Discurso durante a 141ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentário sobre o projeto de reforma tributária proposto pelo Governo Federal.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA TRIBUTARIA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Comentário sobre o projeto de reforma tributária proposto pelo Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2008 - Página 29874
Assunto
Outros > REFORMA TRIBUTARIA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, REALIZAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, BRASIL, CRITICA, CONDUTA, GOVERNO ESTADUAL, UTILIZAÇÃO, SUBSIDIOS, INCENTIVO FISCAL, ESPECIFICAÇÃO, RENUNCIA, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), FAVORECIMENTO, NATUREZA TRIBUTARIA, OBJETIVO, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, INDUSTRIA, EMPRESA, PROVOCAÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, ADVERTENCIA, FALTA, INTERVENÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, PROJETO, REFORMA TRIBUTARIA, EXECUTIVO, REMESSA, CONGRESSO NACIONAL, PROPOSIÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI), PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS), CONTRIBUIÇÃO, INTERVENÇÃO, DOMINIO ECONOMICO, COMBUSTIVEL, CRIAÇÃO, TRIBUTOS, AGREGAÇÃO, VALOR, AMBITO ESTADUAL, AMBITO NACIONAL, CESSAÇÃO, CONFLITO, NATUREZA FISCAL, REDUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL.
  • NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, BUSCA, EQUIDADE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, MELHORIA, DISTRIBUIÇÃO, RECURSOS, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, EDUCAÇÃO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, QUALIDADE, MÃO DE OBRA, CONCESSÃO, CREDITOS, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • DEFESA, REFORMA TRIBUTARIA, REDUÇÃO, CARGA, TRIBUTOS, VIABILIDADE, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, NECESSIDADE, CONTROLE, GASTOS PUBLICOS, APOIO, ELABORAÇÃO, FUNDO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SOLUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL.

A SRA. LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico) - Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos procurado fazer no Congresso Nacional um fórum permanente capaz de subsidiar o País na formulação e na implementação de políticas nacionais de desenvolvimento regional.

Nesse contexto, o surgimento de uma nova proposta de reformulação da política tributária deste País, dadas suas dimensões política, social e econômica, merece a atenção especial desta Casa.

A utilização de incentivos fiscais, subsídios e outros atrativos tributários tem sido comum entre os governos estaduais no Brasil.

A chamada Guerra Fiscal entre as unidades da Federação surgiu em um contexto de abandono de políticas e de instrumentos de desenvolvimento nacional e regional e a extinção das agências federais de desenvolvimento.

Essas decisões provocaram a descentralização de ações de desenvolvimento regional.

Os Estados passaram a adotar políticas de incentivos com o intuito de atrair investimentos industriais para o seu território, sem a interferência do Governo federal.

O principal atrativo tem sido a renúncia do ICMS. É necessário reconhecer que, frente à tendência natural de os investimentos concentrarem-se nas áreas mais desenvolvidas do País, reforçando desigualdades, a Guerra Fiscal foi uma tentativa de atrair investimentos para fora do núcleo industrial mais moderno do território brasileiro.

Aceitas as considerações acima alinhadas, a reforma tributária apresenta-se como uma necessidade para a retomada do desenvolvimento brasileiro de forma sustentada e geopoliticamente distribuído.

Considerando-se as peculiaridades regionais, a dificuldade maior reside em criar instrumentos justos de atração de investimentos, bem como construir os mecanismos de transição para o novo marco institucional.

O Projeto de Reforma Tributária, enviado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional, está assentado na substituição dos tributos sobre bens e serviços como o ICMS, IPI, PIS, Cofins, Cide-Combustíveis, por dois impostos sobre o valor adicionado: O Imposto sobre Valor Agregado - Estadual (IVA - E) e o Imposto Sobre Valor Agregado - Federal (IVA - F).

Como o IVA - E observaria o princípio do destino, ou seja, seriam arrecadados pelos Estados onde os produtos são consumidos ou utilizados no processo de produção, o principal mecanismo da Guerra Fiscal seria desativado.

A solução passa por uma distribuição equilibrada dos investimentos em infra-estrutura, que determinarão o futuro das regiões no nosso País.

A migração da incidência da tributação da origem para o destino seria paulatina. Caberia construir um sistema de compensação em que não houvesse perdedores.

Porém, o ponto central é que a eliminação dos incentivos estaduais deve ter como contrapartida a adoção de medidas efetivas, por parte do Governo federal, voltadas para a redução dos desequilíbrios regionais.

Nesse contexto, faço um parêntese para minha região. É fundamental existirem instrumentos de promoção de desenvolvimento e de atratividade das indústrias para o Centro-Oeste e para Goiás, especificamente.

Não podemos ter uma reforma que iniba o desenvolvimento. Se tivermos um modelo nacional de desenvolvimento regional, é possível fazer a reforma.

Srªs e Srs. Senadores, uma carga tributária alta inibe o desenvolvimento. É importante a visão dos governadores, que estão fazendo economia em seus Estados e querem que a União faça o mesmo, cortando gastos públicos para que possa diminuir a carga tributária.

Novos modelos de desenvolvimento têm sido registrados pela literatura especializada, enfatizando algumas localidades como regiões e cidades que estão transformando as suas estruturas produtivas.

Os novos processos de desenvolvimento combinam a atração de investimentos significativos com a ativação das potencialidades socioeconômicas locais.

O fundamental é a implantação nas Regiões/Estados e localidades das condições sistêmicas para tornar competitivos os investimentos ali realizados.

O poder de atração de novos investimentos estaria associado a fatores que confiram competitividade ao sistema produtivo.

No momento, está sendo proposta a constituição do FNDR (Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional). Os recursos dele oriundos poderiam ser alocados em investimentos estruturantes, no financiamento ao setor produtivo e em incentivos fiscais, que seriam geridos pelas superintendências de desenvolvimento regional recriadas.

O desenvolvimento regional equilibrado e em bases sustentáveis requer ações voltadas para reforçar fatores que reduzam as desvantagens das áreas mais pobres, definindo uma melhor distribuição de ativos estratégicos no território brasileiro, tais como: infra-estrutura física; escolarização e qualificação da mão-de-obra; acesso a crédito; capacidade de investimento do setor público em suas três esferas; sistemas locais de inovação; capacitação em pesquisa e desenvolvimento; desenvolvimento institucional; sustentabilidade ambiental e o fortalecimento das cadeias produtivas e dos arranjos produtivos locais.

Sr. Presidente, o novo ciclo de desenvolvimento brasileiro ensaia os seus primeiros passos e os avanços institucionais recentes indicam que estão postas as condições para a inauguração de uma nova geração de políticas de desenvolvimento regional no Brasil.

A solução passa por uma distribuição mais equilibrada dos fatores estratégicos que determinarão o futuro das regiões no nosso País.

A minha determinação política é de que a reforma tributária seja, antes de tudo, um instrumento de distribuição de renda e indutora do desenvolvimento econômico e social do País.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2008 - Página 29874