O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

             A presente sessão especial destina-se a reverenciar a memória do ex-Senador Jefferson Péres, nos termos dos Requerimentos nº 645 e 650, de 2008, dos Senadores Cristovam Buarque, Arthur Virgílio e outros.

             O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR)- Convido para compor a Mesa a Srª Marlídice Péres, viúva do Senador Jefferson Péres. Convido o Exmº Sr. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Carlos Ayres Britto. Convido o Sr. Serafim Fernandes Corrêa, Prefeito de Manaus.

             Registro a presença de Rômulo Péres, Ronald Péres e Roger Péres, filhos do Senador Jefferson Péres, Tainá Abraim, nora do Senador Jefferson Péres, esposa do Sr. Rômulo Péres. Registro a presença de Elpídio Gomes da Silva Filho, Superintendente das Hidrovias da Amazônia Ocidental, do Ministério dos Transportes; Srª Sílvia Tuma, do Ministério Público do Estado do Amazonas; Sr. Marcelo Serafim, Deputado Federal; Exmº Sr. Desembargador de Roraima Lupicínio Nogueira.

             Agradecemos a presença de todas os senhores e senhoras que nos honram neste dia em que realizamos uma sessão especial de tamanha importância em razão do homenageado.

             Cabe-me pronunciar algumas palavras em nome da Presidência da Casa. Todos os discursos sobre Jefferson Péres convergem para um ponto em comum: o Parlamento ficou menor com sua saída de cena. Todas as falas sobre o nobre representante do Estado do Amazonas devem convergir para um ponto em comum: a imensa lacuna deixada por ele, que imprimiu seriedade e honestidade no desempenho da atividade política e deixa um vazio sem precedentes no cenário político brasileiro.

             Sua conduta inteligente, dinâmica e eficaz nos remete ao político que deveria inspirar a todos aqueles investidos de mandato popular em nosso País. Ressaltamos a figura do político que manifestou apoio incondicional às reformas inadiáveis, tais como a modernização da economia e a necessária moralização das finanças públicas. Sua visão moderna da justiça social e da construção de um Estado, capaz de prover segurança pública, saúde, educação e equilíbrio regional, jamais se distanciou das reais carências da população brasileira.

             O fulcro de sua atuação política nos deixa como legado a ação destemida em defesa da democracia, a prontidão incansável em defesa da ética. Mais do que nunca precisamos reviver o mote de sua candidatura à Presidência desta Casa nos idos de 2001: “Quem caminha com o povo nunca está sozinho”.

             O bravo e ético Jefferson Péres rigorosamente sintonizado com as inquietações e os anseios gerais por ética na política clamou incansavelmente pela transparência no relacionamento entre os Poderes republicanos. Sua voz bradou por seriedade na tomada das grandes decisões de Estado. Ele nos mostrou sem subterfúgios a necessidade de retificar “a hoje melancólica imagem do Congresso Nacional perante a sociedade”.

             Da tribuna ele nos alertava: “... Vêem-se bandeiras de moralização defendidas por décadas serem jogadas fora. Em quem acreditar?”

             Havia desencanto com a política, mas o Senador Jefferson Péres não admitia capitular. Num aparte ao seu colega de Bancada Senador Cristovam Buarque, ele afirmava: Eu não vou me calar não. Eu vou sair daqui, vou continuar escrevendo no jornal, vou continuar dando entrevista, vou continuar indo às universidades, dar palestras, participar de debates na televisão e no rádio, mas para cá eu não quero voltar mais.

             Baluarte da ética e da decência, Jefferson Peres exercia seu segundo mandato nesta Casa, honrando o mandato que o povo do Amazonas lhe conferiu. Em 1988, foi eleito para seu primeiro cargo público: o de vereador em Manaus, cargo para o qual foi reeleito para segundo mandato.

             Um homem combativo - mas soberanamente justo - foi crítico contundente dos desmandos éticos e morais.

             Possuía a exata noção de que a crítica gratuita presta desserviço ao ambiente democrático.

             Jefferson Péres foi candidato à Vice-Presidência do Brasil nas eleições de 2006, na chapa do Senador Cristovam Buarque. Na sua trajetória defendeu com ardor temas de caráter nacional. No tocante à reforma tributária, por exemplo, pregava a redução da carga de impostos e contribuições, que na sua visão “hoje sufocam o microempresário e reduzem a capacidade de nossa economia criar empregos”.

             Não descuidou em nenhum momento dos assuntos da sua terra. Em defesa intransigente da Zona Franca de Manaus, ele assim a qualificava: Patrimônio de progresso material e integração social do povo amazonense, pivô da inserção da Amazônia Ocidental ao espaço geopolítico e geoeconômico da soberania brasileira.

             Jefferson Péres escreveu, certa feita: “todo governante - presidente, governador ou prefeito - deve ser julgado pelo conjunto da obra e não por sua atuação pontual, nesta ou naquela área”. E arrematou: Mas se me fosse imposto avaliar um governo pelo seu desempenho nos setores escolhidos por mim como essenciais, eu não vacilaria em me fixar no trinômio Educação - Saúde - Segurança. Claro que tudo, numa administração, é importante e todos os setores merecem atenção, mas os três citados são realmente primordiais, porque asseguram a proteção da vida e do patrimônio, assim como o bem-estar físico e o futuro dos membros de uma sociedade.

             A lucidez e a firmeza dos seus posicionamentos são irrefutáveis .

             Para concluir, valho-me de uma poesia do mexicano Octavio Paz, intitulada IRMANDADE, cujas estrofes poderiam ecoar na voz do digno e honrado Senador Jefferson Péres:

             Sou homem: duro pouco

             e é enorme a noite.

             Mas olho para cima:

             As estrelas escrevem.

             Sem entender compreendo:

             Também sou escritura

             E neste mesmo instante

             Alguém me soletra.”

             Muito obrigado.

             Convido para fazer parte da Mesa o Senador Cristovam Buarque, que é o primeiro signatário da presente sessão e o Senador Arthur Virgílio, também requerente.

             Registro a presença do ex-Ministro Aldo Fagundes. Concedo a palavra ao primeiro orador inscrito e subscritor do requerimento, Senador Cristovam Buarque.