Discurso durante a 162ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre as reações a reportagem da revista Veja e ao pronunciamento de S.Exa. a respeito da disseminação da doutrinação marxista no sistema escolar brasileiro. Registro da realização de mais uma edição da Feira Internacional de Mármore e Granito, no Município de Cachoeiro de Itapemirim - ES.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. POLITICA MINERAL.:
  • Considerações sobre as reações a reportagem da revista Veja e ao pronunciamento de S.Exa. a respeito da disseminação da doutrinação marxista no sistema escolar brasileiro. Registro da realização de mais uma edição da Feira Internacional de Mármore e Granito, no Município de Cachoeiro de Itapemirim - ES.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/2008 - Página 36772
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. POLITICA MINERAL.
Indexação
  • CONTINUAÇÃO, DEBATE, UTILIZAÇÃO, IDEOLOGIA, COMUNISMO, FORMAÇÃO, CIDADANIA, ESCOLA PUBLICA, ESCOLA PARTICULAR, RECEBIMENTO, ORADOR, MENSAGEM (MSG), PROTESTO, PROFESSOR, COMPROVAÇÃO, PESQUISA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MANIPULAÇÃO, LIVRO DIDATICO, CONHECIMENTO, HISTORIA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), EXISTENCIA, PROBLEMA, PROFESSOR, MANIPULAÇÃO, IDEOLOGIA, FORMAÇÃO, ALUNO, PREJUIZO, APRENDIZAGEM, AUTONOMIA.
  • SAUDAÇÃO, OCORRENCIA, MUNICIPIO, CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), FEIRA, AMBITO INTERNACIONAL, PEDRA ORNAMENTAL, REGISTRO, DADOS, EMPREGO, SUPERIORIDADE, PRODUÇÃO, MARMORE, GRANITO, ANUNCIO, PESQUISA, LEVANTAMENTO, JAZIDAS, HISTORIA, IMPORTANCIA, EXPLORAÇÃO, EXPORTAÇÃO.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, tive a oportunidade de comentar nesta tribuna uma reportagem da revista Veja, que mostrava a disseminação da doutrinação marxista no sistema escolar brasileiro. O marxismo-leninismo, dizia a reportagem, sobrevive hoje apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de muitas escolas do nosso País.

As reações à reportagem e ao meu pronunciamento confirmam as conclusões da pesquisa encomendada pela Veja. Nela, apenas 18% dos professores das escolas públicas dizem que são politicamente neutros na sala de aula. Para 74%, a missão do professor é “formar cidadãos”, e não ensinar a matéria que lecionam, transmitir conhecimentos. O quadro não é muito diferente no ensino privado.

Os educadores que protestaram contra a reportagem da revista compartilham dessa visão. Para eles, o papel da escola é formar “cidadãos críticos”. Uma professora chegou a dizer que “temos três gerações formadas com os preconceitos da ditadura, de que comunistas comiam criancinhas”, e que “não há como isso não ser discutido em sala de aula”. É a mesma que, ao definir socialismo, disse que ele significa “democratizar a sociedade”...

Ou seja, chegou a hora de esclarecer que comunistas não comem criancinhas, não são maus como alegavam os preconceituosos na época da ditadura. Pelo contrário, podem até cometer alguns erros, mas trabalham pelo bem do povo. É o que faz, por exemplo, um livro de História destinado ao ensino fundamental, distribuído na rede pública. Ele informa que a União Soviética foi governada por Stálin de 1924 a 1953, e que ele suprimiu as liberdades individuais, além de mandar prender ou assassinar adversários do regime. Mas diz também que o ditador “promoveu o desenvolvimento da indústria de base, investiu na educação e qualificação de mão-de-obra e formou cooperativas agrícolas”.

Uma das ditaduras mais brutais e monstruosas da era moderna, que provocou a morte de milhões de pessoas, que se tornou famosa pelos gulags, os campos de concentração, e pelo deslocamento forçado e a aniquilação de populações de regiões inteiras - essa ditadura, para quem escreveu o livro, teve também seus aspectos positivos. Seria como escrever que Hitler, apesar de ter deflagrado uma guerra que devastou a Europa e de ter promovido a matança em massa de judeus, não foi tão mau governante, pois também investiu no desenvolvimento da indústria, construiu estradas e incentivou a agricultura. Deve ser isso que os educadores chamam de “visão crítica dos fatos”...

Ora, essa tal de “visão crítica” nada mais é que um eufemismo para camuflar a panfletagem ideológica, a visão unilateral e claramente preconceituosa praticada pela maioria dos nossos professores, em todos os níveis do ensino. É como se persistissem em viver numa época anterior à queda do Muro de Berlim e ao fim da União Soviética. Para eles, a maior ameaça à humanidade continua sendo o imperialismo americano, e Fidel Castro é o melhor exemplo de um governante bem-sucedido. Seriam figuras patéticas, não fosse o fato de que confiamos a eles a educação, se é que o termo pode ser usado, de toda a juventude brasileira.

Vale lembrar que, numa entrevista à mesma revista Veja, em outubro do ano passado, o próprio Ministro da Educação, Fernando Haddad, reconheceu a existência do problema. Indagado se as escolas no Brasil estavam passando uma visão retrógrada do mundo aos seus alunos, ele admitiu a existência, nas salas de aula, de um dogmatismo, que, segundo suas palavras, “exclui da escola a diversidade de idéias na qual ela deveria estar apoiada, e ainda restringe a visão de mundo à de uma velha esquerda”.

O Ministro disse ainda que ninguém tem o direito de promover ideologias em sala de aula. “A obrigação da escola”, afirmou, “é formar pessoas autônomas, capazes de compreender de modo abrangente o mundo em que vivem. Todo procedimento que mutila isso é incompatível com um bom processo de aprendizado”.

Infelizmente, a visão do Ministro é incompatível com a da maioria dos nossos professores. Para eles, o ensino acadêmico que se dane e, com ele, o dever da neutralidade. O importante é criar o cidadão revoltado, sem o menor preparo para a inserção no mundo contemporâneo, capaz apenas de repetir os chavões de esquerda que ouviu em sala de aula.

O segundo assunto que trago à tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, diz respeito ao Município de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, que sedia esta semana mais uma edição da Feira Internacional de Mármore e Granito, realizada desde o final da década de 80. Trata-se de um setor importante da economia capixaba, que gera 20 mil empregos em mais de 1.200 empresas especializadas.

As reservas de mármore e granito do Espírito Santo são as maiores do País, com uma variedade de cores não encontrada em nenhum outro lugar do mundo. No sul do Estado, as jazidas produzem mármores rosa, branco, verde, marrom e o branco absoluto, variedade com a cor branca mais pura que existe e uma das mais valorizadas, com o metro quadrado custando em torno de US$600.00.

Na região norte, é possível encontrar, em uma só jazida, granito branco, verde, rosado, amarelo e caramelo. Ao todo, o território capixaba responde pela produção de mais de 100 padrões diferenciados de mármores e granitos.

A realização da feira coincide com a notícia de que uma fundação ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro vai mapear as reservas da região Sul. Os dados permitirão impulsionar a extração e atrair novos investimentos, já que os levantamentos disponíveis são antigos, das décadas de 70 e 80.

Calcula-se que a concentração das jazidas de mármore no Sul tem 40 quilômetros de extensão por 8 de largura e 600 metros de profundidade, numa área entre os municípios de Cachoeiro, Vargem Alta e Castelo. Desse total, provavelmente menos de 1% foi extraído até agora.

Foi em 1957, no dia 7 de abril - há 51 anos -, que ocorreu a extração do primeiro bloco de mármore no Espírito Santo, na localidade de Prosperidade, Município de Vargem Alta, na época pertencente a Cachoeiro de Itapemirim. Oge Dias de Oliveira, sobrinho do produtor rural Horácio Scaramussa, filho de imigrantes italianos, viu as montanhas do mineral na fazenda do tio, levou amostras para análise no Rio de Janeiro e encontrou mercado junto a marmorarias daquele Estado.

Seguiram-se outros pioneiros do setor, como Casimiro Costa, que gerenciou a jazida de Scaramussa e acabou abrindo sua primeira jazida em Alto Gironda, onde o mármore branco era abundante. Hoje, a empresa que fundou, Mineração Santa Clara, é uma das maiores do Estado. Outros dois, entre vários que desbravaram o mercado, enfrentando dificuldades, foram Benjamin Zampirolli, fundador da Mineração Capixaba e autor de um notável trabalho social na região em que sua empresa atua, e Ricardo Guidi, que começou como carreteiro e se tornou dono de um conglomerado de empresas.

No início, todo o processo era manual, feito com o auxílio de pás e enxadas e muito esforço. Só quase 10 anos depois foram instalados os primeiros teares, que desdobram os blocos em chapas. Hoje, com a maior parte da extração realizada por máquinas, o Espírito Santo é responsável por 75% do mármore produzido no País.

Suas rochas estão presentes nas fachadas de arranha-céus em Tóquio e Nova Iorque, de prédios em Roma e Milão, aqui na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, e também no metrô do Rio de Janeiro. São um justificado motivo de orgulho para os capixabas.

Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/2008 - Página 36772