O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Caríssimo Presidente Senador Augusto Botelho, antes de mais nada, queria agradecer a gentileza do Senador Paim que me permitiu falar em seu lugar nesse espaço de comunicação inadiável.

Quero comunicar ao Plenário a visita que fiz hoje pela manhã ao Embaixador do Peru, Sr. Hugo de Zela, acompanhando o Presidente da Federação das Indústrias do meu Estado, João Francisco Salomão, e membros da diretoria, João Albuquerque. Na ocasião, fez-se presente também o Deputado Gladson Cameli, Deputado Federal do meu Estado.

O Embaixador recebeu-nos por provocação do Dr. Salomão, Presidente da FIEAC, para tratar de questões que dizem respeito aos nossos interesses fronteiriços, ao Acre e às cidades peruanas que fazem fronteira ali com o nosso Estado.

Atualmente, o Brasil continua preso à Costa do Atlântico. Cerca de 80% da população do país vive em cidades a menos de mil quilômetros da Costa, e 82% do PIB são gerados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Estudos recentes demonstram que uma saída para o Pacífico iria fortalecer a economia do Oeste brasileiro, ampliando a produção agrícola para algo em torno de 165 milhões de toneladas/ano, quase 60% à da atual.

Foi a partir dessa premissa, Senador Álvaro Dias, que o Dr. Salomão, Presidente da FIEAC, tomou a iniciativa de propor esse encontro com o Embaixador do Peru e levar a Sua Excelência questões concretas, que dizem respeito ao nosso dia-a-dia, e questões também que abrem uma janela de perspectiva para o desenvolvimento daquela região.

De fato, o Brasil está debruçado sobre o Atlântico, a maior parte do País, e precisamos mudar um pouco esse foco; ou, por outra, também priorizar, Senador Paim, o Oeste brasileiro.

Eu falei em questões concretas e objetivas a partir de questões singelas, como o câmbio. Os irmãos peruanos, que estão ali na fronteira, Senador Paim, têm interesses comerciais conosco ali no Acre, em toda a nossa região. Agora, culturalmente, tradicionalmente, não temos, até por questões de praticidade. No Acre e no Brasil não conseguimos manipular a moeda peruana. A verdade é essa. E do lado deles a mesma coisa. Eles também têm dificuldade de transacionar com o nosso real.

Então, essa foi a primeira questão colocada pelo Presidente da FIEAC, em audiência com o Embaixador do Peru. Que ambos os países possam conciliar os interesses e trabalhar no sentido de criarmos, ali na nossa fronteira, nos nossos limites, uma situação que permita a operação de câmbio com facilidade, para os que vão para o Peru, os que vêm do Peru, etc.

Uma linha de ônibus internacional, nós não temos, Senador Paim. É complicado. A não ser em carro particular, não temos como permitir um fluxo de pessoas, tanto de lá para cá como daqui para lá, ali pela nossa fronteira. Diga-se de passagem, do nosso lado, até Assis Brasil, a estrada já está absolutamente asfaltada. Do lado do Peru há um esforço grande, inclusive com a participação brasileira, no sentido de concluir a pavimentação da estrada que vai levar até o Pacífico, passando por aquelas belas cidades peruanas, uma linha de ônibus. Nada mais importante ali, na nossa região, do que uma iniciativa como esta: uma zona de livre comércio. O Município de Santa Rosa, no Acre, faz fronteira com a cidade de Porto Esperança, cidade peruana. Do lado de lá, cinco mil habitantes. Do lado de cá, aproximadamente isso.

Ali, poder-se-ia criar um embriãozinho de uma zona de livre comércio para movimentar a economia e impulsionar o desenvolvimento.

Implantação de vôos diários, com uma freqüência razoável, entre Peru e Brasília, passando pelo Acre. Nesse sentido, do lado do Peru, o Embaixador ficou de verificar a possibilidade de acionar e entrar em contato com as empresas do seu país. De nossa parte, ficamos também de fazer contato com TAM, com GOL, com empresas regionais, para ver se criamos essas possibilidades.

Lá em cima, em Cruzeiro do Sul, a ligação com o Pacífico está sendo construída, por intermédio de Assis Brasil, cá embaixo. Lá em cima, Cruzeiro do Sul faz fronteira com Pucalpa. É um trecho de 200 km. Há um pleito forte ali das pessoas que vivem naquela região de que a pavimentação dessa estrada um dia aconteça, possa ser realidade muito em breve.

Enfim, trago aqui, Senador Paulo Paim, a notícia de que - e veja que estou falando de um organismo que, via de regra, se preocupa em priorizar os interesses de seus associados...

(Interrupção do som.)

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Estou concluindo, Senador Augusto.

Senador Augusto Botelho, estou concluindo: é um Organismo que via de regra, fica ali, na Fronteira dos interesses dos seus associados, mas Dr. Salomão abre o compasso nas questões e traz à discussão com o Embaixador do Peru, tem uma transcendência enorme, são questões que transbordam para o interesse de toda a população do Acre, de toda a população que vive no Oeste brasileiro. Portanto, o reclamo a esse pleito é esse. Estou falando para a Casa da Federação brasileira: precisamos - sem negligenciar os interesses que nos ligam ao Atlântico, precisamos começar a priorizar os interesses que possam nos ligar ao Pacífico - porque é uma grande ligação e abre uma janela de enorme perspectiva para todos nós, do País. Portanto, era esse o anúncio que queria fazer, agradecendo ao Senador Augusto Botelho.

Era o que tinha a dizer e muito obrigado Senador. (Muito bem!)