Discurso durante a 110ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

A suspensão de sessões deliberativas no Senado Federal, durante esta semana. A tramitação de empréstimo em benefício do Rio Grande do Sul. Registro de participação em evento na cidade de São João do Piauí.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ELEIÇÕES. HOMENAGEM.:
  • A suspensão de sessões deliberativas no Senado Federal, durante esta semana. A tramitação de empréstimo em benefício do Rio Grande do Sul. Registro de participação em evento na cidade de São João do Piauí.
Aparteantes
Eduardo Azeredo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2008 - Página 22954
Assunto
Outros > SENADO. ELEIÇÕES. HOMENAGEM.
Indexação
  • APOIO, DECISÃO, PRESIDENTE, SENADO, LIDER, SUSPENSÃO, SESSÃO, DELIBERAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, SENADOR, CONVENÇÃO, PARTIDO POLITICO, SIMULTANEIDADE, FESTA JUNINA.
  • REGISTRO, TRABALHO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, APROVAÇÃO, EMPRESTIMO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), COMPROMISSO, SENADOR, ORADOR, APOIO, PACTO, FEDERAÇÃO, DETALHAMENTO, GESTÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CONVENÇÃO, PROXIMIDADE, ELEIÇÃO MUNICIPAL, APOIO, CANDIDATO, MUNICIPIOS, ESTADO DO PIAUI (PI), HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, EMPRESARIO, PAI, JOÃO VICENTE CLAUDINO, SENADOR.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nos corredores da Casa, não se fala em outra coisa senão nesta semana desaquecida das atividades desta Casa. Ouvimos isto particularmente da imprensa.

            É evidente que se procura colocar a carga nas festas juninas, mas quero lembrar, Senador Eduardo Azeredo, que, no ano passado, tivemos as mesmas festas e o que não tivemos foram convenções. As convenções partidárias, no meu modo de ver, é que têm prendido muito os Parlamentares nas suas bases. Imaginem, em um Estado como Minas Gerais, com quase mil municípios, o Parlamentar ter que dar assistência às suas bases, visitando-os, para prestigiá-lo nas convenções, e o tempo que isso demanda. Mas nada justifica!

            Acho que não fomos felizes com essa atitude, mas quero defender aqui o Presidente da Casa, que pode até ter participado e ter gostado, mas não decidiu sozinho. Essa decisão partiu do Colégio de Líderes. E está provado que nós poderíamos ter feito as duas coisas. Tanto é verdade que hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos, votamos empréstimos importantes, inclusive para o Estado Minas Gerais, para Ipatinga, e o fizemos com um quorum relativamente alto, apesar da descrença de muitos de que não era possível ser feito.

            Aliás, fiquei muito feliz em ter tido oportunidade não só de relatar, substituindo o Senador Sérgio Guerra, o empréstimo de Minas Gerais, como também de ter participado da aprovação do empréstimo para a cidade de Teresina, cidade de que fui Prefeito. O empréstimo do Banco Mundial já vinha se arrastando há algum tempo, um empréstimo de 30 milhões e poucos para a recuperação e urbanização das lagoas do norte. Esse projeto tem o apoio do Bird e é de fundamental importância para a população da zona norte da minha querida Teresina. Esse projeto, além de urbanizar, promover melhorias urbanas com equipamentos de grande necessidade, vai embelezar aquela região, dando também segurança com relação à ameaça das enchentes provocadas pelo rio Parnaíba.

            Quero me congratular com o Prefeito Sílvio Mendes pela persistência com que lutou para que esse projeto chegasse onde chegou.

            Mas nós tivemos também a aprovação de empréstimo de US$1,2 bilhão para o Governo do Rio Grande do Sul, e esse, Senador Raimundo Colombo, provocou aqui, na sexta-feira, uma vigília cívica da qual tive a honra de participar, de quase sete horas, em que o Senador Pedro Simon se manteve firme, aguardando a remessa, por parte do Governo, da mensagem a esta Casa.

            Quero agradecer, de maneira muito carinhosa, os mais de 500 e-mails que recebi até hoje do povo do Rio Grande do Sul, os agradecimentos, as manifestações positivas. Ao praticar aquele ato de solidariedade, cancelando compromissos pessoais que eu tinha, eu o fiz em nome da união das federações neste País. O sentimento federativo é a base e a razão de ser do Senado da República, e nós pudemos exercê-lo, embora com o Plenário quase vazio naquela sexta-feira, de maneira marcante, porque ficamos nos revezando no plenário, sob a Presidência do Senador Gim Argello, enquanto a mensagem tramitava do Ministério do Planejamento ao Palácio do Planalto e, posteriormente, ao Senado da República, já chegando aqui após às 16 horas.

            Aí, ressalto até o lado positivo para o Presidente Lula, que foi ao Palácio do Planalto, exclusivamente, segundo informações, assinar a mensagem, para o Governo honrar o compromisso que tinha com o Rio Grande do Sul.

            Senador Eduardo Azeredo, naquela sexta-feira, pudemos ver a face cruel da burocracia brasileira. Aquele empréstimo era bom para o Rio Grande do Sul e excelente para o Governo Federal, porque resolvia uma pendência que já se alongava há algum tempo. Não sei por que a burocracia segurava da maneira impiedosa com que segurou. Tenho certeza de que, se não fosse aquele ato do Senador Pedro Simon e o prestígio e o conceito de que ele goza no cenário político brasileiro, o fato não teria se consumado, nem teríamos lido a mensagem na sexta-feira, nem tampouco ela teria sido lida hoje. Isso foi uma lição, inclusive para os que se queixam de plenário vazio. Conseguiu-se, num plenário com três Senadores, algo que não se consegue às vezes com o plenário lotado, que foi exatamente fazer com que a tramitação ocorresse, evidentemente cumprindo regras regimentais.

            O Senado marcou, no meu modo de ver, uma posição firme de defesa da Federação. O Senador Pedro Simon, do Rio Grande do Sul, parte interessada no empréstimo, eu, do distante Piauí, e o Senador Gim Argello, de Brasília, nós representamos o Estado, no quadro democrático que criou o Senado da República. Se não houver solidariedade entre Estados, não há nenhuma razão de haver Federação. Se não houver Federação e solidariedade entre os Estados, o Senado perde sua razão de ser.

            Daí por que, com muita alegria, participei dessa extraordinária sessão, quando pude ver a bravura do Senador Pedro Simon, nos seus 78 anos, mostrando, de maneira clara, por que o Rio Grande do Sul o elegeu todas as vezes em que foi candidato.

            Fico, portanto, mais uma vez agradecido por todas as manifestações que recebi do povo do Rio Grande do Sul. Quero dizer que cumpri com o meu dever, com a minha obrigação. Cumpri de maneira muito prazerosa, porque ajudei um Estado pelo qual tenho a maior admiração, por sua luta, por sua história, pelo que aprendi na juventude, com a luta e a garra da trilogia do velho Érico Veríssimo, em O Tempo e o Vento. Já um pouco mais maduro, aprendi também com a ironia, com a picardia e com a inteligência de Mário Quintana.

            É evidente que me aproximei muito do Rio Grande por essa convivência que tenho com o Simon desde que aqui cheguei. Começamos no mesmo Partido, as contingências políticas nos separaram. Eu mudei de Partido, mas a amizade continuou. Mas quero dizer que, se também fosse inimigo do Senador Pedro Simon, coisa que ele não tem nesta Casa, ainda me sentiria no dever e na obrigação de votar a favor do Rio Grande do Sul e de votar a favor do fortalecimento federativo do Brasil.

            Concedo, com o maior prazer, o aparte ao Senador Eduardo Azeredo.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Heráclito, queria apenas agradecer a sua participação hoje na aprovação desse empréstimo para Minas Gerais. É quase US$1 bilhão, ou seja, R$1,7 bilhão, R$1,6 bilhão. É um empréstimo de grande porte, e Minas Gerais só pode contrair esse empréstimo agora...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Novecentos setenta e seis milhões de dólares.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Novecentos setenta e seis milhões de dólares - V. Exª lembrou bem o número. E os mineiros agradecem a sua participação e certamente o Governador Aécio Neves, à frente dos mineiros, agradece a sua gestão para que pudesse ser aprovado hoje na Comissão. É um empréstimo que Minas, como dizia, pode contrair hoje porque correu atrás, nessa reorganização das finanças públicas após a implantação do Plano Real, que vem desde quando tivemos a renegociação da dívida dos Estados, chegando, então, ao Governador Aécio Neves, que apresentou um projeto importante de ajuste das finanças, aproveitando também o momento de crescimento econômico do mundo, que leva ao crescimento do Brasil. Queria, portanto, registrar o nosso agradecimento pela sua atuação, Senador Heráclito, e também me somar a essa sua afirmação, ou seja, a essa visão extremamente crítica que às vezes se faz em relação ao trabalho aqui do Senado. O Senado trabalha muito nas suas Comissões, trabalha nos seus gabinetes; são dezenas de reuniões, são centenas de horas de discussões, e a Comissão de Assuntos Econômicos funcionou normalmente hoje, com quórum, e pudemos aprovar esses empréstimos importantes: o do Governo do Estado de Minas; outro para a Prefeitura Municipal de Ipatinga, que, como eu disse lá, é centro de uma região metropolitana de 500 mil pessoas; outro empréstimo para o Rio Grande do Sul, muito importante, porque o Estado precisa de um socorro emergencial; outro para o Piauí, a capital do seu Estado; e, finalmente, para o Estado do Amazonas. Portanto, foram empréstimos que passaram pelo crivo e que têm uma importância muito grande. O fato de termos sessão não-deliberativa, confesso que a mim também não agradou. Gosto muito de festa de São João. Em Minas Gerais tem, mas não com a mesma intensidade do Nordeste. Mas não considero que foi correta a decisão tomada pelas lideranças. É importante lembrar que, apesar disso, apesar de não termos votações no plenário do Senado, o Senado está funcionando nas suas outras áreas de atuação. Era o que eu queria trazer, Senador Heráclito.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Concordo com V. Exª, até porque, meu caro Senador Eduardo Azeredo, se quisermos ver bombas, não precisamos sair de Brasília; quadrilhas, tampouco. Evidentemente, pisar em brasa, arder em brasa, aqui também tem. Esse é um cenário do qual todos nós dispomos o ano inteiro, sem a necessidade de nos afastar da Capital federal.

            É evidente que a maravilha da festa junina que tanto alegra os nordestinos é um marco fantástico, é um marco que merece ser estimulado, porque mexe com uma região do Brasil muito importante.

            Mas, Sr. Presidente, quero lhe pedir a tolerância de mais alguns minutos, para que eu possa também fazer um registro.

            Participei, nesse final de semana, na cidade de São João - cidade pela qual eu tenho um carinho muito grande...São João do Piauí é um Município com que desde a minha primeira eleição estamos juntos. Começou uma amizade com o Padre Solon Aragão, que era um extraordinário sacerdote, e se estendeu ao Assis Carvalho, a vários companheiros. Não quero ficar aqui enumerando nomes para não cometer injustiça. E hoje tenho pela pessoa do Prefeito Roberth Paes Landim, além de um amigo, uma admiração crescente pelo extraordinário administrador que é, recuperando a cidade, dando credibilidade e, acima de tudo, fazendo um trabalho extraordinário naquele Município.

            Para nós, que somos Parlamentares, que somos municipalistas - sabe o Senador Raimundo Colombo melhor que ninguém -, a maior satisfação que temos é poder ajudar um prefeito e ver o resultado. São João do Piauí é um desses exemplos.

            Depois estivemos na convenção de Simplício Mendes, onde vi homologado o nome de outra grande figura amiga que eu tenho, o Dr. Heli Moura Fé, que, ao lado da Drª Mércia Paulo, serão candidatos a prefeito e vice-prefeito daquele Município. É outro exemplo de administrador fantástico, extraordinário, dedicado.

            Não pude ir à convenção de Capitão Gervásio Oliveira, que fica na região, onde o ex-Prefeito Agapito se prepara para retornar com toda força, pelo prestígio que tem e a credibilidade da sua administração, mas me fiz representar por um irmão, já que convenções se avolumam nesse período e nós não podemos estar presentes.

            Cumpri outra agenda que faço questão de registrar. Eu tenho um amigo, Senador Colombo, de uma amizade de mais de trinta anos. É um empresário fantástico, hoje um dos maiores empresários deste País, mas ele consegue uma façanha extraordinária: não se afastar das suas origens. É um sertanejo, é um nordestino, é uma mistura de rio-grandense-do-norte com paraibano, mas com um percentual majoritário de piauiense. É o empresário João Claudino, que vem a ser pai do nosso atual Senador João Vicente. Fez 78 anos e fui cumprimentá-lo na cidade de Castelo. A cidade de Castelo é um pólo regional onde se reúnem no seu entorno Municípios como São João da Serra, São Miguel, Buriti dos Montes e vários outros. Eu tive a felicidade de abraçá-lo pelos seus 78 anos, ao lado de alguns Prefeitos vizinhos, capitaneado pelo Zé Maia, que é o Prefeito de Castelo.

(Interrupção do som.)

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Sr. Presidente, fiz isso com muita alegria, porque é uma amizade que eu prezo e é um homem que tem prestado muitos serviços ao Piauí.

            Faço esses registros na certeza de que o S. João ainda fará muito pelo Piauí, ainda ajudará muito aquele Estado a se desenvolver.

            Agradeço a V. Exª.

            Amanhã, volto à tribuna para falar um pouco da situação das estradas do meu Estado, das ordens de serviço que voltam a ser assinadas em véspera de eleição, num atentado à legislação eleitoral, e das estradas e obras que foram prometidas há dois anos, com intuito eleitoreiro, mas não foi dado prosseguimento a essas obras.

            Amanhã, Senador Eduardo Azeredo, quero crer que estaremos aqui, inclusive, temos reunião da Comissão de Relações Exteriores para tentar votar alguns tratados de importância para o Brasil.

            Agradeço aos senhores aqui presentes, na certeza de que, meu caro Senador Geraldo Mesquita, quem quer pular fogueira não precisa sair de Brasília. Aqui nós as temos demais.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2008 - Página 22954