O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Srªs e Srs. Senadores, quero aqui apresentar um requerimento, convidando as Srªs Senadoras e os Srs. Senadores, se o desejarem, a também apoiá-lo, assinando-o.

Requeiro, nos termos do art. 222 do Regimento Interno, a inserção em ata de voto de congratulações e pleno êxito aos 277 atletas e à equipe técnica da delegação brasileira que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2008, que se iniciam na próxima sexta-feira, dia 8 de agosto, e também à República Popular da China pela realização desses Jogos Olímpicos em Pequim.

É também nosso desejo que eles aproximem os povos e resultem em passos efetivos para a paz mundial, contribuindo para o processo de democratização e progresso da China, inclusive do Tibete.

As cores da bandeira do Brasil já marcam, formalmente, a sua presença na Vila Olímpica de Pequim.

A quatro dias da abertura dos jogos, o Brasil recebeu, nesta segunda-feira, as boas-vindas em cerimônia realizada na Praça das Bandeiras, com a presença de cerca de 60 integrantes da delegação.

Quero aqui desejar o melhor êxito e boa sorte à delegação brasileira, aos 277 atletas que representam o Brasil nas mais diversas modalidades.

Anexa ao meu requerimento, está a relação de todos os atletas inscritos nos Jogos Olímpicos de Pequim. São 45 atletas no Atletismo, tanto masculino quanto feminino; 12, no Basquete feminino; 6, no Boxe. Um atleta masculino na Canoagem. Uma atleta na Canoagem Slalom. No Ciclismo de Estrada, são três atletas - dois homens e uma mulher. No Ciclismo Mountain Bike, uma mulher e um homem. Dois atletas masculinos na modalidade de Esgrima. São 36 atletas no Futebol, tanto masculino quanto feminino. Sete atletas na Ginástica Artística. Seis atletas na Ginástica Rítmica. Vinte e oito atletas no Handebol, masculino e feminino. Três atletas no Hipismo Adestramento. Cinco atletas no Hipismo CCE. Quatro atletas no Hipismo Saltos. Treze atletas, entre homens e mulheres, que vão disputar o Judô. Um atleta no Levantamento de Peso. Uma mulher na Luta Livre. Duas atletas no Nado Sincronizado. Vinte e sete atletas na Natação, tanto masculino quanto feminino. Uma atleta no Pentatlo Moderno. Seis no Remo, tanto feminino quanto masculino. Saltos Ornamentais, quatro atletas, feminino e masculino. No Taekwondo, três atletas, um homem e duas mulheres. No Tênis, quatro atletas. No Tênis de Mesa, quatro atletas, três homens e uma mulher. Tiro com Arco, um atleta. Tiro Esportivo, dois atletas. Três atletas, uma mulher e dois homens, no Triatlo. Doze atletas, tanto masculino quanto feminino, na Vela. No Voleibol, 24 atletas, homens e mulheres. E, finalmente, no Voleibol de Praia, 8 atletas, sendo 2 mulheres e 6 homens.

Então, a esses 277 atletas queremos cumprimentar e desejar o melhor êxito possível.

Quero também cumprimentar o Ministro dos Esportes, Orlando Silva; o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman; o chefe da Missão Brasileira, Marcos Vinícius Freire, e o Membro Honorário do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ex-presidente da Fifa, João Havelange, que lá se encontram.

Espero que esses jogos olímpicos sejam, acima de tudo, um passo a mais na aproximação e entendimento entre os povos, um sinal também de reconhecimento das liberdades individuais e dos direitos humanos. Que possam inclusive os Jogos Olímpicos de Pequim contribuir para o processo de redemocratização da China e de respeito ao povo tibetano.

Tenho a convicção, e todos nós sabemos, que nas mais diversas partes do mundo há um sentimento de solidariedade para que o povo tibetano possa ter reconhecida a sua liberdade de pensamento, inclusive de fé religiosa. E é importante que o espírito de aproximação entre os povos, que normalmente caracterizam os jogos olímpicos, prevaleça em Pequim.

Eu, que estive em abril/maio de 1976 na China, estive em janeiro do ano passado por dez dias outra vez na República Popular da China, pude notar o extraordinário progresso que vive aquele país, que hoje tem mais de 1,3 bilhão de habitantes. É muito importante que nós aprendamos com as lições da República Popular da China, interagindo mais e mais com aquele país.

Saúdo a iniciativa do Presidente Lula de estar presente na abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, ocasião em que terá oportunidade de dizer que o Brasil gostaria muito de ser a sede dos jogos olímpicos de 2014 e também no que diz respeito à Copa do Mundo. Será uma oportunidade de o Presidente brasileiro dialogar, conversar com os Chefes de Estado dos demais países a respeito da vontade do Brasil de hospedar jogos internacionais de tamanha relevância.

Eu gostaria também de aqui fazer uma sugestão, mas, antes, concedo um aparte ao Senador João Pedro.

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª faz uma reflexão acerca desse evento de importância mundial para todos os países, para todos os povos. V. Exª permitiu o endosso do requerimento, e, por isso, eu gostaria de me associar ao requerimento de V. Exª e levantar uma questão. V. Exª abordou vários pontos. Num deles, referiu-se à importância do espírito olímpico e à importância da delegação brasileira. Eu quero me associar às homenagens feitas a essa delegação, que penso ser a maior delegação nas competições das quais o Brasil já participou. Quero juntar-me a V. Exª no tocante a algumas de suas reflexões sobre o Tibet. Já fiz um pronunciamento aqui acerca da questão. Mas vou mais além: eu penso que a China pode, sem dúvida alguma, ter uma relação com a história, com as lideranças do Tibet e conviver com a independência desse país. V. Exª não tratou de um determinado aspecto que eu gostaria de abordar e que vai além do aspecto da liberdade dos povos - que espero esse ambiente de aproximação internacional entre os povos ajude a consolidar -: a questão ambiental. Internacionalmente, a China exerce importante papel do ponto de vista da economia, mas ela é importante não apenas nesse ponto; na questão ambiental, a China precisa avançar como exemplo. O planeta precisa de uma força da China, porque ela tem um papel importante na economia internacionalmente, porém nós não podemos comprometer, por conta da economia, a vida no planeta Terra. Então, a China, que vem, nestes últimos anos, sem dúvida alguma, esforçando-se no sentido de ter uma presença internacional como uma liderança econômica, precisa ter um empenho no sentido de ser uma liderança ambiental, pela sua geopolítica, pela sua geografia, pela sua economia e pela população da China. Então, parabéns pelo pronunciamento de V. Exª e pela deferência à delegação brasileira, que, com certeza, vai trazer muitas alegrias ao povo brasileiro e participar desse ambiente internacional pela paz, pela integração e, principalmente, pela solidariedade entre os povos. Muito obrigado.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado, Senador João Pedro. De fato, V. Exª aborda essa questão da qualidade do meio ambiente. A China, que teve um desenvolvimento tão rápido nesses últimos trinta e poucos anos, tem hoje a consciência de que precisa cuidar muito melhor da questão da qualidade do ar e da água, para que o seu progresso, inclusive industrial, tão acelerado, com um número tão grande de veículos... Em Pequim e em todas as cidades chinesas, hoje, nota-se um número tão grande de novos automóveis e de motocicletas, embora também haja um mar de bicicletas, que têm grande importância nas cidades chinesas e mesmo no meio rural. Mas, como estamos conscientes, eu pude ver lá, há um grau de poluição nas grandes cidades chinesas visível, que está preocupando os atletas e os próprios organizadores dos jogos olímpicos. Mas o fato de lá estarem se realizando os jogos olímpicos fez com que as autoridades chinesas tivessem uma grande preocupação com esse tema. Inúmeros passos estão sendo dados por eles, visando à diminuição do grau de poluição e de emissão de gases que possam fazer mal à saúde dos seres humanos.

Concedo um aparte tanto ao Senador Eduardo Azeredo quando ao Senador Cristovam Buarque. Conforme já registrei, o Senador Eduardo Azeredo hoje foi o primeiro a enaltecer a importância dos jogos olímpicos, inclusive lamentando que a seleção brasileira de basquete masculino não tenha tido tanto sucesso. Eles estavam indo muito bem nos jogos classificatórios, entretanto, nas duas partidas finais, foram eliminados, em que pese o esforço e a qualidade extraordinária de nossos atletas. Pudemos acompanhar isso de perto.

Concedo um aparte, com muita honra, ao Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Eduardo Suplicy, eu já pude assinar com V. Exª também esse requerimento. Quero salientar um ponto que foi muito bem destacado: a questão da paz. Realmente, o esporte é o melhor exemplo do entendimento entre os povos. Veja que, agora mesmo, o Iraque, com apenas 11 atletas, já está presente na China. Em certo momento, houve uma proibição de que o Iraque participasse, mas os obstáculos foram superados. Esse é mais um exemplo. O país está em guerra, mas, mesmo assim, os seus atletas lá estarão para concorrer. Lembro-me que, em 1972, em Munique, lamentavelmente, tivemos os atentados dos palestinos contra Israel. Posteriormente, tivemos boicote em 1980 em Moscou e, depois, em Los Angeles. Felizmente, esse período passou. Estamos com mais de vinte anos de normalidade nas Olimpíadas, e o que se espera é que estas Olimpíadas sejam de muito sucesso, especialmente com esta integração pacífica entre os povos, representada pela presença do Iraque.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado. V. Exª destaca bem. É boa a nova de que o Iraque estará representado. Tenho a convicção de que, quando os atletas do Iraque entrarem no estádio olímpico, terão uma recepção especial pelo fato de todos estarem desejando a paz naquele país e pelo sentido maior que o esporte proporciona aos seres humanos para melhor se entenderem.

Antes de lhe conceder um aparte, Senador Cristovam Buarque, relacionado a isso, quero aqui renovar uma sugestão, inclusive aos brasileiros representantes de nossa delegação. Hoje inclusive vou escrever uma carta ao Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Nuzman, e aos demais dirigentes da delegação brasileira, propondo ou renovando uma proposta que fiz no ano passado quando visitei a Coréia. Isso me veio à mente até porque vi que os representantes da Coréia estavam presentes ali quando da chegada da delegação brasileira ao centro olímpico.

Qual é essa proposta? Da mesma maneira que a seleção brasileira foi extraordinariamente bem acolhida - todos nós vimos a imagem de Ronaldinho chegando à capital do Vietnã, numa receptividade fantástica -, o que eu gostaria de propor é que possa o Brasil dar um passo muito relevante para que haja entendimento entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul. A minha sugestão é que possa a seleção brasileira - quem sabe, ali estando perto de ambas as Coréias - realizar, após estes jogos olímpicos, uma partida amistosa contra as seleções tanto da Coréia do Norte quanto da Coréia do Sul, em ambas as capitais. Se não for agora, que isso possa acontecer em breve. Tenho certeza de que essa será uma iniciativa muito bem-vinda por parte da seleção brasileira e do Brasil.

Senador Cristovam Buarque, concedo o aparte com muita honra.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Suplicy, primeiro, parabéns por estar defendendo, lembrando, cumprimentando os nossos atletas. O Senador Azeredo também fez isso. Eu fico feliz de ver o Senado se envolver nesse assunto e peço que meu nome conste também como um daqueles que subscrevem esse pedido. Eu gostaria de não perder a ocasião de dizer que, embora provavelmente esses atletas vão orgulhar o Brasil, é um número ainda muito menor do que a população do Brasil e a riqueza do Brasil permitem. Há um descompasso entre o nosso tamanho, o nosso potencial e o número não só de atletas, mas sobretudo de medalhas que conseguimos. Crescemos nas últimas Olimpíadas, mas ainda estamos muito atrás de países do nosso porte e até de alguns menores. Embora estejamos ainda na véspera de começar esta Olimpíada, acho que já devíamos estar olhando também para as Olimpíadas de 2012, de 2016, de 2020. Aliás, a de 2020 será na véspera do segundo centenário da Nação brasileira, pela sua Independência. Deveríamos ter uma meta para que, em 2012, em 2020, nós sejamos um dos países com o maior número de medalhas. Para isso temos que começar agora. Os atletas que vão estar em 2020 hoje estão já com os seus dez anos. Não podemos desprezar isso. Ou começamos a treinar agora os atletas de 2020, ou não vamos ter sucesso em 2020. Este ano vamos ver o resultado que a China vai conseguir com um investimento forte, nos últimos oito anos, para ser um país de ponta no atletismo. E o atletismo começa nas escolas. Não há como descobrir atletas no início da carreira, aos cinco, seis anos de idade, se não for praticando esporte na escola. Por isso, vamos ter um projeto de, em 2020, no segundo centenário da nossa Independência, ser um dos países com o maior número de medalhas de ouro, com um número significativo de atletas disputando para ganhar. Para isso, vamos começar já; vamos ter um programa desde já. Passam muito rápido dez, doze anos para uma nação. Espero que a sua lembrança, comemorando o que estamos realizando, seja também um alerta e uma lembrança pelo que podemos vir a realizar, se quisermos.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Estou de pleno acordo, Senador Cristovam Buarque, com o objetivo que tem em mente. De fato, em 2004, na última Olimpíada, na Grécia, o Brasil obteve 10 medalhas: 3 de ouro, 2 de prata e 5 de bronze, alcançando o 18º lugar entre as nações. Para um País que tem uma das maiores populações, estamos entre os cinco países de maior população, seria próprio de se esperar que tivéssemos um maior número de medalhas nos jogos olímpicos. Então, avalio que seja muito oportuna a sugestão que V. Exª faz para que nos preparemos melhor para as próximas Olimpíadas.

Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves, nosso Presidente. Seja bem-vindo aqui ao Senado Federal.

Peço apenas, Sr. Presidente, que, como anexo aqui o nome dos 277 atletas, possa também constar desta homenagem voto de congratulações de pleno êxito à nossa delegação e às Olimpíadas de Pequim.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Requerimento S/Nº com listagem dos atletas brasileiros inscritos nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008