Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogia a atuação da Polícia Federal em punir também pessoas da elite e questiona a falta de pronunciamento dos congressistas contra as violências das prisões nas favelas.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Elogia a atuação da Polícia Federal em punir também pessoas da elite e questiona a falta de pronunciamento dos congressistas contra as violências das prisões nas favelas.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2008 - Página 26362
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, POLICIA FEDERAL, EFICACIA, COMBATE, CORRUPÇÃO, IMPUNIDADE, CRIME DO COLARINHO BRANCO, PRISÃO, CIDADÃO, RIQUEZAS, COMPARAÇÃO, CONDUTA, POLICIAL, CAPTURA, CRIMINOSO, FAVELA, QUESTIONAMENTO, FALTA, PRONUNCIAMENTO, CONGRESSISTA.
  • COMENTARIO, APOIO, TIÃO VIANA, TASSO JEREISSATI, SENADOR, OPOSIÇÃO, PRESENÇA, IMPRENSA, PRISÃO, DEFESA, NECESSIDADE, CUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO, COMBATE, IMPUNIDADE, COMPARAÇÃO, OPERAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, BUSCA, EXTINÇÃO, CORRUPÇÃO.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu quero trazer uma felicitação à Polícia Federal, Sr. Presidente. Acho que ela está exercendo um papel muito importante no Brasil de hoje. O que a gente sente é a sociedade, hoje, revoltada, no sentido de que uma elite não é atingida nunca, e o povão só conhece a cadeia. A Polícia Federal está agindo. E está agindo com uma competência real.

             Eu concordo com o Senador do PT Tião Viana. Eu acho que usar algema, fazer figuração, filmar, essa coisa toda, é um exagero que não devia, mas se ver o Sr. Dantas preso, até de algema, é um pecado, eu o cometi!

             Na verdade, Sr. Presidente, essas pessoas que cometem tudo o que se imagina, na hora da CPI do mensalão, a gente soube o trabalho desse cidadão, a bancada que ele tinha, a multidão de fatos relativos a ele. E, na Justiça brasileira, o que a gente conhece é exatamente isto: nada acontece.

             De certa forma, embora o Brasil não tenha aprovado uma Operação Mãos Limpas, como na Itália; embora o Brasil, realmente, não tenha iniciado uma movimentação de moralização no sentido de dar seriedade à Justiça, a Polícia Federal está agindo. E está agindo, como neste caso, independentemente de Partido político. E está agindo, atingindo e buscando cobrar. Está agindo e pedindo licença à Justiça para fazer as gravações; está agindo e pedindo licença à Justiça para que eles sejam presos - e foram presos.

             O exagero... Eu concordo. Mas, cá entre nós, olhem como há exagero! Vocês já se deram conta de exagero de gente entrando na favela, prendendo os pobres dos gurizinhos, amarrando os pés, amarrando as mãos? Vocês já se deram conta de quantas vezes a Polícia Federal entrou na miséria e na fome e ainda matou? Eu não vi protestos. Agora...

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sr. Presidente, faço questão de falar após o Senador Pedro Simon. Vou para a tribuna.

             O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Eu também, Sr. Presidente. Não foi esse...

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª pode falar depois de mim, mas dizer que faz questão e que vai ser, não. Depois de mim, será o Jarbas, que foi anunciado. Depois, virá S. Exª. E faço questão de falar um pouco depois dele.

             “Faço questão de falar” dá a entender que há um superpoder. Quem fala e determina é V. Exª.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Já estou aqui, Senador. V. Exª me conhece e sabe que vou falar.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Já há alguém na tribuna, Sr. Presidente. Devo sentar-me, porque, se alguém está na tribuna... Ou ele está fora do prazo na tribuna? Não pode haver dois, Sr. Presidente.

             Ou estou falando e há alguém fora do prazo na tribuna ou ele está na tribuna e devo me sentar.

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - A palavra está assegurada a V. Exª.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ah, então, ele está irregularmente na tribuna.

             A SRA. IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Sr. Presidente, eu também gostaria de ter, em algum momento, a palavra.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sr. Presidente...

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Quem está irregular é o Presidente do Banrisul.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Fora do microfone) - Sr. Presidente. Está ocupando o microfone irregularmente.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Quem está irregular é o Presidente do Banrisul.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Fora do microfone) - Sr. Presidente. Está ocupando o microfone irregularmente, Sr. Presidente.

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Arthur Virgílio. Senador Arthur Virgílio.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O que é isso? Há alguém na tribuna. O que é isso, Sr. Presidente?

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Arthur Virgílio, Senador Arthur Virgílio, V. Exª está ocupando a tribuna indevidamente.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Então, saia. Se está indevidamente, saia.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - (Inaudível)

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Peço a V. Exª que deixe a tribuna.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Eu vou ficar aqui.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Se está indevidamente, saia!

             (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sr. Presidente, espero a determinação de V. Exª. Se S. Exª for falar da tribuna, eu não quero que V. Exª seja humilhado.Eu sento para que ele fale. Mas acho que ele deve sair e eu continuar falando.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Não vou sair daqui!

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ele disse que não sai, Sr. Presidente.

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Arthur Virgílio, peço a V. Exª que deixe a tribuna.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Não vou deixar a tribuna, Sr. Presidente.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não vou humilhar V. Exª, havendo dois oradores: um na tribuna e outro no plenário. Se for no sentido de homenagear V. Exª, eu homenageio V. Exª me sentando para que ele fale. Agora, eu falar aqui e ele da tribuna, isso não existe, Sr. Presidente. E ele diz que não sai.

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN. Fazendo soar a campainha.) - Senador Arthur Virgílio, eu faço um apelo a V. Exª. V. Exª terá a palavra logo quando for concedida a palavra a V. Exª. Deixe a tribuna, faço um apelo a V. Exª.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Vou atender a V. Exª embora não esteja num lugar irregular. Essa hipocrisia vai acabar hoje. Essa hipocrisia não passa de hoje. Vou acabar com ela hoje.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sr. Presidente.

             O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Com a palavra, o Senador Pedro Simon.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu não tenho nenhuma dúvida, Sr. Presidente. Eu não tenho nenhuma dúvida de que o fato é grave.

             O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Fora do microfone) - Vai acabar hoje.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu ouvi a manifestação do Senador Tasso Jereissati, por quem tenho o maior respeito, e acho que V. Exª agiu com correção. É uma manifestação séria, competente e responsável. E eu concordo. Estou apenas querendo chamar a atenção, Senador, não sei se estou sendo claro. Às vezes, é importante acontecer um fato que nem esse para nos alertar do que está acontecendo no Brasil. Esse fato, que V. Exª diz que é verdadeiro, um homem aparecer amarrado, como foi dito aqui, e entrar no lar, na casa e na frente da mulher, ele ser algemado, acontece, acontece. Isso aí. Acontece todos os dias na favela, mas acontece. Os caras vão lá na favela. É só V. Exª ver, como eu não vejo também, a parte policial; é só pegar os jornais policiais para ver se não há todos os dias essas coisas acontecendo. Errado está. Mas a Polícia Federal, convém que se saiba, está no caminho correto, na minha opinião, de levar adiante, de mostrar que a lei existe e deve ser cumprida. O que a Polícia Federal está fazendo é mostrar que a CPI não foi em vão.

             A CPI do Mensalão... Veja no jornal o que está dizendo o relator da CPI do Mensalão. O relator da CPI do Mensalão está dizendo: agora, as coisas estão começando a acontecer. O que foi relatado lá na CPI do Mensalão... Então, Sr. Presidente...

             O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Correios.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Perdão, quero me referir à CPI dos Correios.

             Por isso, Sr. Presidente, volto a repetir: pelo amor de Deus, não imagine o Senador Arthur Virgílio que estou aqui a dizer “viva”, a bater palmas, porque o cidadão foi preso, foi amarrado, foi algemado. Claro que não! Até digo que cometo um pecado e que não é certo eu dizer que ri e que fiquei contente de ver. Claro que não!

             Mas é importante começar a entender que, no Brasil, temos que fazer com que a Justiça exista para todos, para que o Brasil não seja o país da impunidade, em que o ladrão de galinha vai para a cadeia, mas para o resto não existe. Aí não, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª e peço, com toda a sinceridade...

             Dou solidariedade ao Senador Tasso Jereissati. Acho que ele foi correto. Acho que foi muito feliz o nosso querido Senador do PT do Acre. Mas, com todo o respeito, é muito importante vermos, de uma vez por todas, começarem a se abrir as páginas para que a Justiça exista também para os que têm. É importante.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2008 - Página 26362