O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, pela generosidade do tempo e pela referência.

Antes de começar meu pronunciamento, aproveito a oportunidade para parabenizar pelo aniversário hoje o meu ex-colega, o Deputado constituinte Aníbal Barcellos, que foi Governador por duas vezes, na época em que o Amapá era Território e primeiro Governador do Estado, hoje, é Vereador da capital. À família Barcellos, ao Deputado Alexandre Barcellos, ao Deputado Sérgio Barcellos, as nossas homenagens, os nossos parabéns da tribuna do Senado.

Também quero mandar um abraço ao meu amigo Fábio, lá de Santana, que está aniversariando, e ao Júnior, ambos filhos da Deputada Francisca Favacho.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou um nacionalista convicto. Orgulho-me de ser brasileiro. Acho fantástica essa mistura de etnias, nossa alegria, credulidade, fé, hospitalidade, criatividade, jogo de cintura. Só lamento que sejamos um povo com tão baixa auto-estima.

O pouco que pude conhecer do mundo em viagens que fiz e o muito que li de Geografia e História me fizeram ver que não há país mais abençoado e povo mais querido do que este.

Fiz questão de relacionar alguns itens do Brasil que dá certo e que a gente nem se lembra de comemorar.

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

4. Senador Paulo Duque, mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

5. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e quatro se instalando, enquanto os países vizinhos não possuem nenhuma, Sr. Presidente Jayme Campos.

6. Das crianças e adolescentes entre sete e quatorze anos, 97,3% estão estudando.

7. O mercado de telefones celulares no Brasil é o segundo do mundo com 650 mil novas habilitações a cada mês.

8. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

9. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9.000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, só apenas 300 empresas e na Argentina, 265.

10. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivo, Líder e Senador Romero Jucá.

11. Por que não se orgulhar em dizer que o mercado editorial brasileiro de livros é maior do que o da Itália, com mais de cinqüenta mil títulos novos a cada ano?

12. Que o Brasil tem o mais moderno sistema bancário do Planeta?

13. Que as agências brasileiras de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

14. Por que não se fala que o Brasil é o País mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo a trabalhos voluntários?

15. Por que não dizer que o Brasil é hoje a terceira maior democracia do mundo?

16. Que, apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

17. Por que não lembrar que o povo brasileiro é hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, que gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

18. Por que não se orgulhar de ser um povo que faz piada da própria tristeza e que enfrenta os desgostos sambando, ilustre Senador do Rio de Janeiro, Paulo Duque?

19. Que as pesquisas apontam que os brasileiros são considerados os maiores amantes do mundo, enquanto os ingleses e os árabes são os piores?

20. Que os brasileiros tomam banho todos os dias, às vezes mais de um por dia, enquanto os europeus tomam em média um por semana? Sabiam que o país onde a Gessy Lever mais vende sabonetes é o Brasil?

Isso aqui é para descontrair um pouco, meu Presidente Jefferson Praia.

Bendito este povo que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Bendito este povo que sabe entender todos os sotaques.

Então eu me pergunto: por que o brasileiro tem a mania de só ser nacionalista e patriota durante a Copa do Mundo?

Se fosse assim todos os dias, vibrante e nacionalista como é durante a Copa, talvez hoje o Brasil fosse uma superpotência. Mas essa danada de baixa auto-estima, esse complexo de colonizado faz do brasileiro um inseguro por natureza.

Grosso modo, qualquer estrangeiro já é mais “doutor” em qualquer assunto do que ele.

É o que vem acontecendo agora, Sr. Presidente, agora em relação à Amazônica, à Mata Atlântica, às nossas florestas, mares, rios e lagos. As “grandes” cabeças do chamado Primeiro Mundo resolveram discutir e somos ou não capazes de gerir nossas próprias riquezas e de que forma devemos fazê-lo.

Com todo respeito que deve ter um caboclo que saiu das entranhas de Mazagão, Município do meu Estado, e hoje ocupa o plenário deste Senado, cabe dizer às cabeças coroadas do Primeiro Mundo que temos cá as nossas mazelas, sim, mas somos capazes de cuidar de nós mesmos e, principalmente, encontrar saídas criativas para os problemas e crises que se nos apresentam. O velho ditado popular cai como uma luva neste caso: “a necessidade é a mãe da invenção”. E talvez daí venha a invejável criatividade brasileira.

O que me irrita, Sr. Presidente, é ver as chamadas “melhores cabeças do Primeiro Mundo” achar que os brasileiros são tolos por natureza. Tolos, inaptos e incapazes.

Irrita-me o olhar guloso sobre a nossa querida Amazônia. É como se “eles”, aqueles que integram as “melhores cabeças”, estivessem tramando a internacionalização da Amazônia ou a gestão partilhada (eles e nós) do “pulmão do mundo”.

Vamos colocar os pingos nos “is”, por favor!

Primeiro, a Amazônia é nossa.

Segundo, não pretendemos internacionalizá-la nem estabelecer uma “gestão compartilhada”.

Terceiro, o Brasil ainda não faz parte do chamado Primeiro Mundo, mas está cheio de cabeças iluminadas que pensam como tal.

Quarto, quando e se o Brasil vier a precisar de ajuda para cuidar da Amazônia, será humilde o bastante para pedir ajuda às “cabeças brilhantes do Primeiro Mundo”.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.