Discurso durante a 148ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamenta "o fraco desempenho da equipe olímpica nacional" nas olimpíadas. Defesa da ampliação na participação do Governo Federal, na criação de condições adequadas para a prática desportiva no país.

Autor
Leomar Quintanilha (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Lamenta "o fraco desempenho da equipe olímpica nacional" nas olimpíadas. Defesa da ampliação na participação do Governo Federal, na criação de condições adequadas para a prática desportiva no país.
Aparteantes
Rosalba Ciarlini.
Publicação
Publicação no DSF de 20/08/2008 - Página 30930
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, FUTEBOL, OLIMPIADAS, PERDA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, FRUSTRAÇÃO, BRASILEIROS, QUALIDADE.
  • AVALIAÇÃO, INFERIORIDADE, RESULTADO, BRASIL, OLIMPIADAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, AUSENCIA, RESPONSABILIDADE, ATLETA PROFISSIONAL, OMISSÃO, ESTADO, DEVERES, ATENDIMENTO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, INCENTIVO, ACESSO, ESPORTE, INCLUSÃO, PREVENÇÃO, CRIME, PREPARAÇÃO, ATLETAS, COBRANÇA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PMDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, certamente hoje, pela manhã, a grande maioria do povo brasileiro, com o coração apertado, viu tombar uma das mais importantes esperanças que tínhamos de conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Pequim com o futebol masculino.

            Uma equipe cheia de craques. Uma equipe que carrega nos ombros a responsabilidade de ser a melhor do mundo tombou diante da tenacidade dos jogadores argentinos, nossos tradicionais rivais. Com a Argentina, todas as vezes que o Brasil disputa, em qualquer das modalidades esportivas, dá-se a impressão de que o País cresce. Cresce e enfrenta, com muito vigor, permitindo a todos nós, sempre, quase sempre que há uma disputa entre Brasil e Argentina, um belíssimo espetáculo.

            Hoje não foi tão belo assim... Não só pelo resultado... Não só pelo resultado que deixou uma frustração muito grande no povo brasileiro, mas pelo pífio desempenho e pelo desequilíbrio demonstrado pela Seleção brasileira, que se esqueceu de que é responsável pela graça do futebol, pelo talento, pelo futebol-arte. Apelou, foi grosseira e perdeu dois de seus importantes jogadores, exatamente por causa da brutalidade, deixando-nos, a todos nós que acompanhamos o jogo, de certa forma entristecidos com o desempenho, que nós esperávamos melhor, nos Jogos Olímpicos na China. Essa China, esse país extraordinário, de um povo extraordinário, que vem dando exemplo ao mundo inteiro de como negociar, de como produzir, de como crescer. E hoje atrai as atenções do mundo inteiro para a maior das realizações esportivas do mundo e se destaca com um bom desempenho, permanecendo na vanguarda, na disputa da maioria das modalidades esportivas lá enfrentadas.

            Nós, cá no Brasil, ficamos a nos questionar. Qual é a razão disso? De quem é a culpa? Embora entenda que não temos de culpar, sobretudo os atletas. Ao contrário. Entendo que nossos atletas, aqueles que estão disputando, defendendo as cores do Brasil, o fazem dando o melhor de si, cumprindo sua tarefa. São os nossos heróis. Muitos deles treinam exclusivamente por sua conta, muitos deles são originários das camadas mais pobres da população, sem recursos até para comprar os equipamentos necessários para o treinamento. Eles se superam na tentativa de trazer um resultado glorioso para o Brasil.

            Há muito eu comentava que entendia ser dever do Estado criar um programa de proteção, de condução do cidadão, sobretudo na faixa etária em que ele precisa de apoio e de orientação, que é de zero a 18 anos. E é claro que essas atividades deveriam ter uma orientação definida, padrão, universal, no País inteiro, acompanhada, fiscalizada e se possível até mantida em parte pelo Governo Federal, que envolveria as questões básicas, elementares, de educação, com ensino de qualidade, com ocupação do tempo útil da criança, do adolescente e do jovem em atividades que seriam úteis ao seu desenvolvimento e ao resto da sua vida; atividades de natureza recreativa, cultural e desportiva.

            Nós aqui conhecemos verdadeiros milagres que a atividade desportiva realiza na sociedade. Está provado. E não só lembrando a realização profissional de várias pessoas que saíram de um substrato social e que, por meio do esporte, conquistaram a sua autonomia na vida e nas finanças, mas sobretudo aquela outra possibilidade muito mais ampla que se concede não só àqueles ranqueados, àqueles talentosos, àqueles com qualidades excepcionais, mas àquele cidadão comum que, pela prática de uma modalidade esportiva, com dedicação, com orientação, com condução, está naturalmente se desviando dos descaminhos da vida, dos caminhos que tanta infelicidade têm trazido a muitas famílias brasileiras.

            A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PMDB - TO) - Com muito prazer, Senadora Rosalba Ciarlini.

            A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador Quintanilha, V. Exª traz um assunto que acho da maior importância, porque, realmente, se a nossa juventude e as nossas crianças tiverem oportunidade de educação integral... E quando falo em educação integral, é isto que o senhor disse: não é apenas aprender o saber; é também desenvolver atividades culturais, atividades esportivas, porque, na realidade, o esporte é um instrumento de paz, de conduzir os nossos jovens para o caminho do bem. Corpo são, mente sã. Essa é uma realidade. Isso leva a uma outra questão: defendo, como sempre defendi, a escola de tempo integral, porque ali essas atividades seriam muito mais presentes, muito mais fortes. Os jovens estariam participando mais. Além disso, defendo que as cidades sejam organizadas de forma a que existam, nas comunidades, estruturas para desenvolver o esporte e também dar oportunidades a milhares de valores que temos por este Brasil todo e que não conseguem apresentar seu potencial, muitas vezes, pela fragilidade do sistema esportivo em proporcionar isso à nossa juventude. Então, fico muito feliz em saber que o seu pensamento é idêntico ao meu, de que o esporte é caminho de vida, é caminho de salvação, é caminho de levar nossa juventude não para os descaminhos da droga, da violência, mas, sim, para fazer com que eles possam se transformar em cidadãos na exata acepção da palavra. Cidadãos contribuindo para um Brasil melhor.

            O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PMDB - TO) - V. Exª tem total razão. Temos visto e acompanhado, em alguns Municípios ou até em alguns Estados, gestores que imaginam que o fato de construir um equipamento esportivo resolve a situação do esporte no seu Município ou na sua cidade. Quando, na verdade, muito mais importante que fazer o campo de futebol, a quadra poliesportiva, a piscina, é estimular, organizar a realização dos eventos, a realização das competições, o desenvolvimento das atividades, o ensinamento dos fundamentos de cada uma dessas modalidades esportivas.

            É preciso que as pessoas tenham acesso a isso até para ter amor, até para saber desempenhar a contento a atividade, até para poder participar, efetivamente, dos encantamentos que cada modalidade esportiva exerce em cada um de nós. E há uma diversificação.

            O futebol é, sem sombra de dúvidas, o primeiro lugar na preferência do povo brasileiro. Mas tem muita gente que gosta do vôlei, da natação e de outras atividades esportivas.

            Pensei que, com o sucesso do Pan-Americano no Brasil, veríamos uma disseminação de ações, de atividades com vistas a estimular a prática de outras modalidades esportivas em todo o País. Mas, lamentavelmente, isso não ocorreu. E a gente pode perceber que a preparação dos nossos atletas para os jogos olímpicos de Pequim não teve as condições ideais e adequadas para que os nossos jovens, os nossos atletas pudessem disputar em muito melhores condições e, conseqüentemente, obter resultados melhores do que aqueles que nós estamos observando.

            É preciso que haja, em caráter nacional - e quando se fala em caráter nacional, de padrão nacional, é preciso que o Governo Federal tenha esse tipo de orientação para desenvolver as atividades para a população escolar e para a população não escolar -, esse tipo de realização de eventos: campeonatos, disputas internas entre os Municípios, entre os Estados, para não ficarmos restritos a poucas modalidades esportivas, diminuindo, cada vez mais, o surgimento, a projeção de novos valores e de novos talentos.

            O esporte - está provado - faz parte, é inerente à atividade de desenvolvimento do cidadão, do ser humano. É fundamental que ele seja olhado com mais carinho, com mais atenção, para que nós possamos oferecer melhores condições aos nossos atletas, não só para terem uma condição de vida ideal no País em que vivem, mas também para poderem participar, com êxito ou com mais êxito, de competições internacionais, como esta a que estamos assistindo agora.

            Muito obrigado. Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/08/2008 - Página 30930