Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a segurança dos candidatos em campanha no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Preocupação com a segurança dos candidatos em campanha no Estado do Pará.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2008 - Página 28963
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, APREENSÃO, GRAVIDADE, FALTA, SEGURANÇA, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, ESTADO DO PARA (PA).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O LIBERAL, ESTADO DO PARA (PA), APREENSÃO, CANDIDATO, VEREADOR, NECESSIDADE, CONTRATAÇÃO, SEGURANÇA, REALIZAÇÃO, COMICIO, CAPITAL DE ESTADO.
  • CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, AUSENCIA, INTERESSE, MELHORIA, SEGURANÇA PUBLICA, COMBATE, IMPUNIDADE, CRIMINOSO, DENUNCIA, NEGLIGENCIA, ESTADO DO PARA (PA), IRREGULARIDADE, PRISÃO, MENOR, QUANTIDADE, MORTE, RECEM NASCIDO, SANTA CASA DE MISERICORDIA, CAPITAL DE ESTADO, CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, GOVERNADOR, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, AREA, SAUDE.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, IMPUNIDADE, PAIS, DEMORA, FALTA, CONCLUSÃO, PROCESSO, ESPECIFICAÇÃO, CRIME DO COLARINHO BRANCO, CORRUPÇÃO, BANQUEIRO, VINCULAÇÃO, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna, inicialmente, agradecendo a gentileza do Senador Marco Maciel por me ceder o seu tempo.

            Sr. Presidente, estive no meu Estado do Pará, onde dediquei parte do meu tempo a viagens pelo interior e a conversar com Lideranças políticas. Senti-me extremamente preocupado com a situação do meu querido Estado do Pará.

            Vejo, na área da segurança, os bandidos tomarem conta do meu Estado. Vejo uma preocupação profunda, Senador João - Senador da Bahia, de grande competência e que tem feito tanto pela Bahia nesta Casa - dos políticos. Aonde nós chegamos? No Rio de Janeiro há uma discussão em torno do fato de que os bandidos das drogas tomaram conta e querem eleger os seus candidatos no morro onde coordenam as drogas. No Pará não é tão diferente, Senador. A preocupação é a mesma não com relação tanto às drogas, mas com relação à violência nos bairros e a tomada dos bairros pelos bandidos.

            O jornal O Liberal, da semana passada, mostra, Sr. Presidente, a preocupação dos candidatos a vereadores em visitarem os bairros. Eles estão com medo de visitar os bairros da capital. Eles estão com medo de visitar os bairros da cidade de Belém, porque ali, com certeza, não terão condições de fazer os seus comícios. O jornal vem mostrando que os vereadores estão contratando seguranças para irem aos bairros de Belém onde querem fazer comícios ou caminhadas políticas.

            Essa é a primeira vez na história da capital paraense em que se vê preocupação tão grande dos candidatos a vereadores na capital belenense. E não é diferente, também, no interior do Estado. Tenho certeza de que prefeitos e vereadores estão ameaçados pela bandidagem. Aonde chegamos?

            Tenho eu falado muito, aqui, nesta tribuna; tenho eu pedido muito, aqui, nesta tribuna, Sr. Presidente, ao Governo Federal, ao Presidente Lula, para que olhe pelo meu Estado, que ajude a Governadora Ana Júlia e que mande dinheiro para o Estado do Pará. Mas não se vê ação nem do Governo Federal, nem da Governadora Ana Júlia. No meu Estado, hoje, Senador é preciso saber quem ainda não foi assaltado. No interior do meu Estado, os bandidos agem livremente, os bandidos agem sem ter medo de ninguém. A droga entra com uma velocidade estupenda tanto no interior como na capital paraense. A Belém de outrora, o Estado de Pará de outrora, onde as pessoas eram livres, onde as pessoas podiam andar nas ruas, onde as pessoas tinham segurança, não há mais. Hoje é preciso pagar segurança. Hoje, um vereador, para fazer campanha, precisa pedir permissão para os bandidos nos bairros de Belém. Para se distribuírem jornais ou para os Correios distribuírem cartas é preciso pagar pedágio a bandidos. É verdade o que eu estou falando! É verdade o que eu estou falando! Para se distribuírem correspondências nos bairros de Belém, Senador, é preciso pagar pedágio a bandidos. Aonde chegamos? E não vemos uma ação concreta nem do Governo Federal e nem do Governo Estadual.

            O que se vê, na realidade, na capital paraense, o que se vê no meu Estado do Pará é a negligência. E a negligência é tão grande, que recentemente, Senador, tivemos dois episódios que trouxeram intranqüilidade ao povo do Pará: a prisão da menina de 12 anos na cadeia da cidade de Abaetetuba, a menina que foi servida pelos presos, e agora, Senador, a morte de mais de 200 crianças recém-nascidas. Eu vim aqui nesta tribuna chamar a atenção da Governadora - as notas taquigráficas estão aí para comprovar que estive aqui nesta tribuna chamando a atenção da Governadora, dizendo que isso iria acontecer - para o fato de que a Santa Casa estava cheia de ratos e baratas. Os médicos fizeram greve, dizendo o que ia acontecer também. E nada se fez. Duzentos bebês! Por serem de famílias pobres, Senador, nada aconteceu. Ninguém, absolutamente, foi punido. Ninguém, Senador! A imprensa falou um mês, um mês e meio, a Globo, a Record, e agora tudo ficou por nada, não se fala mais.

            Assim é no Brasil: duas ou três semanas fica pipocando o assunto. Depois, o assunto morre, esfria com uma velocidade monstruosa. É o país verdadeiramente da impunidade. E quando a coisa interessa ao Presidente, ao Governador, aí é que a coisa esfria com mais velocidade. É o caso do Dantas, que é dono de quase todas as terras paraenses, dono de quase todo o rebanho do Pará e, diz o jornal O Liberal, sócio do filho do Presidente da República. Vou ler a reportagem inteira do jornal O Liberal sem nenhum receio. No Estado do Pará, Senador Mão Santa, todos sabem que o filho do Presidente da República é sócio do Dantas. E vou ler a reportagem do jornal O Liberal inteira. E não durou nada, em três semanas apagaram tudo.

            Tiraram até o delegado. Até o delegado que estava no caso tiraram, Senador Mão Santa. Não pode. Há o filho do Presidente no meio de tudo isso. Não pode refletir a sociedade. O Presidente está bem, o Presidente está liderando as pesquisas há muito tempo, o Presidente está com uma popularidade incrível, e não pode ser afetado.

            É o meu País. É o meu Estado, um Estado sofredor, um Estado que vive a todo o momento nas páginas de jornal nacionais. Em todas as reportagens de cada mês, infelizmente, o meu Pará aparece com um escândalo. Infelizmente! Isso dói num paraense. Estou eu aqui, quase todas as semanas. Quase todas as semanas, estou eu aqui chamando a atenção. E ainda dizem, Senador Wellington Salgado, que quero ver o Governo da Governadora Ana Júlia se esborrachar. Não é isso. Eu não torço, Senador, eu não torço para dar errado, eu não torço pela desgraça. Eu não quero a desgraça do meu Estado. Torço para que a Governadora faça um bom Governo, mas não posso ficar calado diante de tantas desgraças em meu Estado. Que me perdoe a Governadora, mas não posso ficar calado. Tenho que vir aqui mostrar à população brasileira e à população do meu Estado que estou atento a tudo isso e não posso ficar calado diante de tantos desmazelos que acontecem todos os dias no Estado do Pará.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2008 - Página 28963