O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou falar aqui e, por uma feliz coincidência, com a presença do Senador Paulo Hartung, sobre um problema que aflige o Estado do Espírito Santo e que poderia já ter sido resolvido há muito tempo, mas, por questões que não são inerentes à vontade do Estado, da sua Bancada e às vezes até do Governo Federal, persiste em não ser resolvido: o problema do aeroporto de Vitória.

Eu acho que não cabe nos dedos das mãos e dos pés a quantidade de vezes que o Governador já veio a Brasília para tratar com a Infraero, com o Ministério da Defesa - e, antigamente, quando era o Ministério da Aeronáutica - as tratativas em torno da construção do novo aeroporto de Vitória. É a única capital do País, Sr. Presidente, que tem um aeroporto, como disse o Governador há poucos dias, que se compara à rodoviária - mas não é à rodoviária da capital, não; é à rodoviária do interior do Estado.

Pois bem. Desde o tempo do governo do Presidente Sarney já se falava desse aeroporto, e começaram a fazer projetos. Nos oito anos do governo do Presidente Fernando Henrique, vários projetos, vários estudos, várias plantas, vários desenhos do futuro aeroporto.

E, finalmente, o Presidente Lula foi a Vitória há quatro anos para dar início às obras do aeroporto, um ato solene. Eu, caminhando, quando o Presidente Lula retornava do ato, juntamente com o Governador Paulo Hartung, que estava também presente - o Renato Casagrande não era Senador, era Deputado Federal e estava presente -, ouvimos o Presidente Lula dizer assim: “Comecem pela estação de passageiros, porque ela até sai do chão e dá mais aparência à obra, que eu quero inaugurar daqui a dois anos”.

Pois bem, não cumpriram a ordem do Presidente e começaram por fazer a segunda pista, que é importante, mas não é tão importante quanto a estação de passageiros, que é a tal “rodoviária do interior”.

Aí, as obras começaram. Houve a impugnação pelo Tribunal de Contas - superfaturamento, entendimento do Tribunal de Contas. A Infraero não prestou os esclarecimentos necessários. O consórcio que constrói o aeroporto me pareceu um pouco soberbo nas suas posições. Não teve a humildade de, na hora, esclarecer aos técnicos do Tribunal de Contas aquilo que era importante. E, aí, tivemos, agora, uma decisão do Tribunal de Contas, que está sendo tomada hoje e que o Presidente Lula antecipou, de romper o contrato com o consórcio que está construindo o aeroporto, depois dessas denúncias que foram feitas pelo Tribunal de Contas.

Hoje, pela enésima vez, o Governador Paulo Hartung, acompanhado da Bancada, irá ao Ministro Jobim.

O Ministro Jobim, no último encontro que tivemos, há uns 15 dias, se prontificou e mostrou o desejo de evitar que o rompimento de contrato com o atual consórcio vá para a Justiça, porque, se for para a Justiça, conforme a Líder Ideli estava dizendo aqui, o aeroporto vai para as calendas. Não teremos oportunidade de vê-lo, talvez a atual geração, talvez um Governador mais jovem, o Presidente Collor. Quem mais aí? As crianças que estão nascendo hoje verão o novo aeroporto. A nossa geração não o verá, se for para a Justiça.

As tratativas do Ministro são exatamente no sentido de que essa “cabeça de burro” possa ser desenterrada, “cabeça de mula”, “mula-sem-cabeça”, para que a gente possa ver as obras reiniciadas, sem que o consórcio vá à Justiça e sem que um novo edital também não impeça, de acordo com as normas do Tribunal de Contas, que o atual consórcio participe da licitação. Nós queremos é que o aeroporto seja construído.

E vejam V. Exªs, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que esse aeroporto é tão importante que, no último ano - ele está projetado para 400 mil passageiros/ano -, teve 2,5 milhões, 3 milhões passageiros/ano. É um suplício; o Governador tem razão. Achei meio dura a declaração dele de que parece uma rodoviária do interior.

Mas, na rodoviária, por exemplo, de Marilândia, que é uma cidade muito pequena, onde mora minha família, o passageiro se sente um pouquinho melhor do que no aeroporto de Vitória, de modo que o pessoal de Marilândia não gostou da comparação. Pode ser outro interior, menos a rodoviária de Marilândia, que é muito melhor que o aeroporto de Vitória, pelo conforto que proporciona aos seus passageiros.

Nós vamos hoje, Sr. Presidente, com o Governador, ao Ministro, na esperança de que, agora, o povo do Espírito Santo tenha uma resposta definitiva - o aeroporto vai ser reiniciado dia tal, o prazo para a construção é de tantos meses, vai ser inaugurado na data tal - e de que nós possamos ter algo de palpável na mão para apresentar à população do Espírito Santo. O aeroporto virou um problema fundamental. Até quem anda de ônibus quer um aeroporto melhor no Espírito Santo. E, no Espírito Santo, com o crescimento que está havendo agora - foi o Estado que mais cresceu no Brasil, 16% -, pouca gente está andando de ônibus. Está todo o mundo andando de avião, pois a renda per capita está subindo muito.

Muito obrigado.