O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é sempre uma honra falar com V. Exª, quando na tribuna, especialmente no dia de hoje. V. Exª formou-se em Medicina, na cidade do Rio de Janeiro. V. Exª clinicou muito na minha cidade, fez estágio nos hospitais da minha cidade. Não sei se estagiou no Hospital Geral de Bonsucesso. Não sei.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Hospital do Servidor do Estado, Ipase.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Não, estou falando do Hospital Geral de Bonsucesso, que fica na Avenida Brasil.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não. A minha residência foi no Hospital HSE.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Isso. Que fica na Avenida Brasil.

            Imaginem que esse hospital foi inaugurado em 1948 pelo Presidente de então, Eurico Gaspar Dutra. Hoje, ele fica bem na Avenida Brasil, trânsito intenso, ampliou suas atividades, criou novos serviços.

            O Senado possui uma bancada extraordinária de médicos dedicados não só à profissão, mas também à política. A Medicina se confunde muito com a atividade política.

            Eu queria, primeiro, lamentar os acontecimentos noticiados há uma semana, mais ou menos, no Rio de Janeiro. Havia uma fila grande, de mais de mil pessoas, que aguardavam transplante de fígado, lá no Fundão e que, por surpresa da opinião pública carioca, foi furada; a fila foi transmudada por médicos, mediante fraude, pagamento, sendo que há um inquérito aberto. O fato chocou muito a opinião pública não só do Brasil, como do estrangeiro. Burlar a fila mediante pagamento de quantias altas, para ter preferência na operação de transplante de fígado?

            Eu havia recebido, algum tempo antes, poucos dias antes, uma comissão de médicos do Hospital Geral de Bonsucesso. Para que V. Exª possa imaginar, é uma pequena cidade nesse hospital, com 4,5 mil funcionários, sendo 1,2 mil médicos; é um verdadeiro complexo hospitalar, com seis prédios grandes, amplos, possuindo 16 salas de cirurgia; enfim, um hospital que dá uma atenção muito grande, sobretudo àquela população que mais necessita de atendimento rápido e eficiente.

            Esse projeto visa a criação de uma unidade integral de cuidado ao paciente de transplante hepático do Hospital Geral de Bonsucesso.

            Eu pensei que isso fosse comum e não é. É uma especialidade. Esse projeto, quando chegou-me às mãos por meio dessa equipe de médicos, despertou logo o meu interesse. Cito o Dr. Lúcio Filgueiras Pacheco Moreira, o Dr. Marcelo Enne de Oliveira, a Drª Alice Amaral Faria, a administradora Larissa Lombardi, a Roberta Castro, a enfermeira Rosangela Estevan por serem as pessoas que estão impulsionando o projeto, que estão correndo atrás, como se diz. Estão tentando interessar não só os Deputados, como os Senadores e os políticos de um modo geral.

            Imaginem que, só no ano passado, foram feitos lá quase 70 operações de transplante do fígado e com sucesso. Desde o ano 2002, eles têm feito com sucesso esse tipo de atendimento altamente especializado.

            E o que pretendem com esse projeto? Ampliar os serviços, ampliar o atendimento. Evitar que se repitam talvez fatos como esse que acabo de citar.

            Desde 2002, desde então, a equipe realiza rotineiramente técnicas inovadoras na área pública do Rio de Janeiro: transplantes intervivos, em que se retira parte do órgão do doador vivo; transplante pediátrico reduzido, em que se retira parte de órgãos do doador cadáver; transplante com monosegmento, em que se retira um único segmento do fígado para receptor infantil; transplante com fígado bipartido, que consiste em repartir o fígado de um doador cadáver e implantar em dois pacientes, geralmente uma criança e um adulto.

            Atualmente, o hospital é o maior centro de transplante hepático do Estado do Rio de Janeiro e o único que faz transplantes de fígado infantil. Além disso, é um dos três centros do Brasil que realiza essa cirurgia em crianças abaixo de 10 anos de idade, o que realmente é uma especialidade que causa admiração, principalmente àqueles que não são da área médica.

            Eu já relatei aqui o número de transplantes realizados em 2007, que representou um aumento de mais de 20% em relação ao ano anterior. Então, esse projeto, pela seriedade, pela comprovada seriedade, pela inovação, pelos benefícios que pode trazer à população, sobretudo a mais desfavorecida, a mais necessitada, eu trouxe ao conhecimento do Senado, e vou fazer com que ele seja encaminhado ao órgão do Ministério da Saúde, que tem de ser o parceiro principal do Hospital Geral de Bonsucesso.

            Será fácil fazer isso como está se fazendo hoje, lá no Rio de Janeiro, o novo hospital de traumatologia. São hospitais antigos, com serviços médicos prestados à população numerosa. Hoje em dia, no Rio de Janeiro, vivem cerca de 10 milhões de pessoas, se formos considerar também a periferia e a região metropolitana.

            Trata-se de um projeto sério, no momento em que sai mais um escândalo, um escândalo chocante em que pessoas pagaram para furar fila, para ter preferência na operação de transplante de fígado, e pagaram alto. Lamentavelmente, alguns profissionais da medicina, um ou dois, de quem eu nem quero dizer o nome...

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - ..., prestaram-se a esse triste serviço.

            Eu vou pedir a V. Exª, Sr. Presidente, com o objetivo de servir à nossa cidade, ao meu Estado, que este projeto seja não transcrito nos Anais da Casa, porque sei muito bem que isso tem um valor relativo, mas que seja, oficialmente, enviado ao Ministério da Saúde, pelo Senado, como matéria relevante, como matéria de alto significado e, sobretudo, como compensação àqueles que, porventura, foram fraudados na sua pretensão, tiveram seu atendimento preterido por médicos, talvez...

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Peço a V. Exª, então, Sr. Presidente Mão Santa, que, por intermédio da Mesa Diretora, encaminhe o projeto - não precisa transcrevê-lo, não - ao Ministério da Saúde. Vou entregar em mão o projeto a V. Exª, que é médico, estudou na minha cidade, no meu Estado, e gosta do Rio de Janeiro.

            Muito obrigado.