Fala da Presidência durante a 101ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao centenário da imigração japonesa para o Brasil.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao centenário da imigração japonesa para o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2008 - Página 19650
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, IMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, BRASIL.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, IMIGRAÇÃO, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, IMIGRANTE, FORMAÇÃO, SOCIEDADE, BRASIL, MISTURA, CULTURA, RELEVANCIA, POSIÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, COMPROMETIMENTO, EDUCAÇÃO, PESQUISA, DESENVOLVIMENTO, CIENCIA E TECNOLOGIA, FORMA, SOLUÇÃO, DIFICULDADE, PROBLEMA, ORIGEM, GUERRA.
  • COMENTARIO, HISTORIA, IMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, BRASIL, PREDOMINANCIA, CONCENTRAÇÃO, COLONIA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DO PARANA (PR), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DE GOIAS (GO).
  • REGISTRO, AMPLIAÇÃO, NUMERO, FAMILIA, DESCENDENTE, PIONEIRO, IMIGRAÇÃO, PERMANENCIA, MUNICIPIOS, ESTADO DE GOIAS (GO), CRIAÇÃO, ENTIDADE, PRESERVAÇÃO, CULTURA, MANUTENÇÃO, TRADIÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO.
  • COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, GOVERNADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), CELEBRAÇÃO, PARCERIA, ENTIDADE, DEFESA, CULTURA, IMIGRANTE.

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Exmº Sr. Embaixador Ken Shimanouchi, a quem já demos as boas-vindas; Exmº Sr. Deputado Osmar Serraglio, Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados, homem honrado e que muito nos honra com sua presença; Exmº Sr. Deputado Federal Takayama, Presidente do Grupo Brasil-Japão no Congresso Nacional; Exmº Sr. Deputado Federal William Woo; Exmº Sr. Agostinho Shibata, Brigadeiro-de-Infantaria, que, neste ato, representa o Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito; Exmº Sr. Embaixador Luiz Augusto Castro Neves, próximo embaixador do Brasil em Tóquio; Sr. Maçao Tadano, Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura; Sr. Kobayashi, Diretor-Geral da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão); Exmºs Srs. e Srªs Embaixadoras e membros do Corpo Diplomático; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Dirigentes e membros de associações nipo-brasileiras; homenagear os isseis, nisseis, sanseis e yonseis, por meio de uma sessão especial para comemorar os cem anos de imigração japonesa é prestar o reconhecimento devido a um povo que, de forma singular, contribuiu para formar esta nova gente brasileira, nascida da pluralidade étnica e cultural, é saudar os pioneiros que para cá se dirigiram há cem anos, e, ao mesmo tempo, homenagear um país que, para nós, desta geração, é símbolo da paz conquistada duramente após os reveses, especialmente após a II Guerra Mundial; mas é homenagear um povo comprometido com a educação, com a pesquisa e o desenvolvimento, com a ciência e a tecnologia, com a inovação.

            Ao longo de toda minha trajetória pública, inspirei-me sempre no exemplo japonês, no exemplo de compromisso com a educação, com a ciência e a tecnologia, no sentido de superarem as dificuldades e os problemas advindos, especialmente da guerra. Tive oportunidade de visitar o Japão por três vezes e de conhecer Hiroshima. Infelizmente, não pude ir a Nagasaki. Mas sempre me inspirei, repito, ao longo da minha trajetória, no compromisso do Japão em dar o salto de qualidade a partir do compromisso de todos os governantes, de toda a sociedade, com a educação.

            O Brasil é a maior nação negra fora da África, mas é, também, uma sociedade criada por diversas outras culturas, entre as quais se destaca a japonesa.

            Em 18 de junho de 1908, aportava em Santos o navio Kasato Maru, com a primeira leva de imigrantes, composta por 165 famílias, às quais se juntariam, nos sete anos subseqüentes, outras 3.434 famílias.

            A imigração japonesa para o Brasil foi intensificada entre 1917 e 1940, período marcado por significativo crescimento econômico, representado pelas lavouras de café, sobretudo no Estado de São Paulo, onde se acolheu a maior parte dos imigrantes.

            Resultante de um acordo entre os governos japonês e brasileiro, os imigrantes, premidos pela crise demográfica e pelo desemprego, vieram com a missão de difundir a cultura nipônica nas Américas. Gradativamente, o Brasil foi ganhando traços japoneses, sobretudo no Bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, onde se concentrou a colônia nipônica.

            Hoje, não há como falar no Brasil sem reconhecer a contribuição cultural desse maravilhoso povo, que nos brindou com ensinamentos de disciplina, perseverança, ética e, sobretudo, o compromisso com a paz e a educação, além, é claro, da culinária típica, que todos nós brasileiros tanto apreciamos.

            A cultura nipo-brasileira, representada por 1,5 milhão de habitantes, irradiou-se para os quatro cantos do Brasil, embora tenha presença mais marcante em Estados como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará. Mas o nosso querido Estado de Goiás também teve o prazer de acolher a colônia japonesa, que praticamente foi a introdutora do setor de hortifrutigranjeiros. Junto com a disciplina e a metodologia do cultivo e da colheita, nossos irmãos japoneses ressaltaram a importância da educação de qualidade como caminho para o aprimoramento do indivíduo e da sociedade.

            Hoje, em Goiás, os japoneses - os descendentes - já não estão afetos apenas à agricultura, ao setor de hortifrutigranjeiros. São profissionais liberais muito importantes, empresários dos mais diversos campos de atividade, que nos ajudaram, nos ajudam e continuarão nos ajudando na construção da nossa economia, da nossa identidade, do nosso Estado. Tivemos também, por parte do Japão, dois empréstimos importantíssimos: um que nos ajudou a levar energia rural a 30 mil famílias de colonos e agricultores goianos, e outro que colaborou extraordinariamente com o maquinário do Estado de Goiás.

            Parte da colônia nipônica assentou-se na cidade de Nerópolis, ainda na década de 30, quando a localidade fazia parte do Município de Anápolis. Esta, por sua vez, concentra a segunda maior colônia, atrás apenas da nossa capital, Goiânia.

            Hoje, são centenas de famílias descendentes dos pioneiros que marcaram a presença das tradições japonesas em diversas cidades do Estado de Goiás, representada pela Associação Nipo-Brasileira.

            Essa associação tem tido papel fundamental na preservação da cultura e, sobretudo, dos valores nipônicos. Há que se ressaltar o significativo esforço da comunidade nipo-brasileira em dar continuidade às tradições milenares que se firmam e reafirmam de geração para geração.

            Entre as inúmeras tradições japonesas, não poderíamos deixar de destacar, nesta comemoração, o Undo-kai e o Bon-Odori, que se realizam anualmente no dia dos pais e no mês de agosto.

            O Undo-kai é uma gincana que promove a integração e o respeito entre gerações; o Bon-Odori, por sua vez, traz encanto e beleza por meio do festival de dança, música e gastronomia, regado com a típica saborosa culinária da Terra do Sol Nascente. O próprio nome Bon-Odori revela os princípios basilares da cultura nipônica, pois alia o “bom”, a religiosidade e a espiritualidade, ao “odori”, alegria e festividade. Sem dúvida, é uma festa que celebra a paz entre o céu e a terra.

            Nesse festival, temos acesso a diversos elementos da arte japonesa, que nos traz, de forma permanente, uma mensagem de integração do homem com a espiritualidade e o universo. Note-se que no origami, no bonsai, no ikebana e em tantas outras manifestações artísticas há sempre o traço da concentração e do cultivo da quietude interior.

            Srs. Senadores, Srs. Convidados, a colônia nipo-brasileira, representada pelas diversas Associações Nipo-Brasileiras, inclusive no Estado de Goiás, merece nosso carinho e admiração, porquanto, ao longo desses cem anos de história, contribuiu para que o Brasil se tornasse este colorido de culturas e etnias, emoldurado pela paz e, sobretudo, pela convivência harmônica.

            Tive o privilégio, como Governador do Estado de Goiás, por duas vezes, de celebrar muitas parcerias com a Associação Nipo-Brasileira em meu Estado. E isso resultou muitas e boas conseqüências para a Associação e para o Estado.

            Antes de encerrar minhas palavras e quebrando um pouco o protocolo, concedo um aparte ao Senador Augusto Botelho, que não terá mais como fazer uso do palavra, por questões regimentais. Dessa forma, quebro o protocolo e possibilito a S. Exª a oportunidade de se associar às homenagens à colônia nipo-brasileira.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Mais uma vez, vou quebrar o protocolo, ficando de pé, em homenagem aos japoneses que vieram para o Brasil. Por motivos superiores, não consegui chegar a tempo de me manifestar. Mas sou do Estado de Roraima, no extremo Norte, onde, em 1950, chegaram as primeiras famílias de japoneses, vinte famílias, que a nós se integraram. E confesso que, mesmo com treze ou quatorze anos, nunca havia comido pepino; comecei a comer depois que os japoneses chegaram a Roraima. Eles se integraram à nossa cultura. São comerciantes que trabalham muito no Estado. São várias as famílias hoje que continuam lá. São nipo-roraimenses, segundo a classificação especial de Roraima. Presto minha homenagem a todos os descendentes, aos que vieram e aos descendentes que permanecem no Brasil. Honra-nos muito que Roraima também tenha sido agraciada com várias famílias de japoneses. Chegaram outras agora, e continuam chegando (produtores rurais, comerciantes, médicos). Nosso neurocirurgião mais antigo é um japonês. Sr. Presidente, como não poderia deixar de dizer essas palavras, peço que meu discurso em homenagem aos cem anos de imigração japonesa ao Brasil seja dado como lido por V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2008 - Página 19650