Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do lançamento do jornal O Educacionista, em defesa da escola de qualidade igual para toda a população brasileira.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Registro do lançamento do jornal O Educacionista, em defesa da escola de qualidade igual para toda a população brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2008 - Página 24164
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, LANÇAMENTO, JORNAL, DISTRITO FEDERAL (DF), CAMPANHA, AMPLIAÇÃO, TOTAL, POPULAÇÃO, BRASIL, ACESSO, IGUALDADE, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, DETALHAMENTO, ARTIGO DE IMPRENSA.
  • ANALISE, DADOS, MATRICULA, DESISTENCIA, PRECARIEDADE, QUALIDADE, ENSINO, BRASIL, DEFESA, IGUALDADE, OPORTUNIDADE, CRIANÇA, CLASSE SOCIAL, JUSTIFICAÇÃO, POSSIBILIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, PROCESSO, COMPROMISSO, ERRADICAÇÃO, ANALFABETISMO.
  • COMENTARIO, EDITORIAL, JORNAL, DISTRITO FEDERAL (DF), VINCULAÇÃO, OLIMPIADAS, EDUCAÇÃO, MOTIVO, ANEXAÇÃO, CONHECIMENTO, EVOLUÇÃO, ESPORTE, ATLETAS, AMPLIAÇÃO, CAMPANHA, AUSENCIA, CRITERIOS, POLITICA PARTIDARIA, APRESENTAÇÃO, RELAÇÃO, PROJETO DE LEI, TRAMITAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL, CONCLAMAÇÃO, LOBBY, POPULAÇÃO.
  • APRESENTAÇÃO, ENDEREÇO, INTERNET, OBJETIVO, MOBILIZAÇÃO, DEFESA, EDUCAÇÃO, SEMELHANÇA, PROCESSO, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, DETALHAMENTO, CAMPANHA.
  • JUSTIFICAÇÃO, NECESSIDADE, FEDERALIZAÇÃO, EDUCAÇÃO BASICA, COBRANÇA, RESPONSABILIDADE, CLASSE POLITICA.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Wellington, quem desligou a televisão no canal do Senado ontem, mais ou menos às 7 horas da noite, não vai entender bem, vai achar que é a mesma sessão: V. Exª a estava presidindo, e eu, aqui, falando sobre o mesmo assunto.

Ontem, V. Exª começou a mostrar o jornal O Educacionista, que ia ser lançado ontem, à noite, aqui, no Distrito Federal. E, nós, ontem, à noite, lançamos o primeiro exemplar do jornal O Educacionista. Um jornal que não tem partido, tem causa, e quero aproveitar esta tribuna para dizer algumas coisas que estão nele, sobre ele e o que a gente espera dele.

O jornal tem um slogan, que diz: “Escola de qualidade igual para todos.” Vejam que isso parece algo simples, mas não é simples. E é radical. Vejam o que estou dizendo com o slogan deste jornal: escola igual e para todos. Duas coisas que não existem hoje: nem a escola é para todos, nem, muito menos, a escola é igual.

Fala-se que 95%, 98% das crianças deste País estão matriculadas nas escolas. Então, o que a gente deveria dizer é que há 5% ou 2% que nunca foram à escola, que nem matriculadas estão. A verdade, portanto, é que a gente não deveria comemorar pelas 98% matriculadas, e, sim, lembrar que, antes, foi pior: há 2% de crianças que não estão matriculadas, sem um pé, que seja, na escola - às vezes até sem colocar um pé, mas cujo pai a matriculou. Há aqueles que nunca foram matriculados. Mas o mais grave não são esses 2%; o mais grave são os 37% dos matriculados que não vão chegar ao final do segundo grau.

Portanto, dizer que todos estão na escola é uma grandissíssima mentira que se diz neste País. Há 33%, 34%, 35% concluindo o segundo grau, mas, se não concluírem o segundo grau, não estão na escola.

Agora, falemos de igualdade: entre esses que concluem, a quase totalidade, inclusive os filhos dos ricos no Brasil, em boas escolas, concluem com má qualidade. Não é a qualidade que se deseja para um País como o Brasil, do tamanho do nosso, porque, hoje, os jornais dizem que só um banco, o BNDES, aplicou quase R$80 bilhões. Não é possível, com a qualidade atual, mesmo nas boas escolas, satisfazer um País como o Brasil. E no século XXI.

Temos formação má para, praticamente, todas as crianças deste País, inclusive para aquelas que pagam boas escolas, salvo, obviamente, exceções. Mas o grave é a desigualdade da qualidade que há entre aqueles que estudam em uma escola razoável e aqueles que estudam em uma escola péssima, como ocorre com a maior parte daqueles que concluem o segundo grau. Ou seja, entre aqueles 34% que terminam o ensino médio, mesmo entre esses, quase nenhum estuda em escola realmente boa, e os que estudam, desses 34%, a desigualdade é imensa neste País.

Por isso, Senador Wellington, esse é um jornal com objetivo muito radical, eu diria até utópico, mas não utópico no sentido de impossível. Utópico no sentido de difícil e demorado de se chegar lá.

Nosso jogo, portanto, é a escola de qualidade igual para todos, o que pode ser dito de outra forma. Pode ser dito assim: o filho do pobre na mesma escola do filho do rico, que é algo com o qual, neste País, poucos sonham; é algo que, neste País, as pessoas pensam que é impossível. E você, que está me ouvindo, pense um pouquinho. Você vai achar, no fundo da sua cabeça, do seu coração, que estou propondo algo impossível; você vai achar que isso de o filho do pobre estudar na mesma escola do filho do rico é um sonho maluco, porque os pobres no Brasil acham que eles não têm direito, e os ricos acham que não há obrigação de a escola ser igual. Mas, tantos países já fizeram isso, que a pergunta deveria ser esta: como o Brasil não fez ainda?

O slogan, portanto, quando diz “escola de qualidade igual para todos”, está querendo dizer que a escola da favela vai ser igual à escola do condomínio. Quantos acreditam nisso? É para aqueles que não acreditam que estamos fazendo esse jornal, para que eles comecem a ver, primeiro, a importância disso e, segundo, a possibilidade. Daí que a primeira matéria é a idéia: “Nasce o Educacionismo”, que não vou ler aqui, Senador Wellington. Não vou ler para não tomar o tempo precioso da televisão, mas, que consiste, simplesmente, em dizer que, hoje, no mundo, aquelas idéias de que o desenvolvimentismo resolveria o problema do Brasil, aquela idéia de que o socialismo seria o caminho, para fazer com que todos, neste País, sejam iguais, essas idéias entraram em crise; essas idéias já não conseguem atender claramente o coração dos jovens que querem se mobilizar.

Daí esse jornal trazer uma esperança nova, uma bandeira nova chamada educacionismo; a idéia de que o que define o progresso não é o crescimento econômico, que é a base necessária, mas não é o que realmente leva aos sonhos. O que realmente leva aos sonhos é a escola boa para todos. Esse, então, é o primeiro artigo, junto com um grupo de jovens, deitados ao redor de uma imensa Bandeira brasileira. Só que, em vez de estar escrito na Bandeira Ordem e Progresso, está escrito Educação é Progresso.

Isso casa com matéria que vem logo abaixo, que mostra que a Bandeira do Brasil não tem a faixa branca com o slogan Educação é Progresso. É uma bandeira em que há apenas o círculo azul com as estrelas. E a matéria diz que é triste um país cuja bandeira tem um texto escrito ter entre 13 e 16 milhões de pessoas analfabetas. Ou seja, 13 a 16 milhões de pessoas não são capazes de reconhecer a própria bandeira, pois se alguém chegasse ali e misturasse as letras de Ordem e Progresso, um analfabeto continuaria achando que a bandeira ainda era aquela. E não seria mais, porque se podem escrever muitas coisas misturando as letras de Ordem e Progresso. Coisas sem sentido, mas o analfabeto olharia e diria: “Esta é a minha bandeira.”

Por isso, a matéria aqui embaixo diz que está na hora de o Brasil ou ensinar todo mundo a ler, ou mudar a Bandeira brasileira; ou fazer com que todo mundo saiba reconhecer o Ordem e Progresso, escrito corretamente, ou a gente fazer uma bandeira em que fique apenas o círculo do céu azul, com as estrelas espalhadas nele, sem nenhuma faixa e nenhum texto.

Esse é um compromisso dos educacionistas, Senador Wellington.

Dentro, nós temos um editorial que eu considero importante, com uma bela foto, uma das mais belas fotos que vi na imprensa nos últimos meses, desse jovem sul-africano cujo nome é Oscar Pistorius e que vai correr nas Olimpíadas, sem ter pernas. Ele vai correr sem ter pernas! Ele é um atleta que não tem as pernas! As suas pernas estão cortadas, e ele corre. Por que ele consegue correr? Por causa da educação. Não só a educação dele como atleta, não. A educação de centenas, de milhares de pessoas, no país dele e no mundo, que estudaram, formaram-se, viraram cientistas, tecnólogos e inventaram essa prótese maravilhosa, que permite a esse jovem correr. Não fosse o conhecimento, não fosse o conhecimento, ele estaria condenado, na melhor das hipóteses, a uma cadeira de rodas.

Hoje, ele é um atleta. Ele é um atleta graças ao conhecimento, o conhecimento de uma rede de pessoas no mundo inteiro, certamente, que desenvolveram o material plástico para isso aqui, que é especial. O desenho é especial, isso é produto de grandes engenheiros.

Agora, Senador Wellington, a gente olha para ele e vê o conhecimento com ele, mas não é só ele. Qualquer atleta que você vê, hoje, correndo nas Olimpíadas, tem conhecimento por trás. Aquele sapato que usa o corredor que tem as duas pernas, aquele sapato é decisivo para saber se ele vai ter os milésimos de segundo para chegar na frente do outro. E aquele sapato é produto do conhecimento. Mas não é só o sapato. Ele passou anos treinando e por trás daquilo tem o conhecimento de nutricionistas que desenvolveram produtos especiais que ele deve ingerir, têm químicos que desenvolveram produtos químicos que ele possa usar como vitaminas, obviamente, sem efeito doping. As suas vitaminas são alimentos especiais. Cada equipamento de uma academia de ginástica tem por trás milhares de horas de trabalho de engenheiros, portanto, por trás, tem centenas de milhares de horas de trabalho do professorzinho e da professorinha que, lá na escola, ensinaram o abc, ensinaram as quatro operações àquele engenheiro.

Esse editorial veio porque nós lançamos o jornal quase no mesmo momento em que começam as Olimpíadas de Pequim. E nós quisemos chamar a atenção para o fato de que, nas Olimpíadas de Pequim, as medalhas serão ganhas pelos atletas mais o conhecimento, portanto, pelos atletas mais a educação, pelo corpo, a perseverança, o talento de cada atleta e o conhecimento que foi necessário para que aquele atleta chegasse ali. E esse conhecimento, ciência e tecnologia, é produto da educação.

Esse, portanto, é o nosso editorial sobre as Olimpíadas e a educação como o caminho para as medalhas. É claro que permite uma outra reflexão: por que, neste País, a gente dá com tanto prazer medalhas aos atletas e não dá medalhas aos que têm atletismo intelectual?

Eu fiquei feliz de ver o programa da Rede Globo, do Luciano Huck, em que se deu um prêmio a um jovem porque sabia soletrar bem as palavras em Português. Um gesto simples daquele apresentador de televisão, o Luciano Huck. Aquele gesto simples vai ter um impacto de que poucos têm conhecimento, porque aquele prêmio dever ter gerado na juventude deste País a idéia: “Eu também posso ganhar”.

Medalhas para atletas, muito bem, mas vamos dar, também, incentivos àqueles que estudam.

Abaixo do editorial, temos um quadro dizendo que esse é um movimento amplo. Esse não é um movimento de partido. É claro que eu, como Senador, tenho um partido, mas esse movimento educacionista é um movimento daqueles que querem usar a educação como vetor do progresso - tanto o progresso do aumento da riqueza, como o progresso da distribuição da riqueza - e que acham que isso não vem da economia. A economia é a base, como a saúde é a base. Por pouco não consigo estar aqui por causa de saúde, de uma gripe permanente. Sem saúde, eu não viria - sem um pouquinho que fosse -, mas, de qualquer maneira, o importante, o fundamental para o progresso não é a economia, não é a saúde, é, sim, a educação. Lamentavelmente, como este é um País que só pensa no curto prazo, a gente se preocupa mais com recursos para a infra-estrutura econômica e para a saúde do que para a educação, mas esse item diz que esse é um movimento amplo.

Eu me lembro, aí - desculpe se é um pouco de pretensão -, de um movimento amplo que houve no Brasil no século XIX, que foi o amplo movimento do abolicionismo, que não era, Senador Wellington, de nenhum dos partidos da época, era transpartidário. Havia pessoas abolicionistas entre os conservadores, entre os liberais e entre os republicanos.

Hoje, eu tenho certeza de que existem educacionistas em todo o imenso leque de partidos que há no Brasil. E esse jornal quer ser o aglutinador dessas pessoas de partidos diferentes, de religiões diferentes, de crenças diferentes, mas que dizem: “Educação é o caminho do progresso”.

Aqui embaixo, tem também uma lista de projetos que a gente chama de educacionistas, que todo Senador tem. Nós deixamos, inclusive, de colocar os nomes dos Senadores e, aqui, queremos pedir que quem leia procure escrever aos Senadores e aos Deputados, pedindo que apóiem os projetos.

Por exemplo, há o projeto de lei do Senado que institui o piso salarial do professor, que, tudo indica, estará, na próxima semana, aqui no Senado, Senador Wellington, e a gente vai poder criar, pela primeira vez na história do País, um piso nacional do professor. A Câmara, ontem, terminou sua parte.

Nós temos um projeto que diz que nós podemos eliminar a DRU, esse desconto maldito de dinheiro das rubricas que têm recursos reservados e que tira 20% do dinheiro que, obrigatoriamente, iria para a educação. A gente tem um projeto de lei da Senadora Ideli Salvatti que faz com que a DRU não se aplique mais na educação.

É preciso que vocês que estão me ouvindo e que se consideram educacionistas escrevam para os Deputados e Senadores pedindo que esses projetos sejam aprovados.

Nós temos um projeto que vai ser muito difícil de ser aprovado, mas que merece até um debate - e vocês têm de escrever dizendo se são a favor ou contra -, dispondo que os nossos filhos, de parlamentares, prefeitos, governadores, os filhos dos eleitos devem estudar na mesma escola dos filhos dos eleitores. Que República é essa em que existem escolas para os eleitos, que são as escolas particulares caras, que a gente paga com o salário que ganha aqui, e escolas para os eleitores, que são as escolas públicas, sem qualidade em geral? Vamos colocar os filhos dos eleitos na mesma escola dos filhos dos eleitores e em pouco tempo a gente muda. Esse projeto, inclusive, não diz que entraria em efeito imediato. Dá um prazo de sete anos para que as escolas fiquem boas para merecerem receber os filhos dos eleitos. Ouçam o que estou dizendo!

Um outro projeto é o projeto da Câmara que dispõe sobre a implantação da jornada escolar em turno único no ensino fundamental, no Brasil. Vocês precisam aprovar esse projeto. Todo número de educacionista vai ter uma lista de projetos educacionistas para pedir que o público, o povo, o eleitor escreva, telefone, mande e-mail, telegrama, carta, fale com os Parlamentares quando encontrar com eles nas ruas, para dizer: “Nós queremos que seja aprovado tal projeto”.

Aqui, todos os dias, há manifestações em frente ao Congresso. Não vêm manifestações pela educação. Já houve até por salário de professor, mas é uma reivindicação da categoria, não é uma reivindicação da coletividade. Aqui, está havendo manifestações direto, todo o tempo, de lobistas, sejam a favor da lei da homofobia, sejam contra a lei da homofobia.

Por que a gente se mobiliza por essas reivindicações corretas na maior parte dos casos e a gente não se mobiliza pela educação?

Está havendo uma greve de uma categoria que quer um piso salarial de R$10.000,00! Para isso a gente se mobiliza, para isso se faz greve; não se faz greve para erradicar o analfabetismo. Está na hora de nos mobilizarmos para essas coisas.

E O Educacionista, este pequeno jornal, visa a aglutinar quem quer fazer isso. Ao lado, tem uma pequena piada, porque jornal tem que ser divertido, que corre muito por aí, de um dono de refinaria, que entrou em crise, porque a empresa não estava funcionando, e que ele fora atrás de um único homem que era capaz de consertar aquele imenso sistema de encanamento. E esse homem olhou tudo, sentou-se frente ao computador, apertou um botão do computador, e as coisas voltaram a funcionar. E ele cobrou um dinheirão. O dono da refinaria disse: “Grande coisa eu pagar esse dinheiro, porque você simplesmente apertou um botão. Não levaram cinco segundos, e você quer ganhar esse dinheiro!” Ele disse: “É. Eu levei cinco segundos para apertar esse botão, e levei 25 anos para saber em que botão apertar”. É o conhecimento que faz com que se tenha acesso, hoje, a uma remuneração correta.

Depois, temos perguntas e respostas sobre o educacionismo, as respostas eu não vou ler: “O que é educacionismo, educacionista, Educação Já? Não vou ler as respostas. Depois vou dizer como vocês podem ter acesso a isso.

“Como é organizado o Movimento Educação Já?”

“O que fazem os núcleos?” Já estamos chegando, em breve, a 100 núcleos no Brasil. Os comunistas tinham células, nós temos núcleos. Os abolicionistas tinham os clubes de abolicionistas, nós temos núcleos.

“Qual é o maior desafio do Movimento Educação Já? Vou ler um pedacinho da resposta:

Contaminar o Brasil com a idéia de que o caminho do progresso está na escola de qualidade para todos. Criar uma “Mania de Educação”’ no País. Lutar para que o Brasil inteiro reconheça o professor da educação de base como o principal construtor de nosso futuro. Valorizando-o acima de todas as profissões.

Eu disse “professor da educação de base” para ninguém achar que eu estou defendendo interesse próprio, pois sou professor, mas sou do Ensino Superior. É hora de a gente valorizar, de fato, o professor da educação de base. “Apoiando-o em suas reivindicações e exigindo dele formação e dedicação”. Porque pagar bem ao professor que não se dedica e que não se prepara não é coisa de educacionista. Educacionista defende o bolso do professor, mas a cabeça e o coração também. Só o bolso, não.

Mas, o maior desafio é fazer com que os pobres acreditem que têm direito a um boa educação para seus filhos, tão boa quanto a dos filhos ricos. E convencer os ricos de que é preciso que todos sejam educados, não apenas seus próprios filhos.

As pessoas esquecem-se de que, em um lugar onde algumas pessoas não são educadas, as educadas não são suficientemente bem educadas, porque a educação vem de um diálogo, vem de uma convivência. Uma pessoa educada, convivendo ao redor de pessoas sem um nível elevado de educação, essa pessoa pára a sua educação, regride na sua educação. É por isso que o Brasil não tem um Prêmio Nobel. Porque, mesmo os que estudam, e são tão poucos, não precisam estudar muito para terem sucesso na vida. O Brasil não tem um filósofo que vai ficar na história do mundo daqui a 100 anos porque, simplesmente, no Brasil, para ser um bom filósofo, você disputa com meia-dúzia; você não disputa com 180 milhões; como para ser um bom jogador de futebol você tem de disputar com 180 milhões.

A outra pergunta: “Como o Movimento Educação Já se relaciona com os partidos políticos?” Aceita todos e não prioriza nenhum.

“Quais são as ações concretas do educacionista?”

“Como saber mais e participar?”

E aí, Senador Wellington, Presidente, eu vou ler a resposta de “Como saber Mais e Participar: “Visite o site: www.educaçao-já.org.br ou envie suas contribuições para o e-mail coordenaçao@educaçao-já.org.br. Escreva também para o jornal de que eu estou falando no site jornal@educacionista.org.br.”; aí você vai ter essas respostas, ter acesso a este jornal e mais informações.

Outro pedaço desse jornalzinho diz respeito a uma pesquisa: “Você é Educacionista?” Isto, o Senador Wellington, ontem, na Presidência leu; mas vou repetir.

1)Você ainda tem acesa alguma chama de que é preciso mudar o mundo para melhor, pela ação militante da política? Sim ( ) Não ( )

2)Você percebe que a revolução não virá apenas do crescimento da economia? Sim ( ) Não ( )

3) Você está disposto a discutir a idéia de que a revolução possível hoje é a construção da escola igual para todos? Sim ( ) Não ( )

4) Você acredita que é possível o filho do patrão estudar na mesma escola do filho do do empregado? Sim ( ) Não ( ).

            Se você não acredita, você não é educacionista. Você pode até ser um militante da educação. Mas se você não acredita que isso é possível, você não é um educacionista.

Muita gente, durante a escravidão, ajudava os escravos, mas não acreditava que a abolição fosse possível. Para eles, a abolição era impossível. Então, não se é educacionista se não se acredita que é possível que o filho do patrão, o filho do rico possa, um dia, estudar na mesma escola do filho do pobre, do filho do empregado.

Claro que isso não se fará em um dia, como se fez a abolição, no dia 13 de maio de 1888. Claro que o educacionismo é um processo que vai levar 20, 30 anos no Brasil. Mas é possível.

Concluindo, e por coincidência, a matéria que eu acabei de citar diz o seguinte: "É preciso completar a abolição”. É a idéia de que o Brasil há 120 anos - este ano estamos comemorando esta data - fez a abolição, mas não completou-a. E para completá-la, falta escola.

Àquela Lei da Princesa Isabel, que tem o mérito belíssimo de ser de apenas um artigo, e o segundo diz:”Cumpra-se. Esta Lei entra em vigor a partir de sua assinatura”, faltava um artigo: era dizer que a escola dos filhos dos ex-escravos era igual à escola dos filhos dos ex-donos de escravos.

Essa é a maneira de completar a Abolição.

Lembramos aqui que houve um partido abolicionista, mas que não era um partido como as siglas políticas. Era o conjunto de pessoas de diversas siglas, das três que existiam na época, e que diziam ser do Partido Abolicionista. Mas era um partido que não era legal. E a gente não pretende, obviamente, cair no ridículo de criar esse partido. A gente quer que as pessoas dos diversos partidos se sintam parte disso.

Depois tem a lista dos núcleos e os endereços onde funcionam os núcleos em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Distrito Federal, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no Amazonas, no Pará e no Piauí. Aqui os números de núcleos já estão superados, porque o número de São Paulo aqui está 14, mas já é mais; no Rio 19, mas já passaram de 50; Distrito Federal 3, mas são 4; em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no Amazonas, no Pará e no Piauí, a gente já aumentou o número. Não vou ler o endereço de cada um para não tomar mais tempo, porque eu quero ler, sim, a última parte do Jornal, uma coluna, intitulada “Ser Educacionista é”:

1.Acreditar que:

- um mundo melhor é possível de se construir;

- essa utopia consiste na garantia de igualdade de oportunidades entre classes e gerações e gerações [educação e ecologia];

- a utopia social não propõe a igualdade da renda, mas no acesso ao conhecimento;

- a construção dessa utopia não consiste na idéia do socialismo de passar a propriedade do capital para as mãos dos trabalhadores, mas levar os filhos dos trabalhadores para estudarem nas escolas iguais às dos filhos dos patrões.

            É uma ruptura com a visão tradicional do socialismo, mas é uma coerência com a visão da igualdade que se deseja para os seres humanos. Só que a igualdade, no caso do educacionismo, não virá da economia e nem da renda, virá da escola igual para todos.

Outro item é:

Ser educacionista é

2. Lutar para que:

- a educação de base seja um assunto federal;

O educacionista tem que achar que a municipalização da educação como ela é abandona as crianças pobres para municípios pobres. É preciso federalizar a educação de base. Como mostrei aqui esta semana. Todas as escolas primeiras no Índice de Desenvolvimento da Educação de Base, calculado pelo INEP, recentemente, todas as primeiras são as escolas federais. Temos 189 mil escolas no Brasil públicas, 34 federais. Só que o educacionismo não deve propor, e falo em meu nome, que o governo comece a federalizar escolas, mas sim federalizar todas as escolas de algumas cidades, porque todas as escolas do Brasil não dá, não há recursos, não há como. Mas escolhamos as cidades e façamos a revolução nelas.

Ser educacionista é lutar para que:

- o plano de carreira e salários do professor da educação de base seja federal, como nas universidades federais e nas escolas técnicas;

Ou seja, como nas 34 escolas de educação de base federais. Façamos isso com todos os professores do Brasil; um grande, um imenso plano de cargos e salários nacional para o professor. Como há o plano de cargos e salários para funcionários do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, da Polícia Federal, da Receita, da Infraero, de todos os órgãos públicos, da Justiça, do Legislativo federal. Façamos um plano nacional para o professor.

Finalmente, ser educacionista é lutar para que:

- uma lei de responsabilidade educacional torne inelegíveis os políticos que não cumpram as metas definidas para a educação.

Porque, havendo a federalização da educação, vamos ter metas federais para a educação em todos os Municípios. Da mesma forma que há a Lei de Responsabilidade Fiscal, lei nacional de responsabilidade fiscal, façamos uma lei também nacional, federal, de responsabilidade educacional. Ser educacionista é lutar por isso.

Se você não acredita que isso é possível, você não é um educacionista. Mas ainda pode vir a ser. Procure ler, conversar, debater, e ainda poderá vir a ser. Se não, não é.

Outro item é: Ser educacionista é defender que:

- os professores da educação de base para que sejam profissionais bem remunerados, desde que bem formados, bem dedicados e constantemente avaliados;

Se você não defende a avaliação de professor, você não é um educacionista,.porque você não ama a educação. Tudo que a gente ama a gente avalia. Pode até aceitar, mas avalia.

Então, você tem que defender, para ser um educacionista, que os professores da educação de base sejam bem remunerados, desde que bem formados, bem dedicados e constantemente avaliados.

Ser educacionista é defender que:

- as escolas brasileiras disponham de edificações bonitas, confortáveis, bem cuidadas e com os mais modernos equipamentos pedagógicos existentes;

Se você acha que é impossível ter todos os vidros inteiros nas vidraças dos prédios das escolas públicas, se você não acredita que é possível ter esses vitrais inteiros, você não é um educacionista. Você tem que acreditar e lutar para que isso aconteça.

Ser educacionista é defender que:

- os filhos dos eleitos estudem na mesma escola dos filhos dos eleitores;

- toda criança fique na escola, em horário integral, dos quatro aos 18 anos.

Agora, se você acredita que isso é possível ser feito em um, dois, três, quatro ou cinco anos, você pode até se considerar um educacionista, mas é um educacionista sonhador demais, utópico demais, não tem os pés no chão. O educacionista com os pés no chão acredita nisso, sabe que deve começar já, que o caminho é federalizar cidades inteiras, as escolas delas, mas que vai levar vinte anos, quinze, no mínimo, talvez até trinta, para chegar a todo Brasil.

Finalmente, ser educacionista - duas coisas mais - é debater primeiro se essas definições que li há pouco servem ou não. Se você acredita piamente no que estou lendo, você já não é um educacionista. Você tem que me ouvir com dúvidas, com inquietações, contestando, não engolindo tudo que ouve de qualquer pessoa. Você deve, caso considere necessário, modificá-las, ampliá-las e aperfeiçoá-las, essas definições que fiz.

            Finalmente, ser educacionista é “mobilizar-se para atrair pessoas para a causa do educacionismo” - atrair pessoas para a causa do educacionismo -, e, para isso, quando tiver eleição votar em políticos que defendam a causa da educação, independente do partido. Educacionismo não é um movimento partidário, do ponto de vista das siglas, é um movimento partidário - se você quiser - do ponto de vista da causa.

            Sr. Presidente, eu já tomei muito tempo, mas mostro aqui o jornal, que é pequeno, são apenas quatro páginas, porque estamos começando, mas é um jornal que visa ser um instrumento de aglutinação para que você possa participar das mudanças que o Brasil precisa e participar dessas mudanças fazendo uma revolução na educação.

            Entrem nos sites que citei, procurem entrar em conhecimento, descobrirem os núcleos que existem e vocês terão mais informações sobre esse movimento.

Espero que muitos de vocês tenham despertado, espero que muitos de vocês tenham sido tocados por um vírus que precisamos fazer com que se espalhe pelo Brasil inteiro: o vírus do educacionismo, o vírus dos que acreditam e lutam para que no Brasil consigamos ter escola da mais alta qualidade, para todos, igualmente.

Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo que me foi concedido, que eu reconheço que extrapolou o que eu costumo usar nessa tribuna.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Senador Cristovam, veja como a educação é tão empolgante para V. Exª: V. Exª, no começo, falou que estava um pouco adoentado, mas V. Exª está bem de saúde.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Estou adoentado e, por isso, estou com esta roupa esquisita.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Não, V. Exª está bem. Quando o assunto é educação, V. Exª até esquece do problema. Durante toda a discussão, V. Exª ficou firme.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Muito obrigado. A tosse só veio quando terminei.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Mas todo o Brasil sabe da luta de V. Exª por uma educação igualitária, uma educação para todos.

Inclusive, Senador Cristovam, sou filho de uma educadora, sou filho de uma professora pública, a Professora Marlene, que é a grande educadora da família. Se, hoje, formos ver o contracheque da minha mãe, uma professora aposentada, é algo simplesmente absurdo. Ela acabou vindo para a iniciativa privada, trabalhando. É alguém que começou com uma escolinha, como V. Exª mesmo prega, com um jardim de infância, e, à medida que eu ia passando de série, ela ia aumentando a escola, para que eu e meus irmãos estudássemos na escola que ela criou.

O professor, no momento em que se aposenta, não ganha mais uma regência de classe que ele fez durante toda a vida; tira-se aquela parte, como se, ao se aposentar, ele não tivesse contribuído para o futuro do País. Isso é simplesmente absurdo!

Senador Cristovam - V. Exª já encerrou sua fala; eu não queria debater da Presidência, porque sou, muitas vezes, contra isso -, pensamos no momento em que houver um governo que fale “vamos ter de, primeiro, cuidar da base”, o que V. Exª sempre prega quando conversamos.

Por que a escola é provida pela prefeitura? Muitas prefeituras não têm recursos; outras têm recursos demais, como as que recebem royalties, mas, em vez de pagarem bem a um professor ou de trazerem professores de outras cidades para onde há recursos, preferem, de repente, investir numa exposição agropecuária e colocar uma escolinha lá dentro, para dizer que o dinheiro gasto naquela manutenção da questão agropecuária é o dinheiro da manutenção da escola. Ou seja, usa de artifícios para cumprir a lei de aplicação dos recursos destinados à educação, desvirtuando totalmente a idéia do legislador.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - V. Exª me permite, Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - É claro, Senador.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - V. Exª provocou um debate importante. Há um grande equívoco, hoje, no Brasil, de se achar que reservar dinheiro na Constituição para a educação é o suficiente. Não o é, porque o bom Prefeito não é o que gasta muito em educação, mas o que faz muito pela educação. O Prefeito bom mesmo é aquele que é capaz de fazer muito pela educação, gastando pouco. Hoje, no Brasil, dizemos que o bom Prefeito é aquele que gasta muito, fazendo pouco. E acontece muito o que o Senador Wellington Salgado de Oliveira diz. Muitos Prefeitos colocam saneamento em uma rua onde há uma escola e diz que aquele dinheiro gasto com saneamento entra para justificar os gastos educacionais.

O caminho está nos objetivos. Por isso, precisamos de uma lei de responsabilidade educacional, que meça não quanto se gastou, mas quantos foram alfabetizados antes dos seis anos e quantos concluíram o ensino médio com qualidade.

Sr. Presidente, V. Exª, então, abordou um ponto fundamental.

Só quero aproveitar e fazer uma referência: tive o privilégio de conhecer a senhora sua mãe, estive com ela mais de uma vez e acho que ela é um exemplo de quem começou cuidando da escola primária, como professora, e terminou virando uma admirável líder de universidade, dona de uma universidade que V. Exª ajuda a dirigir.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Perdoe-me o Senador Garibaldi Alves Filho, se nos estiver assistindo, mas acho que temos o direito de debater nesta sexta-feira, pois estamos cumprindo com nossa tarefa. Embora eu esteja na Presidência e, como eu disse, seja contra esse debate, o assunto sobre educação merece um pouco a quebra das regras.

Senador Cristovam, por que não se investe mais na educação de base? Porque esses alunos não vão para rua, Senador Cristovam, não fazem manifestação, não sabem andar sozinhos, têm de ser levados pela mãe. Mas, se se tirar algum recurso das universidades, os alunos vão para a rua, manifestam-se.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Exatamente.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Então, grande parte dos recursos do Governo destinados à educação vai para o 3º Grau e não aparece. V. Exª estava caminhando, para fazer uma revolução: ia colocar recursos na base, ia pensar nisso. V. Exª já disse para mim da idéia de federalizar o ensino de base. Por que não se faz a mesma avaliação em todas as escolas de norte a sul? Agora, o Ministro faz uma avaliação, mas não dá igualdade de condições.

Na avaliação das escolas, uma escola do Piauí foi a primeira colocada no exame passado, algo que ninguém imaginava. Houve até situações aqui apresentadas - dirijo-me ao Senador Mão Santa, se estiver ouvindo-me agora, assim como ao Senador Heráclito Fortes e ao outro Senador do Piauí; perdoe-me por ter esquecido seu nome neste momento - em que chegaram a falar que ninguém ia ter saudade do Piauí, se acontecesse alguma coisa. No entanto, o Piauí vem e coloca uma escola do Estado naquela outra avaliação como a melhor escola do País.

Então, existe gente ainda fazendo aquele trabalho de passar conhecimento, sem que esteja na mídia. É esse o trabalho que V. Exª prega, esse trabalho simples, do dia-a-dia. É como se todo dia se regasse uma plantinha. Mas ninguém quer regar a plantinha; todo mundo já quer pegar a planta com o fruto e chupar o fruto.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - O melhor exemplo disso é a luta pelas cotas para negros, à qual sou favorável, mas não deixo de denunciar o fato de que se luta por cotas para entrar na universidade, não se luta por cotas para concluir o ensino médio. Ou seja, o movimento negro luta por um instrumento que visa a beneficiar aqueles que já terminaram o ensino médio, fizeram um cursinho e passaram no vestibular, mas não se classificaram. E sou favorável, porque acho que o Brasil precisa mudar a cor da cara da sua elite - um País que é de negros, mulatos e brancos tem uma elite branca. Mas não é um movimento de cunho popular; é um movimento elitista, com o bom conteúdo da raça negra, mas socialmente elitista.

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Nesse ponto, Senador Cristovam, posso até acompanhar uma votação. Há aqui um Senador negro que é um grande político, o Senador Paim; há um grande Ministro no Supremo; há Ministros que estão sendo encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ); há Ministros negros em vários setores; há grandes educadores negros. Se houver igualdade, se forem dadas as mesmas condições a todos - aí é que entram as cotas que V. Exª defende -, não precisaremos dizer se é negro, amarelo, branco. Mas temos de dar as mesmas condições a todos.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Exatamente. O educacionismo, por exemplo, não é um instrumento de cotas. Eu, pessoalmente, defendo-o. O Educacionismo quer todos com escola igual, dos quatro aos dezoito anos. Aí não precisa mais de cotas. Até lá, como política racial, não como política educacional, isso é correto. Então, para ser educacionista, não está na lista defender as cotas. Para ser educacionista, podem-se defender as cotas, desde que se defenda que 100% dos alunos terminem o ensino médio com qualidade. Mas pode ser que alguém diga: “Sou contra as cotas raciais, mas quero 100% dos alunos terminando a educação de base”. Esse é um educacionista também.

Sr. Senador, agradeço-lhe o tempo, o debate final com o próprio Presidente, o que é um privilégio, mas esse era o discurso que eu queria fazer nesta sexta-feira. Apesar de dificuldades de saúde e de voz, creio que pude passar o recado do lançamento que fizemos ontem aqui.

Para aproveitar a oportunidade, Senador Wellington, quero dizer que é capaz que tudo termine com suas vantagens. O fato de eu estar meio enfraquecido da saúde, com essa gripe que dura quinze dias...

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - V. Exª está bem fortinho.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Isso me fez usar uma roupa que parece de missionário. Isso pode terminar ajudando a divulgar uma idéia, porque essa é uma missão que vai precisar de muitos missionários, os educacionistas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2008 - Página 24164