Discurso durante a 141ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem aos atletas brasileiros que participam dos Jogos Olímpicos em Pequim, na China.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Homenagem aos atletas brasileiros que participam dos Jogos Olímpicos em Pequim, na China.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2008 - Página 29820
Assunto
Outros > ESPORTE. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, ABERTURA, OLIMPIADAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, COMENTARIO, ORIGEM, HISTORIA, SIMBOLO, BANDEIRA, DEMONSTRAÇÃO, UNIÃO, POVO, MUNDO.
  • ELOGIO, EMPENHO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, BUSCA, SUPERIORIDADE, QUALIDADE, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, CRITICA, FALTA, ENTENDIMENTO, EXPECTATIVA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, RECONHECIMENTO, INDEPENDENCIA, PROVINCIA, TIBETE, COMENTARIO, SITUAÇÃO, EXILIO, LIDER, AUTORIDADE RELIGIOSA.
  • ELOGIO, CRIATIVIDADE, COMITE OLIMPICO, UTILIZAÇÃO, FLOR, OLIMPIADAS, COMENTARIO, IMPORTANCIA, SIMBOLO, LEITURA, TRECHO, MUSICA.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, SAUDAÇÃO, ATLETA PROFISSIONAL, REPRESENTANTE, BRASIL, OLIMPIADAS, COMENTARIO, DIFICULDADE, CATEGORIA PROFISSIONAL, ORIGEM, FAMILIA, BAIXA RENDA, FALTA, INCENTIVO, PATROCINIO, EXPECTATIVA, BENEFICIO, RESULTADO, PARTICIPAÇÃO, DELEGAÇÃO BRASILEIRA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, OLIMPIADAS, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, DESCRIÇÃO, HISTORIA, ELOGIO, EMPENHO, ATLETAS, DEFESA, PROPOSIÇÃO, REALIZAÇÃO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, SIMULTANEIDADE, ATLETA PROFISSIONAL, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Nery, Senador Pedro Simon, no dia de hoje, nesta manhã, em Pequim, há o ato oficial das Olimpíadas de 2008. É um momento bonito, é um ato que está sendo visto pelo mundo todo, mostrando a criatividade do Comitê Olímpico em um tema que envolve todos nós, a prática do esporte em toda a sua complexidade, numa visão universal.

Enfim, Sr. Presidente, o período que o mundo está vivendo, para mim, é especial: a união de todas as Nações, marcada pelo espírito de competição, mas, sobretudo - por isso, o destaque -, pelo espírito de confraternização, pelo espírito de respeito e, principalmente, pelo espírito da paz. Paz e amizade são princípios milenares dos Jogos Olímpicos. A competição não sugere perda de brilho, porque o evento, por si só, é um chamamento à união e, com certeza, terá o brilho natural do sol, da lua e das estrelas.

Os Jogos Olímpicos são uma homenagem à congregação dos povos, à torcida, ao reconhecimento do árduo trabalho que cada país se dispõe a fazer para participar desse momento tão importante.

Sr. Presidente, a origem dos Jogos Olímpicos remonta ao ano 776 a.C, na inesquecível Grécia. Esse é um legado do povo grego para a humanidade. A tocha olímpica saiu de lá e percorreu diversos países.

Lamentavelmente, as Olimpíadas já tiveram seus momentos inglórios, como foi no ano de 1936, em Berlim, quando o chanceler alemão Adolf Hitler, movido pela idéia de superioridade da raça ariana, não ficou para a premiação do atleta norte-americado Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro.

Mais recentemente, em 1980, em plena guerra fria, lembramos que os Estados Unidos da América (EUA) boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscou, em protesto contra a invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas.

Em 1994, foi a vez de a União Soviética não participar das Olimpíadas de Los Angeles, alegando falta de segurança para a delegação de atletas soviéticos.

Foi lamentável também o ocorrido nos Jogos de Atenas, em 2004, quando, no último dia da competição, durante a maratona, para tristeza dos torcedores brasileiros - estou lembrando alguns dos fatos -, o maratonista Vanderlei Cordeiro, que estava à frente na disputa masculina, foi alvo de ataque de um manifestante religioso, o padre irlandês Cornelius Horan, que furou a segurança. Com a ajuda de um espectador da prova, Vanderlei conseguiu ainda voltar à corrida, mas seu ritmo foi prejudicado, e ele ficou com a medalha de bronze. Vanderlei recebeu também a medalha Barão de Coubertin e tornou-se o herói olímpico de Atenas, uma justa homenagem, já que, no meu entendimento, ele deveria ter recebido mesmo era a medalha de ouro.

Superados momentos como esse e outros que eu poderia aqui citar, temos de focar nossa atenção nos cinco anéis entrelaçados na bandeira olímpica, que representam a união de povos e de raças, pois lá estão estampados os cinco continentes e suas cores: azul, Europa; amarelo, Ásia; preto, África; verde, Oceania e vermelho, América. A bandeira traz também o lema olímpico Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte).

A cada quatro anos, um país-sede recebe atletas de centenas de países para disputarem em conjunto modalidades esportivas. Neste ano, os XXIX Jogos Olímpicos ocorrerão na cidade chinesa de Pequim (Beijing). Com a abertura marcada e já acontecendo neste dia 8 de agosto, o evento terá como lema “Nova Beijing (Pequim), Grandes Olimpíadas”.

Pequim se preparou com grande pompa para esse momento, recebendo visitantes de todo o mundo. Os acontecimentos - que não posso deixar de resgatar - envolvendo o governo chinês e o Dalai Lama preocuparam todos nós, esse foi um fato triste que fez com que o Brasil refletisse sobre a situação do Mestre Dalai Lama. O Mestre Dalai Lama é uma personalidade de paz, uma figura amada por pessoas do mundo todo e exilado do seu país. É claro que ele sofre muito com os acontecimentos que envolvem o povo do Tibete. É lamentável - e aqui faço, Sr. Presidente, minhas ponderações - que o entendimento ainda não seja possível. Seria muito bom se todos pudessem se unir nesse clima de paz, nesse clima olímpico, nesse clima de alegria, e que se apontasse para o entendimento, para uma resposta definitiva que atendesse ao povo do Tibete, uma resposta que, acredito, é uma expectativa de toda a humanidade.

Pequim permaneceu com o direito de sediar os Jogos e está tratando de fazê-lo com muita competência. Conforme vinculado na imprensa, as ruas de Pequim serão decoradas com mais de 2,5 milhões de flores durante os Jogos Olímpicos. O Birô de Parques e Florestas do distrito de Dongcheng, uma das áreas financeiras da capital chinesa, onde se encontram algumas das instalações olímpicas, anunciou que as flores serão distribuídas numa área total de cerca de 22.047m². As flores serão arrumadas para formar figuras olímpicas e colocadas ao redor de locais como, por exemplo, o Estádio dos Trabalhadores. Serão utilizados mais de trinta tipos de flores, e algumas delas podem durar até quatro meses. De qualquer modo, segundo os organizadores, duas plantações estarão sempre de prontidão para substituírem as flores que forem, por um motivo ou outro, estragadas ou que murcharem. Além disso, Sr. Presidente, mais de dez mil ramos de orquídeas serão distribuídos em hotéis pela cidade. A Vila Olímpica terá sua própria floricultura, que despachará os ramos a serem entregues como presente aos atletas que forem ao pódio.

Sinceramente, achei magnífica, achei linda a idéia do Comitê Olímpico de homenagear o evento com flores, porque as flores, Senador José Nery, para mim, são símbolo de vida; as flores, para mim, são símbolo de amor; as flores, para mim, são símbolo de solidariedade, de fraternidade e de um tema que contagia a todos nós, são o próprio símbolo da defesa do meio ambiente, são símbolo do respeito às diferenças e, para mim, da própria liberdade.

Tenho um programa no sul, com o qual trabalho muito, que se chama “Cantando as Diferenças”, e, neste momento, estamos lançando em todas as cidades o programa “Preconceito e Discriminação Zero”. Há até um artigo no Zero Hora de hoje que publico nesse sentido, Sr. Presidente. E a capa desse programa estampa uma floresta e as flores, mostrando que a natureza respeita as diferenças, que quem não respeita as diferenças é o homem. O homem não as respeita. Por isso, o colorido da capa desse programa é a própria natureza.

Confesso, Sr. Presidente, que, desde adolescente, Senador Simon - e V. Exª, eu sei, conhece mais do que ninguém o que vou dizer agora -, sempre fui apaixonado por aquela histórica canção, que, para mim, é um hino, “Pra não Dizer que não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré. Quando vi a iniciativa do Comitê Olímpico, não sei por que voltei ao meu tempo de adolescente e, ontem, à noite, fiquei a ouvir exatamente a canção “Pra não Dizer que não Falei das Flores”, do grande Geraldo Vandré. E coloco essa canção no meu pronunciamento - é claro que não vou ter nem a liberdade nem a ousadia de cantá-la aqui. Pelo menos vou dizer um trecho dessa canção, com certeza, Senador Pedro Simon, porque ela é linda. Diz a canção - e falo “Pra não dizer que não falei de flores” como um símbolo, para mim, da própria Olimpíada:

Caminhando e cantando

E seguindo a canção,

Somos todos iguais,

Braços dados ou não.

Nas escolas, nas ruas,

Campos, construções,

Caminhando e cantando

E seguindo a canção...

Vem, vamos embora,

Que esperar não é saber.

Quem sabe faz a hora,

Não espera acontecer...

Pelos campos, há fome

Em grandes plantações.

Pelas ruas marchando

Indecisos cordões.

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora,

Que esperar não é saber.

Quem sabe faz a hora,

Não espera acontecer...

Há soldados armados,

Amados ou não,

Quase todos perdidos

De armas na mão.

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição:

De morrer pela pátria

E viver sem razão...

Vem, vamos embora,

Que esperar não é saber.

Quem sabe faz a hora,

Não espera acontecer...

Nas escolas, nas ruas,

Campos, construções,

Somos todos soldados,

Armados ou não.

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não...

E, na última parte, a canção fala novamente das flores:

Os amores na mente,

As flores no chão.

A certeza na frente,

A história na mão.

Caminhando e cantando

E seguindo a canção,

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição...

Vamos, vamos caminhando! Esperar não é saber.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª me permite, Senador? Não quero atrapalhá-lo.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Com certeza absoluta, concedo-lhe o aparte. Terminei a parte de que V. Exª pediu até que eu fizesse a leitura. Sei que essa canção embalou sua caminhada.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não há dúvida, Senador, de que essa foi a canção mais bonita da resistência democrática. O Vandré foi de uma felicidade fantástica! Eu me lembro do Maracanãzinho lotado no Festival da Canção. Essa canção ficou em segundo lugar; ganhou “Sabiá”, de Chico Buarque de Holanda. Apesar da beleza da canção de Chico Buarque de Holanda, o povo queria que cantassem essa canção. Tenho a gravação do povo todo cantando, no Maracanãzinho, essa canção. É uma das coisas mais bonitas, mais lindas que já vi na minha vida! Não há dúvida de que o Vandré sofreu muito, foi torturado, judiado. É um símbolo do sofrimento e da luta contra a ditadura. Mas foi uma grande canção. Quero felicitar V. Exª pelo seu pronunciamento. Estou chegando do meu gabinete, onde eu estava assistindo à abertura dos Jogos. Agora, começou o desfile. Depois, do pronunciamento de V. Exª, vou falar sobre a diáspora do povo gaúcho. Dentro daquele mundo, vou colocar o nosso Rio Grande. Mas que festa fantástica foi a abertura! Não tenho dúvida alguma de que a China está dando um show. Rússia, Estados Unidos, Europa, qualquer um, mas que coisa fantástica! Há dez meses, vem preparando, treinando e apresentando algo inédito na história da humanidade. Eu diria até que o festival de abertura das Olimpíadas da China, transmitido para mais de 2,5 bilhões de pessoas, vai ser um marco novo na televisão do mundo inteiro. Que exemplo fantástico de cultura, de beleza, de grandeza que a China está dando! Foi feito, inclusive, algo interessante: contou-se a história da China desde o papel, desde o alfabeto, desde o início, e se passou por cima da revolução comunista, por cima de Mao Tse-tung e de Chiang Kai-shek, e, depois, tratou-se da China moderna, mostrando o que a China é hoje. Realmente, hoje, a China é algo de fantástico! Vejo com delírio que, ao lado dos Estados Unidos, que pensam que é o Império Romano, querendo se impor, há a Europa, transformando-se numa confederação tão forte como os Estados Unidos. E lá há a China, a Índia, a Rússia, e, aqui, modéstia à parte, há o Brasil. A China está dando exemplo, está se apresentando para ser um dos grandes líderes da época moderna. Olha, fico emocionado em ver a competência e a capacidade de um povo de fazer uma Olimpíada com grandeza, como a China está fazendo. Fiquei muito feliz ao ver, no Jornal Nacional, que o Lula está lá, e ele fez muito bem em ir lá. Chegou lá como convidado especial do governo chinês, foi recebido pelo presidente, foi recebido pelo presidente do congresso e foi visitar a delegação brasileira. Era emocionante ver a alegria ali. Não tenho dúvida de que a presença do Presidente, de que o abraço do Presidente é um estímulo muito grande para aqueles atletas. É bom nos estimular, está na hora de fazer isso. Durante muito tempo, nossa presença nas Olimpíadas foi muito humilde, muito pequena, mas, agora, entidades como a Petrobras e outras estão dando força, entendendo que pelo esporte o povo tem a capacidade de crescer. O povo tem de comer, sim, mas tem de crescer com cultura, e o esporte também é uma grande cultura. Seu pronunciamento foi magnífico, como, aliás, é sempre. V. Exª foi muito feliz de fazê-lo hoje. Estamos aqui trabalhando e estamos cumprindo nossa parte, mas estamos felizes em ver que o mundo inteiro... Dizem que a maior audiência de televisão no mundo inteiro é esta que está acontecendo agora: mais de 2,5 bilhões de pessoas estão assistindo à abertura das Olimpíadas. Que bom! E lá estamos nós, os brasileiros. Orgulha-me muito ser amigo de V Exª e seu companheiro de Estado.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Simon, cada vez que V Exª fala, V. Exª traz na sua fala sempre, Senador José Nery, Senador Cristovam, um documento de alguém que viveu e fez a história. Por isso, pode saber que, toda vez que V. Exª faz um aparte ou vem à tribuna, paramos para ouvi-lo. E o fazemos não, como diz o outro, de graça ou apenas pela beleza, digamos, dos seus cabelos brancos, mas porque, realmente, o conteúdo da sua fala em cada momento é um documento histórico. Portanto, fico muito feliz com o aparte que V. Exª fez neste momento. E lhe confesso que eu não sabia desse episódio tão bonito que V Exª escreveu aqui sobre essa questão do Maracanãzinho.

V. Exª estava lá e assistiu àquele momento: em plena ditadura, o Maracanãzinho de pé, cantando a música do Vandré. Eu achei belíssimo.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu sou um apaixonado pelo Chico Buarque e pelas músicas do Chico Buarque, mas o próprio Chico Buarque disse que, por mais linda que fosse a sua música Sabiá, ele votaria no Vandré.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Esse é um depoimento histórico, que eu faço questão, naturalmente, que esteja no meu pronunciamento.

Sr. Presidente, afinal, para participar das Olimpíadas, um atleta tem de ser aprovado pelo Comitê Olímpico do seu país e também pelo Comitê Olímpico Internacional, e lá vai ele, cantando e praticando o esporte na sua importância.

Ele participa de inúmeros torneios para aquele momento. É uma maratona para chegar lá. Os que chegaram lá participaram de disputas em seus países de origem e, neste momento, o brilho maior é o que está acontecendo nesse belíssimo evento.

Quero destacar o velejador brasileiro Robert Scheidt, que vai ser o nosso porta-bandeira. Ele é um orgulho para todos nós. Seu esforço e sua garra fizeram dele um bicampeão olímpico: uma vez em Atlanta, em 1996, e outra em Atenas, em 2004. Em 2000, ficou com a prata em Sydney.

Neste ano, Sr. Presidente, serão realizados 302 eventos esportivos e serão disputadas 34 modalidades esportivas.

Durante a história das Olimpíadas modernas, várias modalidades foram excluídas do quadro de esportes olímpicos. Antes, havia o cabo de guerra, o críquete, o esqui aquático, o golfe, o hóquei sobre patins, a motonáutica e outras variedades. Mas o atual espetáculo olímpico tem esportes para todos os gostos. Ele vai desde o atletismo, que se soma ao beisebol, à natação, ao boxe, à canoagem, ao futebol, à esgrima, ao pólo aquático, ao tênis de mesa, ao voleibol, ao judô, aos saltos ornamentais e assim por diante.

O juramento feito pelos atletas é um momento emocionante. Eles prometem honra, boa vontade e esportividade. Para diminuir o sentimento nacionalista, lembro eu que, em 1920, a expressão “honrar o nosso país” foi trocada por “honrar a nossa equipe”.

O Brasil, Sr. Presidente, é conhecido perante o mundo como o país do futebol. Em seguida, vêm o vôlei, o basquete, a ginástica, mas nós vamos muito além. Nosso futebol fez história, é respeitado mundialmente - embora não atravessemos, hoje, um grande momento -, mas devemos lembrar que temos outros heróis em outras atividades esportivas. Aliás, todos aqueles que lá estão representam o Brasil e são verdadeiros heróis. Eles nos fazem sentir orgulho, pois a tenacidade com que correm atrás de seus objetivos é um exemplo magnífico.

Nós podemos lembrar os nomes de inúmeros brasileiros, como Diego Hypólito, Jade Barbosa, Thiago Pereira, Bruno Souza, Maria Laura Almirão, Rogério Clementino (o primeiro negro no hipismo brasileiro), Tatiane Sakemi, Carlos Shinin, Hudson de Souza, Marilson Gomes do Santos, Daiane dos Santos e tantos outros que lá estão.

Tenho certeza de que os nossos atletas, na China, estão com o coração cheio de esperança e otimismo, de vontade de se superar, de humildade para competir com respeito, coragem e fibra, a fibra dos vencedores, porque só chegar lá já demonstra a fibra dos vencedores.

Espero que nós, que ficamos aqui torcendo, com os olhos fixos na tela, saibamos empenhar nossa solidariedade, nosso carinho e nossa admiração por essas pessoas que levam o nome da nossa Pátria ao continente asiático.

Sr. Presidente, a superação de muitos desses rapazes e moças que competem pelo Brasil é de dar inveja, mas aquela inveja gostosa, carinhosa, porque todos nós, brasileiros, gostaríamos de estar lá. Muitos vêm de famílias pobres e lutam arduamente por uma chance como essa, de participar de uma olimpíada mundial.

Eu fico satisfeito e penso nessas pessoas como alguém que olha para o céu e ergue suas mãos para tocar uma estrela. Na verdade, eles são estrelas e levam o céu do Brasil em seus corações, em nossa Bandeira, que se junta a tantas outras para celebrar a união dos povos.

Do mesmo modo, Sr. Presidente, fico orgulhoso dos nossos esportistas paraolímpicos. Os Jogos Paraolímpicos são o equivalente aos Jogos Olímpicos, com provas restritas a atletas com deficiências físicas, visuais ou mentais. Eu só lamento, Sr. Presidente, e faço, aqui, um aparte ao meu próprio pronunciamento, pela ordem em que foram elaborados, pois acho, Senador José Nery, que os Jogos Paraolímpicos deveriam ser feitos na mesma época, no mesmo período. Se temos jogos por categorias, por idade, por que não teríamos, também, na mesma época, os Jogos Paraolímpicos, que contemplam as pessoas com deficiência?

Lembro, Sr. Presidente, que, em 1948, Sir Ludwig Guttmann organizou uma competição envolvendo veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesões na medula. Em 1952, juntaram-se a esses jogos competidores dos Países Baixos e, desse modo, o evento se tornou internacional.

O Comitê Olímpico Internacional criou as Paraolimpíadas em 1952, dedicadas especificamente aos atletas com deficiência física. Os primeiros jogos para atletas com deficiências organizados à imagem dos Jogos Olímpicos realizaram-se em Roma em 1960, e ficaram conhecidos como Jogos Paraolímpicos. Atualmente, os Jogos Paraolímpicos são organizados pelo Comitê Paraolímpico Internacional.

Em setembro de 2008, eles terão vez em Pequim. Eu acho que eles deveriam ocorrer agora, mas faz parte das regras do jogo. Está prevista a participação de mais de quatro mil atletas de diversos países, inclusive do Brasil.

Os três principais atributos do ser humano, “Mente, Corpo e Espírito”, foram adotados como lema do Comitê Paraolímpico.

É impressionante ver, Sr. Presidente, a superação desses atletas! É uma lição de vida olhar para eles e vê-los fazendo todo o esforço possível para vencer as suas próprias limitações, causadas pela deficiência. E eles vencem! E vencem com muita força. Eles vencem, e é um movimento gigante o sentimento que toma conta de cada um de nós quando os vemos competindo com toda a bravura de grandes guerreiros!

Como eu disse no início da minha fala, Sr. Presidente, esse é um momento especial. Vamos aprender muito, com certeza, nessas Olimpíadas e, também, nas Paraolimpíadas, com a vontade de vencer, de se superar, de confraternizar como irmãos, competindo sempre num alto nível.

Aliás, Sr. Presidente, eu concordo com a reivindicação das pessoas com deficiência, que aqui está reafirmada, de que as Paraolimpíadas deveriam ser realizadas no mesmo período e na mesma época. É quase que uma discriminação, permita-me dizer isso, com todo o respeito que este momento exige.

Repito, Sr. Presidente, que, se nós temos competição por idade, se temos competição para mulheres e para homens, por que não poderíamos ter, com o mesmo brilho - sabemos que o brilho é maior neste momento, com a expectativa mundial -, pessoas com deficiência participando, também, na sua categoria respectiva?

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Permite-me?

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Pedro Simon, eu faço questão do seu aparte. O meu pronunciamento é longo, estou indo para a sua parte final, e o seu aparte, naturalmente, dará um brilho especial a este orador que está na tribuna. Por isso, faço questão do seu pronunciamento.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Agradeço a gentileza e o carinho com que V. Exª se refere a mim. Na verdade, o grande nome nosso é V. Exª. Acho muito importante o levantamento que V. Exª está fazendo. Eu sou um...

O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Pedro Simon, o seu microfone está desligado.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - De alguma maneira, sempre estão querendo calar a minha voz: o meu microfone não funciona. Eu vejo com muito carinho as Paraolimpíadas. Quando fui Governador do Estado, modéstia à parte, fiz questão que o Governo patrocinasse a ida da delegação do Rio Grande do Sul para as Paraolimpíadas - à época, eles não tinham como ir -, o que resultou em várias medalhas para o Rio Grande. Acho algo emocionante o mundo ver pessoas deficientes, em cadeiras de rodas, jogando basquete. É espetacular! Entendo, com muito carinho e respeito, a proposta que eles apresentam, aqui colocada por V. Exª. No entanto, não sei se essa seria a melhor maneira. De um lado, claro, que teria o brilho das Olimpíadas, que é infinitamente maior do que o brilho das Paraolimpíadas. Mas eu acho, por exemplo - estou vendo isso agora nesta sessão -, que, se as realizássemos juntas, não sei se teriam o mesmo brilho que têm se feitas separadamente: olimpíadas especiais para o mundo olhar para eles. Lá pelas tantas, salta um fulano, obtendo recorde em altura, recorde em natação, recorde não sei em quê, e não seria dada a devida atenção a essa questão. Então, acho que tínhamos de discutir o que seria melhor: participarem juntos para dizerem que não estão discriminados ou terem um lugar especial em que eles brilhem sozinhos. Tenho o pressentimento de que uma coisa é eles terem lugar especial lá na China, quando terminam essas Olimpíadas e começam as deles, e aí eles terão a alegria de verem a corrida, de verem os seus avanços. Mas fazer isso, comparando-os com os demais atletas, que são os melhores do mundo, ficaria uma situação... V. Exª levanta uma questão importante, que deve ser discutida, mas, com toda a honestidade, à primeira vista, parece-me que ela deve ficar sozinha, com o realce que ela merece ter. Desculpe-me, mas acho que é uma das análises que deve ser feita.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Quero cumprimentá-lo pela forma como V. Exª coloca a questão. Ao mesmo tempo, diz que é preciso refletir a esse respeito para que, na ânsia de incluí-los no mesmo espaço e no mesmo brilho internacional que têm os atletas não-deficientes nesse momento, de repente, não diminuamos o brilho deles. A reflexão feita por V. Exª, assim como a forma de a colocar, será repassada a eles, já que esta é uma demanda das pessoas portadoras de deficiências, ou seja, que as Paraolimpíadas sejam na mesma época, no mesmo período. Esse é um tema sobre o qual devemos refletir, e V. Exª sabe que, todas as vezes que V. Exª nos chama à reflexão, eu o ouço com muito carinho.

Concedo o aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Paim, em primeiro lugar, parabéns pelo belo discurso, especialmente a parte em que nos trouxe essa linda música, que tanto nos inspirou durante muitos anos! Segundo, por trazer para cá a saudação aos nossos heróis deste momento, que são os brasileiros que estão em Pequim, defendendo a Bandeira brasileira. Terceiro, também a referência positiva ao fato de o Presidente Lula ter ido assistir à abertura do Jogos. Acho que isso foi extremamente positivo, não apenas porque ele está usando a viagem como uma forma de trazer as Olimpíadas para cá, como também porque é importante que ele esteja presente naquele momento. Mas, ao mesmo tempo, também para dar apoio ao que falou o Senador Pedro Simon. Creio, é claro, que são os portadores de deficiência que devem fazer a opção de quando eles querem. Compartilho da preocupação de que, se for no mesmo momento, as Paraolimpíadas vão desaparecer, elas vão se perder no mar de notícias dos grandes recordes que vão sendo alcançados ao longo das Olimpíadas pelos grandes atletas. Além disso, a discriminação pode ser afirmativa. Discriminação não é necessariamente negativa, embora a gente devesse ter inventado outro nome que não precisasse do adjetivo: “discriminação afirmativa”. Mas, como não existe ainda, dizemos “discriminação afirmativa”. Porque, se formos olhar pelo lado da igualmente de tratamento, daqui a pouco vão dizer que deve ser uma só competição: um cadeirante disputando uma corrida com um atleta que não precisa da cadeira. Então, se as disputas são separadas, essa é uma discriminação correta. Existe o recorde do atleta com toda a sua potencialidade, e existe o recorde daquele que tem de correr em uma cadeira. A discriminação é positiva na medida em que dizemos que “essa aqui alcançou recordes também”. O tratamento de dois recordes aí é uma forma de discriminação afirmativa. Acho que é positivo separar, tanto pelo lado de chamar a atenção, da divulgação, da mídia, como também de ter esse tratamento diferenciado para proteger aqueles que exigem um tratamento especial na hora de reconhecermos o seu esforço. Se hoje já se correm 100m em menos de 10 segundos - e esse é um recorde fenomenal -, um cadeirante que corre em muitos mais segundos merece a mesma honra, a mesma medalha, exatamente porque ele disputa em uma faixa separada. Daí a ter também Paraolimpíadas separadas, acho que é um passo lógico. No entanto, esta é uma opinião, mas deveriam ficar realmente juntos. Sugiro que também se faça, além das Paraolimpíadas, as “Olimpíadas Etárias”, para aqueles que já passaram de uma certa idade e que não conseguiriam, jamais, concorrer com os mais jovens, do ponto de vista físico. Que seja, nesse caso, separado, porque eu queria ver os velhinhos disputando entre eles, em uma festa deles, e não com atletas “saradas” e “sarados” que a gente vê disputando medalhas.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Cristovam, claro que levarei as opiniões de V. Exª e a do Senador Simon para a reflexão daqueles que entendem de forma contrária, com os quais tenho conversado muito nessa linha, por isso inseri o tema em meu pronunciamento. Já que falamos tanto em políticas de inclusão, que pudesse acontecer, Senador José Nery, de os portadores de deficiência estarem no mesmo patamar de debate. Naturalmente, já existe uma divisão nos Jogos Olímpicos por idade e por modalidade, então, se pudesse haver uma categoria especial, poderíamos estar juntos. Ouvi também a reflexão de V. Exªs no sentido de que talvez eles tivessem um espaço maior em um segundo momento, em Paraolimpíadas separadas. Tudo isso, para mim, é uma contribuição ao debate. E quem ganha com isso, naturalmente, são as pessoas com deficiência, porque, mais uma vez, o Senado da República está debruçado sobre o que, no nosso entendimento, depois de discutirmos com eles, seja o melhor.

Termino, Senador José Nery, até porque percebo que V. Exª tem de que viajar. Antes, porém, permita-me solicitar a publicação do meu pronunciamento na íntegra, com essa obra do poeta Arnaldo Antunes, intitulada Viva essa energia.

Diz o seguinte, Sr. Presidente:

No dia em que o céu beijou o mar

Fazendo a cama pro sol deitar

A noite veio cobrindo devagar

Com o seu manto de luar.

Ali foi gerado o novo dia

Trazendo pra terra a energia[da Olimpíada]

Dando vida nova ao novo mundo

Ao som do mar e à luz do céu profundo

Viva essa energia

[Viva a Olimpíada]

Todo mundo junto

Pra jogar

Viva essa energia

Todo mundo junto

Agora pra vibrar

[Viva a Olimpíada]

Viva essa energia

[Do esporte, do lazer]

Todo mundo junto,

Como o céu e o mar.

            Sr. Presidente, vou encerrar com uma frase que fiz questão de colocar quando da inauguração de um centro de lazer e esportes em uma grande praia do Rio Grande do Sul, na época em fui presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, frase, aliás, que os metalúrgicos do Rio Grande conhecem bem, e diz o seguinte: “Trabalhador tem que ter direito a esporte e a lazer” Essa frase está gravada no ginásio de esporte que construímos em Canoas e também na colônia de férias, que incentiva o esporte e o lazer - aqui concluo -, que significam vida, significam viver e envelhecer com dignidade.

Era isso.

Obrigado, Sr. Presidente, pela tolerância.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o período que o mundo está vivendo é muito especial. É a união de todas as Nações marcada pelo espírito de competição, mas sobretudo pelo espírito de confraternização, de respeito, de paz e amizade que são princípios dos jogos olímpicos.

A competição não sugere perda do brilho do evento porque ele, por si só, é um chamamento à união.

Ele é uma homenagem à congregação dos povos, à torcida, ao reconhecimento do árduo trabalho que cada País se dispôs a fazer para participar daquele momento de júbilo.

A origem dos jogos olímpicos remonta o ano 776 A.C. (antes de Cristo) na Grécia. Esse é um legado do povo grego para a humanidade e a tocha olímpica saiu de lá e foi percorrer diversos países afora.

Lamentavelmente as Olimpíadas já tiveram seus momentos inglórios como foi no ano de 1936 nas Olimpíadas de Berlim quando o chanceler alemão, Adolf Hitler, movido pela idéia de superioridade da raça ariana, não ficou para a premiação do atleta norte-americano negro Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro.

Mais recentemente, em 1980, em plena Guerra Fria, os EUA boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscou em protesto contra a invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas. E em 1994 foi a vez da União Soviética não participar das Olimpíadas de Los Angeles, alegando falta de segurança para a delegação de atletas soviéticos.

Foi lamentável também o ocorrido nos jogos de Atenas, em 2004, quando, no último dia de competição, durante a maratona, para tristeza dos torcedores brasileiros, o maratonista Vanderlei Cordeiro, corredor que estava à frente na disputa masculina, foi alvo do ataque de um manifestante religioso, o padre irlandês Cornélius Horan, que furou a segurança. Com ajuda de outro espectador da prova, Vanderlei conseguiu voltar à corrida, mas demorou para retomar seu ritmo e ficou com o bronze. Vanderlei recebeu também a medalha do Barão de Cobertin, e tornou-se o herói olímpico de Atenas.

Superados esses momentos, temos que focar nossa atenção nos cinco anéis entrelaçados na bandeira olímpica que representam a união de povos e raças, pois lá estão estampados os cinco continentes e suas cores (azul, Europa; amarelo, Ásia; preto, África; verde, Oceania; e vermelho, América). A bandeira traz também o lema olímpico "Citius, altius, fortius" (Mais rápido, mais alto, mais forte).

A cada quatro anos um país sede recebe atletas de centenas de países para disputarem um conjunto de modalidades esportivas.

Neste ano, os XXIX Jogos Olímpicos ocorrerão, na cidade chinesa de Pequim (Beijing). Com abertura marcada para 08 de agosto o evento tem como lema "Nova Beijing (Pequim), Grandes Olimpíadas".

Pequim se prepara com grande pompa para receber seus visitantes. Os acontecimentos envolvendo o governo chinês e o Dalai Lama foram de fato muito tristes e quase tiraram a China de cena.

O mestre Dalai Lama é uma personalidade de paz, uma figura amada por pessoas do mundo todo e, exilado de seu país, sofre muito com os acontecimentos que envolvem o povo do Tibete.

É lamentável que o entendimento não esteja sendo possível. Seria muito bom se todos pudessem se unir em plena alegria neste momento que é sempre tão especial para a humanidade.

Mas Pequim permaneceu com o direito de sediar os jogos e está tratando de embelezar suas ruas. Conforme veiculado na imprensa, elas serão decoradas com mais de 2,5 milhões de flores durante os Jogos Olímpicos.

O Birô de Parques e Florestas do distrito de Dongcheng, uma das áreas financeiras da capital chinesa onde se encontram algumas das instalações olímpicas, anunciou que as flores serão distribuídas numa área total de 22.047 metros quadrados.

As flores serão arrumadas para formar figuras olímpicas e colocadas ao redor de locais como o Estádio dos Trabalhadores.

Serão utilizados mais de 30 tipos de flores e algumas delas podem durar até quatro meses mas, de qualquer modo, duas plantações estarão a postos para substituir as flores que murcharem.

Além disso, mais de 10 mil ramos de orquídeas serão distribuídas em hotéis pela cidade. A vila olímpica também terá sua própria floricultura, que despachará os ramos a serem entregues como presente aos atletas que forem ao pódio.

Achei magnífica a idéia do Comitê Olímpico em homenagear o evento com flores, porque as flores para mim são símbolos de vida, de amor ao meio ambiente, de respeito às diferenças e da própria liberdade. 

Confesso que desde adolescente sempre fui apaixonado pela canção “Pra não dizer que não falei das flores”, do Geraldo Vandré, que diz:

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Caminhando e cantando

E seguindo a canção...

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...

Pelos campos há fome

Em grandes plantações

Pelas ruas marchando

Indecisos cordões

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...

Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição:

De morrer pela pátria

E viver sem razão...

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Somos todos soldados

Armados ou não

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não...

Os amores na mente

As flores no chão

A certeza na frente

A história na mão

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição...

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...

Certamente será uma festa belíssima mas, o esforço dos participantes e o desafio que cada modalidade do esporte impõe a eles é que concedem o grande brilho do espetáculo.

Afinal, para participar das Olimpíadas, um atleta tem que ser aprovado pelo Comitê Olímpico de seu país e também pelo Comitê Olímpico Internacional. Ele precisa participar de torneios oficiais classificatórios e deve obter índices e/ou classificação determinados pelos comitês, que vão garantir sua participação. 

O velejador brasileiro Robert Scheidt vai ser nosso porta-bandeira do Brasil. Ele é um orgulho para todos nós. Seu esforço e sua garra fizeram dele um bicampeão olímpico, uma vez em Atlanta, em 1996 e outra em Atenas, em 2004. E em 2000 ficou com a prata em Sydney.

Neste ano serão realizados 302 eventos esportivos e serão disputadas 34 modalidades esportivas.

Durante a história das Olimpíadas modernas várias modalidades foram excluídas do quadro de esportes olímpicos. Antes havia o cabo de guerra, o críquete, o esqui aquático, o golfe, o hóquei sobre patins, a motonáutica e outras variedades de esportes.

Mas o atual espetáculo olímpico tem esportes para todos os gostos. Ele vai desde o atletismo que se soma ao beisebol, à natação, ao boxe, à canoagem, ao futebol, ao esgrima, ao pólo aquático, ao tênis de mesa, ao voleibol, ao judô, aos saltos ornamentais e assim por diante.

O juramento feito pelos atletas é um momento de grande emoção. É quando eles prometem honra, boa vontade e esportividade. Para diminuir sentimentos nacionalistas, em 1920 a expressão "honrar o nosso país" foi trocada por "honrar a nossa equipe".

O Brasil é o País do futebol, do vôlei, do basquete, da ginástica, todos sabemos disso. Nosso futebol fez história e é respeitado mundialmente, mas nós temos outros heróis em outras atividades esportivas. Aliás, todos aqueles que lá estão, representando o Brasil são verdadeiros heróis.

Eles nos fazem sentir orgulho de ser brasileiros, pois a tenacidade com que correm atrás de seus objetivos é um exemplo magnífico.

Nós temos nomes como Diego Hipólito, Jade Barbosa, Thiago Pereira, Bruno Souza, Maria Laura Almirão, Rogério Clementino (o primeiro negro do hipismo brasileiro), Tatiane Sakemi, Carlos Shinin, Hudson de Souza, Marilson Gomes dos Santos, Daiane dos Santos e muitos, muitos outros. 

Eu espero que nossos atletas estejam na China com o coração cheio de esperança, de vontade de se superar, de humildade para competir com respeito, de coragem e fibra.

Espero que todos nós, que ficamos aqui torcendo, com os olhos fixos nas telas das televisões, saibamos empenhar nossa solidariedade, nosso carinho, nossa admiração por essas pessoas que levam o nome da nossa Pátria ao continente asiático.

A superação de muitos desses rapazes e moças que competem pelo Brasil, é de dar inveja. Muitos vêm de famílias pobres e lutam arduamente por uma chance como essa, participar de uma olimpíada mundial.

Eu fico tão satisfeito com isso e penso nessas pessoas como alguém que olha para o céu e ergue suas mãos para tocar uma estrela.

Na verdade, eles são estrelas. Eles levam o céu do Brasil em seus corações e em nossa bandeira que se junta a tantas outras para celebrar a união dos povos.

Do mesmo modo, fico orgulhoso dos nossos esportistas paraolímpicos.

Os Jogos Paraolímpicos são o equivalente aos Jogos Olímpicos, com provas restritas a atletas com deficiências físicas, visuais ou mentais.

Em 1948, Sir Ludwig Guttmann organizou uma competição envolvendo veteranos da II Guerra Mundial com lesões na medula. Em 1952 juntaram-se a esses jogos competidores dos Países Baixos, desse modo o evento se tornou internacional.

O Comitê Olímpico Internacional criou as Paraolimpíadas em 1952, dedicadas especificamente aos atletas com alguma deficiência física. Os primeiros jogos para atletas com deficiências organizados à imagem dos Jogos Olímpicos realizaram-se em Roma, em 1960, e ficaram conhecidos como Jogos Paraolímpicos. Atualmente, os Jogos Paraolímpicos são organizados pelo Comitê Paraolímpico Internacional (CPI).

Em setembro de 2008 elas terão vez em Pequim. Está prevista a participação de mais de quatro mil atletas de diversos países, inclusive do Brasil.

Os três principais atributos do ser humano: “Mente, Corpo e Espírito” foram adotados como lema do CPI.

É impressionante ver a superação desses atletas! É uma lição de vida olhar para eles e vê-los fazendo todo o esforço possível para vencer suas limitações.

E eles vencem, minha gente. Eles vencem! É absolutamente gigante o sentimento que toma conta de mim quando os vejo competindo com toda bravura de um grande guerreiro!

Como eu disse no início de minha fala, esses são momentos especiais. Vamos aprender com todos esses competidores que levam para as Olimpíadas e Paraolimpíadas, a vontade de vencer, de se superar, de confraternizar como irmãos.

Aliás, eu concordo com a reivindicação das pessoas com deficiência de que ambas as Olimpíadas deveriam acontecer no mesmo momento. Nós falamos tanto de inclusão. Esse seria um gesto belíssimo de inclusão. Todos os atletas reunidos, todas as competições acontecendo no mesmo período, independentemente de se tratarem de competições envolvendo atletas com deficiência, ou não.

Eu, como a grande maioria dos brasileiros, espero com ansiedade por cada etapa desses jogos e espero também com grande alegria no meu coração por este momento de graça que o mundo se permite!

Vamos torcer pelo nosso País, pelos nossos atletas, vamos vibrar com eles! Vamos viver esse momento em toda sua plenitude! Assim como aqueles que foram até lá para ficar perto deles, nós, daqui, enviamos nossa energia positiva, nossos votos de muito, mas muito sucesso!

Vamos fazer como Arnaldo Antunes sugere na letra ´”Viva essa energia”:

            No dia em que o céu beijou o mar

            Fazendo a cama pro sol deitar

            A noite veio cobrindo devagar

            Com seu manto de luar

            Ali foi gerado o novo dia

            Trazendo pra terra a energia

            Dando vida nova ao novo mundo

            Ao som do mar e à luz do céu profundo

            Viva essa energia

            Todo mundo junto

            Pra jogar

            Viva essa energia

            Todo mundo junto

            Agora pra vibrar

            Viva essa energia

            Todo mundo junto

            Como o céu e o mar

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2008 - Página 29820