Fala da Presidência durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do intelectual e ex-Senador Artur da Távola.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do intelectual e ex-Senador Artur da Távola.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/2008 - Página 18994
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM POSTUMA, ARTUR DA TAVOLA, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DA GUANABARA (GB), JORNALISTA, PROFESSOR, FUNDADOR, EX PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, OBRA INTELECTUAL, VALORIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO CULTURAL, EDUCAÇÃO.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Há número regimental, declaro aberta a sessão.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

            A presente sessão especial destina-se a reverenciar a memória do intelectual e ex-Senador Artur da Távola, de acordo com o Requerimento nº 581, de 2008, do Senador Arthur Virgílio e outros Srs. Senadores.

            Convido para compor a Mesa a Srª Mirian Ripper Nogueira Lobo, viúva do Senador Artur da Távola; o Sr. Eduardo Monteiro de Barros, filho do Senador Artur da Távola; e o Exmº Sr. Senador Arthur Virgílio, primeiro signatário da presente sessão.

            Agradecemos a presença de familiares do saudoso Senador Artur da Távola e dos demais convidados presentes a esta sessão, que nos honram com suas presenças.

            Eu não poderia deixar, no início desta sessão, de tecer alguns comentários sobre essa figura humana magistral e de sensibilidade rara: Paulo Alberto Monteiro de Barros, o genial Artur da Távola.

            Como definir Artur da Távola? Advogado, jornalista, radialista, professor, escritor, poeta, político. O ângulo mais fiel para se buscar uma definição talvez seja o seu enquadramento como um homem detentor de elaborada sensibilidade, capaz de compreender e interpretar com engenho e arte os sentimentos humanos.

            Foi capaz de conciliar a razão e a sensibilidade e nos deixar um legado rico, suave e profundo do ponto de vista intelectual.

            Iniciou sua trajetória política num centro acadêmico da PUC, no Rio de Janeiro. Foi Deputado Constituinte do Estado da Guanabara e Deputado da Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara. Cassado pelo regime militar, exilou-se na Bolívia e no Chile. Lá fora, lecionou na Universidade do Chile e ocupou a vice-diretoria da Escola de Periodismo daquela universidade.

            Ao retornar do exílio, em 1968, foi ativo participante dos movimentos em prol do restabelecimento da democracia. O intelectual retornou ao Poder Legislativo como Deputado Constituinte pelo Estado do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores do PSDB e presidiu a legenda, entre tantos cargos de destaque que ocupou.

            Neste momento reproduzo sua visão do Senado, a qual esperamos seja ratificada o mais breve possível: “Tenho desta Casa o mais elevado dos conceitos. É uma Casa de sabedoria. É uma Casa de saber. É uma Casa de serenidade”.

            Sua visão humanística e a importância que sempre reservou à cultura - sua identificação com o tema - o levou a enxergar que “a cultura não ensina aquilo que o sistema deseja: adestrar pessoas para que sejam bons agentes do desenvolvimento econômico ou qualquer outro. A cultura dá o substrato necessário à compreensão do próprio tempo. A cultura, a meu juízo, é bem de primeira necessidade.

            O intelectual, o poeta, o escritor jamais disfarçou seu fascínio pelo Parlamento: “Sou uma pessoa que tem uma compreensão muito profunda da importância do parlamento, por cuja pulsação tenho paixão”.

            Artur da Távola sabia igualmente dimensionar a relevância estratégica da Educação: “Inteligência, lucidez e valores não são mais adquiridos quando se está adulto, a não ser por um esforço pessoal formidável e digno de elogios. Eles são adquiridos na escola”.

            De forma singela, Artur da Távola se definia como “autoditada atrevido”. O seu ‘atrevimento’ nos legou poesia, sabedoria e honradez, entre tantas outras qualidades. Como escreveu certa feita: “Perdoar e esquecer nos torna mais jovens. Água é um santo remédio. Deus inventou o choro para o homem não explodir”.

            Homem fiel a seus princípios e valores, militou na política com elegância e altivez. A sua descrição da fidelidade traduz sua poesia: “Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade”.

         A nossa homenagem, a saudade que fica e o nosso tributo afetuoso ao amigo Artur da Távola, aquele que jamais se distanciou do arquiteto maior do Universo: “Há poesia em toda a criação divina. Deus é o maior poeta de todos os tempos”.

            Eu concedo a palavra ao nobre Senador Arthur Virgílio, primeiro subscritor do Requerimento. O Senador Arthur Virgílio é Líder do PSDB nesta Casa que sempre foi grande companheiro e amigo de Artur da Távola.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/2008 - Página 18994