integrantes dessas entidades dirigem sua violência contra alvos variados, que vão de centros de pesquisa agronômica a rodovias, ferrovias, indústrias e hidrelétricas.
Essas organizações tornaram-se tão anacrônicas quanto os fanáticos que, na Inglaterra do começo do século 19, armados com martelos, machados, lanças e pistolas, invadiam fábricas e destruíam suas máquinas. Para eles, a industrialização era inimiga do homem, e só traria desgraças.
Os militantes da Via Campesina e de movimentos assemelhados têm muito em comum com os luditas, como eram conhecidos os vândalos ingleses. Seu objetivo, como era o deles, é fazer o País regredir a um estágio anterior à Revolução Industrial.
A memória dos seres humanos é curta. Por isso, é bom lembrar que a meta dos integrantes da Via Campesina, de construir uma “nova sociedade”, baseia-se em princípios muito semelhantes àqueles que inspiraram os dirigentes comunistas do Camboja, levando-os a cometer um dos maiores genocídios da história humana, em que morreu um quarto da população do país. Mais de 1 milhão de pessoas foram executadas, morreram de fome ou de doenças, enquanto os governantes tentavam fazer com que o Camboja atingisse um estágio de “pureza”, uma utopia agrária que incluía a abolição da propriedade privada, o esvaziamento das cidades e o fim de qualquer tipo de educação que não se conformasse com a doutrina do regime.
O fanatismo inspira a violência e a irracionalidade, como estamos fartos de saber. Os atos praticados esta semana pelos sem-terra não fugiram a esta regra. Em Pernambuco, 200 depredadores invadiram na terça-feira uma estação experimental de cana-de-açúcar mantida pela Universidade Federal Rural daquele Estado, no município de Carpina, destruíram mudas de novas variedades e danificaram uma área plantada de 100 hectares. Alegaram que o local poderia servir como assentamento para 50 famílias.
Na capital paulista, mais de 400 arruaceiros invadiram e danificaram a sede do Grupo Votorantim, para protestar contra a construção de uma usina hidrelétrica. Aos militantes da Via Campesina juntaram-se integrantes de uma certa “Assembléia Popular”, movimento que conta com o suporte de uma ala da Igreja Católica afinada com a Teologia da Libertação. Em Minas Gerais, a Estrada de Ferro Vitória-Minas foi fechada, suspendendo a saída da composição de passageiros que liga Belo Horizonte a Vitória e paralisando 13 trens que transportam minério.
É longa a lista de investidas praticadas pela Via Campesina esta semana. Em Sobradinho, na Bahia, os sem-terra chegaram em 10 ônibus. Armados com facões, quebraram a porta e ocuparam a ante-sala do centro de comando da usina hidrelétrica do São Francisco, deixando os funcionários retidos no escritório da companhia. Em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, uma fábrica de óleo de soja foi invadida e teve que paralisar a produção.
Tudo isso, toda essa violência e destruição, em nome de quê? Segundo uma nota distribuída à imprensa pela organização, em nome de um protesto “contra o modelo agrícola brasileiro” - um dos mais bem-sucedidos do mundo -, os projetos de reflorestamento e a produção de etanol. Deveriam ouvir os pronunciamentos do presidente Lula, em que este exalta o sucesso do agronegócio e defende o etanol brasileiro.
Mas organizações como a Via Campesina e o MST não estão interessadas em diálogo. Este não faz parte do vocabulário dos fanáticos. Felizmente, o curso do tempo demonstra que o radicalismo não leva a lugar algum. Hoje, os destruidores de máquinas do século 19 são encarados como uma curiosidade exótica pelos historiadores. O fanatismo dos sem-terra, que se inspira em ideologias sepultadas há décadas, algum dia também pertencerá ao passado. Mas nem por isso devemos tolerar em silêncio a violência que cometem. Como disse o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Valmar Andrade, “o País não pode ficar à mercê de pessoas desse nível”. Não há lugar na democracia para quem a despreza e procura destruí-la, e é isto o que pensam e fazem as forças do atraso.