Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio contra a invasão do diretório do PMDB em Uberlândia. Anúncio de que S.Exa. retirou sua candidatura a prefeito de Uberlândia. Estranheza com o procedimento do juiz eleitoral de Uberlândia, que somente está liberando o CNPJ dos partidos que estão na situação. Referências ao pronunciamento do Senador Leomar Quintanilha.

Autor
Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. LEGISLAÇÃO ELEITORAL. POLITICA AGRICOLA.:
  • Repúdio contra a invasão do diretório do PMDB em Uberlândia. Anúncio de que S.Exa. retirou sua candidatura a prefeito de Uberlândia. Estranheza com o procedimento do juiz eleitoral de Uberlândia, que somente está liberando o CNPJ dos partidos que estão na situação. Referências ao pronunciamento do Senador Leomar Quintanilha.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2008 - Página 27155
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. LEGISLAÇÃO ELEITORAL. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MUNICIPIO, UBERLANDIA (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), DEBATE, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESCOLHA, ORADOR, CANDIDATO, PREFEITURA MUNICIPAL, COMENTARIO, ACORDO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RENUNCIA, CANDIDATURA, INDICAÇÃO, NOME, VICE-PREFEITO.
  • REPUDIO, ATENTADO, DIRETORIO MUNICIPAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), VIOLENCIA, MUNICIPIO, UBERLANDIA (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), REPRESALIA, COLIGAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • CRITICA, DEMORA, LIBERAÇÃO, CADASTRAMENTO, CANDIDATO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, IMPOSSIBILIDADE, REALIZAÇÃO, PROPAGANDA, COBRANÇA, PROVIDENCIA, CONSELHO NACIONAL, JUSTIÇA.
  • DEFESA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), FERTILIZANTE, INVESTIGAÇÃO, MONOPOLIO, EMPRESA, AUSENCIA, CONTROLE, PREÇO.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Jayme Campos, gosto muito de tê-lo na Presidência, não querendo desfazer dos demais presidentes, mas, neste momento em que se fala em agricultura, quem conhece V. Exª e sua história sabe o quanto é ligado às raízes; um homem que, com certeza, alimenta várias pessoas neste País. Muitas pessoas talvez não saibam disso, mas, no fundo, essa é a verdade.

Sr. Presidente, Senador Paulo Duque, telespectador da TV Senado, fiz questão de vir à tribuna hoje, porque vejo como algo mais importante no País, e para toda a sociedade, a liberdade, Senador Paulo Duque. Acho que é importante a liberdade de nos reunirmos, a liberdade de discutirmos idéias diferenciadas. E aqui dentro, neste Senado, aprendi que você pode muito bem discutir idéias sem ter posições pessoais contra o outro Senador. Isso é que é o mais bonito na política. Quando você consegue chegar ao ponto de entender que ter uma discussão de idéias, muitas vezes com pontos de vista completamente diferentes, não tem nada a ver com o lado pessoal entre dois políticos, aí você atingiu a maturidade que lhe dá orgulho de pertencer a esta Casa.

Muito bem, entramos agora numa fase de política municipal. Estamos nos preparando para eleição de vereadores, prefeitos, que, realmente, é a fase inicial de uma carreira política.

Todo mundo sabe que, numa mesma rua, às vezes há vários candidatos a vereador, e a coisa mais difícil é conseguir voto para vereador. O Senador Paulo Duque sabe muito bem disso.

Nesse caminho, tive a oportunidade de voltar às origens e sentar com o meu grupo do PMDB em Uberlândia, quando discutimos as estratégias, aonde ir, os nossos candidatos, as idéias a discutir, o que está bom para a sociedade, o que não está bom para a sociedade. Será que o Governo que está aí vem privilegiando os que têm dinheiro ou os que não têm dinheiro? Será que existe uma proteção para os mais pobres, será que o investimento na cidade está sendo bem feito?

Com isso, marcamos várias reuniões, eu; o ex-Prefeito Zaire Rezende, ex-Deputado; o Deputado Geraldo Resende; Fernando Rezende, meu grande amigo; o psicólogo Júlio, que é muito importante em uma reunião do diretório do PMDB em Uberlândia. Tive a oportunidade de ser escolhido para candidato a Prefeito. Mas, antes, tínhamos feito um acordo: se o PT lançasse um candidato dentre os nomes que sugerimos, iríamos participar com o vice, e assim aconteceu. No momento final, o PT lançou um candidato dentre os nomes que tínhamos escolhido, e eu renunciei à candidatura, e o PMDB entrou com o Vice-Prefeito, fazendo uma coligação importantíssima, proporcional para os Vereadores, que aumenta o “rabo do peixe”, como se diz na política. Nós só tínhamos a cabeça e aumentamos o rabo do peixe, para que todos possamos fazer uma maior quantidade de Vereadores.

Muito bem, Senador Paulo Duque. Feito o acordo, registrada a ata em nosso diretório, fechamos a casa e saímos para comemorar o acordo feito. O que acontece, Senador Paulo Duque? Durante a noite, invadem o diretório do PMDB, Senador Jefferson Praia, arrombam o vidro, levam o computador do nosso Partido, do nosso diretório de Uberlândia, e procurando o quê? Procurando a tal ata da nossa ligação com o PT, porque eles queriam a ata.

Fizemos a ocorrência policial. Na mídia, ninguém fala nada; na polícia, ninguém investiga nada. Imagino não estarmos mais vivendo uma ditadura. O bonito é justamente você discutir idéias, escolher o caminho que o seu Partido vai seguir, seus correligionários, seus companheiros de luta, de idéias. Mas, chega na hora, você sofre uma agressão. A agressão foi tão grande, Senador Paulo Duque, que eles chegaram a quebrar o muro para poder entrar e pegar o computador, como quem diz: “Olha, estamos dispostos a tudo, inclusive a fazer esse buraco no muro, que pode ser um buraco no partido, que pode ser um buraco em qualquer membro do PMDB”.

Achei de uma agressão sem fim. Por isso, Senador Jefferson Praia, vim a esta tribuna, porque um partido que tem um ex-Deputado Estadual, hoje Deputado Federal, como é Geraldo Resende; um ex-Prefeito e ex-Deputado Federal, como o Sr. Zaire Rezende; um Senador da República, como é que alguém pode invadir um diretório e, sem respeito nenhum, roubar um computador, botar nas costas, pular o muro ou passar pelo buraco que abriram, sem ninguém ver nada, sem ninguém saber de nada?

A polícia está investigando, mas não deu notícia nenhuma até agora. Eu não acredito que estamos voltando a uma época que já passou - eu era novo demais para poder ter visto. Hoje, só acompanho nas histórias e nos vídeos que vejo. Inclusive, certas pessoas até levam alguma fama sem ter feito história do Brasil, segundo me contaram alguns que organizaram eventos naquela época.

Então, Senador Jefferson Praia, fica aqui, meu Presidente, neste momento, minha manifestação de desacordo com essa agressividade, de desacordo com esse ato grotesco de demonstração de força, de demonstração de que não se tem respeito por nada e que se vai a uma eleição disposto a tudo. É o que está acontecendo hoje em Uberlândia. Preciso que o Conselho Nacional de Justiça acompanhe bem essa eleição. Por quê? Para que se possa fazer campanha, é preciso ter o CNPJ. E o CNPJ está sendo liberado, pelo Juiz Eleitoral, somente para o pessoal que está na prefeitura. Os outros não foram liberados ainda. Não foram liberados! E só pode fazer propaganda aquele que já tenha CNPJ, Senador Paulo Duque. É só para o grupo que está no poder. Os demais, os que são Oposição, não têm CNPJ. Então, vou acompanhar e, se não funcionar dentro das regras da democracia, vou voltar à tribuna e fazer denúncia ao Conselho Nacional de Justiça, que é o órgão que deve fazer a correição do juiz. É assim que tem que ser e é assim que vai ser, Senador Jefferson Praia.

Outro assunto, como bem colocou o Senador Quintanilha, é a questão dos fertilizantes. É um absurdo! Eu já encomendei a uns empresários de Uberlândia, e eles estão fazendo um estudo. Vão trazê-lo para mim e eu o apresentarei aqui em plenário. Se não chegarmos a uma solução viável, nós vamos ter de criar a CPI dos fertilizantes. Porque não pode nosso País, que alimenta muitas pessoas, inclusive em outras partes do mundo, estar hoje sujeito a um grupo que, muitas vezes, não tem nem fábrica de fertilizantes. E eles utilizam outros países. Simplesmente, dão a chancela a um país que vende o material aqui para o Brasil. É assim que está acontecendo.

Eu até vou consultar lá a história do ex-Senador Serra, atual Governador de São Paulo, para saber como foi que ele fez a quebra e criou os genéricos, para também criarmos os genéricos dos fertilizantes. O que está acontecendo não pode. Essas cinco empresas, como bem colocou o Senador Jayme Campos, definem quanto é que vai custar o alimento no País. Ora, se o alimento subiu porque há pouco alimento, aumenta-se o preço dos fertilizantes. O agricultor só pode ganhar isso aqui. Se baixou o preço do alimento, baixa o preço dos fertilizantes. Dominam o mercado, fazem o que querem. Então, meu amigo, só há um jeito: uma CPI dos Fertilizantes.

Tenho certeza de que o Senador Paulo Duque e que o Senador Jayme Campos assinariam comigo, bem como o Senador Cristovam, que gostou da idéia. Vamos, após o recesso, discutir novamente. Creio que até a volta do recesso terei essa documentação. Não vou citar o nome dos empresários de Uberlândia que estão fazendo isso, mas foi fruto de uma conversa que tivemos e há todo esse material.

Senador Jefferson Praia, subi a esta tribuna para fazer a reclamação do que está acontecendo em Uberlândia, ou seja, o uso grotesco da força do poder do dinheiro, do poder da captação de tudo por dinheiro - a verdade é essa. Se não se enquadrarem dentro das regras da democracia, das regras do Tribunal Superior Eleitoral, vou voltar a esta tribuna.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente Jefferson Praia.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2008 - Página 27155