O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a paciência é uma paciência mineira, a paciência de respeitar realmente a necessidade de organização do Senado, para que todos possamos ter oportunidade de nos dirigirmos aos colegas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, rapidamente, lembrar que celebraremos, no próximo dia 27 de junho, o centenário de nascimento de um dos maiores artistas das letras brasileiras: o mineiro João Guimarães Rosa.

            Médico, diplomata, contista, poeta, romancista, contador de histórias - essas são as diversas facetas de Guimarães Rosa que se influenciaram mutuamente e contribuíram para a forja de um dos maiores nomes da literatura do nosso País e, por que não dizer, do mundo.

            Do Rosa estudante e praticante de medicina ficaram o amor pelo estudo, a atenção ao detalhe, o pensamento analítico e os sentimentos profundos de respeito e de compaixão pelo sofrimento humano.

            Do diplomata, identificamos o prazer extraído do conhecimento de culturas, idiomas, pessoas, literaturas, artes e filosofias de todos os cantos do mundo, além do gosto pelas viagens e o caráter universal que marca a obra de Guimarães Rosa.

            Foi por meio de seus contos, poemas, novelas e romances, porém, que Guimarães Rosa exercitou aquela que talvez seja sua maior vocação: a de contador de histórias, ou estórias, com ‘e’, como se usava grafar antigamente.

            Era em suas estórias que Guimarães Rosa reunia, com uma maestria raríssima, observações e reflexões colhidas em seus anos de prática médica e de diplomacia, tanto no sertão mineiro quanto nas ruas das grandes cidades européias. Por meio de sua arte, ele transformava esse rico material nas peças literárias, imortais, com que recheava seus livros.

            Eleito para a Academia Brasileira de Letras, Rosa é imortal, acima de tudo, pela obra que nos deixou - um retrato fantástico do Brasil profundo, pintado com todas as cores de nossas marcas regionais, mas tornado universal pela técnica literária e pelo talento desse gênio das nossas letras.

            A quantidade de eventos e comemorações que marcarão o centenário de Guimarães Rosa evidencia o reconhecimento e a longevidade da contribuição desse mineiro de Cordisburgo às nossas artes. Minas Gerais, de modo particular, orgulha-se imensamente de ser parte especial e fundamental do imaginário roseano, cenário privilegiado de grande parte de suas histórias e, agora, palco de inúmeras cerimônias que marcarão os cem anos de nascimento de um de seus filhos mais ilustres.

            Tenho aqui comigo, Sr. Presidente, um folder da Galeria de Arte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que fará, no período de 23 a 27 de junho, uma homenagem, por meio da mostra de cultura “Mineiranças”, das várias cidades que fizeram parte das rotas de Guimarães Rosa, como Caetanópolis, Cordisburgo, Corinto, Curvelo, Datas, Felixlândia, Gouveia, Itaguara, Lassance, Morro da Garça, Paraopeba, Pirapora, Presidente Juscelino, Presidente Kubitschek, Sete Lagoas, Três Marias e seu distrito de Andrequicé. Todas elas fizeram parte das histórias de Guimarães Rosa.

            Vejam bem que Minas Gerais gosta tanto do Presidente Juscelino que há duas cidades com nomes diferentes - Presidente Juscelino e Presidente Kubitschek - homenageando esse que foi um dos maiores Presidentes do Brasil, senão o maior Presidente que o Brasil já teve. Na minha opinião, o maior.

            Desejoso de também prestar minha homenagem a esse inesquecível conterrâneo, Guimarães Rosa, apresentei, no último dia 16 de abril, o Projeto de Lei do Senado nº 134, de 2008, que propõe a denominação de “Rodovia Guimarães Rosa” ao trecho da BR-135 entre o entroncamento com a BR-040, no Município de Curvelo, e Januária, ambos, evidentemente, no Estado de Minas Gerais.

            A BR-135, Srªs e Srs. Senadores, é uma das mais longas rodovias do Brasil, ligando Belo Horizonte a São Luís, no Maranhão. Até o Município de Curvelo, no entroncamento bem próximo a Cordisburgo, cidade natal de Guimarães Rosa, a BR-135 é concorrente com a BR-040.

            A partir daí, a estrada muda de direção e corre para o norte do Estado, rasgando a região das Gerais, cenário de tantas obras de Guimarães Rosa. Depois de Curvelo, o trecho destacado no PLS nº 134, de 2008, passa por cidades como algumas que já citei aqui - Corinto, Montes Claros e Bocaiúva -, terminando em Januária, pouco depois de cruzar o rio São Francisco, outro ponto importantíssimo no imaginário de Guimarães Rosa.

            Ao propor a denominação de “Rodovia Guimarães Rosa” a esse trecho da BR-135, minha intenção é a de não apenas homenagear o escritor, mas de preservar a memória daquela região e de seu povo como parte essencial de uma das obras mais importantes da literatura brasileira.

            O projeto já conta com relatório favorável à sua aprovação, de autoria do Senador Wellington Salgado, colega e representante de Minas Gerais, e está pronto para entrar na pauta de votações da Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

            Assim, quero conclamar a V. Exªs a tomarem parte comigo nessa homenagem, apoiando o PLS nº 134, de 2008, em sua tramitação.

            Encerro minha intervenção, Sr. Presidente, registrando, mais uma vez, a grandeza humana e artística desse grande brasileiro e desse grande mineiro que foi Guimarães Rosa. Ele foi, antes de tudo, um dos maiores prosadores do Brasil.

            Era o que eu queria trazer aqui hoje, Sr. Presidente, lembrando que estaremos, no dia 27 de junho, comemorando cem anos de nascimento do escritor mineiro Guimarães Rosa, que tanto homenageamos e que tanto significou para a cultura do meu Estado.

            Muito obrigado.