Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a elevação mundial dos preços dos alimentos e críticas aos subsídios agrícolas concedidos pelos países ricos.

Autor
Neuto de Conto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Neuto Fausto de Conto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA EXTERNA.:
  • Considerações sobre a elevação mundial dos preços dos alimentos e críticas aos subsídios agrícolas concedidos pelos países ricos.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2008 - Página 26350
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, REUNIÃO, GRUPO, PAIS INDUSTRIALIZADO, CRITICA, ERRO, ALEGAÇÕES, SUPERIORIDADE, RESPONSABILIDADE, BRASIL, CRISE, INFLAÇÃO, ALIMENTOS, MUNDO, MOTIVO, PLANTIO, CANA DE AÇUCAR, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO.
  • COMENTARIO, DADOS, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), GRAVIDADE, NUMERO, PESSOAS, VITIMA, DESNUTRIÇÃO, DEFESA, ORADOR, MOTIVO, CRISE, ALIMENTOS, AUMENTO, CONSUMO, ESPECIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, INDIA, CHINA, SUBSIDIOS, PRODUÇÃO AGRICOLA, PAIS INDUSTRIALIZADO, FALTA, INCENTIVO, PRODUÇÃO, DESEQUILIBRIO, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL.
  • ANALISE, QUALIDADE, PRODUÇÃO AGRICOLA, BRASIL, CRESCIMENTO, PRODUTIVIDADE, INFERIORIDADE, AMPLIAÇÃO, EXTENSÃO, PLANTIO, PRESERVAÇÃO, NATUREZA, MEIO AMBIENTE, APRESENTAÇÃO, DADOS, POSSIBILIDADE, AUMENTO, UTILIZAÇÃO, TERRAS, PREVISÃO, MELHORIA, EXPORTAÇÃO, ALIMENTOS, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO.

            O SR. NEUTO DE CONTO (PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, Srªs e Srs. Senadores, autoridades do mundo todo têm, nos últimos tempos, direcionado severas críticas ao Brasil, falando que a alta dos alimentos no mundo se deve muito à ocupação das terras brasileiras para o plantio de cana. Vão mais distante, Sr. Presidente: ainda nos atribuem a responsabilidade de substituir as matas da Amazônia para cultivarmos cana-de-açúcar para produzir álcool, etanol, bioenergia.

            Há três dias, está reunido, no Japão, o G8, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, juntamente com a Rússia. Lá, o Presidente do Banco Mundial, Roberto Zoellick, cobrou dos líderes do G8 que evitem o que chamou de desastre: a crise alimentar global. Também a FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, informa que 854 milhões de pessoas subnutridas estão espalhadas por várias regiões do mundo.

            Isso leva não mais a direção para o Brasil. Está-se falando da falta de comida para alimentar os cidadãos que vivem no mundo. Sem dúvida alguma, é uma visão equivocada a citação do nosso País.

            Na verdade, nesse início do século XXI, nestes sete anos e meio, as reservas de alimentação no mundo caíram 50%. Vários fatores poderíamos citar, entre eles o fato de a China e a Índia, que detêm um terço da população do universo, terem praticamente dobrado o consumo de alimentos.

            Os subsídios dados pela União Européia e pelos Estados Unidos também são um fator que merece uma análise profunda. Os Estados Unidos, que produzem etanol do milho, milho esse que poderia estar direcionado para a produção de alimentos, dão subsídio de 35% para seus produtores. E a União Européia chega a dar, para a produção de açúcar, até 75% de subsídios.

            Esses dados inibem a produção de alimentos nos países pobres porque lhes tiram a competitividade, eliminando o poder de plantar e ganhar. Conseqüentemente, participam na falta de alimentos.

            Eu tenho dito, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, que Deus foi bondoso com o Brasil, pois nos deu terra, água, sol, clima, o homem, e, desse complexo, faz com que essa atividade alimente 190 milhões de brasileiros, alimente um terço do Produto Interno Bruto, alimente 36% das exportações brasileiras e alimente, ainda, o total do superávit da balança comercial nos últimos cinco anos com as exportações da nossa agricultura.

            O Brasil somente se utiliza, Srs. Senadores, de 7,3% do seu solo para produzir alimentos, exceto as pastagens das fazendas. E, somente com 7,3%, nós alcançamos uma produtividade extraordinária. Temos ainda para serem incorporados, sem adentrar e sem atingir o meio ambiente nem as reservas permanentes, 90 milhões de hectares só no cerrado e no Nordeste! Podemos, ainda, empenhar à produção 30 milhões de hectares de terras que estão degradadas nas fazendas e ainda consorciar outros 20 milhões de hectares de terra com a pecuária e a produção de alimentos.

            Quando falam e criticam a produção de cana-de-açúcar, certamente não conhecem o Brasil. Nós só utilizamos 2% do nosso solo para produzir cana, dos quais 1% - 50% dessas terras - está direcionado para a produção de açúcar. Das 30 mil toneladas que produzimos, exportamos 2/3 para ajudar a alimentar o mundo. Nós temos, ainda, o outro 1% do nosso solo, que usamos para o álcool, com o qual alimentamos 25% da nossa frota e ainda participamos da própria exportação.

            Com tudo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nós poderíamos, sem dúvida nenhuma, duplicar a produção de carne no Brasil. Temos 177 milhões de hectares de pastagens e praticamente só usamos uma rês por hectare. Sem muitos cálculos e sem muita tecnologia, poderíamos colocar duas reses por hectare, duplicando, dessa maneira, a capacidade produtiva das fazendas.

            Nos últimos 30 anos, de 1977/1978 a 2007/2008, nós aumentamos a área produtiva em 1% ao ano, mas aumentamos em 300% a produção; portanto, em 10% ao ano.

            Só neste século, nos últimos sete anos, passamos de 100 mil toneladas de cereais para 144 mil toneladas de cereais, elevando em 44% a produção. Mas o número mais fantástico é que aumentamos a nossa exportação, nesses sete anos, em 240%. Conseqüentemente, a nossa produção de cereais e de alimentos está, inversamente à queda na produção de alimentos no mundo, crescendo simultaneamente nos últimos 30 anos, acentuando-se de maneira bem expressiva nos últimos anos, para que tenhamos a nossa participação permanente contínua e com elevação bastante forte.

            Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, este registro nos leva a crer que seremos os maiores produtores e os maiores exportadores de alimentos do mundo, e também os maiores produtores e exportadores de bioenergia.

            Com estas palavras e este registro, Sr. Presidente, agradecendo a oportunidade, encerramos o nosso pronunciamento nesta tarde.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2008 - Página 26350