Discurso durante a 149ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom, e ao Grande Oriente do Brasil, pela celebração da data de sua criação, no dia 17 de junho de 1822.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom, e ao Grande Oriente do Brasil, pela celebração da data de sua criação, no dia 17 de junho de 1822.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2008 - Página 31166
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, LOJA, BRASIL, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, HISTORIA, PAIS, CONCLAMAÇÃO, CONTINUAÇÃO, COLABORAÇÃO, BUSCA, RECONSTRUÇÃO, ETICA, POLITICA NACIONAL, COMBATE, CORRUPÇÃO.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Mozarildo Cavalcanti; Sr. Grão-Mestre Geral da Maçonaria Brasileira, Marcos José da Silva; demais autoridades maçônicas já nominadas; representante da Câmara dos Deputados, Deputado Nelson Marquezelli; senhores e senhoras que nos honram com suas presenças, inicialmente, Sr. Presidente, passo às mãos de V. Exª discurso escrito do Senador Gim Argello, do PTB do Distrito Federal, que, em razão de compromisso inadiável, não podendo aguardar o momento da sua inscrição para se pronunciar da tribuna, pede que o encaminhe para publicação nos Anais do Senado Federal. Com muita honra, passo-o a V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - O pedido do Senador Gim Argello, feito por intermédio de V. Exª, será atendido na forma do Regimento.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Srªs e Srs. Senadores, o caráter libertador da Maçonaria, responsável pela sua relevância no movimento de emancipação política, deve ser ressaltado como um marco decisivo no cenário das discussões dos ideais liberais e democráticos. O combate travado contra o absolutismo, em diversas frentes, credencia a Maçonaria como um baluarte na luta em prol da nossa independência.

Nesta sessão em homenagem à Maçonaria, bem como em homenagem ao Grande Oriente do Brasil, oportunidade em que dirijo a minha saudação fraterna a todas as lojas maçônicas espalhadas pelo Território Nacional, quero ressaltar que os postulados proclamados por essa instituição essencialmente iniciática, filosófica, educativa, filantrópica e progressista não podem compor apenas o acervo inerte de uma galeria fria do passado remoto.

Não podemos ignorar o cenário de indignação geral que tomou conta do País em face da crise que se abateu sobre as instituições democráticas, passando pela estrutura de governo e revelando a incapacidade do Estado para atender as expectativas mínimas da população, somado ao descrédito da classe política e do próprio Parlamento brasileiro.

Faço questão de ratificar pensamento já exposto desta mesma tribuna: à luz das virtudes e filosofia maçônicas, os governantes deveriam refletir sobre o desvirtuamento das teses e postulados históricos dos quais muitas vezes se esquecem ao assumir o poder.

Mais do que nunca se faz necessário propugnar o aperfeiçoamento moral, intelectual e social por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade.

Os postulados proclamados pela Maçonaria devem ser fonte de inspiração permanente dos que estão investidos da missão de governar. Em síntese, devem nortear a sociedade, governos e governantes, a exemplo da luta pela eqüidade, destinando a cada indivíduo o que for justo, de acordo com sua capacidade.

“O verdadeiro instrumento do progresso dos povos encontra-se no fator moral”. A frase do genovês Giuseppe Mazzini, apóstolo da unidade e da independência italiana, pode servir de moldura nesse momento.

Não enxergo alternativa diante do quadro delineado: é imperioso deflagrar um movimento em prol da reconstrução da base ética, solapada de forma sistemática nos últimos tempos.

A Maçonaria moderna tem missão moderna: empalmar a bandeira da ética por todos os cantos deste País.

Há um mal que deve ser colocado à luz, para que possa ser investigado, combatido, julgado e, se possível, condenado permanentemente: é o mal da corrupção, que, como erva daninha, infesta as estruturas do Poder Público nacional, legando-nos escândalos que semeiam desencanto e desesperança: escândalos como o do mensalão, dos sanguessugas, dos cartões corporativos, obras superfaturadas até parecem intermináveis. Capítulos se sucedem, e o povo brasileiro que trabalha duro e paga impostos, muitas vezes excessivamente sem poder pagar, contempla a impunidade prevalecendo em todos os momentos da vida pública brasileira.

Há uma relação de promiscuidade entre Poder Público e setor privado. Há uma relação de promiscuidade que se aproxima de nós entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Essa relação de promiscuidade entre Poder Público e setor privado, Poder Executivo e Poder Legislativo é que planta no País a indignação avassaladora que toma conta de todas as famílias brasileiras.

É preciso reagir!

A Maçonaria há de liderar no País o movimento de moralização. Não é mais a missão dos pedreiros ingleses que se impõe neste momento, mas, diferentemente, há uma missão, a missão de se construir as pilastras morais para a construção de instituições públicas respeitadas, acreditadas e valorizadas pela sociedade brasileira.

Deve-se alçar os valores basilares da Maçonaria, na condição de instituição filantrópica, progressista, evolucionista, bem como destacar tudo aquilo que ela representa: uma filosofia de vida baseada em princípios éticos, morais, verdade, tolerância e na defesa dos direitos e das garantia individuais.

Sem um referencial claro na busca da conquista da paz e do bem social, ensinamento e fulcro da crença maçônica, vamos continuar mergulhados nessa babel e consagrando esse ambiente de promiscuidade entre as esferas pública e privada.

Há uma onda que se propaga em velocidade vertiginosa - infeliz daquele que estiver investido de mandato popular e que não se der conta disto: a sensação de que, no final das contas, tudo acaba na impunidade.

A exemplo da Maçonaria - que abriga homens comprometidos a estender amor fraternal e afeição a todos, em qualquer lugar do mundo, sem, entretanto, interferir nas crenças das pessoas ou obter vantagens para seus membros do ponto de vista profissional ou político -, as estruturas e engrenagens governamentais deveriam ser tomadas por esse espírito que enaltece o que é público e coletivo em detrimento do viés individual e individualista.

Diante da sucessão de escândalos e desmandos gerenciais que assolam o País, é vedado o uso de antolhos. A promiscuidade permeando as relações entre as esferas pública e privada chegou às raias do paroxismo. Uma instituição que prega uma filosofia de vida, baseada em princípios éticos e morais, e que enaltece o valor da verdade, merece ser aplaudida e reverenciada.

Parabéns à Maçonaria brasileira! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2008 - Página 31166