Discurso durante a 112ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos cento e cinquenta e dois anos de criação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos cento e cinquenta e dois anos de criação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2008 - Página 23823
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CORPO DE BOMBEIROS, DISTRITO FEDERAL (DF), SAUDAÇÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE, SESSÃO ESPECIAL, ELOGIO, TRABALHO, BOMBEIRO MILITAR, PROTEÇÃO, VIDA, REGISTRO, HISTORIA, ENTIDADE, LUTA, COMBATE, INCENDIO, REPUTAÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, HOMENAGEM POSTUMA, MILITAR, VITIMA, ACIDENTE DO TRABALHO, LEITURA, OBRA ARTISTICA.
  • DEFESA, JUSTIÇA, PLANO DE CARREIRA, RENOVAÇÃO, EQUIPAMENTOS, CORPO DE BOMBEIROS, EQUIPARAÇÃO, SALARIO, POLICIA CIVIL.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Exmº Senador Geraldo Mesquita Júnior, que preside a sessão; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados Federais, representados na pessoa do Deputado Laerte Bessa, que compõe a Mesa; Exmº Sr. General-de-Divisão Cândido Vargas, Secretário de Segurança do Distrito Federal, que, neste ato, representa o Sr. Governador; Exmº Sr. Coronel Sérgio Fernando Pedrosa Aboud, Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal; Exmº Sr. Epaminondas Figueiredo de Matos, Subcomandante do Chefe de Estado Maior Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal; Coronel Gilberto Porto, Subchefe da Casa Militar do Governo do Distrito Federal (GDF); Sr. Mauro Faria de Lima, Promotor de Justiça, representante do Procurador-Geral da Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT); Exmºs Srs. Comandantes e Subcomandantes do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal; senhoras e senhores chefes, assessores e membros do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal; senhoras e senhores membros da Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, regida pelo Maestro Capitão Célio de Oliveira Lima; alunos da 8ª série do Colégio Militar Dom Pedro II, que se encontram nas nossas galerias; Deputado Magela, que nos dá a honra da sua presença; meus senhores e minha senhoras, é motivo de muito orgulho e de muita honra realizar esta sessão solene em homenagem a um profissional que é exemplo de coragem para todos nós, um profissional que arrisca sua própria vida no cumprimento de seu ofício: o bombeiro militar.

            No dia 2 de julho, celebramos o Dia do Bombeiro Brasileiro, que este ano completa 152 anos de existência. São 152 anos salvando vidas!

A necessidade do trabalho dos bombeiros começou a ser sentida há duzentos anos, com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808. Naquela época, não havia proteção aos cidadãos da colônia que sofriam com incêndios naturais ou provocados pelos homens. O fogo rapidamente destruía as construções, que eram de madeira. A população não tinha como se defender, até que, em 2 de julho de 1856, o Imperador D. Pedro II assinou o decreto imperial que instituiu o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, composto por homens egressos da Casa de Correção, funcionários públicos do Departamento de Obras e operários dos arsenais da Marinha e da Guerra, subordinado ao Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores. Com o fim do Império, em 15 de novembro de 1889, o então Corpo Provisório de Bombeiros da Corte passou a se chamar Corpo de Bombeiros da Capital Federal. Com a construção da nova capital do País, inaugurada pelo Presidente Juscelino Kubitschek, em 1960, foi organizado o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. E, chegando aqui, assim como foi na época do Império, o Corpo de Bombeiros encontrou muitas dificuldades, que, aos poucos, foram sendo superadas com a inauguração de novos quartéis e com a aquisição de viaturas e de equipamentos para proteger a população.

Com o foco principal na proteção das pessoas, o Corpo de Bombeiros tem caminhado sempre em busca de profissionalização e de avanços tecnológicos, tudo isso para melhorar cada vez mais o serviço de segurança à comunidade, mesmo que, muitas vezes, eles tenham de sacrificar a própria vida.

O episódio mais dramático registrado na história dos bombeiros aconteceu em 1954. Uma equipe estava a serviço no quartel da 10ª Companhia, no Rio de Janeiro, pronta para atender a qualquer chamado. Já era noite quando chegou um alerta de socorro. Um galpão na Ilha de Braço Forte, na Baía de Guanabara, estava em chamas. Quando os soldados chegaram ao local e preparavam os equipamentos para combater o fogo, uma grande explosão aconteceu, e dezessete bombeiros morreram na hora. A tristeza e a dor provocadas nesse acidente marcaram para sempre a história do Corpo de Bombeiros. Aqui, no Distrito Federal, a tragédia deu origem à Medalha Sangue de Brasília, criada para homenagear os heróis do passado e os heróis de hoje, bombeiros e civis que se arriscam para salvar a vida de outras pessoas. E não são poucos. Hoje, o Distrito Federal conta com um efetivo de quase seis mil bombeiros militares. Desde 1993, também é permitida a entrada de mulheres na Corporação. São mulheres tão corajosas e guerreiras quanto os bombeiros homens.

É preciso muita garra e determinação para ser bombeiro. E, acima de tudo, é preciso versatilidade e preparo para enfrentar todo tipo de situação. Os deveres de um bombeiro não se resumem a apagar incêndios. Eles também são chamados para prestar os primeiros socorros em acidentes de trânsito, para salvar animais em perigo, para apartar brigas, para realizar partos, para socorrer pessoas doentes, levando-as para o hospital, entre muitas outras boas ações que são creditadas a essa Corporação.

Cada um dos quase seis mil bombeiros que compõem o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e outros milhares espalhados pelo Brasil, do Acre ao Rio Grande do Sul, têm um coração enorme, uma bondade infinita. Essas pessoas se dedicam à profissão com amor e seguem com muita honra o lema: “Vidas alheias e riquezas salvar”.

O bombeiro sente orgulho do que faz e se entrega de corpo e alma ao cumprimento dos seus deveres. É por isso que o Corpo de Bombeiros está sempre em primeiro lugar nas pesquisas feitas com a população para saber qual é a instituição em que a sociedade mais confia. Quase sempre o primeiro lugar é creditado ao Corpo de Bombeiros Militar. Em qualquer lugar do mundo onde a pesquisa seja feita, a Instituição mais lembrada é o Corpo de Bombeiros. O bombeiro inspira confiança, inspira segurança, inspira proteção.

Infelizmente, muitos desses bravos bombeiros trabalham e morrem no anonimato, cumprindo o lema de salvar vidas alheias. Em 1994, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal perdeu o Sargento Sérgio Pimentel, que deu a vida para salvar dois operários que caíram e desmaiaram em uma caixa d’água de um prédio em construção. No ano passado, ao tentar resgatar um corpo em um local de difícil acesso, três militares do Corpo de Bombeiros morreram em um trágico acidente de helicóptero. Digo isso apenas para demonstrar a bravura e a força desses homens que compõem o Corpo de Bombeiros Militar.

São muitas histórias tristes, centenas de perdas irreparáveis e incontáveis atos de coragem que mostram o heroísmo dessa profissão, que precisa ser respeitada e reconhecida por todos nós. Esses bravos combatentes, que hoje comemoram 152 anos de sua Instituição, ainda lutam por melhorias profissionais. Os bombeiros do Distrito Federal, até hoje, não possuem um Plano de Carreira, o que impede a ascensão profissional dos militares. A categoria também quer a equiparação salarial com os profissionais da Polícia Civil, pois hoje a diferença salarial de um soldado que entra para a Corporação e de um agente que entra para a Polícia Civil passa de R$4 mil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os profissionais do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal não pedem nada além do que acham justo. É preciso melhorar as instalações físicas dos quartéis e renovar os equipamentos. Isso é proporcionar melhoria nas condições de trabalho dos profissionais que trabalham para nossa segurança e que não hesitam em dar suas vidas por nós.

Parabéns aos nossos heróis bombeiros! Todos os senhores são exemplo para todos os brasileiros e para as futuras gerações.

Complementando, Sr. Presidente, até sendo repetitivo, porque isso já aconteceu em outra solenidade, gostaria de ler a poesia “Soldado do Fogo”:

SOLDADO DO FOGO

Sonhando em ser herói

O meu primeiro brinquedo foi um caminhão!

Sua cor era da cor do líquido que bombeia o coração.

Coração que bate forte quando deparo com a morte

Cumprindo a minha missão.

Ouvindo o brado geral que determina o dever,

Sinto que vidas precisam de mim pra sobreviver

Cada segundo perdido na trajetória vital,

Talvez seja esse o decisivo para alguém ficar vivo

Ou mesmo ser removido para o primeiro hospital.

Por vezes, a vida me cabe amparar nas mãos

Fazendo-me feliz, esqueço-me as contradições...

Contradições que por vezes faz o herói desabar

Ao ver que, nos acidentes, matérias de vidas

Em meio às ferragens torcidas tenho que resgatar.

O fogo que queima e devora não me permite atrasar!

É o sinistro dantesco que é o meu dever debelar...

Um animal indefeso que em perigo iminente

Colima-se às vidas humanas fazendo-me dependente

E, no final resgate, trago alento aos parentes.

Se de herói, por vezes sou aclamado,

A impossibilidade do êxito me deixa desolado.

Eu queria estar presente antes do acontecer

Os infortúnios desta vida,

Que me fazem também sofrer.

Sou humano e também sinto, presenciando o padecer

Se ser bombeiro é ser paladino da vida,

Ser bombeiro é uma missão divina;

Se ser bombeiro é vidas por vidas,

Ser bombeiro é ser um ser especial;

Se a chegada do Bombeiro é sinal de esperança!

Em ser Soldado do Fogo...

Eu realizei o meu sonho de criança!

Parabéns aos bombeiros! Estou muito feliz com sua presença aqui. O Senado presta uma homenagem a uma Instituição que, de fato, merece a consideração de todos nós como membros da sociedade brasileira.

Parabéns a todos! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2008 - Página 23823