Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 80 anos do jornal A Gazeta.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 80 anos do jornal A Gazeta.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2008 - Página 33948
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, A GAZETA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), REGISTRO, HISTORIA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, IMPRENSA, BRASIL.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, certos veículos de comunicação incorporam-se de tal forma à vida de uma cidade, ou de um Estado, por alcançarem uma sintonia ímpar com as aspirações, sonhos e necessidades de seus cidadãos, que acabam se tornando um patrimônio da comunidade, seu porta-voz e espelho fiel de suas características. Pode-se dizer que este é o caso do jornal A Gazeta, publicado há 80 anos na capital do Espírito Santo.

Fundado em 11 de setembro de 1928, pelo advogado professor e jornalista Thiers Vellozo, A Gazeta teve inicialmente propósitos pouco ambiciosos. A intenção do sócio de Vellozo, Hostílio Ximenes, era contar com um instrumento que permitisse veicular anúncios de venda de lotes na região de Camburi, em Vitória. Mas, já em seu primeiro número, o jornal fazia questão de marcar independência em relação ao governo. No editorial, dizia que “num meio onde falta por completo a imprensa neutra, sem compromissos de qualquer espécie, um jornal que venha suprir esta lacuna deve contar com a simpatia da opinião pública”.

Quando chegou ao seu primeiro ano de existência, A Gazeta declarou seu apoio à Aliança Liberal, partido que se opunha aos governos federal e estadual. Em 13 de fevereiro de 1930, poucos dias antes da data em que deveriam ser realizadas as eleições presidenciais, foi empastelado por obra de agentes policiais que agiram a mando do governador do Estado. Voltou a circular em 4 de novembro de 1930, depois do triunfo da Revolução de 30, que não foi presenciado por seu fundador. Thiers Vellozo, doente há algum tempo, morreu em agosto daquele ano.

Aliado do novo governo, o jornal foi vendido a uma sociedade anônima, tendo à frente o exportador Oswald Magalhães. Como Magalhães era o secretário da Fazenda do governador do Estado, Punaro Bley, este apoio era incondicional. A Gazeta mudou-se para uma nova sede, na Rua General Osório, e tornou ainda mais explícita sua posição política, ostentando, sob seu título, a informação: “Órgão do Partido Social Democrático”.

Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial e desmantelada a ditadura do Estado Novo, A Gazeta trocou de mãos outra vez, passando ao controle do fazendeiro Eleosipo Cunha, um dos caciques da UDN, a União Democrática Nacional, no Espírito Santo. A UDN, entretanto, não venceu as eleições, e Eleosipo resolveu vender o jornal. Só não queria vê-lo novamente sob o controle de seus adversários do PSD. Um grupo de empresários, supostamente apartidários, apresentou-se como candidato à compra, e a transação concretizou-se.

O que Eleosipo não sabia é que os verdadeiros compradores eram justamente os integrantes do PSD, liderados pelo então governador do Estado, Carlos Lindenberg...

A Gazeta está até hoje sob o controle acionário da família Lindenberg. Em 1962, o filho de Carlos Lindenberg, Carlos Lindenberg Filho, o Cariê, assumiu a direção e iniciou um processo de profissionalização do jornal, que o afastou da linha de apoio ao PSD, transformando-o num órgão de imprensa independente. No final dos anos 60, o jornal inaugurou uma nova sede no Centro da cidade, o Edifício A Gazeta, e passou a ser impresso em off-set. Em 1976, ganhou a companhia da TV Gazeta, afiliada da Rede Globo de Televisão. Três anos mais tarde, surgia a Rádio Gazeta FM, hoje Antena 1. Formou-se então o complexo denominado Rede Gazeta de Comunicações.

A Rede Gazeta tem hoje uma nova sede, na Ilha de Monte Belo, com um parque gráfico de última geração, redação informatizada e novos veículos de comunicação. Emissoras de televisão no Interior, em Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Colatina, 5 emissoras de rádio, em Vitória, Colatina e Linhares, um portal na Internet e um canal de TV por assinatura integram o grupo. Somam-se ainda à Rede Gazeta o jornal diário Notícia Agora e um jornal semanal especializado em oportunidades de emprego.

Sob a direção de Cariê, A Gazeta modernizou-se e adquiriu bases empresariais. A reestruturação fez dela um dos primeiros jornais brasileiros a utilizar modernos métodos de administração, com a adoção de planejamento estratégico. Foi o primeiro jornal do País a criar um programa de participação dos empregados nos lucros, e também pioneiro em programas de responsabilidade social, com projetos como o “Gazeta na Sala de Aula”, que desde 1995 incentiva o uso do jornal como material didático nas escolas de primeiro e segundo graus.

Em 28 de abril de 2000, depois de 38 anos no comando, Cariê passou a direção geral do grupo para o filho, Carlos Lindenberg Neto, o Café, e assumiu a secretaria executiva do Conselho de Administração da Rede Gazeta. O espírito inovador continua presente: seguindo uma tendência mundial, o jornal deu início à integração das redações dos jornais impressos com a do portal na Internet, que sofreu uma reformulação geral. Novos produtos continuam surgindo, como o Anuário do Espírito Santo e guias especializados.

Quando A Gazeta completou 75 anos, o então presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o jornal era “muito mais do que um jornal” - era “uma instituição do Espírito Santo e do Brasil”. Aos 80 anos, A Gazeta pode orgulhar-se de ser parte da história do Estado. É, como disse o ex-presidente, uma verdadeira instituição capixaba.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2008 - Página 33948