Discurso durante a 149ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom, e ao Grande Oriente do Brasil, pela celebração da data de sua criação, no dia 17 de junho de 1822.

Autor
Jorge Afonso Argello (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Jorge Afonso Argello
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom, e ao Grande Oriente do Brasil, pela celebração da data de sua criação, no dia 17 de junho de 1822.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2008 - Página 31178
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, LOJA, BRASIL, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, HISTORIA, PAIS.

O SR. GIM ARGELLO (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, 20 de agosto, comemora-se em todo o Brasil o Dia do Maçom. Pelo oitavo ano consecutivo, o Senado Federal abre as suas portas para homenagear, em Sessão Especial, todos os maçons do nosso País e receber de braços abertos a entidade que orgulha a nossa história e a maioria do povo brasileiro.

A Maçonaria é uma organização mundial que desfruta de grande prestígio e é elogiada em todos os países por sua independência em relação a qualquer poder, por sua seriedade, por sua tolerância, pelo respeito aos direitos das pessoas, pela defesa incondicional da democracia, da liberdade e do livre arbítrio.

No Brasil, a Maçonaria existe desde os primeiros anos do século XIX. Toda a sua trajetória está diretamente ligada ao nosso processo histórico porque, como sabemos, a Maçonaria sempre esteve presente em todos os grandes acontecimentos nacionais. É importante destacar que, desde o início de sua organização em solo brasileiro, os maçons sempre defenderam os ideais de independência e, em nenhum momento, aceitaram as interferências do Grande Oriente de Lisboa, que não admitia o status de não-Colônia para o nosso País.

Em 1813, foi criado na Bahia o primeiro Grande Oriente Brasileiro e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva foi escolhido como o seu dirigente máximo. Pouco depois, em 1817, por pressões políticas exercidas pelas autoridades coloniais, a Maçonaria baiana foi obrigada a interromper suas atividades. Mesmo tendo de enfrentar as ameaças das autoridades portuguesas, os maçons continuaram a abrir novas Lojas pelo País afora, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Pernambuco.

Segundo os documentos históricos, em 20 de maio de 1822, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundado o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil. Na reunião de fundação, José Bonifácio de Andrada e Silva foi nomeado o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria brasileira. Alguns meses depois, a entidade recebia em suas fileiras outro personagem ilustre, aliás, o mais ilustre de todos, o Príncipe Regente D. Pedro I.

Como podemos concluir, apesar de não ser um Partido Político e de professar uma ideologia, a Maçonaria sempre exerceu um grande poder de atração sobre as pessoas e sobre as personalidades mais importantes de nossa história política, econômica e social porque sempre esteve presente em nossas lutas mais memoráveis.

Por exemplo, todo o cenário da Independência, que marcou uma nova era em nosso País, teve a participação fundamental da Maçonaria para ser amadurecida, para ganhar novos adeptos e para ser finalmente conquistada, às margens do Ipiranga, quando o também maçom, D. Pedro I, Príncipe Regente do Brasil, deu o grito de Independência ou Morte. Portanto, como disse há pouco, a Organização sempre esteve diretamente envolvida em todos os nossos episódios gloriosos. Pois bem, no final do século XIX, indo de encontro às forças mais conservadoras e reacionárias do País, os maçons assumiram mais uma posição de vanguarda. Dessa vez foi em favor da luta pela libertação de todos os escravos existentes em nosso território.

De acordo com os registros históricos, a Maçonaria contribuiu de maneira decisiva para a aprovação da Lei Eusébio de Queiroz, que extinguiu o tráfico de escravos, em 1850. O mesmo aconteceu com a Lei Visconde de Rio Branco, de 1871, que declarou livres todas as crianças nascidas após a sua promulgação. E mais ainda, não podemos nos esquecer que tanto Eusébio de Queiroz como o Visconde de Rio Branco eram maçons graduados. Como podemos verificar, a Maçonaria assumiu posição de vanguarda durante todo o processo que culminou com a abolição da escravatura em 1888.

No final do século XIX os maçons assumiram um novo engajamento, dessa vez, em defesa da República. Seus membros foram responsáveis pela criação de inúmeros Clubes Republicanos pelo País afora. Assim, quando o movimento anunciou a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o maçom Marechal Deodoro da Fonseca, que havia sido Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, assumiu o poder como primeiro Presidente da República. É importante dizer que, durante os primeiros 40 anos da República, o Brasil foi governado por maçons. Podemos citar, por exemplo: o Marechal Floriano Peixoto, Manoel Ferraz de Campos Salles, Marechal Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Wenceslau Brás e Washington Luiz Pereira de Sousa.

Durante as duas guerras mundiais, a Maçonaria assumiu as posições mais avançadas, em defesa da Justiça, da Liberdade e da Igualdade entre os homens. Dessa forma, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, enquanto Getúlio Vargas hesitava entre Hitler, Mussolini e os aliados, a Maçonaria não demorou um só minuto para anunciar seu apoio irrestrito às forças que se declararam contrárias ao nazi-fascismo. Em 1964, a Maçonaria aderiu ao movimento militar que derrubou João Goulart, mas, com a edição do famigerado Ato Institucional nº 5, percebendo que o País caminhava para uma ditadura, se engajou nas primeiras fileiras da resistência contra o autoritarismo e o arbítrio.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, por todos esses séculos de luta em favor dos direitos do nosso povo, de nossa autodeterminação e de nossa soberania, a Maçonaria é motivo de orgulho para todos nós e merece a nossa mais sincera gratidão. Para mim, foi uma honra ter tido a oportunidade de ocupar esta Tribuna, nesta Sessão Especial, para homenagear essa respeitável Instituição, que tanto tem contribuído para o engrandecimento do nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2008 - Página 31178