Discurso durante a 144ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da participação de S.Exa. na "Operação Poraquê", exercício simulado de guerra na selva da região amazônica, a convite do Ministério da Defesa.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS.:
  • Registro da participação de S.Exa. na "Operação Poraquê", exercício simulado de guerra na selva da região amazônica, a convite do Ministério da Defesa.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2008 - Página 30518
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ATENDIMENTO, CONVITE, MINISTERIO DA DEFESA, SIMULAÇÃO, OPERAÇÃO DE GUERRA, FORÇAS ARMADAS, REGIÃO AMAZONICA, OBJETIVO, TREINAMENTO, TROPA, DESENVOLVIMENTO, MODERNIZAÇÃO, ESTRATEGIA MILITAR, LOGISTICA, COMUNICAÇÕES, INTEGRAÇÃO, COMUNIDADE, REGIÃO, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL, PRESERVAÇÃO, INTEGRIDADE, TERRITORIO NACIONAL, INTERESSE NACIONAL.
  • IMPORTANCIA, OPERAÇÃO MILITAR, EXIBIÇÃO, FROTA, MARINHA, EXERCITO, AERONAUTICA, REGISTRO, PRESENÇA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, GENERAL DE EXERCITO, CHEFE, COMANDO MILITAR DA AMAZONIA (CMA), GENERAL DE BRIGADA, ESTADO-MAIOR, COMENTARIO, SUPERIORIDADE, MEMBROS, CONTINGENTE MILITAR, INDIO, DESCENDENTE, GRUPO ETNICO, ELOGIO, UTILIZAÇÃO, CONHECIMENTO, FLORESTA AMAZONICA, BENEFICIO, BRASIL.
  • AGRADECIMENTO, ATENÇÃO, MEMBROS, FORÇAS ARMADAS, ELOGIO, EFICACIA, ATUAÇÃO, ELABORAÇÃO, ESTRATEGIA MILITAR, ESCLARECIMENTOS, DESNECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, CONTINGENTE MILITAR, NECESSIDADE, MELHORIA, MODERNIZAÇÃO, REFORÇO, MATERIAL BELICO.
  • DEFESA, RESPONSABILIDADE, BRASILEIROS, ESPECIFICAÇÃO, CONGRESSISTA, PROTEÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, TERRITORIO NACIONAL.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no último final de semana, tive a inédita, honrosa e gratificante oportunidade - cívica e humana - de participar, a convite do Ministério da Defesa, da “Operação Poraquê”.

Foi um exercício simulado de guerra na selva, com o concurso direto de 3.500 militares da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, realizado todos os anos na Região Amazônica, desde 2002.

Os dois principais objetivos dessa operação foram: em primeiro lugar, manter as tropas adestradas no teatro de operações da Amazônia; e, em segundo, desenvolver novas táticas de processos de logística e comunicações. Vale assinalar que, durante esses exercícios, a população local teve a oportunidade de interagir com as Forças Armadas por meio de diversas ações cívico-sociais (ACISO), em campo.

Ambos confluíram na finalidade maior de defender a soberania brasileira, com a preservação da integridade territorial, do patrimônio e dos interesses nacionais relativos à Amazônia contra oponentes de poder militar semelhante ou inferior.

O cenário projetado para a operação contemplou uma situação de crise entre dois países fictícios: o verde e o amarelo. O ponto de discórdia consistiu em questões energéticas e posse de áreas com riquezas estratégicas no subsolo, que estão além da fronteira, delimitada pelo Rio Negro.

O Brasil, Sr. Presidente, era o país verde, localizado no continente da “Lemúria do Sul”, estando o nosso território sob ameaça do país amarelo, que ambicionava ocupar a Hidrelétrica de Balbina e as áreas ricas em minérios. Coube às Forças da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sob a égide de um comando combinado, fazer a mobilização necessária para dissuadir o país amarelo dos seus desígnios agressivos.

A missão do Comando Combinado da Amazônia, nesse contexto, incluiu as seguinte ações: planejar e executar a campanha militar no nível operacional, para conquistar os objetivos estratégicos previstos na concepção estratégica, a fim de alcançar condições favoráveis para a negociação de paz e contribuir para a defesa da soberania, para a preservação da integridade territorial, do patrimônio e dos interesses nacionais verdes.

Os referidos objetivos estratégicos foram estes:

- alcançar a superioridade militar ou, no mínimo, manter o equilíbrio capaz de dissuadir qualquer pretensão do país amarelo;

- impedir a ocupação de qualquer parte do território verde, tomando a iniciativa das operações;

- colaborar com as ações humanitárias, participando, no que fosse possível, da reconstrução das áreas afetadas pelo conflito, e contribuir para o bem-estar da população residente na área de operações e demais áreas do território verde;

- realizar, se necessário, ações em território amarelo, com o objetivo de:

1) neutralizar as forças oponentes engajadas ou submetê-las às condições impostas por verde;

2) neutralizar as bases amarelas de sustentação da guerra;

3) assegurar a superioridade aérea;

4) assegurar o domínio das águas fluviais nas áreas de interesse à proteção do tráfego fluvial, negar o uso das águas fluviais pelo inimigo e conquistar, destruir ou neutralizar objetivos identificados como de importância para o esforço de guerra de amarelo; e

5) impedir dano de qualquer natureza à infra-estrutura de verde.

Quanto às organizações militares envolvidas, participaram:

Pela Marinha

9º Distrito Naval

-     Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental

-     Comando da Flotilha do Amazonas

-     Estação Naval do Rio Negro

-     Batalhão de Operações Ribeirinhas

-     Depósito Naval de Manaus

-     Capitania Fluvial de Tabatinga

-     3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral

Pelo Exército

Comando Militar da Amazônia

-     8ª Região Militar

-     1ª Brigada de Infantaria de Selva

-     16ª Brigada de Infantaria da Selva

Brigada de Infantaria Pára-quedista

10ª Brigada de Infantaria Motorizada

5ª Brigada de Cavalaria Blindada

1ª Brigada de Artilharia Antiaérea

Comando de Aviação do Exército

Brigada de Operações Especiais

Pela FAB

-     7º Comando Aéreo Regional

-     2ª Força Aérea

-     3ª Força Aérea

-     5ª Força Aérea

-     Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo

-     Primeiro Grupo de Comunicações e Controle

Sr. Presidente, dentro da multiplicidade de meios utilizados, posso destacar três navios-patrulha fluviais; dois navios de assistência hospitalar; 12 helicópteros; elemento anfíbio da Força de Fuzileiros da Esquadra; Brigadas de Infantaria Leve, de Infantaria de Selva Blindada, de Aviação, de Artilharia Antiaérea, de Operações Especiais e de Operações Psicológicas; e 30 Aviões de Caça e Transporte.

Na presença do Ministro da Defesa Nelson Jobim, o Comando Geral Combinado coube ao General-de-Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Comandante Militar da Amazônia, assessorado pelo seu Chefe de Estado-Maior, General-de-Brigada Carlos Alberto da Cás.

Aproveito, Sr. Presidente, para, na pessoa dessas três autoridades, agradecer a todos os militares da operação a atenção e o apoio que foram dispensados a mim e aos demais convidados.

De Manaus, fomos transportados em Hércules da FAB até Caracaraí, em Roraima, onde assistimos à demonstração da aviação de caça em apoio à movimentação de forças terrestres para rechaço aos fictícios invasores.

Mais tarde, no Município amazonense de Novo Airão, às margens do Rio Negro, presenciamos, a bordo do Navio-Hospital Oswaldo Cruz, o atendimento médico e odontológico prestado à população local por profissionais militares de saúde.

Cumpre, ainda, destacar que boa parte dos efetivos envolvidos é composta de índios, caboclos, descendentes de etnias como Baniwa, Bare, Tukano, Culina, entre outras: todos cidadãos da Amazônia, todos brasileiros da floresta, colocando sua habilidade e conhecimento sobre a selva em defesa de nossa grande Nação!

Verifiquei, com orgulho, que o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) desenvolveu e aprofundou doutrina de combate que o transformou em referência mundial.

Sr. Presidente, nada como a experiência concreta no campo para ampliar nossos conhecimentos, atualizar informações e corrigir concepções inexatas.

Nas palestras e reuniões de que participamos, aprendi, sobretudo, que a prioridade para as nossas Forças Armadas na Amazônia, hoje, não é o aumento da quantidade dos efetivos, mas o fortalecimento qualitativo da nossa capacidade material e tecnológica. Em outras palavras, mais e melhores armamentos e equipamentos em geral.

Estou convicto de que cumpre a nós, Parlamentares da Amazônia e de todo o Brasil, contribuir com todos os meios ao nosso alcance para ajudá-las a realizar esse grande objetivo nacional, um dever incontornável para com esta e com as futuras gerações de compatriotas.

As Forças Armadas atuam na Amazônia na linha de frente de uma presença que o Estado nacional brasileiro precisa marcar, cada vez mais, naquela gigantesca região.

Um vácuo de poder nacional naquelas imensidões territoriais não tardaria a ser preenchido por outros interesses, e a História jamais nos perdoaria tamanha omissão e tão grande descaso.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para concluir, em um plano mais geral, sinto que cabe a este Parlamentar, ou melhor, a este Parlamento trabalhar em prol de, cada vez mais, termos um estreito relacionamento entre nossas elites civis, de um lado, e nossos patrícios fardados, de outro.

Afinal, a defesa, a proteção e a segurança da Amazônia e do Brasil são da responsabilidade de todos, mas especialmente daqueles que, entre nós, detemos uma parcela de participação direta no processo de tomada de decisões e de formação da opinião pública.

Sr. Presidente, eram essas as palavras que eu gostaria de externar, neste momento, com relação à Operação Poraquê, de que tive a honra de participar.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2008 - Página 30518