Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de tristeza com as ocorrências brutais que vêm ocorrendo no Rio de Janeiro. Comemoração pelo transcurso dos 86 anos de "Os Dezoito do Forte".

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM.:
  • Manifestação de tristeza com as ocorrências brutais que vêm ocorrendo no Rio de Janeiro. Comemoração pelo transcurso dos 86 anos de "Os Dezoito do Forte".
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2008 - Página 26214
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, VIOLENCIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, OBRA LITERARIA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, REVOLTA, MILITAR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), TENTATIVA, DERRUBADA, GOVERNO.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eis que, de repente, mais do que de repente, o plenário se esvaziou. Mas eu espero que os aparelhos de televisão do Brasil inteiro não tenham sido desligados, porque esse, hoje, é o valor que o Senado tem em termos de conhecer, de fato, os problemas brasileiros. Todos aqueles que sobem a esta tribuna têm a oportunidade de levar as suas preocupações do Estado ao povo brasileiro, e não só ao seu Estado.

            Inicialmente, quero agradecer ao Senador Gilberto Goellner, de Mato Grosso, por ter trocado o seu tempo, porque eu venho fazendo uma ginástica muito grande para tentar me inscrever, mas é complicado para mim, porque eu não costumo chegar muito cedo a este Senado Federal. Mas hoje consegui. Tive a sorte de o Senador por Mato Grosso Gilberto Goellner trocar comigo o seu tempo de inscrição.

            Sr. Presidente, dentro de alguns dias, meses, teremos no Brasil as eleições para comandar as 5.600 ou 5.800 Prefeituras, para representar o povo de mais de cinco mil cidades. Há uma curiosidade muito grande a respeito da minha cidade, que represento, que já foi capital do Brasil durante tantos anos. Minha cidade que se transformou depois no Estado da Guanabara. Minha cidade que, depois de Estado, se fundiu com o antigo Estado do Rio de Janeiro e se transformou no ponto de equilíbrio político, sem dúvida, do próprio Brasil.

            Antigamente, era o poderio do Estado de São Paulo com o poderio do Estado de Minas que definia todas as questões sucessórias na Velha República. Mas eis que chega o novo Estado do Rio de Janeiro para ser o ponto de equilíbrio. É o ponto de equilíbrio com os seus 16 mil eleitores. Um pouco longe de São Paulo, que tem os seus 25 ou 26 milhões de eleitores, mas parelhado com Minas Gerais, com seus 11, 12, 13 milhões de eleitores.

            Hoje, o Rio é ouvido, é respeitado. Mas custou muito essa luta. Se eu perguntasse aos senhores qual foi o primeiro Prefeito eleito na cidade do Rio de Janeiro, talvez ninguém pudesse me responder. Quem sabe lá o Senador Valdir Raupp! Qual foi o primeiro Prefeito eleito da cidade do Rio? Mas eleito indiretamente, não foi eleito pelo povo.

            Mas realizou esse Prefeito uma obra tal que, até hoje, os hospitais que ele construiu, as escolas que ele mandou edificar, a sua obra toda de infra-estrutura ainda existe e serve, e bem, ao povo da cidade do Rio de Janeiro. Refiro-me a Pedro Ernesto Batista. Mais tarde, encarcerado nos porões da ditadura de 30 a 37. Pedro Ernesto!

            Mas depois de Pedro Ernesto, Sr. Presidente, o povo do Rio começou a lutar pela autonomia municipal. Pregou a bandeira de poder eleger o seu próprio destino, escolher seus dirigentes municipais. Não havia meio, não conseguiu isso. O Prefeito da cidade era simplesmente nomeado pelo Presidente da República. Havia uma Câmara de Vereadores no Rio de Janeiro, que não tinha autonomia para apreciar os vetos do Prefeito. Então, quem é que mandava no Rio de Janeiro, politicamente? Sabem quem? Os Senadores de todos os Estados. Os políticos de todos os Estados comandavam a política da cidade do Rio de Janeiro.

            Até que um gênio resolveu transferir a capital do Brasil para Brasília. Decidiu cumprir a sua meta-síntese. Juscelino Kubitschek assumiu o Governo da República depois de ter sido Prefeito de Belo Horizonte, depois de ter sido Governador do Estado e, afinal, Presidente da República. Com um programa inteligente - trinta metas - nas mais diversas áreas: educação, saúde, transportes, desenvolvimento. A meta-síntese seria exatamente essa: a construção de Brasília e a transferência da capital do Rio de Janeiro para esta belíssima cidade, florida, esta cidade maravilhosa, esta cidade que hoje é o pólo de mando político do Brasil, onde há gente de toda a parte. Mas é uma cidade onde praticamente não existe poluição, onde a qualidade de vida é excelente, excepcional, onde os motoristas respeitam os pedestres. Dificilmente os atos que foram pintados aqui, hoje, referentes aos fatos do Rio de Janeiro de ontem ocorreriam na nova capital do Brasil.

            Por isso é que venho à tribuna hoje um pouco entristecido com as notícias brutais que se referem diariamente ao meu Estado, à minha cidade, lembrando a placidez, a calma, a esperança desta grande cidade, que se está tornando cada vez mais Brasília, a capital federal.

            E, por falar em capital federal, deparei-me com...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Acho que vou parar por aqui. Não sei se o Presidente vai me deixar continuar.

            O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. DEM - PB) - A Presidência vai dar mais dois minutos a V. Exª.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Dois?

            O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. DEM - PB) - Se forem suficientes.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Exª é sempre um gentleman, sempre.

            O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. DEM - PB) - Então, darei mais três minutos a V. Exª.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Três minutos.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Dois mais três é cinco.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Seu assessor predileto está dando cinco.

            Eu queria falar hoje - eu já falei outro dia e queria repetir - sobre Os Dezoito do Forte. O seu autor, que faz cem anos, é... Se eu perguntar a todos os senhores e a todos aqueles que estão me ouvindo quem é o autor da poesia Os Dezoito do Forte, será que alguém poderia me responder? Você que está me ouvindo aí sabe quem foi? Então, vamos dizer: Scharffenberg de Quadros, um paranaense.

            Naquela época de Os Dezoito do Forte, quando alguns idealistas resolveram enfrentar a morte por ideal puro, havia um poeta por perto, que resolveu descrever aquela epopéia, a mais brilhante, sem dúvida, do Exército Brasileiro: dezoito contra o mundo inteiro. Um paisano estava ali e perguntou: “Aonde vocês vão, nessa caminhada?”. Responderam: “Vamos derrubar o Governo, estamos tentando derrubar o Governo”. Ele disse: “Mas como? Só vocês?”. Era o paisano, que é objeto de um trecho do verso de Os Dezoito do Forte.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Então, para facilitar a vida das nossas queridas taquígrafas, eu vou pedir ao Presidente que conceda a transcrição, neste discurso, da poesia Os Dezoito do Forte, que pouca gente conhece e quase ninguém sabe quem é o autor, um paranaense.

            Agradeço a atenção dos ilustres Senadores que aqui permanecem.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAULO DUQUE EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Os Dezoito do Forte, de Scherffenberg de Quadros”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2008 - Página 26214