Discurso durante a 110ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre estudo do IPEA, que revela redução na desigualdade da renda no Brasil. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários sobre estudo do IPEA, que revela redução na desigualdade da renda no Brasil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2008 - Página 22944
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, LEVANTAMENTO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, BRASIL, IMPORTANCIA, DEBATE, APERFEIÇOAMENTO, PROCESSO, ESPECIFICAÇÃO, MELHORIA, TOTAL, SALARIO, COMPARAÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), REGISTRO, DADOS, COMPROVAÇÃO, EFICACIA, GOVERNO FEDERAL, POLITICA DE EMPREGO, POLITICA SALARIAL, RECUPERAÇÃO, SALARIO MINIMO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, BOLSA FAMILIA, SITUAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • COMEMORAÇÃO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, PREFERENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RECUPERAÇÃO, INDICE, AVALIAÇÃO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, RESULTADO, PROXIMIDADE, ELEIÇÃO MUNICIPAL.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço, em primeiro lugar, ao Senador Fernando Collor, que me permitiu falar antes do seu já anunciado pronunciamento.

            Eu não poderia deixar de vir à tribuna, Senador João Pedro, para comentar e fazer o registro de uma notícia que está veiculada nos nossos principais jornais e é fruto de mais um levantamento do nosso Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostra a queda da desigualdade no nosso País. Uma notícia como essa, Senador Collor, infelizmente, acaba não tendo o destaque merecido. Todos sabem que a pior chaga, a pior mazela de um país de dimensões continentais como o Brasil é a desigualdade social, e qualquer ação de Governo teria que ser, até pelo aspecto ético - já tive oportunidade de dizer isso aqui -, medida inclusive pela questão ética: se ela atua no sentido de diminuir a desigualdade social ou de ampliá-la, porque não existe nada mais antiético do que a desigualdade e a injustiça social institucionalizada e crescente. Quando isso é algo deliberado, instaurado, instalado, acionado como uma ação política do Estado, ou seja, promover, ampliar a desigualdade social, essa é a corrupção das corrupções, porque só se pode ampliar a desigualdade quando se retira dos que menos têm para dar aos que mais têm.

            Então, considerando que os números, os dados apresentados pelo Ipea, um instituto absolutamente considerado e respeitado por todos, são significativos de redução da desigualdade - uma diminuição em 7% das desigualdades, comparando o quarto trimestre de 2002 e o primeiro trimestre de 2008 -, isso não é coisa para ficar em rodapé de jornal nenhum. Isso deveria estar estampado, destacado, e ser debatido, inclusive para ser aperfeiçoado. O próprio estudo do Ipea que apresenta essa significativa redução na desigualdade entre os que mais ganham e os que menos ganham no nosso País aponta que ainda temos de ter profunda intervenção para que a massa salarial, o ganho do trabalho dentro do PIB e o comparativo entre o ganho do trabalho e o ganho do capital, que, infelizmente, não se alterou no último período, possam ter alteração. Mas, indiscutivelmente, a modificação na remuneração é significativa, e os dados estão aí para serem realçados e, inclusive, valerem para a nossa reflexão.

            O estudo do Ipea diz que a parcela dos trabalhadores brasileiros que recebem rendimentos mais altos teve um aumento de quase 5% nos salários, nos últimos cinco anos - esse índice de quase 5% é acima da inflação, porque recuperação significa além da perda inflacionária -, enquanto para o grupo de menor renda a elevação foi de 22%. Portanto, os que mais ganham tiveram uma recuperação acima da inflação de quase 5%, mas os que menos ganham tiveram uma recuperação quase cinco vezes maior, de 22%. Isso é uma prova inequívoca de que as políticas que vêm sendo adotadas, de geração de emprego, de emprego com carteira assinada - que é um emprego indiscutivelmente de melhor qualidade, mais seguro, porque garante os benefícios da Previdência e da assistência, caso haja acidente de trabalho ou caso fique desempregado, podendo acessar o seguro desemprego -, todas essas políticas de distribuição, por meio do Bolsa Família, de recuperação do salário mínimo e de geração de emprego estão frutificando. Estão frutificando e são indiscutivelmente responsáveis por essa melhoria na queda da desigualdade.

            O índice de Gini, que mede a desigualdade no País, era de 0,54 em 2002 - o índice de Gini vai de zero a um; quanto mais aproximar-se do zero, menor a desigualdade entre as camadas sociais no país - e hoje estamos com 0,50. Portanto, já houve uma queda significativa, que, inclusive acelerou-se a partir de 2004, quando tivemos uma queda mais acentuada. E a perspectiva, inclusive do próprio Márcio Pochmann, que é o Presidente do Ipea, é de que até o final do mandato do Presidente Lula, a continuar com as políticas bem-sucedidas de distribuição e de recuperação da renda, principalmente dos que menos ganham, vamos chegar a 0,49% em 2010, que é nada mais, nada menos, Senador João Pedro, um índice que o Brasil não retomava desde 1960. Portanto, vamos ter, depois de 50 anos, a perspectiva de uma distribuição de renda que já tivemos na década de sessenta e infelizmente acabamos perdendo.

            Eu sempre gosto de ver como é que isso se aplica a minha aldeia, ao meu Estado. Fico também muito satisfeita porque o noticiário de hoje que repercute esses estudos, esses indicativos do Ipea, de diminuição da desigualdade entre ricos e pobres no País, coloca que em Santa Catarina também os resultados são extremamente positivos e apresenta um dado do Dieese de Santa Catarina em que está quantificado que 92,6% das negociações salariais no meu Estado estiveram acima da inflação, acima do INPC. Portanto numa demonstração de que os acordos salariais têm feito a recuperação do salário também no Estado de Santa Catarina.

            Por último, agradecendo a gentileza de ter me permitido utilizar a palavra neste momento, ainda não acessei, Senador João Pedro, mas espero ter em mãos até o final da tarde, a pesquisa que todos nós do PT estamos comemorando.

            Essa pesquisa foi encomendada pela Direção Nacional do nosso partido ao instituto Vox Populi, tendo sido feita uma ampla avaliação da aceitação, da preferência partidária, de como as pessoas em todos os cantos do Brasil estão vendo os partidos políticos e a atuação dos governos, além da perspectiva eleitoral para este ano, já que todos nós aqui estamos bastante agitados e acompanhando, por telefone, as convenções e como estão as negociações das candidaturas em cada um dos Municípios brasileiros e, principalmente, dos nossos Estados.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Uma coisa que nos animou muito no resultado dessa pesquisa, cujo detalhamento ainda não tenho em mãos, é que o PT voltou a ser o partido preferido. Vinte e seis por cento das pessoas consultadas pelo instituto Vox Populi estabelecem o PT como o partido de preferência; em segundo lugar, está o PMDB com 7%; e o PSDB em terceiro lugar, com 5%. Portanto, Senador João Pedro, essa diferença significativa de 26% de preferência entre os entrevistados é algo que nos anima muito, principalmente quando estamos às vésperas de mais um pleito eleitoral.

            Também houve uma recuperação extremamente significativa da avaliação positiva do Presidente Lula e do Governo nas Regiões Sudeste e Sul do nosso País.

(Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Nós estamos percorrendo as ruas de todos os Municípios e percebemos os resultados efetivos das políticas e das ações do Governo do Presidente Lula. E isso, obviamente, terá repercussão e será fator que nos ajudará, e muito, no processo eleitoral municipal de 2008.

            Até fiz questão de trazer as duas notícias ao mesmo tempo, apesar de não terem conexão imediata. Mas, indiscutivelmente, se há uma melhoria da renda, se há uma predileção pelo Partido dos Trabalhadores, como aparece na pesquisa, uma preferência e um reconhecimento de ser um partido que tem um compromisso com os mais humildes, com aqueles que mais precisam de políticas públicas voltadas à superação das desigualdades e das injustiças, é algo que nós do PT só temos a comemorar.

Era o que tinha a dizer, Presidente. Agradeço o tempo que me foi concedido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2008 - Página 22944