Discurso durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a respeito da diminuição da pobreza no País. Preocupação com a saúde no Estado do Pará e a situação da Santa Casa de Misericórdia. Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comentários a respeito da diminuição da pobreza no País. Preocupação com a saúde no Estado do Pará e a situação da Santa Casa de Misericórdia. Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2008 - Página 29566
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DEPUTADO ESTADUAL, PRESENÇA, PLENARIO, SENADO.
  • QUESTIONAMENTO, COMEMORAÇÃO, REDUÇÃO, POBREZA, INEFICACIA, PROGRAMA, BOLSA FAMILIA, COMBATE, FOME, DEFESA, MELHORIA, EDUCAÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA, PREVIDENCIA SOCIAL.
  • COMENTARIO, INEFICACIA, SAUDE, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, MORTE, RECEM NASCIDO, SANTA CASA DE MISERICORDIA, ESTADO DO PARA (PA), CRITICA, OMISSÃO, GOVERNADOR, AUSENCIA, ESFORÇO, MELHORIA, SAUDE PUBLICA, REPUDIO, DECLARAÇÃO, INEXISTENCIA, RECURSOS, INVESTIMENTO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, NEGLIGENCIA, APOSENTADO, REGISTRO, EXPECTATIVA, REUNIÃO, COMISSÃO, DIREITOS HUMANOS, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SENADOR, SUBSCRIÇÃO, DOCUMENTO, COBRANÇA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de começar o meu pronunciamento, eu gostaria de dizer da minha satisfação de ter aqui nesta tarde o eminente Deputado do meu Estado, representante da cidade de Santarém, no Pará, o Deputado Estadual Alexandre Von.

            É um prazer muito grande, nobre Deputado, tê-lo aqui.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, ouvi alguns Senadores festejarem a queda do índice da pobreza, Senador Pedro Simon. Queria eu poder, com muita satisfação, dizer também que eu estou satisfeito. Queria eu poder dizer isso. Queria eu poder dizer também que é hora de comemorar. Queria eu poder dizer isso. Não posso. Não posso, Sr. Presidente, Srs. Senadores.

            A queda da pobreza é fruto de um programa do Governo questionado por muitos técnicos, que é o Bolsa-Família. Eu não consigo entender como se pode festejar neste País algo sem se ter saúde. Eu não consigo entender como se pode festejar neste País algo se não se tem educação; se não se tem segurança; se o Governo gasta muito; se os aposentados passam fome; se a inflação começa a bater à porta; se as estradas federais estão esburacadas; se o País não tem portos, ferrovias, rodovias. O que se tem para festejar neste País? Eu não entendo, Srs. Senadores.

            Queria eu, sinceramente, sinceramente, poder chegar a esta tribuna e parabenizar o Presidente Lula. Ainda não posso. Ainda não devo. Está muito longe. Se a pobreza diminuiu neste País, temos ainda quilômetros, e quilômetros, e quilômetros, e quilômetros de distância a percorrer.

            Senador Geraldo Mesquita, estamos longe de poder festejar. A saúde neste País não existe. Os pobres deste País estão morrendo nas filas dos hospitais, Senador. Tenho que festejar isso, Senador? Eu devo festejar isso, Senador?

            No meu Estado, Senador, a irresponsabilidade, a incompetência trouxeram à tona uma mostra terrível, inacreditável, inconcebível: a morte de 280 bebês na Santa Casa de Misericórdia! A reportagem da TV Globo mostra 12 corpos de crianças enroladas em papelões, em jornais, dentro de um freezer comum - dentro de um freezer comum! -, misturados com refrigerante, com água e com comida. Doze corpos de bebês! Essa é a saúde do meu País.

            A Governadora, que nunca visitou sequer a Santa Casa, é do PT, do partido do Presidente da República, e diz que não tem verba para investir na saúde, Senador. Sequer a Governadora, desde que assumiu, fez uma visita a esse hospital onde morreram esses bebês. Sequer fez uma visita! Depois da morte dos 280 bebês, rapidamente ela foi, à noite, ao hospital. É grande a irresponsabilidade.

            Em maio, Senador, eu vim a esta tribuna, e tenho a cópia do meu pronunciamento - depois dizem, meu nobre Deputado Alexandre Von, que o Mário Couto vive a perseguir nesta tribuna a Governadora do seu Estado, que o Mário Couto não faz outra coisa senão vir falar da Governadora nesta tribuna -, e eu avisei. Eu vim aqui no dia 7 de maio. Eu vim aqui, Senador Renan Calheiros, com a minha sinceridade, com a minha postura franca, como eu sou, destemido. Vim aqui a esta tribuna, Senador, e disse o que ia acontecer na Santa Casa de Misericórdia. Eu disse no meu pronunciamento aqui que fatos graves estariam para acontecer na Santa Casa de Misericórdia. Logo fui acusado de perseguidor. Logo fui acusado de que estaria eu tentando derrubar politicamente a Governadora do meu Estado.

            Nada disso! Quero o meu Estado bem. Quero viver momentos de satisfação no meu Estado. Não gosto de ver o Estado do Pará todos os meses em escândalos na televisão. Ainda anteontem, eu vi um na cidade de Viseu, onde juízes tiveram que sair correndo feito ladrões, em helicópteros. Eu vi outro, ao abrir o jornal de hoje, com sete mortes na capital paraense.

            Eu não posso ficar calado diante da morte de 280 bebês no hospital na minha terra! Eu não posso ficar calado!

            É isso que se tem para comemorar neste País? Será que é a miséria dos aposentados e pensionistas que morrem à míngua neste País que se tem para comemorar, Senador?

            Senador Paim, quanto aprecio V. Exª! Saiba disso. Quanto admiro V. Exª! Saiba disso. Senador Paim, eu lhe digo, do fundo do meu coração - e tenho também certeza de que V. Exª tem esse mesmo sentimento ou até maior, porque luta por essa causa há mais tempo que eu; V. Exª me disse um dia que está dentro do seu sangue essa causa -, que nós teremos, Senador Mão Santa e Senador Geraldo Mesquita, de tomar medidas mais duras; nós teremos de mostrar ao Governo que aqui, neste Senado, há Senadores que não se conformam de maneira nenhuma com a maneira como vivem os aposentados neste País.

            O Presidente Lula vive um momento bom. Arrecada, até este mês - está aqui a arrecadação de impostos do Brasil -, R$610 bilhões, até ontem, segundo o Painel da Associação Comercial de São Paulo. São R$610 bilhões, recorde absoluto na história do Brasil em arrecadação de impostos. Nós vamos passar de R$1 trilhão este ano. E aí ficam dizendo que a Previdência é deficitária, que não se pode dar aumento. Nós não queremos nada mais do que o direito dos aposentados, nobre Senador Paim.

            Eu estaria com uma viagem programada hoje para o meu Estado. Não vou. Só vou na quarta-feira, porque tenho um compromisso na terça-feira na Comissão de Direitos Humanos, onde tenho certeza que lá estaremos, os 16 Senadores que escreveram um documento a esta Mesa dizendo que vão de qualquer maneira encarar essa situação dos aposentados. Com coragem e determinação, estaremos lá. O documento está em aberto esperando mais assinaturas. Estaremos lá, combinando e programando o que vamos fazer daqui para frente. Será uma postura dura para mostrar ao Governo que nós não agüentamos mais, que não tem mais discurso que faça dobrar o Governo, que não há mais apelos que façam dobrar o Governo. Já foram muitos, de Mão Santa, de Flexa Ribeiro, de Geraldo Mesquita, milhares de Paim, e outros de tantos outros Senadores.

            Eu queria poder comemorar, meu nobre Senador Paim. Queria poder eu comungar com a palavra de outros Senadores que me antecederam - e respeito a todos - e poder dizer-lhes que eles estão certos. Não estão. Nós estamos longe de comemorar vitórias neste País, nós estamos muito longe. O que mais a população precisa nós não temos: segurança, saúde, educação e transporte.

            E façam uma idéia: com a economia deste País, com o céu de brigadeiro em que anda este mundo na atualidade, se nós tivéssemos saúde, se nós tivéssemos educação, se nós gastássemos menos, se nós tivéssemos segurança, se nós tivéssemos rodovias, se nós não tivéssemos a inflação voltando, como estaria este País tão bom!

            Era esse o meu desejo. Eu não torço por um Pará pior. Eu torço por um Pará melhor. Eu torço por um bom governo da minha Governadora. Eu não torço por um País pior. Eu amo o meu Brasil. Eu quero saúde para o meu País; eu quero segurança para o meu País; eu quero educação para o meu País; eu quero que o Presidente Lula gaste menos; eu quero poder chegar a esta tribuna e elogiar o Presidente Lula. É isso o que eu desejo fazer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2008 - Página 29566