Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de lançamento da terceira edição do livro Viagem de Pedro II pelo Espírito Santo, de autoria do historiador Levy Rocha.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Registro de lançamento da terceira edição do livro Viagem de Pedro II pelo Espírito Santo, de autoria do historiador Levy Rocha.
Publicação
Publicação no DSF de 16/07/2008 - Página 27556
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, LANÇAMENTO, RENOVAÇÃO, EDIÇÃO, LIVRO, IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, HISTORIA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DEPOIMENTO, IMPERADOR, BRASIL, VIAGEM, REGIÃO, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO COMERCIO, DISTRITO FEDERAL (DF), COMENTARIO, HISTORIADOR, INICIO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, PROCESSO, ATRAÇÃO, EMIGRANTE, CUMPRIMENTO, ORADOR, INICIATIVA, GOVERNADOR.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. Quero, inicialmente, agradecer ao Senador Flexa Ribeiro, que permitiu a permuta.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de registrar um fato que vai acontecer daqui a pouco no Espírito Santo. O Governador Paulo Hartung vai lançar a terceira edição de um livro muito importante para a história do Espírito Santo e do Brasil. O livro foi escrito em 1960 pelo historiador Levy Rocha - ele faleceu em 2004 -, com textos do próprio Dom Pedro II, com comentários da época do Jornal do Comércio, e também com comentários feitos por pesquisa do próprio historiador: Viagem de Dom Pedro II ao Espírito Santo.

            Essa viagem do Imperador foi muito importante, porque ele descobriu o Estado do Espírito Santo.

            No Brasil colônia, o Estado do Espírito Santo foi usado como uma barragem para não permitir que franceses, holandeses e outros piratas que apareceram por aí fossem até as minas de ouro de Minas. Então, só se podia ir a Minas pelo Rio de Janeiro, onde havia o controle militar da colônia. Pelo Espírito Santo não se podia passar. O Estado ficou servindo somente de barreira.

            Foi Dom Pedro II que, na verdade, nessa viagem que fez ao Espírito Santo, mostrou esse Estado ao mundo. E como ele tinha muito boas relações na Europa, ele começou a trazer austríacos, italianos, franceses, luxemburgueses, são-marinenses, suíços e austríacos para o Espírito Santo. Eles foram colonizando. O interessante é que, por exemplo, em São Paulo, a imigração italiana e européia ocorreu para substituir o escravo na fazenda de café. No Espírito Santo, Dom Pedro II fez um outro sistema de colonização. O imigrante, quando chegava, recebia cinco alqueires de terra e passava então a ser patrão, dono da sua atividade.

            Queria ressaltar uma coisa importante, cumprimentando o Governador Paulo Hartung pela iniciativa. A segunda edição do livro eu a fiz quando era Governador. Agora o Governador Paulo Hartung fez uma edição mais moderna - os sistemas de impressão hoje são mais modernos. O Imperador Dom Pedro II, Presidente Geraldo Mesquita, andou a cavalo, de canoa e de navio, no Espírito Santo, mais do que todos os Presidentes da República juntos, desde o Marechal Deodoro até o Lula, de helicóptero, de avião, de automóvel e outros meios de transporte. Ele percorreu quase o Estado inteiro de canoa, de navio, a cavalo. Fazia viagens noturnas a cavalo, àquela época, de 12 horas. Ele tinha 48 anos quando esteve lá. E o interessante é que ele ia aos Municípios, às escolas, tomava a lição dos alunos, de matemática, de religião, de catecismo, de geografia, e dava nota ao professor. Se o aluno respondesse bem, se desse as respostas corretas, ele dava oito para o professor; se os alunos que ele interrogava não respondessem bem, ele dizia que era péssimo o professor, dava nota zero. Em todos os Municípios, ele ia às escolas - a preocupação que esse Imperador tinha com a educação.

            É interessante que, nas caminhadas pelo interior, ele parava, fazia reuniões com os caciques índios. Ele publicou um dicionário de Tupi-Guarani, um dicionário de Bororó, que era uma tribo que tinha no Espírito Santo, e um dicionário de Tupiniquim, comparando uma língua com a outra, pacientemente, com a mão dele. Desenhou todas aquelas montanhas principais, os rios e a costa do Espírito Santo. Ele tinha um profundo amor pelo Espírito Santo, que deve muito do que é hoje - um Estado que cresce, que se desenvolve, que progride - a essa visita do Imperador Dom Pedro II, esse grande sábio. E de lá ele escreveu várias cartas - e duas delas estão no livro - à Princesa Isabel, nas quais ele manifesta o carinho de pai à Princesa.

            Lá na Baía de Vitória, aconteceu, Sr. Presidente, um fato muito interessante que está na história universal. Quando o Imperador ia de Linhares, na divisa com a Bahia do Senador João Durval, para o Espírito Santo, a esquadra imperial fundeou no Porto de Vitória, onde estava ancorada também a esquadra da Áustria. A esquadra austríaca estava trazendo o príncipe Maximiliano, que iria ser o Imperador da Áustria. Mas, numa aventura que a França, os Estados Unidos e a Áustria fizeram para conquistar o México, ele seria proclamado o Imperador Maximiliano I do México. Como era sobrinho de Dom Pedro II, ele ofereceu naquela noite um jantar na nave-mãe da esquadra austríaca e ali pediu ao Imperador que emprestasse navios da Marinha do Brasil para ajudar a invadir o México. Dom Pedro II disse que tinha dois conselhos para dar a ele, um como tio: não se meta nessa aventura que ela termina mal! O outro como Comandante-em-Chefe das Forças brasileiras: a Marinha do Brasil não é para invadir país, e sim para defender o Brasil.

            Pois bem, Maximiliano I foi para o México, conquistou o México, se autocoroou Imperador do México. Quando veio a revolução do Juárez, ele foi fuzilado. E a aventura, como havia dito o seu tio Dom Pedro II em uma profecia que aconteceu dentro da Bahia de Vitória, terminou mal.

            Quero cumprimentar o Governador Paulo Hartung pelo lançamento desse livro. O Imperador, certamente, onde estiver, sente-se orgulhoso de ver um Estado que ele amou tanto governado por alguém que honra as tradições de crescimento, progresso e desenvolvimento, que é o Governador Paulo Hartung.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/07/2008 - Página 27556