Discurso durante a 167ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da criação de novas escolas de ensino técnico, em especial para as regiões Norte e Nordeste.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO PROFISSIONALIZANTE.:
  • Defesa da criação de novas escolas de ensino técnico, em especial para as regiões Norte e Nordeste.
Aparteantes
Marco Maciel.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2008 - Página 37144
Assunto
Outros > ENSINO PROFISSIONALIZANTE.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, INTERNET, IMPORTANCIA, EDUCAÇÃO TECNICA, APRESENTAÇÃO, DADOS, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), FALTA, CAPACIDADE PROFISSIONAL, TRABALHADOR, MANUSEIO, TECNOLOGIA, EQUIPAMENTOS, AREA INDUSTRIAL, LIMITAÇÃO, AMPLIAÇÃO, CAPACIDADE, PRODUÇÃO, MELHORIA, INDICE DE PRODUTIVIDADE, INDUSTRIA, BRASIL.
  • REGISTRO, ALEGAÇÕES, INDUSTRIA, AUSENCIA, MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA, OBSTACULO, MELHORIA, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, EMPRESA, BRASIL, RETOMADA, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, RISCOS, RETROCESSÃO, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PAIS.
  • COMENTARIO, INSUFICIENCIA, QUALIDADE, EDUCAÇÃO BASICA, AMEAÇA, DESENVOLVIMENTO, PROCESSO, APRENDIZAGEM, TRABALHADOR, PROBLEMA, RECRUTAMENTO, MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA, DIFICULDADE, EMPRESA, ATENDIMENTO, EXIGENCIA, PADRÃO DE QUALIDADE, PRODUTO, MERCADO INTERNO, MERCADO INTERNACIONAL, REITERAÇÃO, PREJUIZO, AREA, PRODUÇÃO, PESQUISA, ADMINISTRAÇÃO, COMPROMETIMENTO, EFICIENCIA, PRODUTIVIDADE, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, ESPECIFICAÇÃO, SETOR, AÇUCAR, ALCOOL, VESTUARIO, EQUIPAMENTOS, TRANSPORTE, INDUSTRIA EXTRATIVA, MAQUINARIA, VEICULO AUTOMOTOR.
  • IMPORTANCIA, EXPERIENCIA, EMPRESARIO, SETOR, ALCOOL, DESENVOLVIMENTO, CURSO TECNICO, POSSIBILIDADE, GARANTIA, EMPREGO.
  • COMENTARIO, PESQUISA, FEDERAÇÃO, INDUSTRIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), APRESENTAÇÃO, SUPERIORIDADE, EXERCICIO PROFISSIONAL, AREA INDUSTRIAL, IMPORTANCIA, AUXILIO, OPÇÃO, PROFISSÃO, JUVENTUDE.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, ESCOLA TECNICA, BRASIL, TENTATIVA, POSSIBILIDADE, DESENVOLVIMENTO, INCLUSÃO, SOCIEDADE, EXTINÇÃO, DEPENDENCIA, BOLSA FAMILIA.
  • CONGRATULAÇÕES, JORNALISTA, CONTRIBUIÇÃO, INCLUSÃO, JUVENTUDE, SOCIEDADE.
  • COMENTARIO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CRIAÇÃO, ESCOLA TECNICA FEDERAL, MUNICIPIO, MACAPA (AP), SANTANA (AP), ESTADO DO AMAPA (AP), ESPECIFICAÇÃO, CONSTRUÇÃO NAVAL, SOLICITAÇÃO, AGILIZAÇÃO, TRAMITAÇÃO, MATERIA, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO, CONSTRUÇÃO, ESCOLA TECNICA, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, antes, quero agradecer a gentileza do Senador Marco Maciel por ter feito a permuta comigo na ordem dos oradores inscritos. Mais uma vez, fico-lhe grato.

Sr. Presidente, no último dia 16 de maio, o jornalista Gilberto Dimenstein publicou, na Folha Online, importante matéria sobre o ensino técnico, em que destaca as profissões do futuro. Na tarde de hoje, gostaria de trazer ao conhecimento desta Casa alguma reflexões a esse respeito.

De acordo com o artigo, estudos realizados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) demonstram que a falta de capacitação do trabalhador para lidar com processos tecnológicos complexos e equipamentos industriais de alta tecnologia representa um dos principais fatores limitativos da ampliação da capacidade de produção e da melhoria dos níveis de produtividade industrial do Brasil.

A grande maioria das indústrias brasileiras aponta a falta de mão-de-obra qualificada como o principal problema para a melhoria do nível de competitividade de nossas empresas.

A retomada do crescimento da economia nacional certamente tornou a oferta de mão-de-obra especializada um problema mais acentuado e que hoje representa um verdadeiro ponto de estrangulamento do nosso processo de desenvolvimento econômico.

A baixa qualidade de nossa educação básica dificulta o processo de aprendizagem dos trabalhadores em todas as áreas e representa um grave problema tanto para o processo de recrutamento como para a capacitação do trabalhador dentro da empresa.

Muitas empresas enfrentam sérias dificuldades para recrutar trabalhadores, até mesmo para postos de trabalho que requerem menor grau de qualificação, em decorrência das exigências crescentes de qualidade dos produtos no mercado nacional e internacional. A baixa qualidade da educação básica afeta todas as áreas da produção industrial, principalmente os setores de produção, pesquisa e desenvolvimento e administração, independentemente do porte das empresas, comprometendo os padrões de eficiência, produtividade e qualidade dos produtos, tornando muitas empresas nacionais sem competitividade no mercado internacional.

Sr. Presidente, são muitos os setores industriais prejudicados por essas deficiências de mão-de-obra, destacando-se os setores sucroalcooleiro, de vestuário, de equipamentos de transporte, de indústrias extrativas, de máquinas e equipamentos e de veículos automotores.

Isso obriga muitas empresas a investir em qualificação de mão-de-obra, em decorrência da oferta insuficiente e inadequada dos cursos de capacitação que deveriam suprir as necessidades específicas de diversos setores industriais.

A escassez de mão-de-obra especializada para o setor sucroalcooleiro, por exemplo, levou empresários brasileiros a criar um curso técnico de nível médio para a produção do setor de álcool. Trata-se de experiência inovadora em que as aulas práticas são ministradas dentro das próprias usinas produtoras de etanol.

Praticamente todos os alunos da primeira turma desse curso técnico já têm emprego garantido, o que significa algo muito valioso na atual conjuntura socioeconômica, em que muitos cursos de formação ou especialização não oferecem garantia de emprego estável.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) realizou pesquisa, em 2007, com 416 empresas industriais brasileiras, que empregam 495.940 trabalhadores, indicando as dez profissões que apresentam as melhores perspectivas profissionais na área industrial.

Trata-se de uma pesquisa muito importante e que pode ser decisiva para o projeto de vida de muitos jovens que geralmente têm dificuldades em escolher o curso, a especialização ou a profissão que devem abraçar.

Todos nós sabemos que a escolha adequada de uma profissão é fundamental na vida da grande maioria dos jovens, pois a decisão certa, aquela que combina vocação, utilidade e existência de demanda para essa profissão, representa um passo fundamental, que poderá levar o jovem ao sucesso ou ao fracasso na sua vida profissional e, em decorrência disso, ao sucesso ou ao fracasso na vida pessoal e familiar.

Não se trata, evidentemente, de uma relação exaustiva de especializações e profissões, nas quais todos os jovens devem enquadrar-se, pois muitas outras opções existem para os jovens, e essas escolhas são muito pessoais, muito individuais e muito específicas.

O que é importante para os jovens, principalmente no momento atual de retomada do processo de crescimento da nossa economia, é considerar esse conjunto de profissões e especializações como algo que pode contribuir para uma escolha adequada, que una vocação e utilidade, de acordo com a personalidade de cada um.

As perspectivas atuais do mercado de trabalho apresentam maiores e melhores oportunidades para as seguintes especialidades: engenheiro de petróleo; engenheiro ambiental; técnico em produção, conservação e de qualidades em alimentos; ajudantes de obras civis; analistas de sistemas computacionais; trabalhadores da fabricação de cerâmica estrutural para construção; técnicos de produção de indústrias químicas, petroquímicas, refino de petróleo, gás e afins; técnicos em fabricação de produtos plásticos e de borracha; técnicos florestais e técnicos em manipulação farmacêutica.

Para que o Brasil cresça de maneira equilibrada, segura e permanente, é necessário que o Governo aumente o número de escolas técnicas, para que nossa juventude possa dispor de uma oferta de cursos, de treinamento e de aperfeiçoamento em muitas áreas. Essa, certamente, é a melhor alternativa para se promover a inclusão social e eliminar a dependência do Bolsa-Família, dependência essa que atinge grande número de brasileiros.

Com isso, evitaremos o que muitas vezes ocorre atualmente: elevado nível de desemprego de jovens e, ao mesmo tempo, postos de trabalho não ocupados por inexistência de pessoas capacitadas para ocupar essas vagas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de encerrar este breve pronunciamento sobre tema tão importante para nossos jovens e para o desenvolvimento social e econômico do País, apresento minhas congratulações ao eminente jornalista Gilberto Dimenstein, pela excelência da obra que vem realizando ao longo dos últimos anos, destacando, mais uma vez, sua grande contribuição para a inclusão social dos nossos jovens.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Nobre Senador Papaléo Paes, V. Exª me permite um aparte?

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Com muita honra, Sr. Senador.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Eu gostaria, em rápidas palavras, de congratular-me com V. Exª pela manifestação que faz na tarde de hoje sobre a questão do ensino técnico. Há muito tempo, tenho admiração pelo Jornalista Gilberto Dimenstein. Tive oportunidade de conhecê-lo em Brasília; com obstinada dedicação às causas da educação. Entre essas, está a questão do ensino técnico, posto que ela é fundamental, para que o País possa suprir, como V. Exª assinalou, as carências de mão-de-obra devidamente habilitadas. Muitas vezes ocorre que, em determinado Estado ou Município, uma empresa precisa se instalar, mas não consegue fazê-lo por inexistência de mão-de-obra qualificada. Acho que essa é uma questão que não pode ser desprezada. É necessário o investimento em educação se quisermos, realmente, promover desenvolvimento econômico e social no nosso País. Cumprimento V. Exª por seu discurso.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Agradeço a V. Exª. Fico muito honrado pelo seu aparte, principalmente porque reconheço em V. Exª uma grande autoridade na área da educação. V. Exª já exerceu cargos importantes, inclusive o de Ministro da Educação. Realmente, fico muito honrado em ouvir o que V. Exª acrescentou e que faz parte do meu pronunciamento. Muito obrigado.

Sr. Presidente, tenho plena convicção de que este sentimento é o sentimento de todas as Senadoras e de todos os Senadores que respeitam e admiram o trabalho extraordinário desenvolvido por Gilberto Dimenstein, como há pouco o Senador Marco Maciel fez questão de afirmar.

Aproveito ainda para lembrar - quero deixar isto bem claro, inclusive tirei algumas dúvidas a este respeito no meu Estado do Amapá - que apresentei dois projetos que autorizam o Governo Federal a instalar escolas técnicas no meu Estado. O primeiro é o PLS nº 484, de 2003, que propõe a criação da Escola Técnica Federal de Macapá; o segundo é o PLS nº 341, de 2007, que autoriza a criação da Escola Técnica Federal de Construção Naval do Município de Santana - trata-se de uma área portuária que, realmente, hoje, necessita dessa Escola Técnica de Construção Naval, para servir a toda a população do Estado do Amapá. Ambos os projetos foram aprovados terminativamente pela Comissão de Educação do Senado e, neste momento, encontram-se na Câmara dos Deputados, para apreciação daquela Casa, o que, espero, ocorra em breve, para benefício de todo o povo amapaense.

Finalmente, eu gostaria de deixar aqui meu apelo às autoridades governamentais, para que criem novas escolas, novas unidades de ensino técnico, principalmente nas regiões mais distantes e menos desenvolvidas, como o Norte e o Nordeste do Brasil.

Quero, mais uma vez, agradecer ao Senador Marco Maciel e, mais uma vez, deixar aqui bem claro a admiração e o respeito que tenho por V. Exª.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2008 - Página 37144