Discurso durante a 126ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Regozijo do mundo inteiro pela libertação da ex-Senadora Ingrid Betancourt. Comentários sobre a nota do ditador Fidel Castro, em apologia à luta armada pelas Farc.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Regozijo do mundo inteiro pela libertação da ex-Senadora Ingrid Betancourt. Comentários sobre a nota do ditador Fidel Castro, em apologia à luta armada pelas Farc.
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2008 - Página 25862
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, OSMAR DIAS, SENADOR, DEFESA, EDUCAÇÃO, NECESSIDADE, AUMENTO, AUTORIDADE, PROFESSOR, REGISTRO, CAMPANHA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), INTERESSE, FAMILIA, ESCOLA PUBLICA.
  • SAUDAÇÃO, LIBERDADE, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, ELOGIO, INICIATIVA, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, CRITICA, GRUPO, GUERRILHA, SEQUESTRO, TORTURA.
  • REGISTRO, DECLARAÇÃO, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, EMPENHO, LUTA, DEFESA, LIBERDADE, REFEM, GRUPO, GUERRILHA.
  • REGISTRO, INICIATIVA, SENADO, ESPECIFICAÇÃO, ORADOR, EDUARDO SUPLICY, HERACLITO FORTES, SENADOR, LUTA, LIBERDADE, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO.
  • CONVITE, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, VISITA, SENADO, BRASIL, RECEBIMENTO, HOMENAGEM, POSSIBILIDADE, ESCLARECIMENTOS, SITUAÇÃO, REFEM, CONSCIENTIZAÇÃO, NECESSIDADE, COMBATE, GRUPO, GUERRILHA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, CONJUGE, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, AUXILIO, GOVERNO BRASILEIRO, DEFESA, LIBERDADE, REFEM.
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, APOIO, GRUPO, GUERRILHA, INCENTIVO, COMBATE, DESRESPEITO, DEMOCRACIA.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, secundando aquilo que disse há pouco aqui o Senador Osmar Dias sobre a educação e sobre a necessidade de que os professores tenham cada vez mais autoridade dentro das salas de aula, eu queria dizer que, no Espírito Santo, nós estamos fazendo uma campanha, liderada pelo Governador Paulo Hartung, que chama a atenção dos pais para o problema que a escola pública, aliás, todas as escolas estão enfrentando.

            O Governador, em toda inauguração, seja de uma estrada, de uma escola, ou de um posto de saúde, tem um discurso que é sempre o seguinte: “Enganam-se aqueles que pensam que a educação começa na escola. A educação continua na escola, mas ela começa dentro do lar.” O professor, diz o Governador Paulo Hartung, é muito bom para ensinar Geografia, Matemática, Português, mas quem impõe limites, quem ensina educação é a família. E educação tem de começar na família. Quem ensina onde começam os direitos de um e onde terminam os direitos do filho é o pai e a mãe, que são imprescindíveis no processo educacional.

            Mas esse não é o tema, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, da minha fala. Eu queria me referir ao regozijo no mundo inteiro, inclusive no Brasil, pela libertação da Senadora Ingrid Betancourt, nossa colega, no fim de semana, na Colômbia. Quero cumprimentar o Governo da Colômbia pela cinematográfica e espetacular operação que resultou na libertação da Senadora e de mais quatorze reféns e também dizer que a libertação da Senadora e daqueles outros reféns representou, perante o mundo, um testemunho vivo dos métodos cruéis, bárbaros, dos métodos medievais de tortura, de sacrifício que as Farc impõem a esses seqüestrados. Nós vimos se agigantar, diante do mundo, a condenação desses atos.

            Quero exatamente ressaltar que, segundo aquele radialista que transmite os recados das famílias para os reféns, não estão só 26 reféns nas mãos das Farc, mas 700 reféns, que são carregados acorrentados de um lado para outro, sofrendo as piores humilhações que um ser humano pode sofrer. A Senadora Ingrid Betancourt disse, na entrevista que deu em Bogotá e em Paris, que o objetivo da vida dela agora é lutar pela libertação dos demais reféns.

            E eu queria me referir a esse fato para dizer que, enquanto ela estava prisioneira, fizemos, juntamente com os Senadores Suplicy, Heráclito Fortes e outros Senadores da Casa, uma tentativa de mostrar às Farc e ao Parlamento da Colômbia que ela estava sendo convidada para vir ao Brasil, para estar no Senado brasileiro, onde seria homenageada por sua luta - antes, ela ainda prisioneira das Farc. E combinamos aqui com os Senadores Suplicy e Heráclito Fortes que seria uma maneira até de pressionar as Farc, dizendo que não poderia ela estar lá prisioneira, refém, seqüestrada, enquanto o Senado brasileiro queria ouvi-la aqui. É claro que era uma vã tentativa, mas seria uma a mais.

            Esse convite à Senadora foi enviado à sua família, à Embaixada da Colômbia e ao Presidente Uribe, daquele país. Mas o radialista que transmite o recado às pessoas que estão seqüestradas pelas Farc mandou essa informação de que a Senadora estava convidada para vir ao Brasil. O convite foi feito na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Agora, estou fazendo aqui um apelo ao Senador Heráclito Fortes para que, no dia em que vier, ela seja ouvida e homenageada neste plenário. Que ela possa falar da sua experiência e da sua luta contra aquela narcoguerrilha aqui no plenário, e não na Comissão, para que o Brasil inteiro possa ouvi-la e para que recrudesça a consciência daqueles que condenam esse tipo de terrorismo político.

            Gostaria de conceder-lhe um aparte, mas, como estou falando, nos termos do art. 14, para uma comunicação inadiável, pelo Regimento Interno, sou impedido, ilustre Senador Casildo Maldaner. Mas tenho certeza de que V. Exª iria concordar com esta minha solicitação ao Presidente Heráclito Fortes.

            Eu queria também dizer que ela acabou de declarar em Paris que vai dedicar o restante da sua vida a libertar os demais reféns. E disse que começará essa cruzada pela Colômbia e pelos países que fazem fronteira com a Colômbia - o Brasil, a Venezuela, o Equador, o Peru. Certamente nós queremos que ela tenha primazia de vir ao Brasil.

            Encontro-me hoje um pouco mais recompensado ao ver isso, porque eu critiquei várias vezes aqui a omissão do Brasil, a omissão do Governo brasileiro. Mas disse hoje o ex-marido dela que o Presidente Lula influenciou o processo de libertação e agiu diplomaticamente em favor da libertação, embora ela não tenha sido um ato praticado pelas Farc, e sim um ato de conquista de guerra por parte do governo do Presidente Uribe.

            E, no final dessa festa, dessa alegria mundial pela libertação da Senadora, há uma nota triste, Sr. Presidente. O ditador Fidel Castro, o homem vivo mais cruel no mundo hoje, que matou tanta gente, que perseguiu tanta gente, que mandou dinheiro para matar brasileiro no Brasil, que fez jovens morrerem numa luta que não tinha finalidade nem objetivo nenhum aqui no Brasil também, disse o seguinte: “Mantenham a guerra, lutem, briguem, não deponham as armas”. Ele prega que irmãos colombianos se matem uns aos outros, quando existe na Colômbia um governo democraticamente eleito, com 91% dos votos da população. Como disse a Senadora, o povo não votou nas Farc, o povo votou no Presidente Uribe, que é o presidente democrático. Então, o ditador, num epitáfio triste, prega o combate armado, a luta fratricida em um governo democrático, entre os irmãos colombianos. Não bastam os que ele matou, os que ele fuzilou, os que ele expulsou, os que ele fez morrer nas masmorras de Cuba; ele quer levar a sua guerra à Colômbia, como fez com jovens brasileiros, até o final, fazendo irmãos se chafurdarem no sangue de outros irmãos.

            Essa é a nota triste desse fim de semana tão vitorioso para o regime democrático e que o Presidente, ex-Presidente, sei lá, ditador de Cuba tenta encobrir com essa infeliz declaração que faz ao mundo.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2008 - Página 25862