Fala da Presidência durante a 111ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento ontem, da ex-Primeira Dama, Dra. Ruth Cardoso.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento ontem, da ex-Primeira Dama, Dra. Ruth Cardoso.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2008 - Página 23153
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTROPOLOGO, PROFESSOR UNIVERSITARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONJUGE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, RECONHECIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ETICA, ATUAÇÃO, PROGRAMA COMUNIDADE SOLIDARIA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, MISERIA, PROMOÇÃO, PARCERIA, UNIVERSIDADE, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, GOVERNO.
  • DEMONSTRAÇÃO, PESAMES, SOLIDARIEDADE, FAMILIA.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Faço a leitura da justificação.

            O Brasil recebeu com grande consternação a notícia sobre o passamento da ex-primeira-dama do País, Dona Ruth Corrêa Leite Cardoso. Dona Ruth, como todos os brasileiros costumavam chamá-la, sempre inspirou respeito, carinho e admiração de toda a população.

            A intelectual reconhecida internacionalmente, antropóloga, autora de diversas obras, professora de grandes universidades, transmitia, em cada contato com o público, sua afeição singela, doce e amistosa.

            Era detentora de uma personalidade marcante. Possuía, inegavelmente, convicções firmes, sem abdicar de sua extrema afabilidade.

            Dona Ruth personificava dignidade, inteligência luminar, amabilidade e delicadeza no trato com o ser humano.

            Uma grande tristeza tomou conta de todos nós. Sua partida neste momento nos priva de uma figura que era referência ética e humana. À medida em que as agências noticiosas divulgavam seu falecimento, uma onda de pesar profundo se espalhou pelos quatro cantos do País.

            Ela desfrutava do respeito e da admiração de todos os brasileiros.

            Lecionou em universidades do porte da Universidade de São Paulo e das Universidades de Berkeley e de Columbia, nos Estados Unidos da América, entre tantas outras, mas ensinou sobretudo que é possível conciliar a liturgia do cargo de primeira-dama do País com ativa, competente e qualificada participação em prol da cidadania.

            Sua sensibilidade para o drama das desigualdades sociais nos legou o programa Comunidade Solidária, do qual se originaram os programas sociais que, hoje ampliados, atendem a milhões de brasileiros que vivem em linha de miséria.

           A dor, a desolação que seus filhos Luciana, Beatriz e Paulo Henrique e o ex-Presidente Fernando Henrique suportam neste instante só Deus pode apaziguar.

           Encaminho meus mais profundos sentimentos de pesar à família, na certeza de que Dona Ruth deixa ao País uma herança de retidão ética e humana, nos traços indeléveis de sua postura firme e delicada, bem como de sua visão privilegiada da problemática social, traduzida nas ações e programas que amparam e socorrem os menos favorecidos.

           Com sua presença discreta e inteligente, Dona Ruth valorizou o Governo de Fernando Henrique Cardoso. Nada afeita aos holofotes que o Poder proporciona, exercitou sua função social no Governo com a maior competência e dedicação. Ela não gostava da denominação “primeira-dama”. Foi muito mais do que uma primeira-dama: referência de modernidade no exercício de uma função relevante para qualquer governo; assistencialismo com modernidade, estabelecendo as necessárias parcerias com universidades, organizações não-governamentais, entidades as mais variadas, fugindo do estatismo; assistencialismo com a preocupação de construir cidadania. Essa visão moderna do assistencialismo é uma marca fundamental, legado de Dona Ruth, que teve como sua obra maior o programa Comunidade Solidária.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2008 - Página 23153