Pronunciamento de Pedro Simon em 16/07/2008
Discurso durante a 133ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da participação de S.Exa., em reunião, hoje, com os Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, para levar os questionamentos do Congresso Nacional, sobre decisão do governo americano, da recriação da Quarta Frota da Marinha americana, com atuação na América do Sul.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA EXTERNA.:
- Registro da participação de S.Exa., em reunião, hoje, com os Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, para levar os questionamentos do Congresso Nacional, sobre decisão do governo americano, da recriação da Quarta Frota da Marinha americana, com atuação na América do Sul.
- Aparteantes
- Inácio Arruda.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/07/2008 - Página 27799
- Assunto
- Outros > POLITICA EXTERNA.
- Indexação
-
- INFORMAÇÕES, PARTICIPAÇÃO, QUALIDADE, REPRESENTANTE, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, AUDIENCIA, ITAMARATI (MRE), MINISTERIO DA DEFESA.
- REGISTRO, ITAMARATI (MRE), RECEBIMENTO, LIGAÇÃO, TELEFONE, GOVERNO ESTRANGEIRO, JUSTIFICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, GOVERNO BRASILEIRO, CRIAÇÃO, FROTA MARITIMA, FORÇAS ESTRANGEIRAS, ATIVIDADE, AMERICA DO SUL, ANUNCIO, REUNIÃO, EMBAIXADOR, BRASIL, APRESENTAÇÃO, MINISTERIO DA DEFESA, ESTUDO, SOBERANIA, MAR TERRITORIAL, RIQUEZAS, REGIÃO AMAZONICA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ANALISE, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA.
- REGISTRO, FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ENTIDADE, UNIÃO, PAIS, AMERICA DO SUL, DEBATE, POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, CONSELHO, SEGURANÇA, CONTINENTE.
- ANUNCIO, PROPOSTA, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, REMESSA, CARTA, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, FORÇAS ESTRANGEIRAS, AMERICA DO SUL.
- ANUNCIO, VIAGEM, EXTERIOR, POSSIBILIDADE, ENTREGA, EX SENADOR, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, VITIMA, SEQUESTRO, GUERRILHA, CONVITE, VISITA, SENADO, RECEBIMENTO, HOMENAGEM.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a Comissão de Relações Exteriores e Segurança do Senado, tendo à frente o Senador Heráclito Fortes, estivemos todos em duas reuniões da maior importância hoje, atendendo a decisão da Comissão, com o Ministro das Relações Exteriores e com o Ministro Jobim, da Defesa.
Creio que foram muito importantes as relações e as análises que nós recebemos do Ministério das Relações Exteriores com relação à posição do Sr. Chanceler. Recebeu ele, anteontem, um telefonema da Condoleezza, a chanceler dos Estados Unidos, em que, a rigor, ela pedia escusas ao Governo brasileiro pelo fato de não ter falado antes acerca da criação da Quarta Frota.
A Quarta Frota já foi lançada na Flórida, em Miami, e não havia ainda um contato, o Brasil não tinha tido nenhum conhecimento. Ela pediu desculpas, e o Chanceler disse que ela deveria falar com o Embaixador brasileiro nos Estados Unidos. Hoje ela recebeu o Embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O conteúdo da conversa, o Chanceler ainda não sabia.
O Ministro da Defesa nos impressionou pela profundidade do estudo que é feito pelo Ministério da Defesa junto com a Petrobrás e com outras instituições brasileiras no sentido da análise de todas as questões, quer com referência à Amazônia, quer com referência à Petrobras, quer com referência à situação de nosso País. Disse S. Exª que realmente há um estudo muito profundo que é feito com relação ao mar territorial do Brasil e com relação aos poços, como, por exemplo, o Poço de Tupi, lá no Rio de Janeiro, que está, praticamente, no limite do mar territorial do Brasil, a 170 milhas da costa brasileira, o que deixa antever que, além disso, também deve haver essa riqueza.
Aí nós verificamos a interrogação da criação da Quarta Frota americana nesta hora e neste momento.
Primeiro, é um presidente americano, o Presidente Bush, em final de mandato e não é como o Lula, que está no início de seu segundo mandato e com credibilidade. Uma pesquisa lhe deu 80% de popularidade. O presidente americano está no final de seu mandato e nunca, na história dos Estados Unidos, um presidente em final de mandato teve um percentual tão baixo de credibilidade e um percentual tão alto de rejeição do eleitorado americano.
Por que esse presidente em final de mandato vai tomar uma decisão como essa? Quem vai pagar o preço vai ser o presidente republicano que for eleito, o Mccain, ou o presidente democrata que for eleito. O normal seria que essa decisão fosse deixada para o futuro presidente, para que ele debatesse, analisasse e tomasse sua posição.
Por outro lado, foi criada aqui, em Brasília, a União dos Países da América do Sul, que analisou e lançou um documento. Discute-se até a possibilidade de se criar o Conselho de Segurança da América do Sul.
Por que, de repente, os americanos vêm com a Quarta Frota? Qual é a razão? Ela é pacífica, ela é de paz, ela é até humanitária, tem serviços de médicos para ajudar, para auxiliar, mas, com toda a sinceridade, há interrogações muito grandes.
Hoje, tanto na reunião com o chanceler, como, de um modo especial, com o Ministro Jobim, foram tomadas algumas decisões. Uma delas é que, muito provavelmente, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional enviará uma carta aos dois candidatos americanos, falando da estranheza que uma decisão como essa seja tomada por um governo que está no fim e que nós a discutamos depois, com um dos dois que vai ser eleito.
Segundo, uma exposição que o Ministro da Defesa fará a nós, logo que ele vier da viagem que começará a fazer agora, primeiro com o Presidente Lula, se não me engano, à Colômbia, e depois aos Estados Unidos. Na volta, faremos uma reunião, debatendo e aprofundando essa matéria.
Eu acho que é um assunto importante. Eu acho que o embaixador foi muito cordial, mas muito longe de nos dar uma resposta que fosse praticamente pacífica e aceita por unanimidade. Acreditamos, Sr. Presidente, que se está debatendo uma tese e acho que é importante que se faça, no Senado, essa discussão, essa discussão sobre a troco de quê, por que se criar a Quarta Frota aqui na América do Sul, por que, numa hora exatamente como esta, em que o clima é de tranqüilidade, trazer-se uma frota de recordações tristes.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador Simon.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Já estou dando. Pois não, pois não.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador Simon, também a Comissão de Relações Exteriores já foi convidada, assim como compareceu às primárias nos Estados Unidos, a acompanhar o pleito agora, já entre John McCain e Obama. É oportuno que a Comissão, presidida pelo nosso Senador Heráclito Fortes, possa também acompanhar. Manda-se a carta, o Ministro da Defesa iria aos Estados Unidos e, também, os Senadores iriam diretamente, em audiência...
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Provavelmente, tem uma chance e uma possibilidade de falarem diretamente com os dois candidatos.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Com os dois candidatos, diretamente.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Seria ótimo.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador Pedro Simon e Senador Heráclito Fortes.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Seria ótimo. Seria muito bom.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Para levantar essa discussão com os dois candidatos, porque a Quarta Frota é uma máquina mortífera de guerra criada na Segunda Guerra Mundial. Passada a Segunda Guerra Mundial, acabou. Não tem guerra, não tem guerra mundial. O Atlântico é do mundo. Essa parte que não está com os países, no mar territorial, não pode ser ocupada por uma frota de uma nação. É uma afronta completa.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Até porque não tem perigo nenhum.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Não há.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O americano está lá em cima. Aqui, dizem que é quintal deles. Se é eu não sei, mas não tem nada com tanto perigo.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Então, é uma situação, realmente, que exige esse trabalho justo, correto, de diálogo, primeiro. É a primeira parte da nossa conversação, é parlamentar mesmo, com o Ministro da Defesa, com o Ministro das Relações Exteriores, o próprio Embaixador dos Estados Unidos. Devemos convidá-los a comparecer a nossa Comissão, ir aos Estados Unidos. Eu acho que nós temos de tomar todas as medidas, porque é uma medida, também, de proteção do nosso País e de proteção da América do Sul. Lembro que esse tema da Quarta Frota surgiu depois de duas situações: petróleo, descobertas petrolíferas na linha das duzentas milhas e, também, com o anúncio, por parte do Ministro Nelson Jobim, da criação do Conselho de Defesa das Nações Sul-Americanas. Então, de repente, me vem uma Quarta Frota. Acho que V. Exª dá uma informação muito oportuna para o Senado brasileiro, mas, sobretudo, para o Brasil. Trata-se do Brasil. Não se trata apenas de nós, Senadores, sermos informados, é o Brasil que está sendo informado por V. Exª dessa discussão importantíssima que se colocou para nós em relação à Quarta Frota.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª assistiu as três reuniões e faz um informe que considero da maior importância.
Por outro lado, Sr. Presidente, amanhã eu faço, depois de muito tempo, uma viagem ao exterior - eu, a minha mulher e o meu filho. É uma viagem pessoal. Tenho uma enteada, uma filha que eu criei, muito querida, que casou com um inglês e mora em Londres, com seu marido, há mais de 15 anos. Todos os anos ela vem passar o Natal e o Ano Novo conosco. Essa promessa eu fui levando, fui levando, e dessa vez eu vou. Consegui umas economias e estou indo.
Como eu estarei em Londres...O Senador Suplicy tinha feito a proposta de uma comissão convidar - e o Senado aprovou, por unanimidade, uma sessão solene, uma recepção - a ex-Senadora Ingrid, da Colômbia, que foi solta. Havia uma manifestação de irem à Colômbia para visitá-la. Acontece que ela está em Paris, na França, e eu me ofereci para fazer esse convite. V. Exª formulou um convite, o Embaixador do Brasil em Paris está fazendo a intermediação e está marcada uma reunião para nós conversarmos e levarmos, em nome de V. Exª - o Embaixador brasileiro e eu -, um convite para que ela venha ao Brasil e ao Senado brasileiro, porque nós gostaríamos, realmente, de lhe prestar homenagem e de ver a manifestação importante de quem passou pela dor, pelo sofrimento e pela luta que ela passou. Estou indo, ainda que por conta própria, mas é uma honra, nessa homenagem à Senadora Ingrid, levar o convite de V. Exª.
Muito obrigado, Sr. Presidente.