Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Associação ao voto de pesar pelo falecimento de Dorival Caymmi. Apelo no sentido de que a TV Senado seja TV aberta no Estado do Paraná. Registro do início da etapa paranaense da campanha "O que você tem a ver com a corrupção?". (como Líder)

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Associação ao voto de pesar pelo falecimento de Dorival Caymmi. Apelo no sentido de que a TV Senado seja TV aberta no Estado do Paraná. Registro do início da etapa paranaense da campanha "O que você tem a ver com a corrupção?". (como Líder)
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2008 - Página 31252
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CANTOR, POETA, COMPOSITOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, MUSICA BRASILEIRA.
  • SOLICITAÇÃO, INSTALAÇÃO, ESTADO DO PARANA (PR), EMISSORA, SENADO, TELEVISÃO ABERTA, IMPORTANCIA, POPULAÇÃO, ACOMPANHAMENTO, TRABALHO, LEGISLATIVO.
  • SAUDAÇÃO, CHEGADA, ESTADO DO PARANA (PR), CAMPANHA NACIONAL, INICIATIVA, MINISTERIO PUBLICO, QUESTIONAMENTO, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, NECESSIDADE, COBRANÇA, AUTORIDADE, ATUAÇÃO, OMISSÃO, PREJUIZO, SETOR PUBLICO, INDIGNIDADE, FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO, APREENSÃO, SITUAÇÃO, BRASIL, OCORRENCIA, SUCESSÃO, DENUNCIA, CRIME, DEBATE, IMPRENSA, POSTERIORIDADE, NEGLIGENCIA, ACOMPANHAMENTO, INVESTIGAÇÃO.
  • ANALISE, ILEGALIDADE, RELACIONAMENTO, LEGISLATIVO, EXECUTIVO, SETOR PRIVADO, DENUNCIA, CRESCIMENTO, CAPACIDADE, CORRUPÇÃO, GOVERNO, NECESSIDADE, PRIORIDADE, COMBATE, PROBLEMA, RECUPERAÇÃO, RECURSOS, INVESTIMENTO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador César Borges, primeiramente, também quero associar-me ao voto de pesar que V. Exª e o Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior encaminharam à Mesa. A Bahia perde, e perde o Brasil. A música brasileira fica mais pobre, e lamentamos isso. Daqui desta tribuna, também nos associamos ao voto de pesar de iniciativa de V. Exª e do Senador Antonio Carlos Júnior.

O SR. PRESIDENTE (César Borges. Bloco/PR - BA) - Obrigado, Senador Alvaro.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Aproveito também, já que, há pouco, falava a respeito da audiência da TV Senado na Bahia, para fazer um apelo, para que a TV Senado seja também TV aberta no Estado do Paraná. É um apelo que formulamos há muito tempo. Imagino que meu Estado do Paraná mereça a oportunidade de ter a TV aberta, para que toda a população possa acompanhar os trabalhos desta Casa.

Sr. Presidente, venho à tribuna, para registrar que começa a etapa paranaense da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, liderada pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público em parceria com o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União.

“O que você tem a ver com a corrupção?” Creio que muito mais do que qualquer cidadão deste País a quem se possa indagar, têm a ver com a corrupção as autoridades que, assumindo funções públicas, transformam-se em agentes dela de uma forma ou de outra, por uma participação ativa e direta ou por uma participação passiva e indireta, como cúmplices, coniventes, que lamentavelmente possibilitam que o País viva um tempo de descrença e de desesperança, com escândalos que se sucedem, provocando grande indignação nacional.

Hoje, lembrei-me do meu pai, porque ouvia o Senador Geovani Borges, da tribuna, falando de sua família. Lembrei-me de que, logo muito cedo, com sete ou oito anos de idade, quando eu chegava da escola, meu pai dizia: “Na casa deste homem, quem não trabalha não come”. E eu o acompanhava, com a enxada, para capinar a lavoura, retirando ervas daninhas, que comprometiam a produção, ou com a foice, para roçar a pastagem e para também eliminar ervas daninhas. Hoje, aprendi que era mais fácil ceifar ervas daninhas da lavoura ou da pastagem, que é mais difícil ceifar esta erva daninha da corrupção, que contamina o organismo público nacional, comprometendo os resultados governamentais, que deveriam estar voltados para atender o interesse público.

Quando essa campanha chega ao Paraná, não posso deixar de lembrar desta tribuna que há escândalos que acabam sendo jogados na vala do esquecimento, mas que não podem ser esquecidos. Quantos escândalos houve nos últimos tempos, neste País, escândalos de corrupção? Houve o escândalo do mensalão; o do Waldomiro Diniz; o de Santo André, que culminou com a morte do prefeito; o de sanguessugas; o de cartões corporativos; o da venda da Varig; o de obras superfaturadas. Ainda agora, as obras superfaturadas dos aeroportos brasileiros foram paralisadas. Antes dessa paralisação por imposição do Tribunal de Contas da União, houve a denúncia de que, de cerca de 223 obras, apenas 50 delas estavam sendo executadas com preços corretos; as demais estavam superfaturadas.

Legaram-nos escândalos de corrupção que provocam desesperança e indignação no País, e muitos deles são conseqüência de uma relação de promiscuidade do Poder Executivo com o Poder Legislativo, muitos deles são conseqüência de uma relação de promiscuidade do Poder Executivo com o setor privado nacional. O Poder Executivo se apresenta sempre como o grande corruptor. É preciso afirmar que o Poder Executivo fez crescer sua capacidade de corromper nos últimos anos, e essa é a razão dos escândalos de corrupção que pipocaram nas manchetes dos jornais do País quase diariamente.

Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta indagação que se faz ao cidadão brasileiro “O que você tem a ver com a corrupção?” é uma indagação que cabe, acima de tudo, fazer às autoridades do Poder Executivo, do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. Se há corrupção no País, se ela campeia na iniciativa privada, ela está, sobretudo, incrustada na Administração Pública nacional, e essa constatação exige de todos nós um combate permanente à corrupção.

Sei que muitos entendem que exagero e que repito demais, trago excessivamente, Senador Cristovam Buarque, o tema da corrupção à tribuna do Senado Federal. Eu o faço, porque julgo ser isso prioridade. Do meu mandato, isso é prioridade, porque entendo que essa praga da corrupção é responsável por muitas mazelas, pela ausência de oportunidade e de vida digna para muita gente neste País. Se no Brasil houvesse índices de corrupção comparáveis aos da Dinamarca, por exemplo, nossa renda per capita seria 70% maior, conforme atesta a Transparência Internacional, ONG com sede na Alemanha. Bilhões de dólares deixam de ser investidos no Brasil exatamente por que os conglomerados econômicos do mundo escolhem para investir países com índices menores de corrupção. Nossos índices são alarmantes e, por isso, afugentam investimentos estrangeiros que poderiam contribuir de forma excepcional para o desenvolvimento deste País.

Concedo ao Senador Cristovam Buarque um aparte.

O SR. PRESIDENTE (César Borges. Bloco/PR - BA) - Senador Alvaro, eu gostaria de alertá-lo para o fato de que V. Exª está falando pela Liderança do PSDB, e, só por uma excepcionalidade, concederemos ao nobre Senador Cristovam Buarque um aparte, mas essa é uma excepcionalidade. E vou conceder-lhe também, porque seu tempo está esgotado, mais dois minutos, para que conclua seu pronunciamento.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Acato as ponderações do Sr. Presidente, apesar de, após a Ordem do Dia, o tempo da Liderança ser de vinte minutos. Não sei se já houve a Ordem do Dia. Na verdade, o tempo da Ordem do Dia já se foi. Às 16 horas, se fosse para cumprir o Regimento, deveríamos ter iniciado e encerrado a Ordem do Dia por falta de quórum, e aí, obviamente, meu tempo seria de vinte minutos. Mas V. Exª não tem responsabilidade sobre isso. Cedo e agradeço a V. Exª o tempo que oferece ao aparte do Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Agradeço-lhe também, Sr. Presidente, mas o assunto da ética e da corrupção sempre merece alguns minutos a mais; fico muito satisfeito que me tenha concedido o aparte, quebrando até o Regimento um pouquinho. Mas, Senador Alvaro, V. Exª estava falando que, às vezes, acusam-no de repetir muito. Penso que repetir a luta contra a corrupção, a luta pela educação, a luta pela austeridade, a luta pelas prioridades corretas neste País nunca é demais. Então, continue falando sempre nisso, porque vou continuar repetindo minhas bandeiras também.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Sem dúvida, Senador Cristovam Buarque. Certamente, se reduzirmos os índices de corrupção no Brasil, sobrarão mais recursos para a educação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2008 - Página 31252