Discurso durante a 111ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Associação aos sentimentos de pesar pelo falecimento da Dra. Ruth Cardoso. Registro da homenagem prestada hoje pelo Senado aos campeões brasileiros da Copa de 58. Comunicação de afastamento do Senado, para acompanhar eleições municipais.

Autor
Raimundo Colombo (DEM - Democratas/SC)
Nome completo: João Raimundo Colombo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Associação aos sentimentos de pesar pelo falecimento da Dra. Ruth Cardoso. Registro da homenagem prestada hoje pelo Senado aos campeões brasileiros da Copa de 58. Comunicação de afastamento do Senado, para acompanhar eleições municipais.
Aparteantes
Demóstenes Torres.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2008 - Página 23172
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTROPOLOGO, PROFESSOR UNIVERSITARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONJUGE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, INICIATIVA, CRIAÇÃO, PROGRAMA COMUNIDADE SOLIDARIA, REDUÇÃO, BUROCRACIA, MODERNIZAÇÃO, EFICACIA, POLITICA SOCIAL, FACILITAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, ACESSO, BENEFICIO PESSOAL, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, HOMENAGEM, MEMBROS, TIME, FUTEBOL, HISTORIA, BRASIL, GANHADOR, CAMPEONATO MUNDIAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, VALORIZAÇÃO, ESPORTE, AMBITO NACIONAL, CRITICA, ATUALIDADE, EXCESSO, COMERCIALIZAÇÃO, ATLETA PROFISSIONAL.
  • ANUNCIO, ORADOR, LICENÇA, MANDATO PARLAMENTAR, MOTIVO, ACOMPANHAMENTO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, QUALIDADE, PRESIDENTE, DIRETORIO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM).
  • DEFESA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, DEBATE, INTERESSE SOCIAL, AMBITO REGIONAL, PROMOÇÃO, AMPLIAÇÃO, ACESSO, POPULAÇÃO CARENTE, SAUDE, EDUCAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ENSINO SUPERIOR, NECESSIDADE, MELHORIA, QUALIDADE, CAPACIDADE TECNICA, CANDIDATO, PREFEITURA.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, Presidente desta sessão, Srªs e Srs. Senadores, quero cumprimentar o Senador Valdir Raupp, e também me associar a esse momento difícil para toda a família de Dona Ruth Cardoso: o seu esposo, Fernando Henrique, seus filhos, seus netos e, tenho a certeza, para todos os brasileiros.

Dona Ruth era uma unanimidade; não a conheci pessoalmente, mas como Prefeito sofri os impactos de suas ações no Comunidade Solidária. Eles, realmente, desenvolveram um projeto que precisa ser ressaltado, porque, o custo dos programas sociais eram muito elevados, havia muito desperdício, muita burocracia, os recursos não chegavam na ponta da linha praticamente. Liberava-se, por parte do Governo, uma soma, e as pessoas que deveriam ser atendidas, os mais pobres, recebiam menos da metade, porque o custo administrativo era muito elevado. E Dona Ruth Cardoso liderou um processo que soube modernizar, usando os cartões, usando as bolsas, fazendo com que as pessoas acessassem diretamente a Caixa Econômica, de tal forma que inclusive dava uma certa dignidade às pessoas. Muito do que se faz hoje pelo social e que se proclama como grande avanço, a grande maioria teve a iniciativa dela: sabedoria, inteligência.

E hoje todas as pessoas que se referem à Dona Ruth, em razão do seu falecimento e da repercussão, destacam exatamente sua personalidade, essa posição de humildade, de muita simplicidade. Ela, como primeira-dama - de que não gostava de ser chamada -, cumpriu muito bem seu papel, com absoluta discrição. Uma pessoa super-inteligente, culta e preparada, que prestou grande serviço ao Brasil.

É fundamental dizer isso e, neste momento, também estender os pêsames a toda a família, ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, ressaltando essa figura marcante, destacada, emblemática pela sua postura. Tenho certeza de que ela é, sempre foi e sempre será, uma referência para todos nós brasileiros.

Sr. Presidente, trago três assuntos hoje. Um era esse. O segundo é que este Senado viveu hoje, na Comissão de Educação, um momento muito bonito, pois prestou uma homenagem aos campeões brasileiros da Copa de 58. V. Exª também estava lá presente. Foi uma alegria muito grande rever aqueles atletas que levaram o nome do Brasil e que conquistaram o primeiro título mundial. Estavam presentes Zito, Pepe, Djalma Santos, Mazzola, enfim, vários deles. Pelé não pôde comparecer porque estava no velório da Dona Ruth. Não se trata de um momento apenas de receber e homenagear campeões, mas de um momento extraordinário do esporte brasileiro. Existe uma referência muito clara: antes de 58 e após 58.

Eu, naquela época, estava na creche, ainda tinha dois anos, mas a verdade é que o fato influenciou toda a geração. Todos nós quisemos jogar futebol. Futebol é uma atividade solidária, em que há razão de princípios, em que se aprende que há regras a cumprir, a determinação da convivência com outros, de ganhar e vibrar com a grande vitória e de, às vezes, não conseguir a vitória e compreender que o outro foi melhor e que mereceu o resultado.

De tal forma que influenciou todos nós brasileiros e fez com que isso fosse uma bandeira. O futebol no Brasil é uma emblemática de vitória, de identidade.

Hoje, infelizmente, podemos criticar muito a comercialização, a falta de espírito esportivo dos atletas. Às vezes, alguns se negam até a servir à seleção brasileira, que os que ali estavam, de forma humilde e simples, serviram, honraram e fizeram com que fosse hoje uma bandeira nacional.

Portanto, quando o Senado presta homenagem a todos esses atletas, à seleção de 1958, ao que o esporte representa e, sobretudo, o futebol na vida do povo brasileiro, estamos falando da alma, do jeito de ser do nosso povo, do impacto que isso teve, tem e sempre terá na vida do nosso povo. É importante repercutir isso e dizer da alegria de ter esses atletas, esses ídolos. Na maioria dos países, os ídolos, os heróis, são generais, são pessoas que participaram de batalhas, que venceram guerras, que marcaram a história do país. Graças a Deus, no Brasil, tivemos poucas guerras, participamos de poucas revoluções. O povo brasileiro é um povo que tenta construir o consenso, a harmonia. Nossos heróis foram e são esses atletas das seleções de 1958, de 1962. E, para muitos, são a referência. Homenageá-los é reconhecer aquela grande conquista e, sobretudo, a forma de serem e como fizeram o esporte, como defenderam o Brasil, com amor à camisa.

Terceiro assunto, Sr. Presidente. Hoje, vou dar entrada na Casa com um pedido de licença de 121 dias. Quero ir para a base. Sou Presidente Estadual do meu Partido e quero acompanhar muito de perto as eleições municipais.

Entendo que muitas coisas precisam mudar na política brasileira. É preciso mudar o modelo do Estado brasileiro. Não basta mudar um governo, o que você pode fazer. De quatro em quatro anos, há eleições, e você escolhe. Mas defendo que os partidos sejam uma base intelectual da sociedade, sobretudo no município, em que se deve debater aquilo que importa às pessoas: de que forma podemos tornar mais eficiente a saúde, de que forma ela pode estar mais presente na vida das pessoas, de que forma os pobres podem ter acesso ao avanço tecnológico e ser bem atendidos; com relação à educação, a educação para todos, pois, na verdade, a educação pública, sobretudo a universitária, é muito mais oferecida aos ricos do que aos pobres. Esse debate precisa ser feito para que as pessoas tenham acesso à educação pública. Se observarmos, no pátio das universidades, podemos ver carrões importados, os mais modernos. Mas a escola pública não é para o mais pobre? E onde ele está? Ele está na escola particular, no sistema fundacional. Por quê? Porque, quando ele presta o vestibular, ele não tem a mesma condição daquele que estuda em escola privada e que faz cursinho. Por que não tem? Porque, na rede pública, no ensino médio, não há professores habilitados em algumas áreas, como Química, Física, Biologia, Matemática, Língua Estrangeira, mas professores que estão ali praticamente tapando buraco, sem qualificação. E, quando chega o vestibular, dos alunos da escola pública, paga com o dinheiro do trabalhador, com arrecadação de impostos, quem é que passa? Passam aqueles que têm mais informação, melhores oportunidades de qualificação, aqueles que têm condições de pagar uma escola complementar. Estes passam no vestibular da escola pública e vão estudar de graça. Aqueles que têm maiores dificuldades acabam estudando em escola particular.

Isso precisa mudar. Esses debates precisam ser feitos. A realidade da política nacional, a reorganização dos partidos, a verdadeira ação política é feita na eleição municipal.

Por isso, ao me licenciar, quero estar presente nesses debates, ir a todos os municípios, convocar meus companheiros para que isso possa ser feito, debatido e aperfeiçoado. A política é a arte de liderar as pessoas. Quanto mais qualificado, bem informado e mais preparado está nosso líder, melhor será seu trabalho, mais forte a mudança e mais profunda nossa intervenção nesse processo de mudança, que eu defendo tanto e acredito ser necessária.

Uma das essências do discurso tão popular e de sucesso de Barack Obama é: “Menos advogado e mais engenheiro”. Precisamos preparar pessoas para o trabalho. E temos que superar aquilo que ontem eu disse aqui, e que ainda é impacto até hoje na Universidade de Sorbonne. Ontem, o Senador Demóstenes falava sobre a questão da segurança pública, as conseqüências e a necessidade de um trabalho mais qualificado. Ele que tem tanta autoridade, tanto conhecimento e o respeito de todos nós. E abordava exatamente a questão dos fundamentos que norteiam a ação de Governo e a filosofia que está em curso. E nós falávamos sobre as decisões do Movimento de 68, daquilo que estava pintado nas paredes da Universidade de Sorbonne, fazendo muito do relativismo e abandonando muito a meritocracia. Ou seja, relega-se a um segundo plano o mérito, deixando de respaldar e de reconhecer o esforço, o trabalho, a capacidade. Optou-se muito pelo relativismo. Vamos deixando as coisas andarem... Quer dizer, aquele aluno que não teve boa nota precisa ser também premiado, vamos passá-lo de forma automática. Aquele que cometeu um delito, vamos deixar para lá, é uma pequena coisa, não vai haver punição. De tal forma que todo mundo é igual. Mas não é bem assim.

Há necessidade de se proteger o mérito, de se destacar o mérito, de se dar mérito a quem tem mérito. Esse é o grande desafio da mudança em curso.

A política brasileira está terminando um ciclo. Passamos por diferenças ideológicas, grupos se estabeleceram fortemente, em um processo de mudança, fazendo parte da oposição, e têm seus méritos e o nosso reconhecimento. Os que se aprofundaram nas ações de governo, que tiveram seu trabalho, agora houve a mudança: quem era governo é oposição, quem era oposição é governo. Percebe-se que não adianta apenas mudar as pessoas nem apenas a estrutura de governo. Tem que haver uma mudança do modelo do Estado, porque ele é ingovernável, é muito caro, e está de costas para as pessoas mais pobres - todos sabem disso. Falamos aqui na mudança do modelo político, na mudança do modelo tributário, na mudança do modelo do Estado, mas a verdade é que isso é muito difícil de ser feito, até porque a sociedade participa muito pouco disso. Precisa participar mais.

A eleição em que há maior participação é a municipal. A estadual e a nacional as pessoas acompanham mais pela televisão, por determinados temas, pelo carisma do candidato. Já na eleição municipal vale o que ele é, o que ele fez, o que ele faz, o que ele fará, e a sua postura, seus valores humanos. Essa é absolutamente a maneira mais forte de fazer uma massa política bem sólida.

Acreditando nisso, desejo e vou me licenciar. E vai assumir meu lugar o Senador Casildo Maldaner, um político extraordinário, que foi Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, vice-Governador, assumiu o Governo no falecimento do Governador Pedro Ivo, elegeu-se Senador e, num gesto de grandeza política, de colaboração, ele aceitou ser o meu suplente, sendo eu ainda um jovem, iniciando uma carreira ampla em nível estadual. Ele deu uma força muito grande, tanto que tive a maior votação que um político já teve em Santa Catarina, o que eu não esperava, foi uma surpresa para mim.

Pouco tenho a oferecer ao Casildo, mas, ao me licenciar, devolvo-lhe o direito, pois ele talvez tivesse mais condições do que eu de ser Senador. Mas acho que juntos podemos fazer muito pelo nosso Estado, Santa Catarina, contribuindo com a política nacional.

Dessa forma, no final de outubro, estaremos de volta. Espero que com mais energia e mais determinação, para continuar e melhorar o trabalho que tenho feito.

Por isso, Sr. Presidente, muito obrigado. Um abraço e até outubro.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Raimundo Colombo, antes de V. Exª sair da tribuna, quero aqui deixar o meu gesto de solidariedade e de aplauso a V. Exª, porque, num momento tão importante da política nacional, V. Exª sai, para participar do movimento das eleições municipais e abre um espaço, para que o seu suplente, nesse período, apresente as suas idéias e o seu trabalho para a Casa.

Quero cumprimentá-lo pelo trabalho que tem feito. Somos de partidos diferentes, mas, sem sombra de dúvida, V. Exª tem feito aqui um trabalho firme, respeitoso, discordando ou concordando, mas sempre num alto nível. Isso que faz, para mim, a imagem do bom político. Por isso, nossos cumprimentos, esperando o seu retorno o mais breve possível.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado. Peço a autorização de V. Exª, para permitir um aparte ao meu grande Líder, uma pessoa que reconheço como extraordinariamente qualificada, o Senador Demóstenes Torres.

O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Líder é V. Exª, Senador Raimundo Colombo, a quem cumprimento, primeiro por ter feito até agora - e tenho certeza de que o fará até o final - um mandato extraordinário, correto, sempre lutando do lado certo, mostrando as incoerências, sem aleivosias, sem diminuir quem quer que seja. Quero também louvar o gesto de V. Exª. Muitos, quando chega a época da eleição, simplesmente brigam, para haver o tal esforço concentrado, com o objetivo de ficarem junto às suas bases, ou seja, querem continuar aqui, coisa que efetivamente não vão conseguir, e, ao mesmo tempo, fazer campanha política. O Senador tem que fazer uma das duas opções: ou ficar realmente aqui, trabalhando, ou, como V. Exª, licenciar-se, para estar no seu Estado, assumindo efetivamente que vai fazer campanha política para os seus correligionários, levando a sua visão de mundo, discutindo educação, saúde, segurança pública, ensinando - V. Exª é mestre, já foi Prefeito algumas vezes e transformou a sua cidade numa das melhores do País, então tem o que transmitir. V. Exª se licencia, ao contrário do que fazem muitos políticos, que vão ficar aqui sentados, simulando que estão no trabalho. Parabéns a V. Exª. É mais uma prova de sua grandeza.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado. Agradeço ao Senador Paulo Paim, ao Senador Demóstenes Torres. Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2008 - Página 23172