Discurso durante a 145ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para a questão de se conhecer a Amazônia.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Alerta para a questão de se conhecer a Amazônia.
Aparteantes
Gilberto Goellner.
Publicação
Publicação no DSF de 15/08/2008 - Página 30579
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • AMPLIAÇÃO, DEBATE, CONHECIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, COMENTARIO, ANTERIORIDADE, INICIATIVA, ORADOR, SIMULTANEIDADE, MAGISTERIO, UNIVERSIDADE, PROGRAMAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, INCENTIVO, EMPRESARIO, APROVEITAMENTO, RECURSOS FLORESTAIS, FAUNA, FLORA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, CRIAÇÃO, RENDA, DIVULGAÇÃO, PESQUISA, INTERRUPÇÃO, MATERIA, MOTIVO, POSSE, SUPLENCIA, MORTE, JEFFERSON PERES, SENADOR, NECESSIDADE, EDUCAÇÃO, BRASILEIROS, ATENÇÃO, FLORESTA AMAZONICA.
  • CONCLAMAÇÃO, UNIÃO, BANCADA, SENADOR, ESTADOS, REGIÃO AMAZONICA, AUXILIO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), AREA ESTRATEGICA, AMPLIAÇÃO, DISCUSSÃO, POPULAÇÃO, COBRANÇA, PROVIDENCIA, ESPECIFICAÇÃO, AUMENTO, RECURSOS, PESQUISA, INCENTIVO, EMPRESA.

            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria, nesta tarde, de abordar uma questão que alguns aqui já levantaram, mas que eu acredito ser de grande relevância, que é a questão de se conhecer a Amazônia. Conhecer a Amazônia!

            Sr. Presidente, em meados da década de 90, eu tinha um programa no Canal Amazon Sat intitulado “Negócios da Amazônia”. Criei esse programa junto com toda a equipe, com meus companheiros do Amazon Sat, com o objetivo de mostrar aos amazônidas e ao Brasil como podíamos, naquele momento, aproveitar os recursos naturais de forma sustentável. Como podíamos, Sr. Presidente, aproveitar a pele do peixe - e dou como exemplo, neste momento, o nosso tambaqui -, transformando-a em couro, para fabricação de cintos, de sapatos, de bolsas; como aproveitar a piranha - peixe que todos conhecemos -, desidratando-a para termos a sopa de piranha, que muitos dizem até que é uma sopa muito deliciosa. Eu mesmo já provei; é realmente deliciosa e é também afrodisíaca.

            Portanto, o programa “Negócios da Amazônia”, Sr. Presidente, foi criado com o objetivo de mostrar o potencial das mais diversas áreas. Por exemplo, com relação às madeiras, como aproveitá-las, principalmente aquelas que já caíram pelo trabalho da natureza, para fabricação de algum tipo de móvel ou de outro produto bem utilizado por todos nós.

            Muito bem, Sr. Presidente, trabalhei dentro dessa linha, buscando orientar aqueles que chamo de empreendedores amazônicos. Os empreendedores amazônicos!

            Tenho certeza de que aqui o nosso querido Gilberto Goellner, cujo sobrenome todo mundo tem dificuldade de pronunciar - e eu também -, percebe a questão do empreendedor amazônico, que é o empreendedor de que estamos em busca. E muitos, Senador Gilberto Goellner, Senador Efraim Morais, Senador Mozarildo Cavalcanti, na Amazônia, são empreendedores amazônicos, porque eles percebem a importância daquela terra, daquele ecossistema, da floresta, dos rios, dos animais e percebem que precisam aproveitar aquelas riquezas de forma sustentável, de forma a não causar dano ambiental ou problemas ao meio ambiente. Esse é o empreendedor amazônico.

            Continuei nesse contexto, na universidade, conversando com meus alunos, falando sobre empreendedorismo e sobre a Amazônia, sobre o que vinha a ser o empreendedor e também sobre a Amazônia, sobre os nossos rios, nossa floresta, nossos peixes, nossos animais e como temos de aproveitar de forma sustentável todos esses recursos que Deus nos proporcionou.

            Há pouco tempo, Senador Gilberto, eu tinha um programa no canal Vivax - hoje Net Manaus - intitulado “Potencial Amazônico”, dentro desse contexto de orientar os empreendedores amazônicos. E, aqui, Senador Mozarildo, chamo a atenção para essa questão porque criei um quadro chamado “Conhecendo a Amazônia”, que era apresentado por duas crianças, os meus filhos Jefferson e Lorena. O Jefferson hoje está com 13 anos, e a Lorena está com 11. O que o Jefferson e a Lorena faziam? Entrevistavam pesquisadores sobre os temas da Amazônia, desde o conhecimento do ponto de vista geográfico a um conhecimento um pouco mais aprofundado sobre a floresta, sobre os animais, sobre o rio, portanto, sobre a nossa região. E isso precisa ser feito.

            Parei o programa, porque, como V. Exªs sabem, eu não pude continuar. Era o que eu vinha fazendo, além de estar na universidade. Mas, com a partida do Senador Jefferson Péres, tive que vir para cá para dar continuidade à luta que ele vinha travando e dentro do contexto daquilo em que nós acreditamos. Por isso, hoje trabalho essa questão de conhecer a Amazônia. E conhecer a Amazônia não é uma responsabilidade apenas de nós, amazônidas, não; também não é apenas dos Estados que compõem a Amazônia, não. É uma responsabilidade do Brasil. Será que os brasileiros percebem aquela região? Será que os brasileiros amam aquela região? Quando falo brasileiros, refiro-me àqueles que não fazem parte da Amazônia Legal, os outros e até alguns que estão lá dentro, dentro do contexto dos Estados que compõem a Amazônia Legal. Será que amam, Senador Gilberto, a Amazônia?

            Então, nós temos que urgentemente agir, primeiro, fazendo com que a questão ambiental, o conteúdo sobre o meio ambiente chegue às nossas crianças no ensino fundamental, e aos nossos jovens no ensino médio. Nós temos que urgentemente agir para que as crianças e os jovens tenham essas informações sobre meio ambiente.

            E aqui estou falando no Brasil como um todo, porque, quando tratamos da questão ambiental, nós, às vezes, nos referimos só à Amazônia, quando tocamos em todas as problemáticas que envolvem a Amazônia. Mas a questão ambiental é do Brasil inteiro. Nós temos problemas com relação ao meio ambiente em muitos Estados brasileiros. E, aí, precisamos agir no sentido de melhorarmos o conhecimento nessa área, de intensificarmos o conteúdo com relação ao meio ambiente e com relação à Amazônia, de trabalharmos isso com nossas crianças e com nossos jovens, porque, somente assim, nós começaremos, realmente, a fazer a mudança que queremos, que é aquela a partir da qual as pessoas conhecerão a Amazônia e, ao conhecerem, passarão a amar, talvez muito mais do que nós amamos aquela região.

            Senador Gilberto, é um prazer ouvir o aparte de V. Exª.

            O Sr. Gilberto Goellner (DEM - MT) - Senador Jefferson Praia, V. Exª coloca em questão o amor dos brasileiros pela Amazônia. Eu diria que todos a amam em prosa e verso. Hoje é o maior amor do mundo. A importância que tem a Floresta Amazônica para o mundo, não só para o País, é incontestável - e isso já está ficando arraigado em nossas crianças, em nossas escolas. Vejo que precisamos que os brasileiros tenham maior conhecimento, porque a Amazônia é algo desconhecido. As pessoas podem até saber da importância dela, mas não conhecem a Amazônia em sua plenitude. Temos diversidades. O bioma amazônico é muito diverso. A Amazônia Legal é muito diversa. Possui cerrado, pantanal, que é o caso do Estado do Mato Grosso, e também possui a floresta. O Estado do Tocantins faz parte também da Amazônia: cerca de 8% é floresta. Até parte do Estado do Maranhão. O que precisamos é de realmente reforçar essa Bancada, no Senado, da Região Amazônica, como estávamos conversando anteriormente. Essa proposição, nós a devíamos estar tratando tema por tema. Há a regularização fundiária, agora tão apregoada. Inclusive há uma disposição prioritária do Ministro Mangabeira Unger de que no seu Ministério - agora é Ministério - venha tratar disso como uma estratégia de que a conservação do meio ambiente passa pela regularização fundiária de todos os imóveis. O seu Estado, o Amazonas, tem uma característica diferente. São grandes extensões de áreas públicas que estão à mercê de uma avaliação de como serão cuidadas, como serão colocadas no processo de ocupação, do extrativismo, do manejo da madeira, das áreas indígenas que compõem hoje o Estado do Amazonas. Vejo que a maior discussão disso, aqui no Senado, nós poderíamos fazer fora do plenário, em comissões, trazendo especialistas, tratando dos temas ordenadamente, dentro da Subcomissão da Amazônia, presidida pelo Senador Mozarildo Cavalcanti. Nós estaríamos, sim, agregando o conhecimento de todos e fazendo-nos ouvir no Executivo, que é do que nós precisamos. Precisamos nos integrar, falar uma coisa única, integrar esses Ministérios que hoje compõem e que fazem parte da discussão do programa da Amazônia sustentável. Nós precisamos reforçar essa discussão, colaborar e fazer com que esse programa da Amazônia sustentável, editado pelo Governo Federal, tenha pleno êxito e consiga obter os resultados práticos. Então, cumprimento-o pela sua brilhante apresentação. Colaboraremos no sentido de que o Estado de Mato Grosso se integre nesse processo. Muito obrigado.

            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Eu que agradeço o aparte de V. Exª.

            Sr. Presidente Mozarildo, temos aí um desafio pela frente na comissão que trata a questão da Amazônia: o de começarmos a discutir entre nós. Como colocou muito bem o Senador Gilberto, nós somos 27 representantes da Amazônia aqui no Senado. É um percentual expressivo, quase 30%. Poderemos ter algumas divergências, um ponto aqui outro ponto ali, mas, certamente, pelo que já percebi, todos queremos o melhor para aquela região. Nesses encontros, nessas discussões, nos encaminhamentos ou, quem sabe, essa bancada que poderíamos chamar de Bancada da Amazônia brasileira, unida, não separada por Estados, poderemos lutar por aquilo em que acreditamos.

            Fazemos essa sugestão ao Ministro Minc, que tem bons propósitos. Tenho percebido nas observações do Ministro Minc e do Ministro Mangabeira que eles têm bons propósitos, eles querem acertar e nós poderemos ajudá-los para que acertem, chamando a uma discussão no Senado, chamando a uma discussão lá nos nossos Estados, discutindo com a população. Vejo aqui, por exemplo, o Senador Mozarildo, o Senador Augusto Botelho, e outros, sempre preocupados com a questão da Raposa Serra do Sol; eu vejo a preocupação de V. Exªs.

            Agora, temos que provocar as ações. Do discurso falta a ação política, falta esse outro passo. Ação política antes que tenhamos posições que não sejam aquelas que os amazônidas querem, sempre com o propósito de ajudar. Por quê? Nós, que moramos na Amazônia - V. Exª mora em Roraima, eu moro no Amazonas - estudamos a região, e venho, ao longo do tempo, buscando conhecer a região. No entanto, não entendo nada sobre ela. Imagino os que estão entrando nesse contexto. Com todo o respeito ao conhecimento dessas pessoas, para conhecer é preciso estar lá. É preciso conversar com as pessoas; é preciso andar pela Amazônia, pelos rios, pelas florestas, perceber a realidade daquela região. E aí você passa a sentir a Amazônia de forma muito mais palpável do que aquele sentimento que se dá apenas por livros.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Estou concluindo, Sr. Presidente.

            Portanto, conhecer a Amazônia é um desafio para nós que estabelecemos as leis, para o Governo Federal com todas as suas intenções. Precisamos agir no sentido de incentivar também a pesquisa, o desenvolvimento, estimular as universidades. No orçamento para pesquisa no Brasil, qual é o percentual destinado à Amazônia? Certamente um percentual que deixa a desejar.

            O Brasil tem que optar pela Amazônia. Não pode apenas o mundo inteiro estar com os olhos voltados para lá, dizendo que querem que nós façamos isso ou aquilo. Temos que assumir isso. E assumir significa ensino, pesquisa, extensão, orientação. É preciso ação para podermos aproveitar bem aquela região. E que o aproveitamento se faça por termos áreas preservadas, por termos áreas conservadas, por termos o empreendedorismo com empreendedores amazônicos.

            Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade de trazer aqui um pouco mais das nossas preocupações com relação à região que tanto amamos, que é a Amazônia.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/08/2008 - Página 30579